Vaticano cria ‘muro de silêncio’ sobre abusos, diz ministra alemã
Acusações de abusos vêm afetando a reputação da Igreja Católica
A ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, afirmou que as regras de sigilo do Vaticano atuam como um “muro do silêncio” para impedir as investigações sobre abuso sexual em escolas católicas no Estado da Baviera (sudeste alemão).
“Em muitas escolas havia um muro de silêncio que permitia o abuso e a violência. Mesmo os casos mais severos de abuso são sujeitos ao sigilo papal e não devem ser revelados fora da Igreja”, disse ela à rádio Deutschelandfunk.
Segundo a ministra, esse sigilo se refere a uma diretriz do Vaticano de 2001 que estabelece que as suspeitas de abuso sexual devem ser investigadas primeiramente dentro da Igreja.
A ministra alemã expressou seu descontentamento com o fato de a diretriz pedir investigações internas e não a convocação de um promotor "o mais cedo possível". Para ela, esse “silêncio” só será quebrado se as suspeitas de abuso forem levadas ao Judiciário em primeira instância.
As declarações de Schnarrenberger foram feitas após surgirem suspeitas de novos casos de abuso físico e sexual no coro da catedral de Regensburg - que foi conduzido pelo irmão de Bento 16, Georg Ratzinger, entre 1964 e 1994 -, na abadia beneditina de Ettal e numa escola capuchinha em Burghausen. Todas essas cidades ficam na Baviera.
Desde o início do ano, a Igreja Católica enfrenta denúncias de abusos sexuais cometidos nas décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas alemãs.
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'Discussão pública'
Durante a entrevista, a ministra sugeriu que a Igreja participasse de uma discussão pública com líderes políticos e vítimas dos abusos para o pagamento de uma eventual compensação às supostas vítimas.
O bispo Stephan Ackermann negou as afirmações da ministra. Em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allegemeine, as regras da Igreja “insistem no envolvimento de procuradores públicos”.
Em abril, Ackermann havia apoiado a sugestão da ministra da Família da Alemanha, Kristina Schroeder, para a realização de uma discussão pública para lidar com o problema de maneira "rápida".
Nesta semana, o papa Bento 16 tem uma reunião marcada com o líder da conferência de bispos da Alemanha na qual o assunto deverá ser discutido.
De acordo com o analista da BBC para assuntos religiosos Christopher Landau, questões inevitavelmente irão surgir sobre se a Igreja Católica já enfrentou toda a amplitude do contínuo escândalo sexual.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... a_np.shtml
Escândalo de prostituição gay atinge o Vaticano
Funcionários do Vaticano foram afastados por causa do escândalo
Um assessor do papa Bento 16 foi afastado nesta semana por causa de um escândalo sexual envolvendo prostituição gay que sacudiu o Vaticano.
Ângelo Balducci, um dos Cavalheiros de Sua Santidade, uma espécie de assistente de elite para o papa quando recebe visitas importantes, foi flagrado em gravações feitas pela polícia dando instruções a um interlocutor sobre detalhes físicos de homens que gostaria que fossem levados a ele.
Segundo a imprensa italiana, o interlocutor era Thomas Ehiem, 29 anos, integrante do famoso coral do Vaticano, que também foi afastado.
A polícia italiana havia grampeado o telefone de Balducci durante uma investigação de corrupção separada e não relacionada ao Vaticano.
Em uma das transcrições vazadas para a mídia, Ehiem descreve um homem como tendo “dois metros, 97 quilos, 33 anos e diz que é ‘completamente ativo’”.
Em outra, Balducci pergunta a Ehiem se ele já “falou com o seminarista”, ao que ele responde “ele provavelmente está na missa, ou algo assim”.
Um representante do Vaticano disse que o Bento 16 está ciente do escândalo.
A transcrição das gravações sugere que Ehiem procurou pelo menos dez homens para Balducci, entre eles, modelos e um jogador de rúgbi.
Thomas Ehiem seria integrante do coro que se apresentou para o papa Bento 16 em uma apresentação de Natal.
Entre as atribuições de Balducci estavam a de ciceronear chefes de Estado e carregar o caixão em funerais papais.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... o_ba.shtml