O pseudo-materialismo de Karl Marx
- Jack Torrance
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O pseudo-materialismo de Karl Marx
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”
“Homem de preto qual é sua missão? Entrar pelas favelas e deixar corpo no chão! Homem de preto o que é que você faz? Eu faço coisas que assustam o Satanás!”
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Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Onde está o Catholico pra defender o professor e sua turma?
- Jack Torrance
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Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
UP!
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- Flavio Costa
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Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
O Cathólico está meio sumido desde o carnaval.
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
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Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Depois de ler a análise montfortiana da história do Rock em "Rock, revolução e satanismo" me rendi a sabedoria do grande Orlando Fedeli
Quanto ao Catholico...parece que nesses últimos dias ele passou por outra crise de identidade...ainda não entendi qual é a daquele nick novo...

Quanto ao Catholico...parece que nesses últimos dias ele passou por outra crise de identidade...ainda não entendi qual é a daquele nick novo...
Editado pela última vez por Hugo em 14 Mar 2006, 16:46, em um total de 1 vez.
Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Nick novo? Qual é a atual encarnação do cidadão?
The Pensêitor admitindo que estava enganado: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=53315#53315
Eu concordando plenamente em algo com o VM: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=239579#239575

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Gnose
Na falta de um católico para defender a posição 'montforniana', vou representar o pensamento católico (apesar de ateu).
Quem sabe com um empurrãozinho eles aparecem.
A gnose seria de modo simplista a distinção entre o Bem e o Mal. O grandes espoentes deste pensamento seriam os Zoroastristas e, posteriormente os maniqueístas. Na religião persa haviam dois deuses principais, que representavam o Bem e o Mal absultos.
Tal posição influenciou o judaísmo, o cristianismo. Na Filosofia grega Epicuro lançou a questão do bem o do mal. Como pode num mundo governado por Deus, essencialmente benigno, haver o mal?
Filósofos cristãos debateram muito o problem do mal. No entanto, a condenação de distinguir o Bem do Mal provém do fundamentalismo cristão. Nessa posição somente a fé salva, sendo tal fé retirada da palavra escrita de Deus e sua exegese.
Assim, portanto disse Jesus: "pela fé sois salvos" e respectivamente, "a fé vem de ouvir continuamente a palavra de Deus. Então o apóstolo Paulo arremata, "tudo que não provém da fé é pecado".
Numa exegese mirabolante retornamos a Adão. O primeiro dos homens era humilde, submisso e dependente do Deus todo podereso que o criou. Conversava com ele e O via pelos Jardins do Éden. Havia somente uma proibição, que era de não comer do fruto do Bem e do Mal. Tal fruto, pelos fundamentalistas, é considerado a própria Gnose.
Adão falhou com sua fé e comeu do fruto que a mulher lhe deu. Nisso "abriram-se os olhos e perceberam que estavam nús". O homem foi expulso do Éden e separado da presença de Deus.
Cristo segundo as epístulas de Paulo, foi o homem obediente e de fé, que redimiu a humanidade perante Deus. Sendo Adão o homem natural, Cristo era à imagem e semelhança do Pai, o segundo Adão. Cristo era o homem espiritual.
Assim tendo-se estabelecido a fé em Cristo, não havia que se retornar ao conhecimento do Bem e do Mal. Tal conduta foi tomada como erética.
A heresia gnóstica, por sua vez, não admite a salvação pela fé. Sendo Deus oniciente, onipresente e Onipotente, ele poderia evitar que Adão pecasse. Deus, portanto é Mal. Da mesma o mundo que Ele criou só pode ser Mal. Para os gnósticos somente conhecimento pode salver o homem. Não só o conhecimento, como também uma revolta contra o Criador perverso. Assim pelo conhecimento, a gnose emanciparia o homem e torna-lo-ia independente de Deus.
A gnose, posteriormente, descambou para o satanismo, vide Aleyster Crowley.
A dita gnose de Marx não provinha da religião, já que a condenava. Provinha do Epicurismo.
