Apo escreveu:Escutar o coração pra se convencer que somos assassinos? É esta a fascinante proposta? Só se for pra multiplicar a dor de forma sinistra! Eu escutei o coração de minha filha e a vi em imagens ecográficas. Não senti muita coisa a mais do que sentiria nos braços ao nascer. O amor e o desespero de perdê-la vieram muito depois. Isto porque eu tinha saúde e condições de criá-la de forma decente e digna. Senão, seria assim tão convencedor ouvir um toctoc que sái de uma vávula mitral? Revista Capricho, no mínimo. Ter um filho é MUITO MAIS SÉRIO E PROFUNDO DO QUE UMA PROPOSTA DESTAS. É como a Igreja querendo que todos procriem aos montes, como a biologia animal a cobrar a sobrevivência de seus genes através do período fértil que teima em aparecer já no final da infância: muito romântico de se falar, mas que mata mais do que nossa responsabilidade quando somos mesmo civilizados e PODEMOS ser donos de nossas escolhas.
Só para lembrar, no mundo de hoje existem talvez muito mais mulheres vivendo em ambientes excassos ( material e emocionalmente) e hostis. Talvez mais profundamente e em maior número do que "naqueles tempos". O mundo é um lugar inóspito para muitos seres humanos ( inclusive os que são obrigados a se submeter a sistemas, regimes, famílias, economias, companhias e deficiências próprias). Nestas circunstâncias desumanas, falar em manutenção ou extinção de "cultura" parece até obra de ficção sádica. Mas é bem real.
- Tenha seu lindo filhinho, mesmo que seja para apanhar com ele ao peito, mesmo que ele tenha a bênção de ser um monstrenguinho da natureza, mesmo que seu país esteja imerso na guerra, mesmo que seja numa cela podre e infecta. Se tiver mais 5 irmãozinhos a berrar de dor e fome, tenha o 6°, para fazer companhia.
Falar em ser civilizado num mundo que visivelmente premia apenas os mais fortes e perfeitos é natural: a gente engana a mente com uma visão mais rósea da real situação humana. Assim não dói na gente o que deveria doer. E a gente dorme tranquilo. Enquanto isto, no barracão ao lado....ou do outro lado do planeta....
CASE CLOSED.Ridículo que se romantize a maternidade a esse ponto de pieguice, dá vontade de vomitar com esse sentimentalismo mostrando os batimentos de coração e tal. Não faz diferença alguma pra mim se meu filho está no meu ventre ou num útero artificial fora do meu corpo (como tem em alguns filmes de extraterrestres e tal). Questão de maternidade está num nível muito mais sério. Há que se analisar um contexto maior e mais complexo, acima de tudo o fato de você criar essa criança com toda a dignidade possível A LONGO PRAZO. Negócio é cercar por todos os lados: educação, saúde emocional, psicológica, física, previdência ou poupança (no caso de falecimento do responsável), etc. Se mesmo na idade da razão o seu filho se tornar uma ameaça para a sociedade ou para você, você poderá deitar a cabeça no travesseiro sossegada e dizer: "eu realmente fiz tudo que pude".
Ah, minha opinião sobre aborto é a seguinte: em caso de estupro e perigo para a mãe, aborto com certeza. Eu abortaria se soubesse que meu filho iria nascer sem os braços/pernas, ou acéfalo, ou com síndrome de Down, ou outras incapacidades vitalícias e sem perspectivas de cura. Me desculpem, mas eu não teria estrutura emocional, psicológica, espiritual e nem financeira pra arcar com um filho assim. Há os que tenham nervos de aço e para suportar isso. Eu, não. Acredito piamente que um dia, a Ciência evitará todos esses transtornos, tanto pro feto, como pros pais.
Quem brinca de roleta russa, trepa sem camisinha depois vem reclamar que quer abortar, é um outro caso. Deveriam ser confinadas numa prisão tipo Alcatraz, regime perpétuo. Quando nascer o filho, ficaria a cargo do Estado. Garanto que muita (ou toda) mulher descabeçada por aí fecharia as pernas em dois segundos ou daria conta de se proteger MUITO bem.
E nós teríamos um mundo realmente melhor. Aliás, acho que só assim mesmo.
Filhos não planejados são uma praga. Sem eufemismos.