Botanico escreveu:Tenho lá dúvidas de que isso seja SEMPRE verdade. Já vi (entre meus parentes mesmo) pessoas que sofrem, mas que demonstram enorme força de espírito e seguem em frente. Mas é como se diz da DE: essa situação sofrida é a oportunidade de o espírito se acertar com seu passado. SÓ QUE O ESPÍRITO TEM O LIVRE-ARBÍTRIO. Se ao invés de enfrentar as coisas ruins de forma positiva, ele só faz piorar a situação, então terá um débito mais extenso e complicado no futuro. Se o espírito pediu uma prova acima de suas forças, também se dana todo. O que existe é o sistema, do qual não podemos fugir: ELE É A REALIDADE. Agora dentro dele, podemos fazer valer a nossa vontade, mas não podemos nos eximir das consequências.
Luis Dantas escreveu:Não é sempre, como minha linguagem deixa claro ("tende a..."). Acontece sim o crescimento moral via adversidade.
Mas se ele fosse tão fácil e tão válido, a tortura seria um serviço de utilidade pública, não um crime.
Que pena que as argumentações céticas usualmente não têm lá muita lógica e consistência. Não têm substância. Ficam só nas proclamações enfáticas no geral.
Vejamos o que é possível...
Olha meu caro, o crescimento moral e/ou intelectual na adversidade é frequente e, por isso, seria válido (e não estou atribuindo a sua causa a algum Deus faz de tudo e sádico, sacou?).
Usando do seu exemplo... Bem, no Brasil se condena a tortura, é um crime inafiançável, é violação de direitos humanos, etc e tal. Como é que chegamos a isso? O cavalheiro sabe? Foi só quando a tortura começou a incomodar... Sacomé: com os milicos de 64, estudantes universitários filhinhos de papai, políticos importantes, gente de classe média alta passou a sofrer nos porões as mesmas torturas que eram amplamente aplicadas só aos "pés-de-chinelos". Por que antigamente, a favor desses, NINGUÉM DISSE NADA? Percebe então a "evolução" de mentalidade? Mas para isso, foi necessário que os antes inatingidos enfrentassem a adversidade para começar a achar que "tortura é coisa errada".
Luis Dantas escreveu:Recorrer à existência do livre-arbítrio de fato não resolve nada, já que o livre-arbítrio é um conceito tão vago e contraditório que na prática não esclarece coisa alguma e serve apenas para emprestar um ar de legitimidade às contestações que de outra forma seriam mal vistas por se contrapor a outro dogma. Por isso você não está de fato me contestando, mas insistindo em me pedir para simplesmente acreditar que há um propósito justo guiando tudo.
Ah! É um conceito vago? Vejamos se um exemplo elimina um pouco essa vacuidade. Digamos que você esteja em boa situação econômica e adquira um carro. Estando com a habilitação em ordem, você é considerado em condição legal de dirigir, certo? Você então pode usar do bem adquirido, certo? Mas para fazê-lo, terá de servir-se do LIVRE-ARBÍTRIO. Esse livre-arbítrio diz que só poderá guiar o carro obedecendo às leis de trânsito. Quer dizer, sua liberdade termina quando começa a liberdade de outros. Seu livre-arbítrio, portanto, TEM LIMITES. Mas você tomou umas biritas e o uso INTELIGENTE do seu livre-arbítrio lhe diz que o melhor é deixar o carro no estacionamento e ir para a casa de táxi ou buzu. Mas você acha que dá pra guiar, e sai com o seu carro novinho e bate com vontade num poste...
Agora vem a parte que você e outros céticos por aqui acham injusto, sádico e repugnante: se quiser andar com seu carro novamente, vai ter de pagar uma enorme conta de reparos numa oficina. Como estava sem cinto de segurança, sofreu um afundamento no peito, que comprometeu coração e pulmões, ou seja, daí pra frente você terá limitações para muitas coisas. Não vai poder jogar futebol com os amigos nos fins de semana, vai ter de sempre ter um inalador por perto, etc e tal. Agora o seu livre-arbítrio está limitado aos problemas que você arrumou por não tê-lo usado de forma inteligente...
Entendeu o raciocínio ou ainda está muito difícil para o cético?
