Já que você deu uma de Johnny

, vou dar uma de Fernando Silva agora, Apo.
Apo escreveu:Considerando-se verdadeira a premissa de que é preciso crer em "algo" nesta vida, acreditar, ter fé ( não no sentido de esperança, por favor), se dedicar à alguma doutrina ou ideologia como se fosse o caminho para algum tipo de fim objetivo quase mágico, que nos sustenta para todos os fins,
Acreditar em algo pode se resumir em acreditar no espírito humano, de que evoluímos do nada para "alguém" cuja natureza não permita a estagnação, estando sempre em busca de novas esferas evolutivas, nos mais diversos aspectos, como o emocional, o civilizacional, etc.
Eu vivo bem com isso. Não fico procurando muito com o que me preocupar no sentido metafísico da vida. Aliás, se Deus quisesse que nós o encontrássemos, não teria mandado manuais de intruções tão confusos como a Bíblia e o Alcorão por exemplo.
pergunta-se:
O que imaginam ou acreditam que acontece quando, por algum motivo, esta fé acaba, fica abalada, se torna questionável frente a alguns fatos duros da vida que parecem destruir, inviablizar, paradoxalizar ou tornar irrelevantes todos os conceitos e verdades demandadas pela crença e suas finalidades em si?
Depende de cada um. No meu caso, foi uma transição tranquila. Passei a deixar de crer em um ente mágico e de depositar as esperanças da felicidade concentrada num mundo distante (em outra vida e outro plano) para concentrar minhas atenções no "aqui e agora", em buscar meu "pote de ouro no final do arco-íris" nesta vida e fazer as coisas as quais acredito certas (e outras nem tanto, pois sou humano, né?) e lutar pelas minhas convicções, buscando princípios e valores mais elevados e condizentes com a busca pela felicidade, não fazendo aos outros o que não quero que façam para mim.
Acho que a cada geração o ser humano tem chances de dar um passo à frente.
O que acontece com a realidade, o que acontece com a "verdade". o que acontece com a mente, que novo formato pode emergir de um novo paradigma que surge com uma ruptura destas?
Não sei se a mente é reformatada tão sensivelmente a ponto de surgir uma nova "verdade". Muitas dúvidas continuam e há quem se converta em um "questionador de tudo" ou um "novo crente", só que do lado de lá, pregando contra as crenças de outrora. Cada pessoa vive no âmbito daquilo que sua percepção diária capta. Essa é a beleza da vida, não tem ninguém igual, não tem fórmula para a "verdade". Cada qual busca determinado fim, mas vai aprendendo no meio do caminho de acordo com sua experiência. Existem os que são mais aptos e os que enveredam por via oblíquas (veja os petralhas por exemplo

, um dia eles aprendem, "se Deus quiser").
A vida se despe de seu sentido?
Acho que não.
Damos à vida o sentido que quisermos.
Não há outra vida depois disto?
Só vamos saber depois que morrermos. Pode ser que Deus apareça e diga: "Pegadinha do Mallandro!"
Virar esta página representa um risco de que tamanho à integridade do ser?
Acho que depende de cada ser e os riscos são inerentes a todo estado de ruptura.
Fui claro?
Achei esta resposta quando comi um biscoito da sorte chinês.
Qual a percepção de uma fase pós-fé?
Ilimitada. "Audaciosamente, onde nenhum crente jamais esteve."
Como os "crentes" acham que seja a vida para aqueles que não estão mais no time deles? Medonha?
Sim. Ponto.
Sem sentido?
Sim. Ponto.
Vazia?
Sim. Ponto.
Desesperadora?
Sim. Ponto.
Surge algum tipo de descontrole? Um caos em todos os sentidos?
Acho que os crentes pensam que os agnósticos e ateus são pessoas dominadas por Satanás que além de servirem ao maligno, não possuem controle sobre suas necessidades fisiológicas, que andam por aí bebendo, brigando, comendo, copulando, jogando, tudo numa busca frenética para preencher um vazio interno, que somente seria preenchido por "Deus, Nosso Senhor".
Ledo engano.
Eu, por exemplo busco preencher meu vazio interior bebendo, brigando, comendo, copulando, jogando, como qualquer cristão. Só que sem ter que me desculpar com Deus e justificar nele meus atos falhos.
Sem amor, sem esperança, sem objetivos outros possíveis - já que tudo se reporta e sobrevive em função de alguma espécie de crença transcendental a priori, e que é a propulsão necessária à sobrevivência através de valores supostamente ideais?
Por que diabos os do lado de lá da crença transcendental não podem ter um pouco de amor, esperança, objetivos e ideais?
Nós incréus também temos coração, viu?
Provavelmente o Acauan vai aparecer falando que "tupis só possuem os corações de seus inimigos devidamente processados em seus intestinos", mas isso é só conversa de índio.
Até índio tem coração.
Acham que terminam-se as possibilidades de discernimento, e um buraco fundo e gelado se aproxima e nos engole ( o buraco fundo e gelado vem para todos, vocês sabem né?

)?
Nada. Tudo intriga da oposição.
Espero que quando eu terminar em um buraco fundo e gelado, tenha ao menos aproveitado a vida para que possam escrever em minha lápide: "Foi tarde".
Por que os religiosos e "crentes" sempre alegam que os não-crentes não conhecem como é boa a vida com fé ou seguindo alguma religião?
Porque são uns bestas. Ponto.
Parece haver uma negação frente ao fato de que muitos ateus ou descrentes já viveram na fé, na crença, na religião. Como se eles fossem ignorantes sobre "ter fé".
Por isso e mais um pouco é que são uns bestas. Ponto.
Ah, no geral, são bestas neste ponto (quanto à fé, julgando serem os "donos do mundo"), no mais são normais como qualquer um. Claro que tem os crentes exagerados, que querem a cabeça dos descrentes de sua fé numa bandeja.
Em suma, o que acontece quando a fé nas forças metafísicas acaba?
É um admirável mundo novo.
Ou não. Pode ser somente o descortinar de um novo dia sem o peso do temor no sobrenatural nas costas.
Mas não nego que seria legal uns espíritos, duendes e fadas rondando por aí. Adoraria ser atormentado por Súcubos nas horas frias da madrugada de vez em quando.
O que nos afeta quando a decisão de crer deixa de ser importante e vai ficando em segundo, terceiro, último plano?
Sabe que nunca pensei nisso?
Acho que deixei isso para segundo, terceiro, último plano...
O que há "do lado de lá"?

"Ainda" não sei.
