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Famílias trocam de raça em novo programa
Rodney Ho
em Atlanta
Em um quadro clássico do programa humorístico "Saturday Night Live" de 1984, Eddie Murphy interpretava um branco chamado sr. White (branco). De forma satírica, ele ganha um jornal grátis de um balconista branco, uma festa no ônibus quando o homem negro desce e um empréstimo bancário sem necessidade de garantia, crédito ou mesmo comprovante de identidade. "Pegue o que quiser, sr. White", diz o gerente branco, lhe entregando pilhas de dinheiro. "Pague quando puder. Ou não. Nós não ligamos!"
A partir desta noite, o canal FX aborda raça de forma mais séria em uma série em seis episódios chamada "Black White", que mistura elementos de um documentário sério com TV realidade. A idéia é simples: duas famílias, uma negra e outra branca, trocarão de raça para viver a vida na pele uma do outra por seis semanas.
Como em "Real World", elas permanecerão na mesma casa. E graças a maquiagem, próteses e perucas de Hollywood, elas se submeterão a grandes mudanças. "Obviamente, há um enorme empecilho no centro do programa, que é a transformação com maquiagem", disse o produtor executivo R.J. Cutler para os críticos de televisão em janeiro. "Fora isto, nossa meta era ver o que aconteceria." De fato, a experiência foi tudo menos simples para as famílias -uma família branca de Santa Monica, Califórnia, e uma família negra de Lilburn, Geórgia.
"Eu fui ingênua em pensar como seria divertido viver com outra família, conhecermos uns aos outros e apoiarmos uns aos outros", disse Carmen Wurgel, uma mãe branca e caçadora de talentos de 48 anos, em uma entrevista. Em vez disso, "tudo foi ofuscado por mal-entendidos, animosidade", disse Carmen. "Foi realmente doloroso."
Logo após entrarem na casa no Sul da Califórnia montada pelos produtores, Carmen soltou a palavra "nigger" (pejorativo de negro). "Nós estávamos tendo uma conversa informal, disse Brian Sparks, um gerente de depósito negro de 41 anos, em uma entrevista. "Então ela disse a palavra. A casa inteira parou. As câmeras nem mesmo estavam montadas."
Bruno Marcotulli, um professor de 47 anos e namorado de Carmen, também disse a palavra "n". "No meu dia a dia, eu não a uso", ele disse recentemente no programa "The Oprah Winfrey Show". "Eu acho que não deve ser usada por ninguém. No contexto do programa, nós tivemos que lidar com isto. Eu não acho que a usei gratuitamente."
No mesmo programa, notou Carmen, "nós fomos colocados nesta caixa quente de temas carregados, sob situações tão extremas, que coisas acabariam acontecendo. Eu fui encorajada quando fui entrevistada a usar gírias raciais. Eu não consegui -eu caí em lágrimas quando usei a palavra 'n'".
Os Sparks também rolaram seus olhos quando Carmen chamou uma pessoa negra de "bela criatura negra", se ressentindo da palavra "criatura". Para Carmen, "é um termo afetuoso para mim. Para eles têm conotação negativa".
No programa, Renee, uma gerente de escritório de 38 anos, disse: "Lá vai ela de novo!" Mas meses depois, Renee admitiu ter desenvolvido um novo respeito por Carmen após assistir a série inteira. Ela não estava ciente, por exemplo, de que Carmen, em maquiagem negra, reagiu viceralmente quando brancos a evitavam ou agiam estranhamente. Em um bar, o atendente pediu o cartão de crédito de Carmen antes de lhe servir a xícara de café, algo que nunca tinha vivenciado antes. "Eu estava ciente de que era indesejada e nem bem considerada naquela comunidade", disse Carmen no programa. "Eu não me senti bem."
Brian disse que ficou frustrado com a insistência de Bruno de que Brian era sensível demais sobre raça. "Eu estou com maquiagem negra", disse Bruno para Oprah, "e umas pessoas passaram para o outro lado da calçada. Brian sentiu que era uma situação racial. Para mim, elas estavam dando passagem. Nós vimos o mesmo incidente de forma completamente diferente". "Ele não quis ver de forma diferente", respondeu Brian. "Está lá." Para piorar ainda mais, ele achou que Bruno, uma pessoa sem papas na língua como branco, se calou quando estava com maquiagem negra. "Ele ficou com medo", disse Brian. "Nós fomos ao Domino's. Ele não falava. Nós fomos à barbearia. Ele não falava." Bruno negou qualquer medo: "Brian e Renee estiveram comigo uma fração do tempo que passei na maquiagem negra. Eles dizem muitas coisas. Eu optei por não comentar o que diziam".
Quanto ao racismo explícito, as câmeras registraram apenas uns poucos casos. Um homem branco em um bar disse a Renee que os negros "segregam a si mesmo por não quererem se enquadrar" com os brancos, que muitos negros "se orgulham de ser idiotas". Em meio a um grupo, enquanto Renee estava em maquiagem branca, um jovem branco disse que seus pais lhe ensinaram a limpar as mãos ou lavá-las após apertar a mão de uma pessoa negra.
Também ocorreram situações mais sutis. Por exemplo, com a equipe de televisão à vista, um funcionário branco de loja de golfe calçou alegremente o calçado no pé de Brian como branco, algo que ele disse que nunca aconteceu quando era negro. Quando ele voltou como ele mesmo com uma câmera escondida, outro funcionário não o calçou. Mas mesmo Brian admite que o primeiro homem poderia estar fingindo diante das câmeras.
Os dois adolescentes tiveram menos situações difíceis que seus pais. Rose Wurgel, uma garota pálida de 18 anos, se juntou ao grupo negro de poesia onde parecia negra mas soava deslocada (seu grupo musical favorito, ela disse honestamente, era o Cranberries). Nick Sparks, o filho de 17 anos, teve aulas de etiqueta com garotos brancos ricos, um deles empregando a palavra "n". Nick inicialmente não se incomodou com o uso da palavra, mas seu pai lhe ensinou que era ofensiva e que não devia ser proferida.
No último fim de semana o "Los Angeles Times" provocou mais controvérsia quando alguns participantes questionaram o trabalho de edição, e dois críticos que não assistiram ao programa sentiram que todo o conceito era uma manipulação. "Quando raça é apresentada em programas como este, uma das agendas é criar tensão racial", disse o cineasta Nelson George ao "Times". "Se as coisas transcorrerem fácil demais, não será bom para a TV. O que este programa parece estar fazendo é pegar um assunto importante e o tornar trivial."
O produtor executivo Cutler disse aos críticos de TV que o sentido da série é abrir o debate racial: "Se as pessoas falarem sobre racismo na América, independente do que digam, então para mim o programa terá realizado algo importante".
Mas há limites. Brian disse que se algum dia sair com Bruno novamente, "nós poderemos jogar basquete, tomar uns drinques, qualquer coisa. Menos conversar sobre raça".
Interessante.
Interessante.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
Re.: Interessante.
Realmente interessante. Pena que no planeta não tenha brancos suficiente.
Existem dois tipos de humanos: Os manipuladores e os manipulados. Qual deles você é?