Marx também condenava a mistificação, expediente comum em Epicuro. A dialética livraria o homem do conteúdo mítico e revelaria o conteúdo racional por trás dele.
Então com é o "Mal" que Marx enxerga? Ora, o mal social que recai sobre o Proletariado. Este, enquanto maior responsável pelo crescimento econômico, fora recompensado com o que de pior pode haver na sociedade.
Sendo a visão religiosa descarta por Marx, o mal não provinha do pecado, mas sim de um sistema opressor. Analisando a sociedade metafisicamente, demonstrando como um todo o seu funcionamente, percebia-se que as agrúras da vida recaíam sobre os operários. Tal "mal" não era místico, mas representa existência desumana a que se submetiam os operários.
Assim é imoral, "mal" e desumano: a opressão, a alienação, a miséria, a degenação, a falta de representação política, a ignorância, a mecanização do homem, o despotismo do capital etc.
Enfim, o que pensam os católicos: tendo Marx usado de um expediente "Gnóstico" (na verdade metafísico) considerando como "más" em si os acontecimentes acima, há que se condenar o seu pensamento. O tal de Voegelin tenta resgatar a fé.
Tento a Filosofia Tradicional acabado em Hegel, não havia que invertê-la ou criticá-la; devia-se (pasmem), como manso cordeiro, aceitar os postulados lógicos de Helgel e segui-los sem mais especulação.
Por fim, os católicos afirmam que Marx é satanista, pois a revolução do proletariado se assemelha muito a conduta de Lúcifer. Este, na tradição bíblica, se rebelou e tentou tomar o treino de Deus para si. Para eles a conduta do proletariado revolucionário era semelhante a conduta de satanás. O encargo revolucionário dos operários seria tomar o poder político e, a partir dele, reger a sociedade com mão de ferro; Tal governo tem como fim precípuo e extinção das classes socias.
No mais, oremos pela alma de Marx, o profeta do mal.


A gnose seria de modo simplista a distinção entre o Bem e o Mal. O grandes espoentes deste pensamento seriam os Zoroastristas e, posteriormente os maniqueístas. Na religião persa haviam dois deuses principais, que representavam o Bem e o Mal absultos.
Tal posição influenciou o judaísmo, o cristianismo. Na Filosofia grega Epicuro lançou a questão do bem o do mal. Como pode num mundo governado por Deus, essencialmente benigno, haver o mal?
Filósofos cristãos debateram muito o problem do mal. No entanto, a condenação de distinguir o Bem do Mal provém do fundamentalismo cristão. Nessa posição somente a fé salva, sendo tal fé retirada da palavra escrita de Deus e sua exegese.
Assim, portanto disse Jesus: "pela fé sois salvos" e respectivamente, "a fé vem de ouvir continuamente a palavra de Deus. Então o apóstolo Paulo arremata, "tudo que não provém da fé é pecado".
Numa exegese mirabolante retornamos a Adão. O primeiro dos homens era humilde, submisso e dependente do Deus todo podereso que o criou. Conversava com ele e O via pelos Jardins do Éden. Havia somente uma proibição, que era de não comer do fruto do Bem e do Mal. Tal fruto, pelos fundamentalistas, é considerado a própria Gnose.
Adão falhou com sua fé e comeu do fruto que a mulher lhe deu. Nisso "abriram-se os olhos e perceberam que estavam nús". O homem foi expulso do Éden e separado da presença de Deus.
Cristo segundo as epístulas de Paulo, foi o homem obediente e de fé, que redimiu a humanidade perante Deus. Sendo Adão o homem natural, Cristo era à imagem e semelhança do Pai, o segundo Adão. Cristo era o homem espiritual.
Assim tendo-se estabelecido a fé em Cristo, não havia que se retornar ao conhecimento do Bem e do Mal. Tal conduta foi tomada como erética.
