Azathoth escreveu:Ele julga que vocabulário poético com excesso de sinônimos e palavras raras e luxuosas funcionam como handicaps, indicadores de aptidão mentais usados como sedução. O problema fatal dessa abordagem é que linguagens com vocabulários extremamente extensos se mantiveram ausentes durante a maior parte do Pleistoceno portanto não consigo conceber como poderia existir uma adaptação psicológica voltada para uma aquisição vultosa de palavras novas.
Não seria que não há uma adaptação específica pra isso, mas isso acaba decorrendo da tendência à excitação com o novo/chateação com o repetitivo? Acabaria funcionando da mesma forma ou até melhor que uma "mini cauda de pavão cerebral" específica para memorização de muitas palavras, no sentido da vantagem conferida pela seleção sexual. Se é algo muito independente, pode conservar-se e ser selecionado mesmo que outras capacidades, como a própria atração pela novidade, não estejam lá tão bem. Desse modo acho que ocorreria por seleção sexual descontrolada, mas não me parece ser muito tão como "handicap".
Depois, uma linguagem extremamente rebuscada e rica é vista pela grande maioria da população humana como pedante, monótona, pretenciosa, etc. Só iria funcionar mesmo como artifício de sedução em alguém de nível socio-cultural equivalente.
Acho que primeiramente teria que se considerar o efeito contrário, qual seria a opinião/atração de uma pessoa com relação a uma outra com uma articulação bem
abaixo da dela própria.
Mas acho que tem mesmo isso de se procurar um "status" mais ou menos equivalente, evitando parceiros de status inferior pelas desvantagens mais óbvias, mas também evitando em certo grau parceiros de status superior pelo investimento de cortejo ser possivelmente frustrado, não valer tanto o gasto quanto as tentativas com o mesmo ou menor esforço com alguém do mesmo status.
Se bem me lembro ele até menciona isso em algum momento, ou talvez tenha lido algo assim em outro lugar.
O outro aspecto que também não gostei vem principalmente do capítulo da moralidade onde é argumentado que a sedução do EEA humano é vista muito como 'amor cortês', com homens gentis e afáveis indicando às parceiras que não são psicopatas. Mas não é do senso comum que mulheres se sentem atraídas por parceiros com uma certa malícia? Isso poderia ser coberto pelo comportamento proteiforme?
Sobre isso já li em outros lugares por aí, artigos e notícias de sites de divulgação científica, acho que até e notícias na TV/discovery channel. Acho que se explicaria com que na verdade não é bem assim.
Primeiramente, teria que se levar em conta a questão de diferenças universais de investimento entre macho e fêmea, ganhoscom promiscuidade, que dá vazão a padrões de seleção diferentes, e níveis de beleza/atratividade comportamental, que também vão ocasionar comportamentos diferentes.
Para a mulher, essas gentilizas todas, segundo essa linha de argumentação, não teria tanto a ver com prova de saúde mental, mas como demonstração de subordinação, e disposição de alto nível de investimentos, como que para "comprar" o nível de status/atratividade mais elevado dela. Na verdade, nem seria algo verdadeiramente sexualmente atraente, mas um sinal de que seria um provedor dedicado. Seria uma forma de compensação por falta de outros atributos que também seriam selecionados. Atingindo um certo equilíbrio, pode valer a pena para a mulher, deve despertar algum nível de atração o suficiente para ser selecionado.
Já um comportamento pouco menos gentil, menos puxa-saco,
não necessariamente ao nível de psicopatia, mas de quase indiferença, por outro lado, seria típico de um "status" mais elevado, o que seria sim, realmente desejável, no sentido de atração sexual mesmo. Algo meio parecido com aquelas coisas de desengatar instintos pelo comportamento esperado proveniente de X; como ficar com medo sem saber por que, se todos a volta estão com medo. Dizem ser algo irracional, independente de eventualmente se pensar que se tem alguém com medo é porque há motivo pra isso; mais ou menos como estouros de manada.
Isso acabaria funcionando como um "atalho" para homem, que faz com que não precise de todo o investimento de cortejo da outra situação. Se a mulher já o aprovou, e ela não for extremamente indesejável, ela deve conseguir o que quer, porque não está exigindo quase qualquer investimento "extra" além da cópula em si, que para os machos não custa quase nada.
Assim a estratégia garante investimento parental de uns, selecionados para tal, e variabilidade genética de outros, selecionados principalmente pela atratividade, e que também possivelmente a selecionaram principalmente com base nisso (possivelmente conseguindo filhos também atraentes, que parece que até tem uma outra teoria mais ou menos nesse sentido também).
No livro do Miller, ainda fala que possivelmente os homens fossem atrás de mulheres que já tivessem filhos de outros, ou seja, infidelidade talvez não fosse tão problemática, ainda mais em longo prazo, e ainda mais se for suficientemente ocultada, e os pais não poderiam reconhecer que um ou uns dos filhos nos quais investem não é deles.
Concordando um pouco com essa coisa toda de uma estratégia de promiscuidade, de filhos de uns para outro(s) criar, tem uma experiência que foi feita, onde um monte de voluntárias iam escolher que homens achavam mais atraentes. Eram rostos 3D, que elas editavam para um padrão sutilmente mais "másculo" e outro um pouco menos. Mas era algo bem sutil. Ainda assim, segundo a pesquisa, as mulheres escolhiam os rostos mais másculos como mais atraentes quando faziam o teste nos seus dias férteis, e o outro padrão no resto do dia.
O resto da matéria dizia algo sobre as supostas (suponho que sejam supostas) personalidades gerais que estariam correlacionadascom esses dois tipos de rostos, mais ou menos másculos, como influência de maiores ou menores níveis de testosterona mesmo. Os menos másculos seriam geralmente pais de família, provedores, e os mais másculos mais "aventureiros" e outras coisas que em portuguÊs claro seria "garanhões| , pra resmir isso que já está ficando meio longo demais.
São várias coisas separadas, que misturei, mas praticamente só duas. Ou seja, isso que falei por último sobre os padrões faciais não deve ser o único, embora era o que fosse mais enfaticamente mencionado na matéria, não seria necessariamente o principal. Acho que deve ter muita importância o
display comportamental, e foi daí que comecei.
Uns poderiam dizer, objetar que as mulheres gostam de flores e paparicação; mas acho que esse cenário todo não nega isso, só mostra os possíveis porques disso, e o que poderia significar. Não é que o comportamento gentil/provedor é exatamente atraente, mas é como se a realidade dissesse para ela que é digna desse investimento, que é desejada. Ou como dizem, ela fica "se achando"; mas não significará necessariamente sucesso reprodutivo para o homem.
Isso é, de qualquer forma, quase que uma caricaturização dos extremos, não uma tentativa de dizer que é um comportamento perfeitamente padronizado dessa forma. Encontro de pessoas mais ou menos num nível aproximadamente equivalente de atratividade podem ter as coisas mais "verdadeiras", no sentido dos ideais românticos que as pessoas menos dadas a aceitar esse tipo de explicação meio alla "macaco nu". Além de "todas as outras variáveis
não se mantendo iguais".
Já a coisa de moralidade em si parece que já está presente mesmo nos outros macacos. Mecanismos além de seleção sexual parece que cuidam disso, acho que é meio como seleção familiar. Um "policiamento" para o cumprimento de leis acaba tornando o grupo mais bem sucedido.