Código Florestal e Desinformação
Código Florestal e Desinformação
Código Florestal e desinformação
É próprio do jogo democrático que cada um defenda seus interesses, mas desinformação é golpe baixo, mesmo se tratando de um código.
O Ministro diz genericamente que o Código Florestal inviabilizaria a agricultura. Ruralistas usam esta ameaça desde a abolição da escravatura (Sem escravos o Brasil vai quebrar!). A verdade é que os carros de luxo esgotam-se no interior do país quando a soja sobe de preço.
Vicente Falcão afirmou no Jornal O Estado de São Paulo de 4/10/2009 que restaurações nas quais é necessário plantar árvores nativas podem custar até R$ 22.000,00/ha. É mentira. E provo, me oferecendo para trabalhar de peão para o Sr Vicente. Em um mês de trabalho planto e cuido de uns dois ha (sem me estressar) e ganho 44.000 reais. O único problema seria evitar o olho gordo dos Desembargadores. Repito, este valor é men-ti-ro-so. Para arrematar, Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, multiplicou este valor por uma área agricultada igualmente irreal, para chegar ao valor de 425 bilhões de reais para restaurar todas reservas legais do país.
Este número não está nem mesmo errado ! Custaria 29 bilhões para refazer 30% da área agricultável brasileira, mas não é assim que produtores rurais restauram florestas – e muitos o fazem. Ninguém gasta dinheiro com o que a natureza faz de graça. Uma área que foi cultivada transforma-se em floresta por si própria em poucos anos. Uma ou outra área mais difícil pode até receber umas mudas, mas isso vai ser feito com as sobras de mão de obra e recursos da fazenda.
Não deve ser por ignorância que os ruralistas não falam em manejo florestal sustentável em reservas legais, já que esta gente de Brasília lida melhor com a fibra vegetal morta que com a viva. Reservas legais podem ter café sombreado com floresta, produção sustentável de madeira ou qualquer tipo de exploração que não suprima a vegetação. Está no parágrafo 2 do artigo 16 do Código Florestal desde 2001. Trabalhando, a reserva legal rende ao invés de custar.
Enquanto os bisnetos dos produtores escravagistas estão preocupados com a perda de área, alguns fazendeiros vendem a preço de ouro em São Paulo e Nova York os frutos de suas reservas legais pois produzem com menor impacto. Em breve este luxo das grandes cidades passará a ser exigência corrente e os exportadores de grãos com baixíssimo valor agregado, verdadeiros mineradores agrícolas, irão reclamar novos empréstimos e proteções porque “A agricultura brasileira vai quebrar !”
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Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Nos fins de semana ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva.
Veja colunas anteriores em http://www.efraim.com.br/Blog/Blogger.aspx
É próprio do jogo democrático que cada um defenda seus interesses, mas desinformação é golpe baixo, mesmo se tratando de um código.
O Ministro diz genericamente que o Código Florestal inviabilizaria a agricultura. Ruralistas usam esta ameaça desde a abolição da escravatura (Sem escravos o Brasil vai quebrar!). A verdade é que os carros de luxo esgotam-se no interior do país quando a soja sobe de preço.
Vicente Falcão afirmou no Jornal O Estado de São Paulo de 4/10/2009 que restaurações nas quais é necessário plantar árvores nativas podem custar até R$ 22.000,00/ha. É mentira. E provo, me oferecendo para trabalhar de peão para o Sr Vicente. Em um mês de trabalho planto e cuido de uns dois ha (sem me estressar) e ganho 44.000 reais. O único problema seria evitar o olho gordo dos Desembargadores. Repito, este valor é men-ti-ro-so. Para arrematar, Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, multiplicou este valor por uma área agricultada igualmente irreal, para chegar ao valor de 425 bilhões de reais para restaurar todas reservas legais do país.
Este número não está nem mesmo errado ! Custaria 29 bilhões para refazer 30% da área agricultável brasileira, mas não é assim que produtores rurais restauram florestas – e muitos o fazem. Ninguém gasta dinheiro com o que a natureza faz de graça. Uma área que foi cultivada transforma-se em floresta por si própria em poucos anos. Uma ou outra área mais difícil pode até receber umas mudas, mas isso vai ser feito com as sobras de mão de obra e recursos da fazenda.
Não deve ser por ignorância que os ruralistas não falam em manejo florestal sustentável em reservas legais, já que esta gente de Brasília lida melhor com a fibra vegetal morta que com a viva. Reservas legais podem ter café sombreado com floresta, produção sustentável de madeira ou qualquer tipo de exploração que não suprima a vegetação. Está no parágrafo 2 do artigo 16 do Código Florestal desde 2001. Trabalhando, a reserva legal rende ao invés de custar.
Enquanto os bisnetos dos produtores escravagistas estão preocupados com a perda de área, alguns fazendeiros vendem a preço de ouro em São Paulo e Nova York os frutos de suas reservas legais pois produzem com menor impacto. Em breve este luxo das grandes cidades passará a ser exigência corrente e os exportadores de grãos com baixíssimo valor agregado, verdadeiros mineradores agrícolas, irão reclamar novos empréstimos e proteções porque “A agricultura brasileira vai quebrar !”