A heresia gnóstica, por sua vez, não admite a salvação pela fé. Sendo Deus oniciente, onipresente e Onipotente, ele poderia evitar que Adão pecasse. Deus, portanto é Mal. Da mesma o mundo que Ele criou só pode ser Mal. Para os gnósticos somente conhecimento pode salver o homem. Não só o conhecimento, como também uma revolta contra o Criador perverso. Assim pelo conhecimento, a gnose emanciparia o homem e torna-lo-ia independente de Deus.
A gnose, posteriormente, descambou para o satanismo, vide Aleyster Crowley.
A dita gnose de Marx não provinha da religião, já que a condenava. Provinha do Epicurismo.
Marx também condenava a mistificação, expediente comum em Epicuro. A dialética livraria o homem do conteúdo mítico e revelaria o conteúdo racional por trás dele.
Então com é o "Mal" que Marx enxerga? Ora, o mal social que recai sobre o Proletariado. Este, enquanto maior responsável pelo crescimento econômico, fora recompensado com o que de pior pode haver na sociedade.
Sendo a visão religiosa descarta por Marx, o mal não provinha do pecado, mas sim de um sistema opressor. Analisando a sociedade metafisicamente, demonstrando como um todo o seu funcionamente, percebia-se que as agrúras da vida recaíam sobre os operários. Tal "mal" não era místico, mas representa existência desumana a que se submetiam os operários.
Assim é imoral, "mal" e desumano: a opressão, a alienação, a miséria, a degenação, a falta de representação política, a ignorância, a mecanização do homem, o despotismo do capital etc.
Enfim, o que pensam os católicos: tendo Marx usado de um expediente "Gnóstico" (na verdade metafísico) considerando como "más" em si os acontecimentes acima, há que se condenar o seu pensamento. O tal de Voegelin tenta resgatar a fé.
Tento a Filosofia Tradicional acabado em Hegel, não havia que invertê-la ou criticá-la; devia-se (pasmem), como manso cordeiro, aceitar os postulados lógicos de Helgel e segui-los sem mais especulação.
Por fim, os católicos afirmam que Marx é satanista, pois a revolução do proletariado se assemelha muito a conduta de Lúcifer. Este, na tradição bíblica, se rebelou e tentou tomar o treino de Deus para si. Para eles a conduta do proletariado revolucionário era semelhante a conduta de satanás. O encargo revolucionário dos operários seria tomar o poder político e, a partir dele, reger a sociedade com mão de ferro; Tal governo tem como fim precípuo e extinção das classes socias.
No mais, oremos pela alma de Marx, o profeta do mal.


"que de vestes e adornos têm sido queimados ou inumados com os mortos como se eles devessem deles se servir sob a terra" - Luciano
Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Fiquei abismado pois, do início até o décimo primeiro parágrafo o texto é excelente, irretocável: o idealismo marxista, figurando a idéia do Homem (enquanto figura central da práxis) e da História (enquanto contexto em que se dá a teoria materialista e a supressão dialética) é muito bem interrogado. A última vez que vi tão boa análise da questão foi em "To the Finland Station" do magnífico Edmund Wilson.
Infelizmente, a derrapada ocorre: e é na concepção da Idéia para Marx. O marxismo não consiste na negação metafísica por si só. A idéia não é, em si, negada como parte integrante da concepção. A teoria crítica e a própria noção dialética são fatores puramente idealistas (absorvidos de Hegel), mas, na praxis, na ação política, a assimilação de tudo aquilo que seja prático para o movimento dialético é o fator essencial à negação da Idéia.
Sendo assim, a metafísica possui ligação intrínseca com a práxis, sem, no entanto, serem concepções antagônicas.
Outro erro do texto é dar à concepção dialética de Marx os valores da de Hegel:"Ora, como sabemos que o sistema de Marx tem por base a dialética hegeliana, a matéria poderia gerar ou criar dialeticamente o ideal, o espiritual."
Não. A dialética de Marx não se propõe a alcançar, num fim, a "idéia absoluta" ou "a verdade absoluta" (que Hegel chamaria de Deus). A dialética de Marx se prlonga ad infinitum, tendendo, segundo o próprio, a um aperfeiçoamento constante e uma aproximação cada vez maior com o "real".
