Uma tem o frescor da idade, a outra, experiência. As duas são hábeis na cama, e nos provocam como ninguém. Se a mulher ideal precisa de ter um pouco das duas, elas provam que, sozinhas, dão mais do que um ótimo caldo

Os termos podem parecer de outra época, mas eles estão com tudo. Com significados diferentes do original, as mulheres sob essas alcunhas nos deixam loucos. Mais ainda quando brincam com nosso humor, e como brincam, em função da idade. Descobrimos que é na escolha do alvo que essas verdadeiras caçadoras mostram suas diferenças. Em qualquer um dos casos, todo cuidado é pouco, e pouco cuidado é sinônimo de virar um brinquedo nas mãos de uma menina ingênua ou de um mulherão que dá um banho em jogo de cintura. Escolha a sua com a certeza de que, de um jeito ou de outro, a história vai acabar na cama.
LOLITAS
Lo, Lola, mas você pode chamá-la de Lolita, é cria do escritor russo Vladimir Nabokov. O livro, lançado em 1955, conta a história de um homem que se envolve com duas mulheres: uma mais velha e outra mais nova. Tudo bem, não tivesse a mais nova 12 anos de idade e fosse filha daquela mais velha. O triângulo amoroso leva o coitado para a cadeia, por mais que ele tente mostrar que a menina, de santa, não tinha nada.

Evidentemente que a ficção fica no papel. No mundo concreto, Lolita virou sinônimo de menina muito mais nova do que o urubu que a acompanha. Ela passa dos 18, mas não chega aos 25, é doce, transmite ingenuidade, se impressiona com nossas qualidades masculinas - com razão -, tem um corpo firme, viçoso, é ágil, hiperativa, e gosta de experimentar de tudo. "Elas procuram homens que já estão realizados financeiramente e que possam lhes dar tudo aquilo a que não têm acesso e que um garoto não teria condição de proporcionar", observa Salomão Rabinovich, psicólogo e membro da Academia Paulista de Psicologia.
Elas deixam de lado o colega de turma para ficar com alguém com apê e carro na garagem. E fazem a gente ficar louco. Não é todo mundo que é fisgado pela Lolita, mas não existe um homem livre da tentação. Isso tem uma explicação biológica. Segundo Amaury Mendes Jr., médico e terapeuta sexual da clínica Delphos, no Rio de Janeiro, as mulheres produzem substâncias chamadas feromônios que são exaladas pelo corpo e deixam o homem fissurado. "Numa mulher jovem a quantidade de feromônio é muito grande, o que mexe com os estímulos do homem mais velho, porque esse homem precisa de mais estímulo para ficar excitado. A mulher com a mesma idade que ele talvez já não produza tantos desses feromônios", explica.
"PELA MANHÃ ELA ERA LÔ, NÃO MAIS QUE LÔ, COM SEU METRO E QUARENTA E SETE DE ALTURA E CALÇANDO UMA ÚNICA MEIA SOQUETE. (...) MAS EM MEUS BRAÇOS SEMPRE FOI LOLITA."
VLADIMIR NABOKOV, EM LOLITA
Mas não pára aí. Além disso o corpinho em dia da Lolita incentiva a produção de dopamina - hormônio estimulante - no homem, o que o deixa ligadão. "O homem se estimula pela visão. Ele precisa dessa atratividade visual para estimular o hipotálamo, a hipófise - e produzir muita dopamina. Ver uma mulher bonita mexe muito com as sensações hormonais masculinas", completa o médico.
Se alguém um dia olhar feio para você e sua garota - e será uma mulher - responda com os argumentos acima. Os que vêm a seguir, provavelmente, não serão tolerados: é a explicação psicológica. O que nos leva a gostar tanto de ter uma menina mais nova a tiracolo? "As lolitas revelam um comportamento relacionado à ingenuidade, à imaturidade, à fragilidade, conceitos que atraem os homens justamente porque, pela nossa cultura e sociedade, são eles que detêm o poder, a sabedoria, a força. Elas passam a idéia de que o homem as domina. Além disso, têm peitinhos em cima, não têm celulite. Para muitos homens isso representa um grande troféu", diz Carla Cecarello Fracia, psicóloga, sexóloga, presidente da Associação Brasileira de Sexualidade (ABS). Quer dizer, a gente pode ser milionário, ter o carro dos sonhos, casa com piscina, os melhores tacos de golfe e o grand cru mais raro na adega que não vai adiantar: nos sentiremos campeões somente em companhia boa.
O problema do relacionamento com a Lolita é a energia. Quem se aventura num romance com a pequena precisa ter consciência de que ela vai ter pique para comer, repetir, pedir sobremesa, tomar dois refrigerantes, café e ainda levar alguns biscoitinhos para casa. Ah, e no caminho, vai querer um milk shake de ovomaltine. Ela vai arrastar você para boates escuras e barulhentas, a bares abarrotados de gente que nunca vai assistir ao Ben Hur. Por isso mesmo é que um namoro com uma delas não costuma durar muito. "O homem deixa de criar vínculo e estabilidade afetiva em prol da atividade sexual", comenta Mendes Jr.
BALZAQUIANA
Essa mulher sofre do mesmo mal da Lolita: o termo veio da literatura, ficou famoso graças à obra A Mulher de 30 Anos, de Honoré de Balzac, escritor francês do século XIX, e hoje é usado na vida real com um significado totalmente diverso do original. Isso porque Balzac retrata em seu livro o cotidiano de uma mulher vítima de um casamento fracassado, em busca de um homem que lhe dê segurança e paz.

