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spink
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http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2 ... 50237.jhtm



Há 30 anos, a Argentina mergulhava no horror e na ruína

Por Daniel Merolla=(FOTOS E INFOGRAFIAS)=BUENOS AIRES, 16 mar (AFP) - As forças militares que, com o apoio de setores civis, tomaram o poder há 30 anos na Argentina, mudaram para sempre o país e instauraram a ditadura mais sangrenta de sua história, com dezenas de milhares de vítimas do terrorismo de Estado, uma guerra com a Grã-Bretanha em 1982, e a economia em ruínas.

Ninguém moveu um dedo naquela época para impedir que um movimento antidemocrático de chefes das Forças Armadas, com o apoio de grupos econômicos, expulsasse da Presidência Isabel Martínez de Perón (1974-1976), que havia sido eleita vice-presidente em 1973 e assumiu a chefia de Estado após a morte de seu marido, Juan Perón.

Ninguém moveu um dedo no país na madrugada de 24 de março de 1976, quando um comando militar desalojava "Isabelita" da Casa Rosada, sede do governo. Na mesma hora, era exibida pela TV uma partida da Copa Libertadores, e a histórica Praça de Maio encontrava-se deserta, enquanto líderes políticos e sindicais permaneciam de braços cruzados.

Documentos dos Estados Unidos revelaram que o Departamento de Estado tinha total conhecimento do ruído de sabres, e que alguns líderes influentes o incentivavam. A outra potência mundial na época, a União Soviética, esperava aumentar seus negócios de compra de cereais com o país sul-americano, segundo historiadores.

Encorajado, o regime implantou o terror, queimou um milhão e meio de livros da Editora Universitára de Buenos Aires e proibiu "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint Exupery, por suspeita de subversão.

O governo peronista de Isabelita foi derrubado quando estava pressionado por denúncias de corrupção, pelos atentados freqüentes de organizações guerrilheiras de esquerda, e pelos crimes dos grupos parapoliciais de extrema direita da chamada Triple A.

Em 1983, sete anos após esmagarem a democracia, os militares batiam em retirada, diante do repúdio da população, horrorizada com o desaparecimento de pessoas, os exílios, a queima de livros, a censura, os roubos de bebês e a quebra de 400 mil empresas.

Trinta anos depois do pesadelo de horror e destruição, os tribunais ainda julgam 200 militares por crimes contra a humanidade, mas a economia e a política argentinas continuam na corda bamba. A Argentina nunca voltou ao que era antes da aventura dos comandantes Jorge Videla (Exército), Emilio Massera (Marinha) e Orlando Agosti (Aeronáutica), apesar dos 23 anos de governos democráticos.

A máquina produtiva e industrial do país, que chegou a ser o sétimo no ranking mundial nos primeiros anos do século XX, foi reduzida a escombros, e em 2006 ainda não recuperou o vigor de 1973, segundo estudos da Universidade de Buenos Aires.

Operários, estudantes e profissionais opositores eram levados para os campos de concentração do regime para serem torturados, enquanto o governo impunha uma taxa de câmbio que fazia crescer uma bolha de riqueza imobiliária e financeira. Os argentinos de classe média compravam dólares baratos e enchiam os aviões para Miami, onde se abasteciam de eletrônicos.

A ditadura marcou os argentinos de tal forma que a loucura da especulação com uma moeda artificialmente forte repetiu-se em 1991, quando o governo de Carlos Menem (1989-1999) e seu ministro da Economia, Domingo Cavallo, impuseram a paridade peso-dólar.

Sem alterar a essência, o andamento ou a política dos usurpadores do poder, a democracia retornou em 1983, com o presidente social-democrata Raúl Alfonsín (1983-1989), cujo Plano Austral teve a mesma concepção de controle monetário. Alfonsín lançou ainda um plano assistencialista para alimentar os novos pobres herdados da ditadura.

O país renunciou à industrialização e ao desenvolvimento tecnológico, expulsou seus melhores cientistas, espantou os artistas, destruiu as redes de solidariedade social e afastou as pessoas da política.

A festa do futebol e a história macabra dos desaparecidos

A cada dia, desapareciam na ditadura 10, 15 ou 20 pessoas, arrancadas de suas casas ou locais de trabalho ou estudo com o pretexto de combater o que chamava-se de "subversão apátrida".

A guerrilha peronista de esquerda dos Montoneros tinha um poder de fogo mínimo em 1976, e o trotskista Exército Revolucionário do Povo (ERP) estava desmantelado, depois de várias aventuras guerrilheiras fracassadas. Portanto, as vítimas da repressão ilegal e os que morreram nas 500 prisões clandestinas espalhadas por todo o país eram, em sua maioria, militantes desarmados, opositores ou simples dissidentes.

