como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

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Hrrr
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como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Hrrr »

como eh que se sabe que o cristianismo como se conhece hoje foi instituido à base de pancadaria e mortes durante o Concilio de Niceia?

respondam plz
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

plante uma arvore por dia com um clic

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Wik
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Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Wik »

Porque pancadaria e morte é algo típico na fundação de sistemas...

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Samael
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Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Samael »

O "cristianismo" nasceu enquanto medida populista de Constantino e se aperfeiçoou com o passar do tempo, não exatamente com "pancadaria e morte"...

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Wik
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Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Wik »

Mas no inicio os Cristãos levaram muita porradinha. E alguns até foram jogados aos leões.

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Samael
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Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Samael »

Hahahahahaha! Verdade, mas ele perguntou quanto ao estabelecimento do cristianismo, não quanto ao anterior a isto.

Difícil é entrar cristão numa faculdade e estudar seu processo de instauração enquanto religião. Muitos colegas de classe meus deixaram a religião de lado.

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Pug
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Re: Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Pug »

Nestorianos...e as diferentes igrejas cristãs orientais foram perseguidas por heresia...

espero que o nosso especalista Fernando Silva visite este tópico.
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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Samael
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Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Samael »

Verdade, o Fernando tem bastante conhecimento na área. Até me espanta que ele nã ofaça nenhuma faculdade pra se especializar no assunto. :emoticon16:

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Fernando Silva
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Re: Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Fernando Silva »

Pug escreveu:Nestorianos...e as diferentes igrejas cristãs orientais foram perseguidas por heresia...

espero que o nosso especalista Fernando Silva visite este tópico.

Há documentos romanos sobre as primeiras comunidades cristãs, ainda divididas em uma infinidade de seitas, que diziam que os cristãos viviam brigando entre si.

Foi justamente por isso que Constantino convocou o concílio de Nicéia: para acabar com a confusão. Ele não tinha preferência por nenhuma seita, queria apenas que os cristãos definissem o que estava valendo.
A partir daí, ele poderia perseguir quem discordasse.
Claro que a coisa não foi tão fácil. Arius foi exilado por Constantino e depois reabilitado.

E a briga entre cristãos continuou ao longo dos séculos, com a diferença que a igreja de Roma se tornou poderosa e se impôs pela força da tortura e da morte na fogueira, até que a heresia de Lutero surgiu num território que eles não podiam controlar e houve a cisão.

Outras "heresias" existem até hoje, 2 mil anos depois, em lugares como a Etiópia e os países eslavos, que Roma também não teve como controlar.

"Pois é muito mais grave corromper a fé, da qual vem a vida da alma, que falsificar dinheiro, pelo qual
a vida temporal é sustentada. Logo, se falsificadores e outros malfeitores são imediata e justamente
executados pelos príncipes temporais, com muito mais justiça podem ser hereges, assim que
denunciados, não apenas excomungados mas também mortos" (Tomás de Aquino, 1225-1274,
"Summa Theologica")
Editado pela última vez por Fernando Silva em 07 Fev 2006, 11:59, em um total de 1 vez.

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Fernando Silva
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Re.: como se sabe que o cristianismo nao surgiu sem...

Mensagem por Fernando Silva »

Qualquer deus serve
http://www.dissidentvoice.org/Oct04/Salisbury1005.htm

por Lee Salisbury
5 de outubro de 2004

"Você não acredita em Deus?!"
Os cristãos costumam ficar chocados quando alguém diz que não acredita no deus deles, o único deus verdadeiro.
Os cristãos costumam olhar com desprezo para os não crentes, certos de que eles são rebeldes imorais que merecem ir para o inferno.
Entretanto, analisando-se a questão de forma objetiva, fica a dúvida: é racional (e moral) a alegação dos cristãos de que o deus monoteísta deles é o único verdadeiro?

O que é óbvio é que, para praticamente cada uma das denominações cristãs, há uma descrição diferente de Deus, muitas vezes contraditória. Os cristãos, entretanto, parecem não se dar conta das implicações dessas múltiplas concepções de Deus.
Os cristãos, principalmente os fundamentalistas, se empenham tanto em defender a verdade de sua crença que nunca lhes ocorre que descrever Deus de tantas formas diferentes impede que se acredite num único Deus.
Portanto, a resposta lógica se alguém nos perguntar se acreditamos em Deus é: "Qual deus?"
Eles provavelmente responderão: "O nosso deus é o único deus verdadeiro", o que mostra sua incapacidade de analisar o assunto sem preconceito e de forma honesta.