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Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Nos fins de semana ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva.
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Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.
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Re: Código Florestal e Desinformação
Mais um burocrata que nunca viu um empreendimento agrícola na vida.
Faltou defender a agricultura familiar e orgânica e que 60% da população mundial morra de fome.
Faltou defender a agricultura familiar e orgânica e que 60% da população mundial morra de fome.
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.
O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.
Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche
Marilena Chauí, filósofa da USP.
O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.
Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche
Re: Código Florestal e Desinformação
Ruralistas usam esta ameaça desde a abolição da escravatura (Sem escravos o Brasil vai quebrar!). A verdade é que os carros de luxo esgotam-se no interior do país quando a soja sobe de preço.
...
Enquanto os bisnetos dos produtores escravagistas estão preocupados com a perda de área,...
O velho ranço ideológico vendido junto com os títulos acadêmicos do militante da vez... O tipo de discurso que se ouve nas reuniões do MST.
As repetidas referências à escravidão são um recurso mais que vigarista para dirigir hostilidade aos produtores rurais, usando o recurso mentiroso de chamá-los “bisnetos dos produtores escravagistas”, como se nada tivesse acontecido no Brasil nos últimos cento e vinte anos e as terras agrícolas continuassem nas mãos das mesmas famílias que as detinham quando D. Pedro II governava.
Prá quem acusa os outros de mentirosos, o autor devia ter vergonha na cara de fingir não saber que nos últimos cento e vinte anos o Brasil se industrializou, urbanizou, passou da agricultura familiar de subsistência para a indústria do agronegócio, tornou-se uma potência agrícola exportadora, mais que duplicou a expectativa de vida no campo y otras cositas más que não interessam a quem só quer pintar com cores negras o quadro do adversário. Foram-se os tempos dos Barões do Café e dos Senhores de Engenho, substituídos na sucessão de períodos econômicos que derruba velhas oligarquias e cria novas.
Boa parte dos produtores rurais de hoje são descendentes de gaúchos minifundiários que largaram tudo para colonizar o cerrado, até então terras inóspitas onde os nativos não se arriscavam a plantar nem capim, descendentes de japoneses que chegaram aqui com as roupas do corpo e a disciplina do trabalho e do estudo e bisnetos de colonos que levaram três gerações para se tornar fazendeiros, mas chegaram lá. Denegrir esta gente enfiando-os na vala comum de bisnetos de escravagistas é canalhice.
E cá entre nós, qual é o problema se os carros de luxo esgotam-se no interior do país quando a soja sobe de preço?
A inveja é uma merda mesmo...
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
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- Fernando Silva
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Re: Código Florestal e Desinformação
Washington escreveu:Mais um burocrata que nunca viu um empreendimento agrícola na vida.
Faltou defender a agricultura familiar e orgânica e que 60% da população mundial morra de fome.
Se bem que uma fazenda enorme e toda mecanizada pode pertencer a uma única família, caso em que será "agricultura familiar".
O que os idiotas querem dizer, creio eu, é que o país deve ser retalhado em milhões de pequenos lotes, cada um com uma família que o usará apenas para seu próprio sustento e não para alimentar o país.
E agricultura orgânica é muito romântica - e improdutiva. Não se vai sustentar um país inteiro com ela.
- Fernando Silva
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Re: Código Florestal e Desinformação
Acauan escreveu:As repetidas referências à escravidão são um recurso mais que vigarista para dirigir hostilidade aos produtores rurais, usando o recurso mentiroso de chamá-los “bisnetos dos produtores escravagistas”, como se nada tivesse acontecido no Brasil nos últimos cento e vinte anos e as terras agrícolas continuassem nas mãos das mesmas famílias que as detinham quando D. Pedro II governava.
Mesmo que tivessem continuado:
- Escravidão não era crime na época.
- Ninguém é responsável pelos crimes dos antepassados.
- Jack Torrance
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Re: Código Florestal e Desinformação
Fernando Silva escreveu:Se bem que uma fazenda enorme e toda mecanizada pode pertencer a uma única família, caso em que será "agricultura familiar".
Na verdade, existe uma definição do que é agricultura familiar. Se não me engano, tem até uma lei que a reconhece e é a forma mais rudimentar de agricultura mesmo: pequeno pedaço de terra (há um limite de tamanho), família vivendo da agricultura e trabalhando nela, se não me engano, tem que ser de subsistência etc.
O que os idiotas querem dizer, creio eu, é que o país deve ser retalhado em milhões de pequenos lotes, cada um com uma família que o usará apenas para seu próprio sustento e não para alimentar o país.
É por aí mesmo. Na cabeça deles, o excedente deve ser usado como escambo. Só pode.
E agricultura orgânica é muito romântica - e improdutiva. Não se vai sustentar um país inteiro com ela.
E ninguém provou até hoje que ela é superior a cultura tradicional. O que se vê é que não faz diferença alguma a alimentação ser ou não de orgânicos.
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”
“Homem de preto qual é sua missão? Entrar pelas favelas e deixar corpo no chão! Homem de preto o que é que você faz? Eu faço coisas que assustam o Satanás!”
Soldados do BOPE sobre BOPE
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