Bem, no Espiritismo foi feita essa associação: as dificuldades, os problemas físicos, as doenças, os acidentes, etc e tal SÃO CONSEQUÊNCIAS DO MAU USO DO LIVRE-ARBÍTRIO EM VIDAS PASSADAS.
Digamos que depois de todo amassado você e seu carro, com os baitas prejuízos que isso tudo acarretou, você decida se emendar. Não bebe mais antes de dirigir, respeita as leis de trânsito bonitinho, etc e tal. Bem, então você aprendeu essa lição de uso do livre-arbítrio. E assim aplicamos o mesmo para os espíritos. Depois de enfrentarem as consequências de seus atos passados, podem aprender não cair na mesma besteira.
Mas digamos que em vez de se culpar pela cagada, você resolva por a culpa no poste, nos freios do carro, num cachorro que atravessou a rua muito antes de você passar, mas não em você. E noutra ocasião, toma mais biritas e sai com o seu carro em boas condições depois de um caro conserto. Só que aí agora você simplesmente bate no fraco guarda-corpo de uma ponte e despenca numa ribanceira... Agora o seu carro, sem seguro, é perda total e você... além de estar ainda mais amassado, está paraplégico...
É, meu caro. Um espírito, ao invés de se emendar, pode ficar muito puto da vida e aprontar mais besteira e aí... Posso parar por aqui? Deu pro cético entender?
Luis Dantas escreveu:Afirmar que existe o livre-arbítrio pode passar a impressão de que você me ofereceu um motivo para considerar sua afirmação - mas o que é livre-arbítrio afinal, e como posso saber que ele existe? Pelo que tenho visto, ele é apenas e exclusivamente essa vontade de duvidar "legitimamente" da predestinação devido a uma vontade sobrenatural arbitrária. É apenas uma palavra de ordem, algodão-doce que causa sensação mas não tem substância.
Crê você na predestinação? Ou é ela um conceito também a la algodão-doce e sem substância alguma?
Botanico escreveu:Acho que isso é o mesmo de perguntar por que motivo todos os alunos de uma universidade já não estão cursando o último ano... Então teríamos lá no Haiti um conglomerado de espíritos broncos, atrasados culturalmente, cuja capacidade de filosofar, fazer poesias e viver uma vida plena e saudável são coisas que ainda não cabem bem em suas cabeças... Onde não há estado, vence a gangue mais forte... Entre os mortos e feridos, haveria também espíritos melhores, que lá pediram para encarnar e ver se poderiam melhorar a coisa de alguma maneira. ANTES de encarnar, já sabiam o nível do problema (não os mínimos detalhes) que iam enfrentar? Sim, sabiam.
Luis Dantas escreveu:Na sequência das suas afirmações:
1) Mais exatamente, seria como perguntar como sabemos que todos que estão na universidade realmente estão no lugar e no curso certos, sem sequer um único visitante ou transeunte curioso.
Você não entendeu (que novidade!). Numa universidade há alunos recém matriculados, alunos cursando o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto ano, alunos se formando, alunos repetindo matérias, alunos prestes a serem jubilados... Isso tudo por que? Exatamente porque a cada ano se matriculam novos alunos e ao longo de seus cursos, eles podem fazer tudo direito e passar nas matérias ou capengar e perder mais tempo.
Assim é A TERRA. Os espíritos que nela estão encarnados estão EM DIVERSOS NÍVEIS de maturidade espiritual. Daí então temos essa diversidade de inteligência, sabedoria, caráter, etc e tal, aplicáveis tanto a indivíduos como a povos inteiros.
Entendeu agora?
Luis Dantas escreveu:2) Inúmeras iniciativas promovidas por pessoas de carne e osso, vivas, mostram que na prática essa incapacidade de melhorar as próprias vidas é quase completamente circunstancial, em vez de atributo inerente às pessoas propriamente ditas. Existem pessoas particularmente "difíceis" por vários motivos... mas em qualquer comunidade, são definitivamente a exceção. Portanto considero o cenário que você propõe inverossímil.
Já esqueci o cenário que propus... Vejamos umas coisas...