Por fim, Mota lança um clichê (e usa as palavras de Michel Lowy para isso!): o marxismo é intrínsecamente ligado ao romantismo.
Creio que essa não seja uma "novidade" tão avassaladora, visto que o próprio Karl Marx nasceu no que chamamos "período do homem romântico" na História e, como era de se esperar, apesar de uma ruptura aqui e outra acolá, sua moral e seu arcabouço ideológico são puramente românticos.
No fim das contas, acho muito "sem sal" restringir Marx ao romantismo...idem à Goethe, Marx tem muito mais a acrescentar se visto como um autor modernista, uma "alegoria trágica" das contradições humanas.
Off topic: Já li tanta merda na Montford que esse texto me surpreendeu MUITO. É realmente muito bom. E vai à fundo nos argumentos de alguns dos melhores autores marxistas contemporâneos (Lowÿ que o diga...), e de quebra, não se liga aos sofismas de considerar a doutrina marxista a partir de Kautsky ou Lenin. Trabalha com o próprio dito cujo.
Infelizmente, a derrapada ocorre: e é na concepção da Idéia para Marx. O marxismo não consiste na negação metafísica por si só. A idéia não é, em si, negada como parte integrante da concepção. A teoria crítica e a própria noção dialética são fatores puramente idealistas (absorvidos de Hegel), mas, na praxis, na ação política, a assimilação de tudo aquilo que seja prático para o movimento dialético é o fator essencial à negação da Idéia.
Sendo assim, a metafísica possui ligação intrínseca com a práxis, sem, no entanto, serem concepções antagônicas.
Outro erro do texto é dar à concepção dialética de Marx os valores da de Hegel:"Ora, como sabemos que o sistema de Marx tem por base a dialética hegeliana, a matéria poderia gerar ou criar dialeticamente o ideal, o espiritual."
Não. A dialética de Marx não se propõe a alcançar, num fim, a "idéia absoluta" ou "a verdade absoluta" (que Hegel chamaria de Deus). A dialética de Marx se prlonga ad infinitum, tendendo, segundo o próprio, a um aperfeiçoamento constante e uma aproximação cada vez maior com o "real".
Por fim, Mota lança um clichê (e usa as palavras de Michel Lowy para isso!): o marxismo é intrínsecamente ligado ao romantismo.
Creio que essa não seja uma "novidade" tão avassaladora, visto que o próprio Karl Marx nasceu no que chamamos "período do homem romântico" na História e, como era de se esperar, apesar de uma ruptura aqui e outra acolá, sua moral e seu arcabouço ideológico são puramente românticos.
No fim das contas, acho muito "sem sal" restringir Marx ao romantismo...idem à Goethe, Marx tem muito mais a acrescentar se visto como um autor modernista, uma "alegoria trágica" das contradições humanas.
Off topic: Já li tanta merda na Montford que esse texto me surpreendeu MUITO. É realmente muito bom. E vai à fundo nos argumentos de alguns dos melhores autores marxistas contemporâneos (Lowÿ que o diga...), e de quebra, não se liga aos sofismas de considerar a doutrina marxista a partir de Kautsky ou Lenin. Trabalha com o próprio dito cujo.
A idéia vulgar que se tem por aí sobre materialismo é mais parecida com o modelo de Epicuro que com o de Marx.
O epicurismo é uma coisa difícil de engolir, já que propunha estranhezas como tudo que existe ser constituído de matéria, inclusive a alma, os sonhos e os deuses.
Na juventude Marx escreveu uma tese sobre Epicuro e logo depois caiu fora de qualquer identificação com aquele pensamento, totalmente incompatível com a tese do determinismo histórico que, obviamente, não podia ser consequência do choque aleatório dos átomos, que segundo Epicuro era a origem de toda a matéria e assim de tudo que existe.
Ao contrário de algumas concepções populares, a matéria é um coadjuvante na cosmovisão marxista, um elemento passivo, já que o ator principal é a atuação sobre a matéria, os atos que a transformam e que somados no tempo convergem para um objetivo.