A tentação autoritária propagava-se como um vírus entre os hierarcas ditatoriais, cujas mentes imaginaram que a Copa do Mundo da Argentina-1978 seria uma oportunidade de disfarçar a realidade e esconder o genocídio dos olhos do mundo. Tentaram, em vão, fazer com que a festa do futebol melhorasse a imagem do regime frente à onda de denúncias que se espalhava pela América Latina, Europa e Estados Unidos.

As primeiras rachaduras começaram a aparecer nos muros do regime quando, no estádio de Rosario Central, na terceira maior cidade do país, a multidão vaiou sem medo e com vontade Videla e o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, quando seus nomes foram anunciados. Começava a ser ouvido um refrão que, mais tarde, iria se tornar um grito de guerra: "A ditadura militar vai acabar!"

Os alicerces do regime estavam menos firmes quando assumiu a Presidência o general Roberto Viola, que mantinha diálogos secretos com líderes políticos com vistas a uma reabertura democrática. O ministro da Economia, José Alfredo Martínez de Hoz, havia deixado um campo minado e a inflação galopava no compasso da desvalorização da moeda.

Viola foi derrubado por um golpe orquestrado por Leopoldo Galtieri, general incentivado pelo apoio que recebia do governo americano de Ronald Reagan.

Em 1979, uma missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) entrou na Escola de Mecânica da Marinha (Esma) e descobriu que o prédio havia sido reformado para esconder as salas de tortura. Mas centenas de parentes das vítimas formaram longas filas a poucas ruas da Casa Rosada, para apresentar à CIDH denúncias de desaparecimentos e tortura.

Em março de 1982, a oposição crescia, e uma greve geral da central operária CGT colocou o presidente em xeque, obrigando-o a reprimir as passeatas nas principais cidades.

O túmulo das Malvinas

Galtieri jogou, então, a cartada desesperada da recuperação das Ilhas Malvinas, ocupadas pela Grã-Bretanha em 1833. Investigações da imprensa revelaram que os tiranos sonhavam com o apoio de Washington, mas o governo americano manteve-se fiel à aliança histórica com o Reino Unido.

A expedição terminou em humilhação para os argentinos, que perderam 649 soldados, enquanto 255 britânicos morreram nas Malvinas e nas águas geladas do Atlântico Sul. O regime caiu como um castelo de cartas, e o chamado por eleições em outubro de 1983 acelerou as revelações sobre os métodos terroristas do Estado.

Uma comissão investigadora presidida pelo escritor Ernesto Sábato, por orden de Raúl Alfonsín, produziu um relatório volumoso com as terríveis denúncias das vítimas, que entrou para a Hitória em 1984, com o título "Nunca Mais".

Um tribunal civil ditou a pena de prisão perpétua contra Videla e Massera, entre outras sentenças, ao ficar provada a aplicação de um plano sistemático de extermínio. O presidente Carlos Menem, de excelente relação com as Forças Armadas, concedeu amplos indultos entre 1989 e 1990. Mas os processos foram reabertos em 2003, no governo de Néstor Kirchner.

Videla tem hoje 80 anos e está preso em casa, aguardando a sentença pelo roubo de bebês. Massera tem a mesma idade, sofreu um derrame e não reconhece ninguém. Galtieri, Viola, Agosti e outros já morreram.
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Alenônimo
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Mensagem por Alenônimo »

Talvez seja por tudo isso que aconteceu algum dia que os brasileiros implicam bastante com os argentinos.

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spink
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Re.: Nunca mais.

Mensagem por spink »

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2203200614.htm


CHILE

Militares são presos por crimes na ditadura
Treze militares da reserva tiveram sua prisão decretada ontem pela Justiça chilena. Eles foram vinculados ao assassinato e ao desaparecimento de 42 presos políticos em outubro de 1973, nas pequenas cidades de Copiapó e Calama. Entre as vítimas estavam dirigentes sindicais e jornalistas. Os militares são acusados de ter participado da "Caravana da Morte", uma comitiva militar que fuzilou presos políticos por todo país nas semanas seguintes ao golpe do ditador Augusto Pinochet. Os treze oficiais estavam nos regimentos que participaram da caravana e foram cúmplices de mortes e sepultamentos clandestinos, segundo o juiz Víctor Montiglio. Eles ficarão detidos em um batalhão policial ao sul de Santiago.
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Poindexter
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Re.: Nunca mais.

Mensagem por Poindexter »

Lembrar do dia para dizer "Nunca Mais" aí pode, mas, lembrar o dia para celebrá-lo ou fazer um tópico em homenagem do Médici, aí é "pentelhação", o Loredo pergunta "quantos tópicos abrirá", etc.