Por exemplo, há o deus único dos pentecostais unitarianos. Este segmento dos cristãos pentecostais se divide em mais de 100 denominações em todo o mundo. Eles acreditam em que a Bíblia diz, claramente, que o Pai é Jesus, que o Espírito Santo é Jesus e que o Filho é Jesus. Todos são manifestações de um único deus indivisível, e não três pessoas separadas. A teologia da unicidade ensina que dividir Deus em pessoas separadas é uma distorção do deus monoteísta da Bíblia e diminui a divindade de Jesus. A doutrina da unicidade foi considerada uma heresia tão grave, há apenas 500 anos atrás, que Servetus, um médico espanhol famoso, foi queimado na fogueira em 1552 por Calvino, o herói de muitos protestantes, grande parte dos quais batizada com seu nome.

Também há o deus de duas cabeças de Arius, o presbítero de Alexandria no início do século 4. Isaac Newton, famoso cientista e matemático do século 18, foi um de seus seguidores. Os arianos acreditam em que a tradução correta do texto em grego de João 1:1 é que "A Palavra era um deus" e que Jesus, a Palavra que se tornou carne em João 1:14, era um deus inferior, já que foi "gerado" pelo deus eterno Jeová. Este Jesus não pode ser da mesma substância que Jeová nem ter sempre existido. A seita arianista mais conhecida atualmente são as Testemunhas de Jeová, fundada por Charles Taze Russell, da Pensilvânia, no final do século 19. Russel ridicularizava o deus trinitário como sendo "três deuses em uma só pessoa".
A controvérsia sobre a divindade de Jesus foi decidida quando Constantino, o imperador romano, convocou o concílio de Nicéia em 325 d.C. Decretou-se que o arianismo era uma heresia, Arius foi exilado como herege e Jesus foi declarado "Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, consubstancial ao Pai, gerado do Pai antes de todas as coisas". Note-se que, nessa época, o deus cristão ainda era um deus de duas cabeças.

Foi apenas no final do século 4 que o deus de três cabeças da Trindade foi decretado. A maior parte dos protestantes hoje em dia é trinitariana. A Trindade ensina que Deus é divisível em três pessoas separadas, da mesma substância, cada um eternamente gerando os outros: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. A maioria dos cristãos acredita em que os primeiros apóstolos eram trinitarianos, embora esta doutrina só tivesse sido oficializada no Segundo Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381 d.C. Não há quase nada na Bíblia a favor da Trindade. I João 5:7-8 tenta explicar o assunto mas estudiosos admitem que este trecho pode ter sido incluído mais tarde, de forma fraudulenta.

Deste modo, o incompreensível deus "três é igual a um" da Trindade foi definido como a doutrina oficial da Igreja, a doutrina "tem que acreditar". Sua quase onipresença nas seitas católicas e protestantes é o resultado da decisão do império romano de acabar com o politeísmo e com as divergências entre seitas cristãs, mesmo que isto envolvesse a prisão e a tortura dos hereges que discordassem da norma que viesse a ser oficializada.

Há também o deus de quatro cabeças dos católicos. Os teólogos católicos apostólicos romanos negam com veemência que a mariologia da Igreja Católica transforme Maria em um membro de sua divindade. Entretanto, a doutrina católica fez de Maria o foco da prática religiosa dos católicos quando proclamou sua imaculada conceição, perpétua virgindade, assunção aos céus e papel de intercessora, além de aceitar como verdade suas supostas aparições e incentivar o uso de rosários, novenas, santuários e medalhas.
Na verdade, Maria é tratada com o mesmo respeito e reverência que são dedicados aos outros membros da divindade católica romana. Como resultado, os católicos adoram e rezam para Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo e Maria, a Mãe de Deus.

As outras denominações cristãs produzem uma variedade ilimitada de descrições de Deus. Os Santos dos Últimos Dias, ou mórmons, são uma seita fundada por Joseph Smith após a visita do anjo Moroni, que lhe trouxe as novas tábuas da Lei. O deus dos mórmons começou como um simples homem, que depois se tornou Deus e mostrou o caminho aos seguidores. Estes também desejam se tornar deuses e irem todos morar no planeta Kolub ou coisa assim.

A seita dos Cientistas Cristãos, fundada por Mary Baker Eddy, prega que Deus é um princípio eterno e Jesus é a mais elevada materialização da idéia divina.
Herbert Armstrong fundou a Igreja Mundial de Deus e publica a revista "Verdade Evidente", que ensina que o Espírito Santo é uma manifestação impessoal da vida e do poder de Deus.