Ou seja, o Marxismo não transfere para a matéria bruta atributos metafísicos ou espirituais, como o termo materialismo em si é entendido por alguns.
Marx atribui estas propriedades à ação humana sobre a matéria - a atividade econômica - recriando numa realidade material as explicações metafísicas sobre os mecanismos da realidade humana.
O epicurismo é uma coisa difícil de engolir, já que propunha estranhezas como tudo que existe ser constituído de matéria, inclusive a alma, os sonhos e os deuses.
Na juventude Marx escreveu uma tese sobre Epicuro e logo depois caiu fora de qualquer identificação com aquele pensamento, totalmente incompatível com a tese do determinismo histórico que, obviamente, não podia ser consequência do choque aleatório dos átomos, que segundo Epicuro era a origem de toda a matéria e assim de tudo que existe.
Ao contrário de algumas concepções populares, a matéria é um coadjuvante na cosmovisão marxista, um elemento passivo, já que o ator principal é a atuação sobre a matéria, os atos que a transformam e que somados no tempo convergem para um objetivo.
Ou seja, o Marxismo não transfere para a matéria bruta atributos metafísicos ou espirituais, como o termo materialismo em si é entendido por alguns.
Marx atribui estas propriedades à ação humana sobre a matéria - a atividade econômica - recriando numa realidade material as explicações metafísicas sobre os mecanismos da realidade humana.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
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Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
A identificação de Marx com o epicurismo está no simples fato de ambos reconhecerem que tudo é matéria. o homem é matéria, o espírito é matéria, a lógica é matéria, tudo que circunda o homem é matéria. Também se indentifica em Marx, como em epicuro, o problema filosófico do "mal", tendo em vista a convocação de Marx à revolta.
Isso não quer dizer que Marx se filie ao epicurismo. Para que tal acontecesse ele tembém teria que aceitar o hedonismo. Há somente identificação de idéias.
Como já dito, é muito mais correto filiar Marx à Hegel, pois ambos tem como mais marcante a dialética e a metafísica.
Isso não quer dizer que Marx se filie ao epicurismo. Para que tal acontecesse ele tembém teria que aceitar o hedonismo. Há somente identificação de idéias.
Como já dito, é muito mais correto filiar Marx à Hegel, pois ambos tem como mais marcante a dialética e a metafísica.
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Re: Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Dei uma olhada nos outros tópicos sobre Marx escritos e vi alguns afirmando que a própria realidade é dialética. Há um pouco de mito nisto. A realidade é composta de coisas, cuja maioria são “coisas em si”, isto é, matéria pura, calada e cega. No entanto, na realidade cultural, há seres que vivem “para si”. Estes são os humanos, que são conscientes de si e do que há a sua volta. O ser humano vivendo para si somente pode compreender um objeto segundo as relações que possui com ele. Assim, podemos compreender, por exemplo, uma mesa como um lugar para sentar. O objeto em si é uma mesa, mas na ausência de uma cadeira, ocorre o abuso; o entendimento de que se pode fazer uso da mesa tal qual fosse cadeira.
Não podemos afirmar que a realidade se apresenta totalmente de forma dialética a nós porque não vivemos em constante oposição. Na maioria do tempo vivemos naturalmente, conforme os hábitos. O que nos trás a sensação de oposição é um fenômeno chamado estranhamento. Somente quando, na nossa naturalidade, surge algo destoante de nosso entendimento, inicia-se o processo dialético. Tal processo deve se reduzir num conceito.
O próprio Sartre afirma que a dialética constante tem somente perspectiva existencialista. Em outras palavras, só vai revelar, cada vez mais, a relação do próprio existencialista com o mundo. O existencialismo prometéico (que busca o todo), por sua vez, nos trará a ilusões, já que, muitas vezes, “nos deixamos levar” e nos esquecemos de fatores sócio-econômicos determinantes de nossa vida.
