Viagem de astronauta é "marketing", diz diretor do

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Liquid Snake
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Viagem de astronauta é "marketing", diz diretor do

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FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em São José dos Campos

O novo diretor do CTA (Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial, antigo Centro Técnico Aeroespacial), tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Augusto Leal Velloso, afirmou que a viagem do astronauta brasileiro ao espaço é "questão de marketing" e que a experiência "não trará nenhum avanço científico para o Brasil".

Velloso, entretanto, defende a viagem do tenente-coronel da FAB (Força Aérea Brasileira) Marcos Cesar Pontes. Para Velloso, gastar cerca de US$ 10 milhões com o lançamento do primeiro astronauta brasileiro é melhor do que "pagar mensalão" e ainda servirá para divulgar o programa espacial brasileiro.

"Eu acho que, para efeito do que se pretendia com o vôo do astronauta, que era dar visibilidade ao programa espacial brasileiro de uma maneira geral, está sendo muito bom. Estamos mostrando o programa espacial para o país inteiro", disse Velloso no final da tarde de anteontem, após entrevista coletiva sobre as mudanças na estrutura do CTA, em São José dos Campos (interior paulista).

Pontes viajará à ISS (Estação Espacial Internacional) a bordo da nave russa Soyuz. O lançamento está marcado para o dia 30 de março. Atualmente, ele passa por um período de treinamento na Cidade das Estrelas, na Rússia. Pontes aproveitará o ambiente de microgravidade para fazer alguns experimentos encomendados por instituições nacionais.

Na semana passada, a Folha revelou que a viagem, antes prevista para outubro, foi adiada para março a pedido do governo brasileiro. As eleições teriam motivado o pedido. O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, negou que o adiamento tenha motivação política.

Quando lhe perguntaram se considerava razoável o governo gastar US$ 10 milhões com o projeto, sob o argumento de dar visibilidade ao programa, Velloso citou o escândalo do "mensalão" para defender sua posição.

"Eu acho que foi bom [o investimento]. É uma opinião pessoal. Tem gente que prefere dar US$ 10 milhões para mensalão do que lançar um astronauta. Eu acho que o mensalão foi muito pior do que o astronauta", disse.

"O fato de ele [Pontes] voar não traz nenhum avanço tecnológico. Claro que alguma coisa você ganha de conhecimento. Mas o que quero dizer é que nessa etapa o programa espacial está ganhando, porque está sendo divulgado para a nação", declarou. Segundo ele, é preciso mostrar à população que "um programa espacial não é só lançar um foguetinho".

Velloso ainda lembrou que o lançamento do astronauta brasileiro foi apenas um dos pontos do acordo original, que previa ainda a transferência de tecnologia para o Brasil, que então ficaria responsável pela fabricação de componentes para a ISS.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14276.shtml

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"O Brasil me parece ser o único País do mundo onde ser de esquerda ainda dá uma conotação de prestígio." (Roberto Campos, 1993)

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Leo
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Aurelio Moraes
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Mensagem por Aurelio Moraes »

Felizmente ou infelizmente, isto é verdade. Tenho que concordar. O dinheiro que está sendo gasto poderia ser melhor aplicado em desenvolvimento de satélites e foguetes. O astronautra brasileiro no final das contas está fazendo propaganda para a Nasa e para a Agência Espacial Russa.
No campo científico, existem outras áreas que demandam verba mais urgentemente do que mandar o Pontes para o espaço.


Brincando de astronauta (Folha de São Paulo - Ciência - 12/2/2006)
MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA

Pelo visto, a única idéia sensata surgida nessa história de astronauta brasileiro teria partido do próprio tenente-coronel aviador Marcos César Pontes: levar ao espaço o chapéu panamá disforme que se tornou marca registrada de Alberto Santos Dumont (1873-1932). Mesmo inspirada num nacionalismo pedestre, é uma bela homenagem a um dos poucos brasileiros merecedores da fama que têm. Que seja prestada no ano do centenário do histórico vôo do 14-Bis só torna o gesto ainda mais elegante.


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A quantia é comparável ao custo de alguns dos mais festejados programas científicos brasileiros
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Não parece razoável, porém, que o panamá original -um objeto de valor histórico- vá para o espaço a bordo da nave Soyuz. Por outro lado, seria uma pena se ao menos uma réplica não fosse levada. A imagem do rapaz de Bauru na Estação Espacial Internacional com o chapéu-ícone do primeiro aviador poderia ter impacto positivo sobre mentes jovens, sugerindo-lhes que tudo é possível e está por realizar (não nascer numa favela ajuda, mas isso é outra história).

Algum pedagogo poderá argumentar que um suicida não é lá um bom exemplo a ser imitado. Jornalistas que seguem o registro histórico como cães lembrarão que o primeiro vôo foi realizado pelos irmãos Wright. Os cabeças-de-planilha, como diz Luís Nassif, vão ponderar que cerca de US$ 10 milhões (a Agência Espacial Brasileira não divulga o preço exato) é dinheiro demais para mandar um chapéu ao espaço.


Só os cabeças-de-planilha estarão com a razão, por difícil que seja admitir. A quantia a ser pulverizada numa única aventura provinciana é comparável ao custo de alguns dos mais festejados programas científicos brasileiros, como o Genoma Xylella (que pelo menos treinou uma legião de biólogos moleculares). O benefício científico da missão é no mínimo duvidoso. Nem é certeza que os experimentos se realizem, em razão da falta de tempo para prepará-los.
A pressa é inimiga da perfeição -e, neste caso, amiga da eleição. Pontes disse ao repórter Salvador Nogueira que iria voar só em outubro e que não sabe por que o vôo foi antecipado. Parece que está levando um camisa da seleção brasileira, ou fitinhas do Bonfim (credo). Vai bater papo, em órbita, com o presidente-candidato. Um papo do além, sem dúvida.
Lula terá nova oportunidade para sacar da frase "pela primeira vez neste país". Concluirá talvez, com sua lógica peculiar, que foi preciso o Brasil ter um ex-torneiro mecânico na Presidência para que um brasileiro chegasse ao espaço. Talvez se lembre de que Santos Dumont voou em Paris e que seu pai era cafeicultor quando ainda havia escravos no Brasil.
Melhor faria o país se dirigisse esse balão de ensaio para a busca de auto-suficiência em satélites de sensoriamento remoto. Se há um campo de pesquisa em que o Brasil tem os pés (e os olhos) no chão, é esse.
Fique bem claro que não se trata de atacar a pessoa de Pontes, que parece um bom sujeito. Ele é digno de toda a admiração, como qualquer um disposto a sentar numa geringonça como a Soyuz e fazê-la subir aos céus. Como se diz "godspeed" em português?


Da Folha de SP, republicado no site da Unicamp
Com esse dinheiro, poderiam ser pagas as várias bolsas de pesquisa que o Governo Federal deve pagar a vários pesquisadores, que mesmo com falta de verbas continuam empenhados em suas pesquisas.

Trancado