Irracionalidade
Irracionalidade
Irracionalidade
Por, António José Teixeira
O problema contemporâneo, talvez o problema de todos os tempos, é a dificuldade em lidar com a irracionalidade e a intolerância. É o que observamos hoje. O mundo incendiou-se por causa de umas caricaturas reles, pretexto para provocações e atentados em nome da liberdade e da fé. A mistura dificilmente poderia ser mais explosiva. Se alguém, deliberadamente, quisesse provar o choque de civilizações de Samuel Huntington não teria melhor expediente incendiário que as caricaturas dinamarquesas. Nem a invasão americana do Iraque conseguiu tamanho tumulto no mundo muçulmano.
Vale a pena colocar a nu o contexto do conflito, agora que entraram em guerra os valores da democracia e o ressentimento do islão. Tudo começou com um livro de um xenófobo que sugeriu "pichar o Alcorão com sangue menstrual" e que se queixou de não encontrar desenhadores para caricaturar Maomé. A verdade é que os encontrou. Mas o pretexto estava dado para o jornal Jyllands-Posten convidar desenhadores a idêntico exercício. É aí que surgem 12 caricaturas e um editorial em que se invectivam os muçulmanos, desafiados a aprender que a liberdade de expressão deve implicar "blasfemar e humilhar" o islão. Sabe-se agora, segundo o diário britânico Guardian, que o mesmo jornal tinha rejeitado há três anos a publicação de caricaturas de Cristo por correrem o risco de ser consideradas ofensivas para os seus leitores... Não está em causa a coerência de procedimentos, até porque qualquer das situações se pode enquadrar no livre arbítrio das sociedades abertas, mesmo quando se ultrapassa o risco da dignidade e da lei. O que está em causa é a trágica ironia de a afirmação dos valores civilizacionais da liberdade e da democracia estar a ser feita a partir de humilhantes e gratuitas caricaturas religiosas.
Não há dúvida de que a democracia suporta a falta de sensibilidade e de bom senso e que a liberdade de expressão "é absoluta e não é negociável", como disse o primeiro-ministro dinamarquês. Tal como devem ser absolutamente condenáveis as reacções violentas do mundo islâmico. Não podemos ainda ignorar que alguns imãs aproveitaram as caricaturas para internacionalizar o conflito e criar ambiente de resposta ao "ódio" ocidental. O Irão e a Síria agradecem o pretexto. Mas estas verdades exigem também que se tenha a lucidez de criticar com veemência todos e quaisquer actos humilhantes ou xenófobos. Não podem proibir-se para não nos igualarmos ao obscurantismo despótico, mas devem merecer crítica frontal. O combate da liberdade exige inteligência. A humilhação em nome da liberdade é uma caricatura trágica da nossa civilização.
Por, António José Teixeira
O problema contemporâneo, talvez o problema de todos os tempos, é a dificuldade em lidar com a irracionalidade e a intolerância. É o que observamos hoje. O mundo incendiou-se por causa de umas caricaturas reles, pretexto para provocações e atentados em nome da liberdade e da fé. A mistura dificilmente poderia ser mais explosiva. Se alguém, deliberadamente, quisesse provar o choque de civilizações de Samuel Huntington não teria melhor expediente incendiário que as caricaturas dinamarquesas. Nem a invasão americana do Iraque conseguiu tamanho tumulto no mundo muçulmano.
Vale a pena colocar a nu o contexto do conflito, agora que entraram em guerra os valores da democracia e o ressentimento do islão. Tudo começou com um livro de um xenófobo que sugeriu "pichar o Alcorão com sangue menstrual" e que se queixou de não encontrar desenhadores para caricaturar Maomé. A verdade é que os encontrou. Mas o pretexto estava dado para o jornal Jyllands-Posten convidar desenhadores a idêntico exercício. É aí que surgem 12 caricaturas e um editorial em que se invectivam os muçulmanos, desafiados a aprender que a liberdade de expressão deve implicar "blasfemar e humilhar" o islão. Sabe-se agora, segundo o diário britânico Guardian, que o mesmo jornal tinha rejeitado há três anos a publicação de caricaturas de Cristo por correrem o risco de ser consideradas ofensivas para os seus leitores... Não está em causa a coerência de procedimentos, até porque qualquer das situações se pode enquadrar no livre arbítrio das sociedades abertas, mesmo quando se ultrapassa o risco da dignidade e da lei. O que está em causa é a trágica ironia de a afirmação dos valores civilizacionais da liberdade e da democracia estar a ser feita a partir de humilhantes e gratuitas caricaturas religiosas.
Não há dúvida de que a democracia suporta a falta de sensibilidade e de bom senso e que a liberdade de expressão "é absoluta e não é negociável", como disse o primeiro-ministro dinamarquês. Tal como devem ser absolutamente condenáveis as reacções violentas do mundo islâmico. Não podemos ainda ignorar que alguns imãs aproveitaram as caricaturas para internacionalizar o conflito e criar ambiente de resposta ao "ódio" ocidental. O Irão e a Síria agradecem o pretexto. Mas estas verdades exigem também que se tenha a lucidez de criticar com veemência todos e quaisquer actos humilhantes ou xenófobos. Não podem proibir-se para não nos igualarmos ao obscurantismo despótico, mas devem merecer crítica frontal. O combate da liberdade exige inteligência. A humilhação em nome da liberdade é uma caricatura trágica da nossa civilização.
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido


Re.: Irracionalidade
Fanatismo é ruim em qualquer meio... o problema do Islã, até onde eu vejo, são os islâmicos... 

Re: Re.: Irracionalidade
Najma escreveu:Fanatismo é ruim em qualquer meio... o problema do Islã, até onde eu vejo, são os islâmicos...
Sim, o problema são os própios muçulmanos....
Por vezes choca dizer, mas existe uma guerra civil entre muçulmanos, e o lado que considero melhor, está enfraquecido até pela falta de aliados no ocidente...ou por jogos ambiguos das potências ocidentais, convem lembrar que os maiores apoiantes do Hamas, Talibans estavam no ocidente...
o aliado saudita, que é apenas a maior fonte de propaganda de um certo tipo de islão ( wahabismo).
É preciso desmontar décadas de apoio errado dado pelo ocidente, na sua luta contra o bloco soviético...
o medo também é um factor a não descurar...
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido


Re.: Irracionalidade
Não tou preocupado com o Islão. Se vejo um fanático na TV... como sei que com fanáticos não vale a pena dialogar... eu apenas mando ele se f***.
- Luis Dantas
- Mensagens: 3284
- Registrado em: 24 Out 2005, 22:55
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Re: Re.: Irracionalidade
Wik escreveu:Não tou preocupado com o Islão. Se vejo um fanático na TV... como sei que com fanáticos não vale a pena dialogar... eu apenas mando ele se f***.
Tenho ABSOLUTA certeza de que dessa forma você consegue convencê-los a ser mais razoáveis e pacíficos.
Posso te recrutar para a campanha "Vamos Massacrar a Violência?"
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
"First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism
http://dantas.editme.com/textos http://luisdantas.zip.net http://www.dantas.com
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- Carlos Castelo
- Mensagens: 747
- Registrado em: 31 Out 2005, 15:59
Wik escreveu:
Não tou preocupado com o Islão. Se vejo um fanático na TV... como sei que com fanáticos não vale a pena dialogar... eu apenas mando ele se f***.
Ainda bem que você só os ver na TV!
E eu também!

Nós também sabemos o quanto a verdade é muitas vezes cruel, e nos perguntamos se a ilusão não é mais consoladora.
Henri Poincaré (1854-1912)
Quando se coloca o centro de gravida da vida não na vida, mas no "além"-no nada-, tira-se à vida o seu centro de gravidade.
Nietzsche - O Anticristo.
Henri Poincaré (1854-1912)
Quando se coloca o centro de gravida da vida não na vida, mas no "além"-no nada-, tira-se à vida o seu centro de gravidade.
Nietzsche - O Anticristo.