Alguma ligação com a realidade atual? Pouca. A Balzaca do século XXI é independente, tem experiência sexual, e, bem, com certeza não vê no homem sua segurança e paz. Ela possui manhas que as lolitas nem sonham existir e, na cama, elas podem nos deixar tão esbaforidos quanto as mulheres mais novas e suas boates. "Em termos de sexualidade, nessa época, dá de 10 a 0 na Lolita. Ela sabe como curtir o gozo, puxar o máximo do ponto G dela. Consegue tirar de uma relação orgasmos múltiplos, se quiser, o que a Lolita não consegue porque ainda não tem experiência de como controlar o próprio prazer", afirma Mendes Jr. Tanta libido tem explicação: é na casa dos 30 anos que a mulher alcança o zênite hormonal. "Aos 35, ela está na plenitude, tem experiência e uma sacanagem muito grande", completa o médico.
"A MULHER DE TRINTA ANOS PODE SE FAZER JOVEM, DESEMPENHAR TODOS OS PAPÉIS, SER PUDICA E ATÉ EMBELEZAR-SE COM A DESGRAÇA".
HONORÉ DE BALZAC, EM A MULHER DE 30 ANOS
Segundo Carla Cecarello, as balzacas esbanjam experiência. "Mostram o que querem, sabem o que desejam, são mais independentes financeiramente e no modo de pensar. Não passam aquela imagem de mulher frágil, mas de mulher que realmente conhece mais. Para muitos homens mais jovens isso é um grande atrativo porque implica um aprendizado, principalmente para aqueles que são mais inseguros, mais tímidos". Trocando em miúdos, elas respondem, reclamam, não gostam de ser contrariadas.
Elas querem se divertir com caras mais novos - bem mais novos. Pode-se dizer que os garotões da academia são os lolitos delas. "As balzaquianas têm a necessidade de se sentir jovens. Essa fase é a hora em que mostram o que têm de melhor do ponto de vista sexual. É o momento ideal para se relacionar com homens com mais disposição física, que sejam mais descontraídos. Diferentemente daqueles homens que, quando se aproximam dos 40 anos, são mais parados, não buscam tanta diversidade", completa Cecarello.
Se a mulher ao lado está com 35 anos, é bom mostrar ação, ou há o risco de ela não sair mais da academia - onde o que não falta é testosterona e caras loucos para contar vantagem. Se você procura a mulher de 35, é bom estar avisado que conquistá-la não é mel na chupeta. Enquanto a Lola se aproxima do homem porque o admira e o vê como alguém superior, a Balzaca olha de cima abaixo, vira as costas e vai embora se a cantada não for perfeita. "São mulheres que têm o mesmo gás na cama que as lolitas, mas dão mais trabalho para o homem. Elas precisam de uma conquista muito mais elaborada", diz a presidente da ABS.
Para Rabinovich, não é somente por isso que elas querem os rapazes em detrimento dos coroas. Os homens mais novos, com mais vigor, seriam ótimos reprodutores, acima de tudo, além de darem a elas a oportunidade de reviver as liberdades da época em que tinham a idade de Lo. "Uma mulher de 35 ainda espera ter filhos. Costumam procurar homens mais jovens para viver o que não viveu quando era mais nova", conta.
"A LOLITA E A BALZAQUIANA NÃO SERIAM AMIGAS. AS MULHERES, POR SI SÓ, SÃO CONCORRENTES"
CARLA CECARELLO, PSICÓLOGA
NO FINAL DAS CONTAS...
O prazer de uma relação está em conhecer seus objetivos. Não adianta chorar pela Lolita partida, se ela não compartilhava nenhum dos seus gostos. O mesmo vale com a mulher de 35. "Se as pessoas não tiverem os mesmos propósitos, princípios, objetivos, a mesma geração, os mesmos interesses, é difícil falar em parceria, em uma relação mais duradoura. Um relacionamento legal é quando ambos estão na mesma geração, quando os interesses, os gostos, as vivências são as mesmas, com até uns cinco anos de diferença de idade", acrescenta o psicólogo.
O importante é saber escolher. Cada uma dessas mulheres será um ás na cama. Mas elas escolhem pela idade. A Lolita curte vinhos envelhecidos, enquanto a Balzaquiana fica nos tempranillos. Se a sua idade estiver no meio, tente as duas. Mas nem pense em imaginar que as duas juntas dariam um rosê daqueles. "Creio que a Lolita e a Balzaquiana não seriam amigas. Aliás, não precisa nem ser Lolita nem Balzaquiana. As mulheres, por si só, são concorrentes. Nunca se vestem nem se arrumam para elas mesmas, mas sim para os outros, diz Cecarello. Uma boa idéia, para quem sabe ficar longe da linha de tiro, é fazer uma conhecer a concorrência da outra. "Nisso o homem vira um objeto do desejo. Passa a ser questão de honra ganhá-lo", completa.
Fonte: Revista UM