Muito bom esse "ad infinitum"
Deixando a crítica acima de lado, gostaria de deixar uma percepção minha sobre Marx. Que levou-o ao estranhamento? Qual fenômeno o incomodava? No livro “o marxismo de Marx”, de Raymond Aron, há um relato interessante. Quando perguntaram a Marx qual seria o principal defeito do homem, ele disse: o servilismo. Afinal o que leva um homem a se submeter tão facilmente a outro? Pelo prisma de seu pensamento e pela frugalidade em que vivia, não há que se considerar somente a miséria. Pelo que entendo seria a alienação a causa espiritual da submissão. O homem alienado é ignorante, impotente e, portanto, incapaz de realizar uma ação eficaz.
Nessa perspectiva espiritual, por que é tão difícil refutar Marx? Porque ele descobriu a raiz de todas alienações: o trabalho alienado (ou alienação econômica). Esta impede qualquer comando ou conhecimento sobre a produção social. Reduz o trabalhador assalariado quase a um objeto.
Ademais, sobre seu arcabouço ideológico, há que se considerar seu prometerianismo demasiado romântico. Seria este sentimento, incrustado, que torna o Marxismo tão popular?
Não podemos afirmar que a realidade se apresenta totalmente de forma dialética a nós porque não vivemos em constante oposição. Na maioria do tempo vivemos naturalmente, conforme os hábitos. O que nos trás a sensação de oposição é um fenômeno chamado estranhamento. Somente quando, na nossa naturalidade, surge algo destoante de nosso entendimento, inicia-se o processo dialético. Tal processo deve se reduzir num conceito.
O próprio Sartre afirma que a dialética constante tem somente perspectiva existencialista. Em outras palavras, só vai revelar, cada vez mais, a relação do próprio existencialista com o mundo. O existencialismo prometéico (que busca o todo), por sua vez, nos trará a ilusões, já que, muitas vezes, “nos deixamos levar” e nos esquecemos de fatores sócio-econômicos determinantes de nossa vida.
Samael escreveu:
Não. A dialética de Marx não se propõe a alcançar, num fim, a "idéia absoluta" ou "a verdade absoluta" (que Hegel chamaria de Deus). A dialética de Marx se prlonga ad infinitum, tendendo, segundo o próprio, a um aperfeiçoamento constante e uma aproximação cada vez maior com o "real".
Muito bom esse "ad infinitum"

Deixando a crítica acima de lado, gostaria de deixar uma percepção minha sobre Marx. Que levou-o ao estranhamento? Qual fenômeno o incomodava? No livro “o marxismo de Marx”, de Raymond Aron, há um relato interessante. Quando perguntaram a Marx qual seria o principal defeito do homem, ele disse: o servilismo. Afinal o que leva um homem a se submeter tão facilmente a outro? Pelo prisma de seu pensamento e pela frugalidade em que vivia, não há que se considerar somente a miséria. Pelo que entendo seria a alienação a causa espiritual da submissão. O homem alienado é ignorante, impotente e, portanto, incapaz de realizar uma ação eficaz.
Nessa perspectiva espiritual, por que é tão difícil refutar Marx? Porque ele descobriu a raiz de todas alienações: o trabalho alienado (ou alienação econômica). Esta impede qualquer comando ou conhecimento sobre a produção social. Reduz o trabalhador assalariado quase a um objeto.
Ademais, sobre seu arcabouço ideológico, há que se considerar seu prometerianismo demasiado romântico. Seria este sentimento, incrustado, que torna o Marxismo tão popular?
"que de vestes e adornos têm sido queimados ou inumados com os mortos como se eles devessem deles se servir sob a terra" - Luciano
Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Oi Carcará!
Quando eu trato da dialética, eu me refiro à inconstância da vida única e simplesmente. Não tenho pretensão de validar o axioma (diria dogma na minha opinião) da dialética hegeliano-marxista. Não pretendo inventar retóricas malucas para legitimar a questão da tese, antítese e síntese.
