Poindexter escreveu:Uma coisa é vida do feto vs extremo desequilíbrio, e outra é vida do feto vs chateação por não poder ir à praia no próximo verão, Cabeção! Entende o que quero dizer?
Acho que isso não legalizaria o aborto nessa circunstância, mas serviria como atenuante, meio como um crime passional, acho, e é claro, médicos não poderiam assistir, e se o fizessem, seria mais ou menos o mesmo caso de matar alguém por sacrifício ritual/por posições filosóficas (não muito diferente de um crime de homicídio por motivos raciais), sem ter a amenização do lado "passional", eu suponho.
Além disso, tem picuinhas como por exemplo, uma mulher pode ser estuprada depois de dopada, ou algo meio "semi consensual" por efeito de ingestão (talvez necessariamente involuntária?) de alguma droga, talvez até desmaiada; o estupro em si não poderia ser alegado traumatizante, se por exemplo, ela nem se lembrasse de nada terrível, de ter sido forçada a qualquer coisa, mas simplesmente descobrisse estar grávida, e de alguma forma, pudesse saber que foi naquela situação que engravidou, involuntáriamente. Teria que haver um comitê para avaliar o grau de trauma que ela sofreu para ver se ela poderia abortar será? Ou seria algo mais generalizado? Ela poderia não estar em nada "desequilibrada" pelo estupro em si, do qual nem se lembra (não por trauma), mas então querer abortar realmente apenas por inconveniências que você considera que não justificariam.
Ao mesmo tempo, para uma menina super mimada de 14 anos, um bebê proveniente de uma relação consensual pode ser tão mentalmente instável, que acabaria sendo pior que algo que a maioria de nós consideraria realmente sério. Depressão e etc não tem necessariamente motivos reais, mas a pessoa nesse estado reage como se estivesse numa situação muito mais terrível do que é (ou pode reagir, nos casos em que a depressão não foi desengatada por algo "realmente" terrível, mas apenas subjetivamente terrível). Aí o problema seria tanto para ela quanto para o(s) bebê(s), e a família, e talvez até para mais gente, dependendo das conseqüências.
Acho que o mais coerente com a idéia de aborto=assassinato seria que bebês proveniente de estupros não fossem obrigatoriamente de responsabilidade legal da mãe, mas iria para a adoção. A mãe deveria receber tratamento psicológico, talvez até podendo optar por "segurar" o filho para a adoção (ou quem sabe, "requerer" ele de volta se considerada emocionalmente capaz? Não sei se tem dessas, não concordo tanto, mas acho que a legislação tem desses genecentrismos), para que ela mesma pudesse adotá-lo se em condições.
Porque, resumindo, considerando-se aborto como assassinato, permitir o aborto em casos de estupro por causa do distúrbio emocional é como legalizar assassinato do amigo ou conhecido do marido que chifrou uma mulher, por essa mulher, que teria ficado tremendamente abalada com isso. Não exatamente apenas legalizar, mas realizar publicamente a execução desse inocente desavisado, cuja única culpa foi ter um amigo corneador. Esse caso ainda seria até mais justo, já que teoricamente amigos podem aconselhar uns aos outros a serem fiéis às mulheres, mas um espermatozóide não pode aconselhar a estuprar.
Pode achar que a comparação estupro/traição é desequilibrada, mas acho que não; é meio relativo, tem mesmo gente que mata o parceiro(a) e até a si mesmo por isso.