Makaveli escreveu:Seria muito indiscreto de minha parte perguntar sua idade? é que vc disse que foi católico por 42 anos... na verdade, queria saber a quanto tempo você é ateu, como foi a fase de transição, deve ter sido um longo processo...
O processo de desconversão deve ter começado assim que me enfiaram as crendices na cabeça, lá pelos 4 anos de idade ou antes. Uma parte da minha cabeça sempre permaneceu livre do tumor religioso e vivia fazendo perguntas, só que a parte religiosa empurrava as dúvidas para debaixo do tapete.
Quando eu tinha uns 11 anos, por exemplo, eu li num jornal sobre a possibilidade de Jesus ter sido retirado do túmulo pelos apóstolos para dar a impressão de ressurreição. Aquilo foi um choque para mim, mas logo foi abafado pela parte religiosa do cérebro e eu só fui me lembrar do fato durante a desconversão.
De modo geral, eu concluía meus debates internos com a frase: "Deve estar certo, de alguma forma. Eu é que não sou capaz de entender porque sou limitado. Lá no céu eu entenderei".
Lá pelos 40 anos, o peso das dúvidas já era tão grande que ficou difícil ignorá-las.
A primeira coisa que eu abandonei foi a crença no inferno. Continuei me achando católico, só que deixei de acreditar em que houvesse alguém no inferno. Na minha opinião, ninguém reunia todas as condições necessárias para isto.
Ao se abrir a primeira brecha, o resto veio rápido. Aos poucos, cheguei à conclusão de que a ICAR tinha distorcido as palavras de Jesus, depois concluí que Jesus tinha sido apenas um homem e, finalmente, fiquei só com um deus pessoal. Isto também durou pouco, pois eu não sabia como seria esse deus nem o que ele queria de mim, logo, eu não precisava me preocupar com ele enquanto ele não me procurasse diretamente.
Só então, depois de perder a fé, é que eu comecei a estudar minha ex-religião a fundo, não apenas o que me ensinaram no catecismo e nas missas. E descobri toda a podridão que há na Bíblia e na história da ICAR e das religiões em geral.
Makaveli escreveu:cara, tem algum texto bom sobre o dia a dia do cara que não acredita em Deus? Tipo, rotina, lidando com situações do dia-a-dia. Creio que todo ateu se considera forte por viver esta vida sem certezas de onde veio, o que está fazendo aqui e para onde vai, creio que é isso o que mais pega pra mim, na hora de me declarar ateu... porra, viver esta vida sem um alicerce abaixo dos pés é foda! Qual o sentido da vida? Onde começou o universo! Ou seja, se É, teve ORIGEM, e qual é a origem??? O Big Bang não faz sentido, pois, se começou com alguma explosão, de onde veio a matéria que reagiu para que a explosão ocorresse? Entendeu? É por isso que só encontro sentido na vida recorrendo ao eterno, ao causador da causa, pois toda causa tem uma outra causa precendente e assim vai... crer em Deus pra mim é tipo o que dá sentido à vida entende? Cara é só um desabafo, analisa o que escrevi e me dá um apoio, blz? PAZ!
O dia-a-dia do ateu é como o de todo o mundo. Ele apenas não perde tempo rezando ou indo à igreja. Nem segue regras que não façam sentido (ou seja, tem que ser porque Deus mandou e pronto, mesmo que a gente não entenda).
Eu sei que algumas pessoas vivem em função da religião, mas a maior parte da humanidade nem se lembra disto, a não ser para cumprir com os rituais ou para pedir ajuda a Deus.
O fato de existir outra vida não ajuda muito a resolver as dificuldades desta e nem alivia a dor de se perder um ente querido.
Acho que a religião só faz falta para quem se apóia nela como numa muleta, ou quem é viciado nela como num psicotrópico.
Para os demais, a vida tem o sentido que damos a ela e pronto. Acreditar em um deus não ajuda em nada. Um dia, a gente descobre que não precisa da muleta e passa a andar sem ela.