Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arrego

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Fernando Silva
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Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arrego

Mensagem por Fernando Silva »

Os operários assumiram o controle da fábrica porque não recebiam mais os salários.
Não é exatamente de acordo com a lei, mas ainda faz sentido.

O problema é que implantaram uma administração coletiva e marxista, com apenas 6 horas de trabalho por dia, 5 dias por semana, orgulham-se de não ter um patrão cobrando por mais eficiência, mas , depois de anos no vermelho, querem ser estatizados para que o governo (nós ...) assuma as dívidas.

Até o Lula teve o bom senso de dizer que isto era o mesmo que empurrar o problema deles para os contribuintes.
Agora eles esperam que a coisa mude com a Dilma.

Ora, se a empresa não deu certo, que feche. Mantê-la aberta nestas circunstâncias é artificial.
Será que eles vão querer que, depois de estatizados, a boa vida continue?

http://economia.ig.com.br/empresas/indu ... 32845.html

Um dia na vida da única fábrica ocupada do País
Trabalhadores da Flaskô, em Sumaré (SP), com jornada semanal de 30 horas, lutam pela estatização da empresa

Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o comando do Brasil em 2003. Naquele ano, os funcionários da Flaskô – uma fábrica de tambores plásticos usados para fins tão diversos quanto o de acondicionar combustível para automóveis ou tripas de bois – também tomaram o poder, ainda que em uma escala menor: eles assumiram as rédeas de sua própria empregadora. Era para os destinos de Lula e dos trabalhadores terem se cruzado.

A crença era que Lula, o ex-metalúrgico, daria um norte definitivo para a vida profissional dos trabalhadores da problemática Flaskô, ocupada pelos funcionários na sequência de uma série de traumáticas adversidades, entre as quais o recorrente atraso de salários e o não-cumprimento de direitos trabalhistas. Tudo se resolveria no governo Lula, criam os funcionários.

A era Lula passou, e a Flaskô é hoje a única empresa ocupada do País sob o comando de seus funcionários – transmutados em patrões. Filhote do mesmo grupo que deu origem à Tigre, a fábrica, localizada em Sumaré (SP), a 120 quilômetros de São Paulo, vive hoje entre o sonho de ser estatizada e o receio com o aperto em suas finanças cotidianas.

“A conta fica sempre no vermelho”, diz Fernando Martins, membro da comissão que comanda a fábrica. Uma das despesas sagradas é a com a conta de luz – em torno de R$ 60 mil mensais –, e por motivo óbvio: em uma empresa endividada, com um histórico problemático e carente de recursos, o corte de luz interrompe a fonte de receita imediatamente. A Flaskô já enfrentou interrupções de fornecimento de energia, uma delas por 40 dias.

"Ninguém fica em cima"

A tensão com um prosaico corte de luz contrasta com algumas das manifestações otimistas dos trabalhadores da empresa. “Tem esperança, sim. A gente sempre tem esperança”, diz a operadora de máquinas Tânia Gomes de Oliveira sobre uma eventual reviravolta no caso da Flaskô. Tânia, que chegou à companhia em 1993 – e pode, portanto, comparar a vida pré e pós-ocupação –, afirma que hoje “a vida é mais tranquila. Ninguém fica em cima”.

A Flaskô integrava um conglomerado de empresas que, por sua vez, fizeram parte do grupo criado por João Hansen Júnior, fundador da Tigre. Algumas empresas do grupo, entre elas a Cipla, conhecida fabricante de assentos para vasos sanitários, foram invadidas entre 2002 e 2003 como forma de pressionar os controladores a pagar salários e encargos trabalhistas, sempre em falta. Em Joinville (SC), onde ocorreram as outras invasões, as fábricas estão hoje sob intervenção judicial. A Flaskô é a remanescente entre as ocupadas.

A jornada atual é de 30 horas semanais, preenchidas de segunda a sexta-feira. Os 63 trabalhadores da Flaskô se dividem em três turnos por dia, que começam à meia-noite, às seis da manhã e ao meio-dia.

“Esta vai ser minha última empresa. Com fé em Jesus”, diz o operador de máquinas Ivan Soares de Oliveira, há quatro anos na Flaskô. “Aqui minha vida é melhor: não tem patrão, não tem chicote”.

A falta de dinheiro é parte do cotidiano da fábrica. Os salários às vezes atrasam uma semana, mas o atraso não é regra. Ocasionalmente também atrasa o pagamento dos fornecedores de matéria-prima (atualmente, toda comprada de empresas que reciclam a resina utilizada para a fabricação dos tambores; o material reciclado é mais barato que a resina “virgem”). As máquinas, obsoletas – e, em parte, fora de operação por falta de dinheiro para reparos –, têm produtividade até três vezes menor que de uma nova.

A empresa chegou a receber matéria-prima subsidiada em 2007, em um acordo entre o governo da Venezuela e as fábricas ocupadas. Já não há mais essa alternativa. Como há dificuldade para a compra de insumos, a Flaskô não forma estoques de matéria-prima: as compras são feitas à medida que chegam os pedidos dos compradores de bombonas plásticas. E o comércio não é homogêneo ao longo do ano: a receita mensal é de cerca de R$ 500 mil, mas em 2010, teve mês que rendeu R$ 600 mil, mas teve mês que deu R$ 350 mil.

Confiabilidade


“A ocupação foi a única saída”, diz Aldemir Tavares Pontes, que entrou na Flaskô antes da ocupação de 2003 na função de ajudante de caminhão, passou a ajudante de serigrafia e por outras funções até assumir o posto atual de gerente comercial. É dele a responsabilidade de fechar os contratos de compra de matéria-prima e venda da produção.