O Homo erectus tinha o cérebro pouca coisa menor que o nosso. Viveu ao longo de 1,6 milhões de anos... E nunca saiu da condição tribal. Nunca construiu uma casa, nem cidades, nem deixou nada escrito... Ficou só naquilo mesmo.
O Homo sapiens surgiu há uns 160 mil anos e embora demonstrasse ter uma inteligência acima do homem de Neandertal, foi só a partir de uns 10.000 anos atrás é que começou a produzir obras distintas de seus antepassados. Será que só a genética explica isso?
Tem algum problema, pois mesmo com todo esse progresso, ainda hoje há povos com arranjo social tribal e avesso à tecnologia. Em termos morais também não são exatamente "um brinco". Também há outras sociedades que insistem no tradicionalismo e apedrejam mulheres sem lhes dar nenhuma chance de defesa alegando uma tal de "sharia"... Mesmo na maior potência dos dias de hoje, há pessoas que são contra a ciência e querem que se valide um livro de lendas e contos da Carochinha de um povo tribal de 3000 anos atrás como se fosse exato e infalível...
Meu... As diversidades entre as pessoas e povos são enormes. O que vejo é que temos a tendência de "em time que está ganhando, não se mexe". Os nossos paralamentares aprovam mordomias, leis e normas em causa própria. Alegam que "tudo é necessário para que exerçam seus mandatos com tranquilidade". Por que podem fazer isso? Porque ninguém os está cobrando de nada. O nosso povo é burro e acomodado. Só pensa no que há de imediato em sua vida. Que importa se o deputado vai roubar se ele quebrou um galho pra mim? Voto nele. Não é assim que o povo brasileiro pensa?
Por que o nosso tipo de parlamentar não existe na Bélgica ou Holanda? Lembra que uma dona parlamentar pagou uma caixinha de chocolate com o seu cartão corporativo e isso deu o maior bode para ela? E aqui no Brasil? Vem o Mulla dizer que as despesas dos cartões corporativos não podem ser tornadas públicas por motivo de segurança nacional...
Está entendendo o que é que estou querendo dizer com "evolução espiritual"? É isso aí, meu caro. Espíritos com as mesmas idiossincrasias são reunidos em povos e esses povos refletem essas idiossincrasias...
Daí então as maneiras distintas de se reagir às adversidades... Já foi citado por aqui o caso de uma família favelada que decidiu trabalhar com sucatas de lata, convertendo-as em objetos de usos diversos. Progrediu nos seus negócios, compraram uma casa num lugar melhor e continuaram com seus trabalhos. E seus vizinhos de barraco? Ainda continuam lá nos barracos se queixando da falta de assistência do governo...
Luis Dantas escreveu:3) A idéia de correr risco de vida "por uma causa justa" certamente tem um certo apelo romântico. Mas não responde às minhas indagações. Pior ainda, o apelo vem exatamente da idéia de que não se trata de uma questão de justiça e sim de coragem de correr riscos que poderiam ter sido evitados, o que torna o cenário inteiro, além de implausível, estilisticamente desaconselhável, mesmo como fantasia.
É... No Livro dos Espíritos trata dessa questão de pessoas que se expõe a riscos sérios para salvar a outros. Não vou detalhar aqui. Baixe-o na internet caso não o tenha e aí poderá se esclarecer melhor ou ganhar mais material para as suas queixas.
Luis Dantas escreveu:Além do mais, lembra-se do que falei sobre os órfãos, as famílias que perderam todos os bens e formas de sustento, e as pessoas que indiretamente sofrem as consequências dessa tragédia? Muitas, possivelmente a esmagadora maioria delas, só poderiam se sentir ofendidas, com toda a razão, se alguém sugerisse que "em uma vida anterior" elas "escolheram" correr o risco de acontecer algo assim. O que você está afirmando, na prática, implica na afirmação implícita de que o ser humano típico tem uma vontade avassaladora de estragar para valer a própria vida. O que não é verdade, não a ESSE ponto.
