http://www.amalgama.blog.br/01/2009/bre ... e-de-deus/
“A maioria dos nossos teólogos e alguns dos nossos filósofos se empenham em nos convencer de que Deus existe. Muito amável da parte deles. Mas, afinal, seria mais simples, e mais eficaz, Deus consentir em se mostrar!”, escreveu o filósofo humanista e materialista francês André Comte-Sponville.*
“A velha tática cristã de, em vista das evidência (ou melhor, das não-evidências), pôr a culpa no receptor, ao invés de no suposto Emissor – que nesse caso seria incompetente ou apenas… suposto.”
“Que Deus não se faça perceber clara e imediatamente., nem mesmo em medida igual a essas “interferências perturbadoras” que deveriam ser periféricas mas que no entanto “ocupam o primeiro plano”, nos faz pensar…"
“O citado André Comte-Sponville conta-nos que, em sua infância católica, certo dia disse ao padre com quem se confessava: “Eu rogo a Deus, mas ele não me responde”. O padre respondeu: “Deus não fala porque ouve”. A seguir, relata André: “Isso me fez pensar por muito tempo. Com o passar deste, porém, esse silêncio me cansou, depois me pareceu suspeito. Como saber se é o silêncio da escuta ou da inexistência?”
“Se é verdade que Deus se esconde para nos deixar mais livres, então somos mais livres que o próprio Deus – que não tem a opção de acreditar ou não em sua própria existência – e, por conseguinte, não haveria como termos sido feitos à sua imagem e semelhança, segundo reza o dogma.”
“A teoria kantiana implica que há mais liberdade na ignorância do que no conhecimento, idéia refutada no Ocidente pelo menos desde o Iluminismo.”
“Por fim, se Kant e seus seguidores estivessem corretos, cairia por terra o mito de um “Deus Pai”. “O que vocês pensariam”, nos indaga André, “de um pai que se escondesse dos seus filhos? ‘Não fiz nada para manifestar minha existência, eles nunca me viram, nunca me encontraram’, ele contaria a vocês. ‘Deixei-os crer que eram órfãos ou filhos de pai desconhecido, para que fossem livres de acreditar ou não em mim…’ Vocês achariam que esse pai é um doente, um louco, um monstro. E teriam toda razão. Que Pai seria este para se esconder em Auschwitz, no Gulag, em Ruanda, quando seus filhos são deportados, humilhados, esfaimados, assassinados, torturados?”