Avatar escreveu:Uma dessas idéias, que figura entre minhas preferidas, diz que a verdade não deixa de ser verdadeira se você a desconhece (ou não a aceita).
Sim. Se Deus existir, o fato de eu o ignorar não vai mudar a realidade. Mas eu estava falando de uma moral absoluta, e não vejo necessidade de leis morais se só há um único ser humano no universo. Ou nenhum.
Avatar escreveu: Por mais absurdo que nos possa parecer um conceito, ainda assim, ele não deixa de ser possível, principalmente porque não é, de fato, absurdo, salvo na perspectiva e alcance de quem observa.
Sim. É possível que haja um Deus. Do meu ponto de vista, o assunto se esgota aqui: na admissão da possibilidade.
Não cabe nenhuma ação de minha parte como resultado desta constatação.
Avatar escreveu: Quando deixarmos de acreditar tanto em nossos julgamentos, aceitando que nos falta enxergar o todo, descobriremos que a maioria dos rótulos e definições desaparecerão ou serão transformados. Essa idéia é simples e eu já a repeti aqui inúmeras vezes: duvide de si mesmo! Seria um bom exercício de ceticismo.
Eu sei que meus sentidos e a minha inteligência são limitados e que jamais conhecerei nem entenderei o todo.
Entretanto, só posso viver em função do que sei e entendo. Se descobrir algo de novo, me adaptarei. Mas não sairei em busca de coisas que me parecem apenas criação da mente humana. Não sinto esta necessidade. Não vejo objetivo nela.
Avatar escreveu:O fato, Fernando, é que Deus NÃO vai aparecer. É necessário buscá-lo. E por que tem que ser assim? A resposta a essa pergunta também será conhecida no caminho até Ele.
Lamento, mas estes são artigos de fé:
"Deus existe e é preciso buscá-lo".
"A resposta existe e será encontrada no caminho até ele".
Como eu disse na resposta anterior, ateus não partem de idéias preconcebidas. Ateus descobrem coisas e, só então, as aceitam, provisoriamente.
Por que eu deveria pressupor alguma coisa, qualquer coisa, e então sair em busca dela?
Avatar escreveu:Você pode viver sua vida inteira como ateu, tendo a firme convicção de que todas as crenças são lendas. Essa opção não me serve, pois eu me sentiria enganado, traído por minha própria consciência, tanto quanto traído eu seria se optasse pela fé cega.
Entendo que você (assim como eu) esteja aberto à possibilidade de que um deus exista, mas não vejo por que assumir essa possibilidade como real e partir em busca dela.
Eu poderia, da mesma forma, sair em busca de
Tir na Nog ou
Broceliande ou o Reino das Fadas ou qualquer outra coisa que eu achasse que deveria existir.
Avatar escreveu:Aceitar tudo ou negar tudo, para mim, são dois extremos, dois lados de uma mesma moeda e, como tais, devem ser evitados.
Como você já deve ter percebido em outros tópicos, a maioria dos ateus do RV não são do tipo que "nega tudo".
Negar tudo é diferente de pedir evidências para tudo.
Avatar escreveu:Duvidar é necessário e saudável, até o momento em que se transforma em sinônimo de negação.
Realmente não é possível negar tudo ou duvidar de tudo. O tempo todo nós temos que tomar decisões com base em dados incompletos ou até em palpites. Quando o juiz apita, é preciso bater o pênalti, com toda a incerteza que isto envolve.
Por outro lado,
não é preciso sair em busca de um deus. Quem quiser que o faça, mas não é uma necessidade universal.
Avatar escreveu:Porém, se houvesse uma moral divina, ela seria incontestável e não estaria a mercê do julgamento humano como você sugeriu. Essa é uma das “uma ou duas” incoerências que eu citei. Existindo um Deus, hipoteticamente falando, Ele seria o Absoluto e caberia ao homem alcançar esse Absoluto, não confrontá-lo.
Você está definindo Deus ao dizer isto, e você mesmo diz a seguir que não é possível definí-lo.
Afirmo de novo: uma moral absoluta não necessitaria de um deus. Seria independente dele.
Avatar escreveu:Ou você realmente acha possível que a limitada perspectiva humana possa fazer frente à Sabedoria Universal? Estou falando por hipótese, Fernando, e você já provou que sabe dialogar neste terreno.
Se houvesse um deus infinito e omnisciente, certamente não teríamos como entendê-lo. Entretanto, teríamos o direito de julgá-lo segundo nossos padrões de moral e ética.
Se é tudo o que temos e podemos ter, é tudo o que podemos usar.
Qualquer outra atitude seria aceitação às cegas de valores incompreensíveis.
Avatar escreveu:Por fim, definir Deus jamais será possível. CONHECÊ-LO é possível, pois isso é diferente de “DEFINIR”.
Constatar sua existência e deduzir algumas informações limitadas a seu respeito seria uma afirmação melhor.
Avatar escreveu:Digo que Deus pode ser conhecido, mas esse conhecimento não se dará através do intelecto humano, por mais prodigioso que possa parecer. Assim, abandonemos todas as definições. Onde poderíamos perder?
Resta saber de que forma esse conhecimento se dará. Como não sabemos:
-Se um deus existe
-Como e quando o conheceremos
os ateus preferem ignorar o assunto em suas vidas pessoais.