Há um livro, Tolices de Allan Kardec, escrito por um padre, Justino Mendes (Martius é o sobrenome real), que chegou à terceira edição e que está disponível na Mário de Andrade (se você morar em São Paulo e no dia que a biblioteca abrir, poderá consultá-lo). Nele, o autor comenta o ensinamento de que o espírito, ao escolher as provas, poderia escolher se queria a prova da riqueza ou da pobreza. O padre então comentou que Kardec deveria achar que esses espíritos são muito bestas. Numa escolha dessas, quem seria imbecil a ponto de escolher ser pobre, quando podia escolher ser rico?
A esse questionamento, Carlos Imbassahy, no seu livro À margem do Espiritismo, respondeu assim: _ Quem lhe conhece os percalços.
Sim, pois a prova da riqueza exige enorme investimento moral do espírito. Que uso ele fará dessa riqueza? Somente ele e os seus próximos se beneficiarão dela? Que fará ele pelos não tão favorecidos? Esta é a prova imposta e um espírito, ao ver a falência de outros e as consequências que isso lhes acarretou, se manca que é muito melhor ser pobre, pois assim ele se comprometerá muito menos. Os espíritos, bem orientados, têm uma visão bem mais ampla do que a nossa em situações assim. Contudo, são livres para escolher.
Quanto aos sofredores, qualquer "explicação" dada a eles certamente seria de mau gosto. Que diria você a eles? Que foi só uma fatalidade; coisa da natureza; o erro foi deles de nascer num país pobre e que deveriam ter emigrado para um rico... Ou como diz o Pat Robertson: a culpa foi de vocês por desagradar a Deus. Ou seria o momento de se falar a eles da lei de causa e efeito? Teriam eles maturidade para entendê-la? Acho que no momento eles estão querendo e precisando de outras coisas...
Botanico escreveu:Bem, acho que está levando muito a ferro e fogo essa questão de que "a morte violenta faz sempre o espírito progredir". Quem está dizendo isso é você e não o Espiritismo.
Luis Dantas escreveu:De forma alguma. É o que o Espiristismo alega, já desde Kardec, como citado em posts anteriores neste tópico. Eu sequer acho moralmente defensável a alegação de que o espírito "progride sem jamais regredir", mesmo para quem acredita piamente que existem espíritos reencarnantes e evolução espiritual.
Então me mostre os textos que confirmam tal raciocínio de que morte violenta SEMPRE faz um espírito progredir. Do que eu sei, não é o FATO que faz um espírito progredir e sim ou seu DESEJO de progredir. Um aluno pode se matricular na melhor escola, mas se não quer estudar, nem fazer suas obrigações, não vai ter um bom aprendizado...
Botanico escreveu:Para a grande maioria deles, essa morte é só o toma lá e dá cá dos erros passados. Quando o espírito questionar: _ Mas por que eu morri assim? _ Aí lhe será apresentado os motivos e a MELHORIA virá da REFLEXÃO dele, comparando o seu hoje recente com suas burradas passadas. Quanto aos que supostamente não merecessem o fim assim, mas que o escolheram por motivos de prova, eles não "melhorariam" por conta do incidente, pois já estavam melhorados. Seu propósito seria outro. Imaginemos o caso da Zilda Arms: ela era uma batalhadora e, como já li na Folha na opinião de um dos editores, "ela morreu em casa", fazendo o que sabia fazer de melhor. Talvez sua morte, nessas condições, sirva para quem for sucedê-la refletir a respeito e ter em mente que não pode fazer menos do que ela.
Luis Dantas escreveu:Ah, voltamos à alegação de que quem sofre "aprontou alguma" que torna esse sofrimento merecido. Fico imaginando a quantas gerações deixou de ser comportamento típico da humanidade ficar à espreita nos cantos esperando pelos incautos para agredi-los sem motivo. Só isso explicaria que tanta gente tenha feito por merecer passar por esse tipo de coisa.
Tanta gente, meu caro? Já viu quanto a população cresceu principalmente nos últimos três séculos? Chamamos a isso de "ressurreição dos mortos". É isso aí: muitos espíritos endividados com o passado encarnaram maciçamente neste época porque a Terra deixará de ser o planeta de expiações e provas que é e entrará noutra fase. Quem não se acertou, vai para outro planeta, tão primitivo como a Terra era há 100 mil anos e começará tudo de novo. Seu melhor manjar será carne crua e sem sal... Aqui pelo menos dá para comer um hambúrger de vez em quando...