O texto pouco fala sobre o caos intaurado no governo da Isabelita, e praticamente não fala de seu braço direito López-Rega, el brujo, que depois foi preso pela Interpol.

Só sabe dizer "oh, coitados dos Montoneros, estavam fraquinhos", como se isso os justificasse.

Não lembra de como o povo argentino ADOROU a tomada das ilhas Falkland-Malvinas, ainda que não pudesse ter sido sustentada.

Não fala que a Argentina foi potência lá nos tempos do Presidente Saenz Peña (sim, estação do metrô do Rio), e o foi mais ou menos até o período do presidente Ortíz, e que o marco do desmantelamento foi o Perón, o Chávez da época (inclusive com semelhança física).

Além do mais, Videla, Massera, Viola, Galtieri e Bignone não têm nada a ver se a paridade do Menem não deu certo. Lógica matemática elementar: Menem=Peronista. Movimento de 1976=Anti-Isabelita Perón=Mujer de Perón.

Simples, não?
Editado pela última vez por Poindexter em 22 Mar 2006, 13:00, em um total de 3 vezes.
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.

Ciertas cosas no tienen precio.

¿Dónde está el Hexa?

Retrato não romantizado sobre o Comun*smo no século XX.

A child, not a choice.

Quem Henry por último Henry melhor.

O grito liberalista em favor da prostituição já chegou à este fórum.

Lamentável...

O que vem de baixo, além de não me atingir, reforça ainda mais as minhas idéias.

The Only Difference Between Suicide And Martyrdom Is Press Coverage

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spink
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Re.: Nunca mais.

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Apesar de ser pré-adolescente à época dos "anos de chumbo". Um general por quem tenho respeito chamava-se Ernesto geisel.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Aranha
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Re: Re.: Nunca mais.

Mensagem por Aranha »

Poindexter escreveu:Lembrar do dia para dizer "Nunca Mais" aí pode, mas, lembrar o dia para celebrá-lo ou fazer um tópico em homenagem do Médici, aí é "pentelhação", o Loredo pergunta "quantos tópicos abrirá", etc.

O texto pouco fala sobre o caos intaurado no governo da Isabelita, e praticamente não fala de seu braço direito López-Rega, el brujo, que depois foi preso pela Interpol.

Só sabe dizer "oh, coitados dos Montoneros, estavam fraquinhos", como se isso os justificasse.

Não lembra de como o povo argentino ADOROU a tomada das ilhas Falkland-Malvinas, ainda que não pudesse ter sido sustentada.

Não fala que a Argentina foi potência lá nos tempos do Presidente Saenz Peña (sim, estação do metrô do Rio), e o foi mais ou menos até o período do presidente Ortíz, e que o marco do desmantelamento foi o Perón, o Chávez da época (inclusive com semelhança física).

Além do mais, Videla, Massera, Viola e Bignone não têm nada a ver se a paridade do Menem não deu certo. Lógica matemática elementar: Menem=Peronista. Movimento de 1976=Anti-Isabelita Perón=Mujer de Perón.

Simples, não?



- Tudo q vc disse aí acima justifica toda a barbárie de Videla, Gutierrez e os outros genocidas ????!!!!
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Ben Parker

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spink
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Re: Re.: Nunca mais.

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Abmael escreveu:
Poindexter escreveu:Lembrar do dia para dizer "Nunca Mais" aí pode, mas, lembrar o dia para celebrá-lo ou fazer um tópico em homenagem do Médici, aí é "pentelhação", o Loredo pergunta "quantos tópicos abrirá", etc.

O texto pouco fala sobre o caos intaurado no governo da Isabelita, e praticamente não fala de seu braço direito López-Rega, el brujo, que depois foi preso pela Interpol.

Só sabe dizer "oh, coitados dos Montoneros, estavam fraquinhos", como se isso os justificasse.

Não lembra de como o povo argentino ADOROU a tomada das ilhas Falkland-Malvinas, ainda que não pudesse ter sido sustentada.

Não fala que a Argentina foi potência lá nos tempos do Presidente Saenz Peña (sim, estação do metrô do Rio), e o foi mais ou menos até o período do presidente Ortíz, e que o marco do desmantelamento foi o Perón, o Chávez da época (inclusive com semelhança física).

Além do mais, Videla, Massera, Viola e Bignone não têm nada a ver se a paridade do Menem não deu certo. Lógica matemática elementar: Menem=Peronista. Movimento de 1976=Anti-Isabelita Perón=Mujer de Perón.

Simples, não?



- Tudo q vc disse aí acima justifica toda a barbárie de Videla, Gutierrez e os outros genocidas ????!!!!



Você vislumbra outra alternativa?
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

Trancado