Agora, o que você achou da obra de Aron? Particularmente, foi uma das melhores interpretações de Marx que li na vida. E concordo plenamente contigo na questão da alienação do trabalho e da mercadoria. Penso ainda que num mundo capitalista, onde há a "mercadorização" da força de trabalho do indivíduo, é muito mais difícil conceber uma ideologia mais positiva do trabalho.
Quando eu trato da dialética, eu me refiro à inconstância da vida única e simplesmente. Não tenho pretensão de validar o axioma (diria dogma na minha opinião) da dialética hegeliano-marxista. Não pretendo inventar retóricas malucas para legitimar a questão da tese, antítese e síntese.
Agora, o que você achou da obra de Aron? Particularmente, foi uma das melhores interpretações de Marx que li na vida. E concordo plenamente contigo na questão da alienação do trabalho e da mercadoria. Penso ainda que num mundo capitalista, onde há a "mercadorização" da força de trabalho do indivíduo, é muito mais difícil conceber uma ideologia mais positiva do trabalho.
- Flavio Costa
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Re: Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
carcará selvagem escreveu:Na maioria do tempo vivemos naturalmente, conforme os hábitos. O que nos trás a sensação de oposição é um fenômeno chamado estranhamento.
O estranhamento ocorre com freqüência alarmante na minha vida...

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- Luis Inácio, 20/10/2006
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Re: Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Samael escreveu:Oi Carcará!
Quando eu trato da dialética, eu me refiro à inconstância da vida única e simplesmente. Não tenho pretensão de validar o axioma (diria dogma na minha opinião) da dialética hegeliano-marxista. Não pretendo inventar retóricas malucas para legitimar a questão da tese, antítese e síntese.
Olá.
Tentarei expor o que entendo por inconstância. E, sem pretender muito, acrescento duas outras idéias: a de aventura e a de maturidade.
Nós nascemos (desculpe o termo) “crentes”. Buscamos basear nossa visão de vida em nossos pais, professores etc. Nossa tendência natural é a de afirmar tudo como se apresenta. O processo dialético surge com o choque, com a contrariedade à nossa visão pessoal (vivência).
Ontem, por exemplo, foi noticiado no fantástico o drama de jovens traficantes. De 18 garotos que entraram para o tráfico, 17 morreram a troco de banana em menos de um ano. A tese vem da mina mãe: as pessoas deveriam possuir uma vida longa e produtiva. A realidade se mostrou negativa. Tais mortes prematuras são a negação de algo tido como verdade. A síntese que minha mãe propôs não faz referencia a uma realidade experimental do fato negativo. Antes ela tomou como base a si mesma (repetiu o primeiro termo), procedendo a negação da negação.
O que nega a verdade da minha mãe (diferença necessária)? Do que se pode constatar, tais garotos receberam pouca educação, não achavam emprego, se drogavam etc. Disso surge a afirmação da realidade da minha mãe e seu diferencial da negação; a síntese ou “negação da negação”. Assim: abstinência de drogas, educação e emprego, levam a uma vida produtiva e duradoura.
Da dialética surge a aventura. Como fazer minha verdade valer para o pessoal do morro? O que impede que o valor se concretize?
A maturidade é bem simples. Hoje de manhã tomei a escova de dente como tese e a minha boca como antítese. A síntese (negação da negação, diferença necessária) é o movimento da escova sobre meus dentes. O que isso acrescentou? Já haviam me ensinado a escovação. Assim a dialética deve ser uma tentativa de acréscimo ao nosso saber, não um mero exercício existencial.
Desculpe se falei tanto de dialética, pois estou a ponto de ler “as aventuras da dialética” de Maurice marleau-ponty.
Samael escreveu:Agora, o que você achou da obra de Aron? Particularmente, foi uma das melhores interpretações de Marx que li na vida. E concordo plenamente contigo na questão da alienação do trabalho e da mercadoria. Penso ainda que num mundo capitalista, onde há a "mercadorização" da força de trabalho do indivíduo, é muito mais difícil conceber uma ideologia mais positiva do trabalho.