A verdade é que as várias denominações cristãs adoram deuses diferentes, descritos de formas diferentes e contraditórias entre si. Para aumentar a confusão, quase todas essas seitas proclamam que o deus monoteísta dos judeus, Javé, de alguma forma mística é o pai de Jesus (há quem diga que Javé não era o verdadeiro deus, mas um impostor, e que Jesus veio nos revelar a verdade). Contudo, a Bíblia judaica nem uma vez sugere que o messias prometido seria filho de Deus e, muito menos, Deus encarnado. Não é nem um pouco surpreendente que os judeus ortodoxos rejeitem Jesus como seu messias e considerem o cristianismo uma blasfêmia. Para os judeus ortodoxos, o cristianismo é uma religião pagã que, como um parasita, se agarra a Javé e ao Antigo Testamento numa tentativa de obter credibilidade.

A suprema ironia é que cada denominação cristã diz seguir a "palavra revelada e infalível do único e veradeiro Deus". Cada denominação vê as outras como iludidas por doutrinas exóticas e heréticas. Ainda assim, esses hereges são, de certa forma, aceitos como "irmãos menos afortunados", que pelo menos acreditam em Deus, o que é preferível a ser pagão ou, que horror! , ateu.

Talvez um dia os cristãos reflitam sobre as supostas palavras de seu senhor e salvador Jesus, que disse que cada um deve tirar a trave do próprio olho antes de se preocupar com o cisco nos olhos dos outros. Numa tentativa de não ser deixado para trás pelo progresso da sociedade, o cristianismo, muito a contragosto, vem reconhecendo a importância da análise racional e do pensamento crítico. Entretanto, como o pensamento religioso se baseia na fé e valoriza a aceitação dos dogmas "com a inocência de uma criança", esta racionalidade gera um conflito. A fé rejeita o questionamento. A fé não baseia suas ações ou crenças em evidências (Hebreus 11:1). Fé e pensamento crítico estão em extremos opostos. O reverenciado apóstolo Paulo declarou que "o que não for da fé é pecado" (Romanos 14:23). O ideal da espiritualidade é "não confiar em seu próprio julgamento" (Provérbios 3:5). Questionar ou pensar com a própria cabeça é pecado. Heréticos são assim denominados porque, em algum momento, tiveram idéias próprias. Todas as diferentes denominações cristãs são, no fim das contas, diferentes heresias, cada qual se dizendo a única verdadeira. Pergunte aos seguidores de qualquer uma dela e lhe responderão isto!
Uma pessoa racional naturalmente questionará a lógica e a moralidade de gente que crê em um deus que eles mesmos definiram e, ao mesmo tempo, condena os seguidores das outras seitas, cuja definição de Deus tem bases tão nebulosas quanto a deles.

Nos Estados Unidos, este problema torna-se uma comédia trágica, devido ao fato de que os cidadãos precisam se declarar, por lei, "uma única nação sob Deus". Qual deus? O deus de quem? E, além disto, por quê? Onde estava este deus em 11/09/2001? Como sugeriu o comediante Robin Williams, será que a frase "uma única nação sob o Canadá" não seria mais verdadeira? Pelo menos, esta última frase pode ser confirmada na prática.

A variedade de denominações cristãs, cada um com um deus diferente, cada uma condenando as outras como heréticas, nos leva a pensar que a necessidade psicológica que essas pessoas têm de acreditar num paraíso depois da morte, de se acreditar membro de um exclusivo e limitado grupo de eleitos donos da verdade, pode ser igualmente satisfeita com qualquer deus.

Lee Salisbury, nascido em Stillwater, MN., foi um pastor pentecostal de 1972 a 1986. Ele fundou e dirige o "Clube do pensamento crítico" em Minesotta, escreve colunas para http://www.axisoflogic.com, onde este artigo foi publicado pela primeira vez, e participa de debates públicos. Seu email é leesal@comcast.net

Copyright (C) 2004 Lee Salisbury

N.T.: alguns crentes procuram resolver o problema da multiplicidade de denominações declarando-se "sem religião". Eles afirmam seguir a Jesus e a Bíblia e rejeitam as "religiões inventadas por homens", sem se dar conta de que a Bíblia e o Jesus que ela descreve são invenções humanas. Sem perceber que não é possível seguir um livro tão confuso quanto a Bíblia sem criar para si uma interpretação própria, ou seja, sem inventar sua própria religião, ainda que pessoal e não institucionalizada.

Trancado