<h1>FUD</h1> escreveu:
Qualquer teoria sócio-econômica que conjeture a viabilidade de uma sociedade sem classes [sic] é parte do que se entende por socialismo. Políticas de esquerda são as medidas tomadas visando em tese eliminar ou atenuar as diferenças entre as classes [sic]. (deve-se notar que dentro de um modelo verdadeiramente democrático, não existem "classes" reais definidas, sendo o critério de diferenciação por posses apenas um dos possíveis modos de agrupar seres humanos, como também o critério poderia ser quantos dentes tem na boca, ou cor da pele, ou time de futebol)
O comunismo consiste simplesmente na negação da propriedade privada, principalmente dos meios de produção que passam a serem controlados pelo Estado.
É preciso ser um completo tapado para não perceber que uma coisa implica na outra, necessariamente.
Se a propriedade privada não for proibida, ou o acumulo de posses não for restringido (o que é equivalente), as "classes" emergem naturalmente entre aqueles que possuem mais por terem de algum modo sido mais eficientes em acumular.
É claro que o sujeito pode se declarar socialista, porém anarquista. Bom, nesse caso eu não perco meu tempo discutindo com néscios. Outros tipos de socialismo sofrem das mesmas incoerências, em maior ou menor grau, uma vez que admitem a viabilidade de uma sociedade sem classes mas com permissão de acumulo de posses, o que é absurdo.
Logo, a única forma de socialismo que consegue, com algum esforço, chegar a nível de discussão, é o comunismo. Entenda-se, portanto, de certo modo, lisonjeado, pelo fato de estar se partindo do pressuposto de que você como socialista defende o modelo comunista. Não que esse seja de alguma forma bom, não é.
Há que se ter muita cautela quando citar "socialismo", ainda mais quando o for definir, devido ao número de tendências e movimentos dele advindos. Comete um erro ao afirmar que a privação do acumulo de posses é algo inerente à esta política.
Analisando unicamente os socialistas de princípio, ou social democratas, sem se esquivar para "tendências", o acúmulo de bens não é visto como algo degradante dentro da sociedade, nem como o causador-mor das desigualdades, sendo que sua regulamentação se daria automaticamente com medidas tomadas no plano econômico, e que viriam a dar menor diferença entre as classes.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Mas estávamos tratando de críticos ao capitalismo (mencionados no post de abertura desse tópico), e não de propositores de uma sociedade justa e equilibrada (até certo ponto).
Exatamente.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Quem critica o capitalismo, critica o acúmulo de posses, o que o configura, na melhor das hipóteses, como um comunista.
Não! Falácia! Generalização apressada!
[crítico do capitalismo = comunista]user f.k.a. Cabeção escreveu:
Veja que eu não citei teu nome nos primeiros posts pois não sabia que eras um crítico do capitalismo. Só depois, quando mostrastes que a carapuça servia, o chamei de comunista.
Que maldade.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Muito bem, nesse caso, posso entender que você não admite críticas ao sistema de acúmulo de posses que configura em essência o capitalismo. Conseqüentemente, as críticas de desferi anteriormente não se dirigiam a sua pessoa.
Admito sim, e o faço, acumulação de posses sem precendentes é, na minha conjetura, algo torpe. Uma "doença capitalista".
Vai, me chama de comunista.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
A despeito de concepções pessoais a respeito do que é certo ou do que é bom, devo entender que o melhor é aquele que sobrevive e sobrepõe aos seus concorrentes, pois, por definição, é esse que ficará.
O capitalismo não prega, conforme dizem alguns, o gozo de alguns em detrimento de outros. Isso pode vir a ser uma conseqüência sim, e por mais que isso possa parecer triste, digo com propriedade que é ainda melhor do que o detrimento igual de todos.
Desigualdades não parecem tão incomuns na natureza. E injustiças só prevalecem a partir do momento que a justiça não é viável, e nesse caso talvez haja algum problema nessa própria concepção de justiça inatingível.
Bom, agora tocamos nalgo discutível.
As concepções de "melhor", de sobrepujador dos concorrentes, da liberdade em se oscilar entre as classes, de crescer, de progresso econômico,
seriam até
um pouco justas se as oportunidades de isso acontecer fossem amplas e destinadas a todos. Mas isto acontece?
O fato é que o capitalismo é, em essência, um sistema excludente, uns sempre terão de ser o suporte à ascensão de outros.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
O que não deixa de ser um messianismo velado.
É um messianismo, e não deixe de ser satírico.