Doutrinas X Princípios
Doutrinas X Princípios
Doutrinas X Princípios
Postado originalmente em 16/9/2005 21:38:00
Por Acauan
Muitos religiosos gostam de repetir que ateus não acreditam em nada ou que acreditam em qualquer coisa (neste caso citando G.K. Chesterton, sabendo ou não disto).
É um pensamento simplista, para não dizer idiota. Tarde demais, já disse.
Ateus se definem pelo que não acreditam, logo pressupor no que acreditam é perda de tempo ou encheção de saco.
Uma abordagem mais produtiva desta questão seria colocar a dualidade em outros termos:
Religiosos acreditam em doutrinas e céticos acreditam em princípios.
As grandes religiões monoteístas possuem doutrinas às quais o fiel se obriga a acreditar e seguir na íntegra, sem direito a selecionar os extratos com os quais concorda e rejeitar o que não lhe apetece na regra posta. O pacote é oferecido fechado, é pegar ou largar.
Como estas religiões proclamam que suas doutrinas foram ditadas pessoalmente por Deus, questionar um til que fosse seria sacrilégio, logo se lá estão escritas coisas que o fiel sempre achou absurdas, as únicas opções que lhe restam são refazer sua definição de coerência ou deixar de ser fiel.
Céticos não acreditam em doutrinas.
Céticos acreditam em princípios.
Isto implica que quebrarão qualquer doutrina em suas idéias fundamentais, que serão analisadas, aceitas ou rejeitadas cada idéia individualmente.
Mesmo que o conjunto das idéias pareça, no geral, correta, o beneplácito ao conjunto não se estende obrigatória ou necessariamente aos seus componentes e vice-versa.
Ou seja, não aceitam o pacote fechado.
- E você acha que pode criticar uma doutrina ditada por Deus? Talvez me perguntasse alguém.
Modéstia a parte, sim.
Se qualquer ponto de uma doutrina viola meus princípios, a doutrina que se dane.
Um exemplo.
A Bíblia em I Samuel 15 diz que Deus deu ordem expressa e direta para que os soldados de Israel perpetrassem um massacre do qual crianças de peito não deveriam ser poupadas.
As doutrinas fundamentalistas pregam que se Deus ditou a Bíblia então, naquelas circunstâncias (seja lá o que queiram dizer com isto) matar os bebês era a coisa mais certa a ser feita.
Para quem acredita em certos princípios, se a Bíblia diz que Deus mandou matar bebês, ou a Bíblia está errada ou Deus é um canalha.
Reduzida a princípios a questão é simples: matar bebês é ruim.
Quem crê em doutrinas diz que matar bebês pode ser ruim ou bom, dependendo da leitura doutrinária da questão – o que costumam chamar de contexto.
Tem quem diga que é necessária a inspiração divina para a plena compreensão e interpretação das doutrinas religiosas. Quem acredita nisto que faça bom proveito.
Qualquer inspiração que diga que assassinato de bebês é bom, para mim é coisa do capeta.
Postado originalmente em 16/9/2005 21:38:00
Por Acauan
Muitos religiosos gostam de repetir que ateus não acreditam em nada ou que acreditam em qualquer coisa (neste caso citando G.K. Chesterton, sabendo ou não disto).
É um pensamento simplista, para não dizer idiota. Tarde demais, já disse.
Ateus se definem pelo que não acreditam, logo pressupor no que acreditam é perda de tempo ou encheção de saco.
Uma abordagem mais produtiva desta questão seria colocar a dualidade em outros termos:
Religiosos acreditam em doutrinas e céticos acreditam em princípios.
As grandes religiões monoteístas possuem doutrinas às quais o fiel se obriga a acreditar e seguir na íntegra, sem direito a selecionar os extratos com os quais concorda e rejeitar o que não lhe apetece na regra posta. O pacote é oferecido fechado, é pegar ou largar.
Como estas religiões proclamam que suas doutrinas foram ditadas pessoalmente por Deus, questionar um til que fosse seria sacrilégio, logo se lá estão escritas coisas que o fiel sempre achou absurdas, as únicas opções que lhe restam são refazer sua definição de coerência ou deixar de ser fiel.
Céticos não acreditam em doutrinas.
Céticos acreditam em princípios.
Isto implica que quebrarão qualquer doutrina em suas idéias fundamentais, que serão analisadas, aceitas ou rejeitadas cada idéia individualmente.