Depois eu continuo
Agora, essa de que a morte de uma Zilda Arns da vida serviria para "fazer outros refletir e ter em mente que não podem fazer menos do que ela" de fato é novidade para mim, e olha que eu não me surpreendo frequentemente com este tipo de assunto.
Por que isso seria melhor ou mais efetivo do que o que ela poderia fazer ainda viva, não faço idéia. Ainda mais quando, claramente, nem todas as consequências da morte dela são aprazíveis e positivas. Será que ela não poderia ter motivado melhor seus sucessores sem ter de morrer e perder o convívio com a família e entes queridos? Acredito que sim, mas você está me pedindo para acreditar que esse evento foi necessário ou conveniente... simplesmente por que gosta da idéia de acreditar nisso.
Aliás, também não entendo por que alguém "não poderia" fazer menos do que Zilda Arns. Novamente, parece que você está recorrendo a um recurso de estilo para tentar emprestar um significado a uma situação que claramente não o tem.
Botanico escreveu:Bem, se de fato morrer de uma vez afastasse definitivamente os incômodos... Só que no Espiritismo isso NÃO SE DÁ. Some-se o cara fisicamente, mas seu espírito ainda vive e será atraído pela vibração dos desafetos e aí fica até pior, pois a perturbação espiritual não tem fronteiras. Não há prisão que o detenha...
Espírita vive aqui no mundo real como todo mundo. Afastar a presença física dos desafetos traz um certo alívio, que não precisa ser "definitivo". De qualquer forma fico aliviado em saber que eles se sentem mal de querer a morte dos outros.
Botanico escreveu:Como já disse, AS PESSOAS SE ESTREPAM, com ou sem causa justa observável. A hipótese do azar é mais econômica neste sentido. Entretanto, a dedução de que nós espíritas torcemos para que todos esses se estrepem mesmo por entender que a situação não é injusta é dedução só sua. Eu torço para que se estrepem aqueles cujos motivos eu conheço. Queria mesmo ver os políticos corruptos se estrepando direitinho... Mas como são eles mesmos que fazem as leis que lhes garantem impunidade... Já de outros que nunca me deram motivo, não teria porque fazer essa torcida. E não me consta que nenhum espírita o fizesse.
Sabe, esse é o problema com a idéia de caridade espírita.
Ela, como tantas outras da DE, é levada sempre de forma passional, sem preocupação com a racionalidade ou com as consequências lógicas.
Se a DE fosse mais respeitável (como quase todas as outras doutrinas religiosas ou para-religiosas costumam ser), teria uma ênfase verdadeira na necessidade de boa-vontade e cooperação, e ensinaria a não querer acreditar que os outros merecem se estrepar.
Em vez disso, o Espiritismo ensina que se estrepa quem merece, e se agrada do estrago quem quer, livremente e sem maiores consequências...
Botanico escreveu:A sua dedução me faz lembrar outra de Kardec. Ele combatia o materialismo, exatamente por entender que suas consequências filosóficas seriam de que o melhor a fazer era levar vantagem em tudo, sem nenhum escrúpulo moral, pois a ninguém se prestaria contas de seus atos. Tem lógica, não?
De uma forma distorcida, tem sim. Se Kardec acreditava realmente no que escrevia, logicamente ele precisaria de fato acreditar em um Deus Zangado para vigiá-lo como um bedel. Pois a doutrina que ele pregou era realmente moralmente falida e corruptora, o que salta aos olhos até mesmo do leitor casual.
Botanico escreveu: Mas tal coisa não se reflete plenamente na realidade, pois há aí o fator EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO. Assim há exemplos de pessoas que foram ateias, sem religião, mas que são moralmente excelentes. E temos aí os pastores da teologia da prosperidade, que falam de Deus e da moral cristã nos seus púlpitos, mas que levam moralmente e financeiramente uma vida exatamente igual àquilo que Kardec esperava ver nos materialistas filosóficos...
Ah, então existe um fator indetectável que vocês chamam de "evolução do espírito" que serve para explicar o que vocês querem afirmar que existe e o que vai contra o que afirmam que deveria existir.
Tão conveniente...[/quote]