O livro de Aron é excelente. Faz uma análise minuciosa do trabalho de Marx e somente dele; não há a interferência interpretativa de seus “herdeiros”. Esse livro mostra que a economia de Marx se diferencia totalmente do pensamento de seus contemporâneos, como se algo à parte na ciência econômica. Mostra não só seu pensamento, como também ao que ele se proponha. Seu objetivo era criticar não só a religião, o direito e a economia; havia o projeto de criticar todas criações espirituais humanas, como a ideologia e a moral. “O capital” era previsto para ser em seis tomos.
Quanto à positivação do trabalho há, na Europa, uma espécie de meritocracia. Avaliar os resultados acadêmicos de uma pessoa sem levar em conta sua origem me parece um bom avanço.
Isto é até simples. Mas como lidar com “exército de reserva industrial”, como incluir os desempregados? Criar a tais pessoas, qualquer trabalho que seja, seria algo danoso para o crescimento econômico? Eliminaria a concorrência ou integraria ainda mais a sociedade? O futuro talvez nos responda.
Flavio Costa escreveu:carcará selvagem escreveu:Na maioria do tempo vivemos naturalmente, conforme os hábitos. O que nos trás a sensação de oposição é um fenômeno chamado estranhamento.
O estranhamento ocorre com freqüência alarmante na minha vida...
Sinal de contiúdo.

"que de vestes e adornos têm sido queimados ou inumados com os mortos como se eles devessem deles se servir sob a terra" - Luciano
Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Olá, Carcará.
Eu concordo totalmente contigo na questão da dialética, apenas ressaltando ainda que a aparência das coisas, o próprio "pensar à priori" sobre a realidade material, diverge nas interpretações pessoais dos observadores.
Ainda assim, seria impossível irmos à fundo nesses caracteres mediadores humanos (na prática, as nossas diferenças particulares de interpretação) porque mesmo esses caracteres são influenciados (senão determinados!) pela nossa realidade material.
Daí, não seria a "aparência" um mero senso comum que deva ser desmistificado até alcançarmos a verdade?
Para mim, isto é a a dialética: esse caminho desmistificador infinito, que trespassa a aparência e visa a essência, sem no entanto, conseguir alcançá-la.
Eu concordo totalmente contigo na questão da dialética, apenas ressaltando ainda que a aparência das coisas, o próprio "pensar à priori" sobre a realidade material, diverge nas interpretações pessoais dos observadores.
Ainda assim, seria impossível irmos à fundo nesses caracteres mediadores humanos (na prática, as nossas diferenças particulares de interpretação) porque mesmo esses caracteres são influenciados (senão determinados!) pela nossa realidade material.
Daí, não seria a "aparência" um mero senso comum que deva ser desmistificado até alcançarmos a verdade?
Para mim, isto é a a dialética: esse caminho desmistificador infinito, que trespassa a aparência e visa a essência, sem no entanto, conseguir alcançá-la.
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Re: Re.: O pseudo-materialismo de Karl Marx
Samael escreveu:Olá, Carcará.
Daí, não seria a "aparência" um mero senso comum que deva ser desmistificado até alcançarmos a verdade?
Salve Samael.
Só querendo dar uma esmiuçada no que nos é aparência.
“Se lhe parece é”
A aparência que temos das coisas, é obtida pelo nosso próprio pensar “a priori”. É impossível ao ser humano se livrar das próprias categorias de seu pensamento. A pura dialética somente nos levará a uma relação de aparências. O conhecimento real da vida material somente pode ser obtido pela experiência; somente esta revela as leis que regem “as coisas em si”. É por isso que Aron diz que Marx chega a ser patético com sua dialése prometéica.
Marx faz uso abusivo da dialética para demonstrar uma coisa: o homem se tornou vítima da própria cultura. O homem (proletário), que em tese deveria ser livre e autônomo, virou mera estatística da economia, um mero objeto de avaliação do “recursos humanos”.
Como já dito a extrema dialética causa ilusão; faz o sujeito acreditar até numa revolução redentora dos males sociais.
Assim, o que se herda de Marx? Tudo evidência que seja a crítica social.
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