Mesmo que o conjunto das idéias pareça, no geral, correta, o beneplácito ao conjunto não se estende obrigatória ou necessariamente aos seus componentes e vice-versa.
Ou seja, não aceitam o pacote fechado.
- E você acha que pode criticar uma doutrina ditada por Deus? Talvez me perguntasse alguém.
Modéstia a parte, sim.
Se qualquer ponto de uma doutrina viola meus princípios, a doutrina que se dane.
Um exemplo.
A Bíblia em I Samuel 15 diz que Deus deu ordem expressa e direta para que os soldados de Israel perpetrassem um massacre do qual crianças de peito não deveriam ser poupadas.
As doutrinas fundamentalistas pregam que se Deus ditou a Bíblia então, naquelas circunstâncias (seja lá o que queiram dizer com isto) matar os bebês era a coisa mais certa a ser feita.
Para quem acredita em certos princípios, se a Bíblia diz que Deus mandou matar bebês, ou a Bíblia está errada ou Deus é um canalha.
Reduzida a princípios a questão é simples: matar bebês é ruim.
Quem crê em doutrinas diz que matar bebês pode ser ruim ou bom, dependendo da leitura doutrinária da questão – o que costumam chamar de contexto.
Tem quem diga que é necessária a inspiração divina para a plena compreensão e interpretação das doutrinas religiosas. Quem acredita nisto que faça bom proveito.
Qualquer inspiração que diga que assassinato de bebês é bom, para mim é coisa do capeta.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
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Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
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- francioalmeida
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- Registrado em: 12 Dez 2005, 22:08
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Re: Doutrinas X Princípios
Acauan escreveu:Doutrinas X Princípios
Postado originalmente em 16/9/2005 21:38:00
Por Acauan
Muitos religiosos gostam de repetir que ateus não acreditam em nada ou que acreditam em qualquer coisa (neste caso citando G.K. Chesterton, sabendo ou não disto).
É um pensamento simplista, para não dizer idiota. Tarde demais, já disse.
Ateus se definem pelo que não acreditam, logo pressupor no que acreditam é perda de tempo ou encheção de saco.
Uma abordagem mais produtiva desta questão seria colocar a dualidade em outros termos:
Religiosos acreditam em doutrinas e céticos acreditam em princípios.
As grandes religiões monoteístas possuem doutrinas às quais o fiel se obriga a acreditar e seguir na íntegra, sem direito a selecionar os extratos com os quais concorda e rejeitar o que não lhe apetece na regra posta. O pacote é oferecido fechado, é pegar ou largar.
Como estas religiões proclamam que suas doutrinas foram ditadas pessoalmente por Deus, questionar um til que fosse seria sacrilégio, logo se lá estão escritas coisas que o fiel sempre achou absurdas, as únicas opções que lhe restam são refazer sua definição de coerência ou deixar de ser fiel.
Céticos não acreditam em doutrinas.
Céticos acreditam em princípios.
Isto implica que quebrarão qualquer doutrina em suas idéias fundamentais, que serão analisadas, aceitas ou rejeitadas cada idéia individualmente.
Mesmo que o conjunto das idéias pareça, no geral, correta, o beneplácito ao conjunto não se estende obrigatória ou necessariamente aos seus componentes e vice-versa.
Ou seja, não aceitam o pacote fechado.
- E você acha que pode criticar uma doutrina ditada por Deus? Talvez me perguntasse alguém.
Modéstia a parte, sim.
Se qualquer ponto de uma doutrina viola meus princípios, a doutrina que se dane.
Um exemplo.
A Bíblia em I Samuel 15 diz que Deus deu ordem expressa e direta para que os soldados de Israel perpetrassem um massacre do qual crianças de peito não deveriam ser poupadas.
As doutrinas fundamentalistas pregam que se Deus ditou a Bíblia então, naquelas circunstâncias (seja lá o que queiram dizer com isto) matar os bebês era a coisa mais certa a ser feita.
Para quem acredita em certos princípios, se a Bíblia diz que Deus mandou matar bebês, ou a Bíblia está errada ou Deus é um canalha.
Reduzida a princípios a questão é simples: matar bebês é ruim.
Quem crê em doutrinas diz que matar bebês pode ser ruim ou bom, dependendo da leitura doutrinária da questão – o que costumam chamar de contexto.