O gerente comercial atesta que os problemas da Flaskô afugentam alguns potenciais clientes (“tem esse problema de confiabilidade”, diz), mas isso não impede o fechamento de novos negócios. Pontes, baiano de Vitória da Conquista, onde trabalhou em padaria, faz planos, ainda não totalmente claros, de voltar para sua terra. “Vamos ver como vai ser. De repente monto uma Flaskô lá”, afirma.

Como a Flaskô é gerida pelos trabalhadores, as decisões têm que ser homologadas em assembleia. Uma comissão de fábrica também se reúne para deliberações cotidianas, em uma sala ornamentada por artigos como uma bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um calendário com a foto do presidente da Venezuela, Hugo Chávez – que talvez valha mais pela imagem, já que o calendário é de 2008 – e adesivos da Esquerda Marxista, corrente política do PT ao qual está ligado o braço brasileiro do Movimento das Fábricas Ocupadas.

À assembleia dos trabalhadores cabe a tarefa de escolher as alternativas de sobrevida da Flaskô. O governo federal já sugeriu que os trabalhadores criem uma cooperativa para tocar a fábrica, mas eles argumentam que, com isso, perderiam direitos trabalhistas que não foram honrados pelos antigos patrões. Preferem, em vez disso, a estatização, sob o argumento de que mais de 80% das dívidas da empresa, de estimados R$ 200 milhões, são com a União – com a estatização, o governo garantiria, portanto, o recebimento do que é dele.

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Foto: Theo Ribeiro / Fotoarena

Detalhe da decoração em uma das salas da Flaskô

“Para mim, estatizar significa dividir com toda a sociedade os prejuízos da má gestão dos antigos proprietários”. Com esta frase, publicada na coluna semanal “O Presidente Responde”, reproduzida por jornais de todo o País, Lula, em janeiro do ano passado, frustrou a esperança dos defensores da estatização. No texto, ele voltava a defender a proposta de criação de uma cooperativa.

Lula estava a par dos problemas dos funcionários de Cipla, Interfibra e Flaskô desde sua campanha presidencial de 2002. Assumiu a presidência, saiu dela, e, na Flaskô, o impasse segue. “Mas vamos ver. Agora tem uma mulher no poder, né?”, diz a operadora de máquinas Tânia Oliveira.

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arr

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Parece a versão real da história da "Twentieth Century Motor Company" em Atlas Shrugged.
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Re: Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arr

Mensagem por Tranca »

Para mim, estatizar significa dividir com toda a sociedade os prejuízos da má gestão dos antigos proprietários”. Com esta frase, publicada na coluna semanal “O Presidente Responde”, reproduzida por jornais de todo o País, Lula, em janeiro do ano passado, frustrou a esperança dos defensores da estatização. No texto, ele voltava a defender a proposta de criação de uma cooperativa.


Não só a má gestão dos antigos proprietários, mas eventualmente a má gestão dos ocupantes também, devido ao seu possível despreparo gerencial.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

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Aranha
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Re: Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arr

Mensagem por Aranha »

Tranca escreveu:
Para mim, estatizar significa dividir com toda a sociedade os prejuízos da má gestão dos antigos proprietários”. Com esta frase, publicada na coluna semanal “O Presidente Responde”, reproduzida por jornais de todo o País, Lula, em janeiro do ano passado, frustrou a esperança dos defensores da estatização. No texto, ele voltava a defender a proposta de criação de uma cooperativa.


Não só a má gestão dos antigos proprietários, mas eventualmente a má gestão dos ocupantes também, devido ao seu possível despreparo gerencial.


- Acho que o problema não é só despreparo gerencial não.

- Esse negócio de administrar a fábrica na base do voto como se fosse uma democracia, claro que a proposta de dar turno de 06 horas prá todos ia passar, claro que a proposta de acabar com o trabalho aos sábados ia passar.

- Ainda decidir quem vai ser o fornecedor, quem vai fazer campanhas de publicidade no voto não parece ser coisa que funcione.

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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Johnny
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Re: Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arr

Mensagem por Johnny »

E antes não funcionava por quê?
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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Fernando Silva
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Re: Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arr

Mensagem por Fernando Silva »

Johnny escreveu:E antes não funcionava por quê?

Talvez fosse mal gerenciada, talvez fosse ineficiente, talvez o produto não fosse bom.
Não importa. O fato é que, nas mãos dos operários, nada mudou.
Se ela dá prejuízo, que feche. Melhor que dar prejuízo na mão do governo, pois nós é que teremos que pagar.

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Johnny
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Re: Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arr

Mensagem por Johnny »

Fernando Silva escreveu:
Johnny escreveu:E antes não funcionava por quê?

Talvez fosse mal gerenciada, talvez fosse ineficiente, talvez o produto não fosse bom.
Não importa. O fato é que, nas mãos dos operários, nada mudou.
Se ela dá prejuízo, que feche. Melhor que dar prejuízo na mão do governo, pois nós é que teremos que pagar.

Como assim não importa? Os caras não recebiam salários e tiveram uma oportunidade de assumir a fábrica, oras. Se se deram mal, pelo menos tentaram ou pelo menos, aprenderam que as coisas não são tão simples assim. Agora, estatizar? Aí é querer demais, também acho.
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Johnny
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Re: Única fábrica ocupada pelos operários no Brasil pede arr

Mensagem por Johnny »

Ou melhor, devem passar por tudo o que um empresário passa quando a empresa vai mal das pernas.
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