Filhos de políticos nas escolas públicas

[Deise Garcia]

Como melhorar a educação? Obrigando presidente, governadores, prefeitos e parlamentares a testar o ensino público com suas próprias crianças.

Quanto custa estudar no Brasil? Depende. Se você estiver entre os 20% mais ricos da população, vai chegar ao fim de 20 anos de colégio e faculdade com uma formação de aproximadamente R$ 250.000,00. Isto significa cerca de R$ 1.000,00 por mês. Nessa conta entram o dinheiro que você tira do próprio bolso para pagar a mensalidade e a contribuição que o governo faz (com investimento em universidades estatais e deduções de impostos). Agora se você fizer parte dos outros 80%, sua educação receberá um investimento bem menor: o equivalente a R$ 116,00 por mês. Esse é o total gasto pelo país por aluno para manter as escolas públicas, onde não se passa muito tempo. Em média, essa parte da população completa só 5 anos de estudo formal, geralmente entre os 7 e 11 anos de idade.
Ou seja: enquanto ricos estudam em escolas de qualidade por um longo tempo, o resto estuda por pouco tempo em escolas ruins. Como senador, tenho um projeto que pretende amenizar essa desigualdade. Minha proposta é a de que os políticos eleitos – vereadores, prefeitos, deputados, senadores e o presidente – fiquem obrigados a matricular seus filhos em escolas públicas. Caso contrário, perderão o mandato. O projeto já foi apresentado e agora espera a avaliação do Senado e da Câmara.
No Brasil do passado, só classes com influência tinham vagas nas boas escolas públicas. Filhos de pobres não estudavam, ou freqüentavam colégios particulares mantidos pela Igreja Católica, como seminários. Hoje filhos de eleitos estão entre os 20% mais ricos, em geral. E vão a colégios particulares.
Em lugares como Reino Unido e Cingapura, políticos nem pensam em colocar os filhos em escolas particulares. Os eleitores não aceitariam essa escolha, porque ela significaria ignorar a boa qualidade das escolas públicas de lá. Se um político é descoberto matriculando o filho no ensino privado, acaba nos jornais. Tem de se desculpar publicamente e transferir a criança para uma instituição pública.
Se políticos brasileiros tiverem de matricular os filhos em escolas públicas, elas receberão mais atenção dos governantes. O resultado será um ensino de qualidade para todos. Em um país mais próximo dos princípios republicanos, com uma sociedade unida, sem divisão entre a aristocracia e a plebe. Há quem diga que essa obrigação fere a liberdade do político. Mas todo cidadão é livre para não ser candidato. Se ele opta pela vida pública, deve assumir obrigações. Esse seria só mais um dos seus compromissos com os eleitores, com a nação e com a República.

Cristovam Buarque
Super interessante-abril/2010

[marta]

Como melhorar a educação? Obrigando presidente, governadores, prefeitos e parlamentares a testar o ensino público com suas próprias crianças.

Quanto custa estudar no Brasil? Depende. Se você estiver entre os 20% mais ricos da população, vai chegar ao fim de 20 anos de colégio e faculdade com uma formação de aproximadamente R$ 250.000,00. Isto significa cerca de R$ 1.000,00 por mês. Nessa conta entram o dinheiro que você tira do próprio bolso para pagar a mensalidade e a contribuição que o governo faz (com investimento em universidades estatais e deduções de impostos). Agora se você fizer parte dos outros 80%, sua educação receberá um investimento bem menor: o equivalente a R$ 116,00 por mês. Esse é o total gasto pelo país por aluno para manter as escolas públicas, onde não se passa muito tempo. Em média, essa parte da população completa só 5 anos de estudo formal, geralmente entre os 7 e 11 anos de idade.
Ou seja: enquanto ricos estudam em escolas de qualidade por um longo tempo, o resto estuda por pouco tempo em escolas ruins. Como senador, tenho um projeto que pretende amenizar essa desigualdade. Minha proposta é a de que os políticos eleitos – vereadores, prefeitos, deputados, senadores e o presidente – fiquem obrigados a matricular seus filhos em escolas públicas. Caso contrário, perderão o mandato. O projeto já foi apresentado e agora espera a avaliação do Senado e da Câmara.
No Brasil do passado, só classes com influência tinham vagas nas boas escolas públicas. Filhos de pobres não estudavam, ou freqüentavam colégios particulares mantidos pela Igreja Católica, como seminários. Hoje filhos de eleitos estão entre os 20% mais ricos, em geral. E vão a colégios particulares.
Em lugares como Reino Unido e Cingapura, políticos nem pensam em colocar os filhos em escolas particulares. Os eleitores não aceitariam essa escolha, porque ela significaria ignorar a boa qualidade das escolas públicas de lá. Se um político é descoberto matriculando o filho no ensino privado, acaba nos jornais. Tem de se desculpar publicamente e transferir a criança para uma instituição pública.
Se políticos brasileiros tiverem de matricular os filhos em escolas públicas, elas receberão mais atenção dos governantes. O resultado será um ensino de qualidade para todos. Em um país mais próximo dos princípios republicanos, com uma sociedade unida, sem divisão entre a aristocracia e a plebe. Há quem diga que essa obrigação fere a liberdade do político. Mas todo cidadão é livre para não ser candidato. Se ele opta pela vida pública, deve assumir obrigações. Esse seria só mais um dos seus compromissos com os eleitores, com a nação e com a República.

Cristovam Buarque
Super interessante-abril/2010

Subcrevo e assino embaixo. E não é só com a educação não. Políticos deveriam ser obrigados a usar TODOS os serviços públicos. Educação, Saude, Segurança, TUDO?? Nada de encenador vir tirar tumorzinho aqui no Sírio Libanês quando no seu estado, crianças morrem por falta de UTI. Esse cara tinha de responder por assassinato e ser julgado por juri popular. Se não ele, a filhinha dele, aquele outra vagabunda que é quem está com a batuta na mão.

[T3mporal]

Essa idéia é mais que perfeita. Pena ser velha e por isso eu meio que desacredito que vá pra frente.

Não tem nenhum abaixo-assinado ou coisa do tipo pra isso?

Aliás, ainda vale aquilo de 1 milhão de assinaturas pra tentar passar uma lei no senado? Acho que agora com a internet, isso vem se tornando cada vez mais possível.

ALIÁS, uma coisa que eu venho pensando sobre isso... é a falta de brasileiros no YouTube (a nova mídia e talz), pois lá é um ótimo lugar pra esse tipo de... "coisa"(esqueci a palavra).

[marta]

Essa idéia é mais que perfeita. Pena ser velha e por isso eu meio que desacredito que vá pra frente.

Não tem nenhum abaixo-assinado ou coisa do tipo pra isso?

Aliás, ainda vale aquilo de 1 milhão de assinaturas pra tentar passar uma lei no senado? Acho que agora com a internet, isso vem se tornando cada vez mais possível.

ALIÁS, uma coisa que eu venho pensando sobre isso... é a falta de brasileiros no YouTube (a nova mídia e talz), pois lá é um ótimo lugar pra esse tipo de... "coisa"(esqueci a palavra).

Existe sim, mas já tentaram. A última foi quanto à proibição de candidatos com ficha suja.
Acontece que a proposta é apresentada, mas quando chega ali, sabe como é, né. Engavetam o máximo que podem e depois enchem de emendas que ficam pior que o soneto. Vc acha mesmo que os canalhas que fazem as lei, ou seja os pra-lamentar, despudorados e encenadores, vão deixar passar alguma coisa que os atinja diretamente?