Tem quem diga que é necessária a inspiração divina para a plena compreensão e interpretação das doutrinas religiosas. Quem acredita nisto que faça bom proveito.
Qualquer inspiração que diga que assassinato de bebês é bom, para mim é coisa do capeta.
Acauan,
A biblia gera muitas confusões e até guerras nos dias de hoje. Um amigo viajando pela India, perguntou a um morador da cidade a razão pela qual aquele pais ser pacífico apesar se estar localizado em uma região marcada por massacres militares e homens-bomba. Simplesmente ele respondeu que seu pais era assim porque Jesus cristo nunca de as caras por lá. Facil de entender. Quem lê a biblia, principalmente o antigo testamento, verá grandes holocaustos sendo ordenados pelo próprio DEUS, e sendo assim seriam legais e necessários. Mas como saber se quem recebeu a idéia de DEUS estaria realmente em contato com ele? Homens mentem a favor de suas paixoes, sempre. Por esta razão, o antigo testamento provoca tanta cofusão em quem o lê. Pode-se ver isso pricipalmente nos católicos e protestantes. Eles citam várias passagens do antigo testamento que para eles são como vertentes do poder e sabedoria de DEUS. Mas quando questionados sobre a palavra as vezes dúbia de DEUS na bíblia, eles dizem que Jesus veio para mudar tudo. Este tipo de incoerência sempre foi marcante para mim.
Um abraço.
- Benetton
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O V.T para mim, à exceção do Decálogo, é uma contradição, é uma "pedra no sapato" dos crentes. Há tantos absurdos que somente aplicando a máxima de Tertuliano, apologista Cristão, 155-220 d.C ( Credo quia absurdum", ou seja, "Acredito mesmo que seja absurdo" ) é que se consegue enfiar certas passagens Bíblicas na cabeça dos "fiéis".
Uma dos versículos que mais exige essa "máxima" acima, e a qual eu já citei aqui em outro tópico ( pedi a um "religioso" que a justificasse e o mesmo simplesmente fugiu pela tangente ), é o Capítulo 31, 17-18 de Números :
"Agora, pois, matai todos os meninos entre as crianças, e todas as mulheres que conheceram homem, deitando-se com ele". As meninas, porém, que não tiveram relações com homem, conservai-as vivas para vós."
Além de mandar matar crianças, o Grande "Deus", piedoso e misericordioso dos crentes fundamentalistas, manda matar mulheres que já haviam se deitado com homens, e manda conservar as virgens para os "eleitos". Além das contradições encontradas nesses textos, podemos também observar, estarrecidos, até onde chegaram a injustiça, o machismo e a crueldade patentes nas orientações dadas por Jeová a Moisés.
Além do que, seria interessante saber como se cumpriria a ordem de Jeová quanto a saber quais mulheres eram ou não castas, para poder matá-las. Talvez o método empregado pelos "fiéis seguidores da Bíblia", não fosse nada decente ou condizente com o decoro pregado pelo "Deus assaz magnânimo", ou seja, examinar as recatadas meninas para saber se elas eram virgens ou não. Cada uma ...
" Duvidar de tudo ou acreditar em tudo são duas soluções igualmente cômodas : Ambas nos dispensam do trabalho de pensar. "
Jules Henri Poincare - Físico e Matemático Francês.
_________________
"Sempre que possivel, converse com um saco de cimento. Nessa vida só devemos acreditar no que é concreto."
Autor Desconhecido.
Bem, pelo menos no espiritismo tenho do direito de acreditar naquilo que condizer com a minha verdade, pois o espírita não é aquele que acredita em espíritos, mas sim aquele que tenta combater suas más tendências.
Acho que a resposta está no equilíbrio. Nem muito crente, nem muito cético.
Acho que a resposta está no equilíbrio. Nem muito crente, nem muito cético.
"Aquele que consegue tratar os familiares como trata as visitas já ganhou metade da encarnação". André Luiz
Tchobi escreveu:Bem, pelo menos no espiritismo tenho do direito de acreditar naquilo que condizer com a minha verdade, pois o espírita não é aquele que acredita em espíritos, mas sim aquele que tenta combater suas más tendências.
Acho que a resposta está no equilíbrio. Nem muito crente, nem muito cético.
De qualquer modo há uma Doutrina Espírita na qual ou você acredita e segue ou não.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!