videomaker escreveu:Sabia que exitem espíritas que não acreditam na reencarnação? Não, não são espiritualitas, são espíritas mesmo. Entenda que a linha é um tanto tênue.
Eu simplesmente só me interesso pela parte cientítica da doutrina, só isso. A filosófica e religiosa jogo no lixo.
Um abraço,
Vitor
Não são espiritas ! assim como os umbandistas que abriram a federeção ESPIRITA de Umbanda , tambem não são !
Se esta fora da codificação não é espiritismo , logo não é espirita !
Se querem achar que são , paciencia !
Isso é o que vc pensa, mas eu posso provar o meu ponto.
Deve-se notar que Andrew Jackson Davis considerou o reencarnacionismo kardecista “uma magnífica casa construída sobre areia” (ou seja, uma doutrina teoricamente bela, mas sem fundamentos sólidos); que Home, numa carta, sarcasticamente observou que “... tinha tido o prazer de encontrar no mínimo doze Marias Antonietas, seis ou sete Marias rainhas da Escócia, incontáveis Luíses e outros reis, e cerca de vinte Alexandres, mas nunca um simples John Smith”; e que o mesmo Home, por ocasião da morte de Kardec, pretensamente psicografou-lhe uma mensagem na qual este peremptoriamente abjurava sua doutrina reencarnacionista (deve-se acrescentar que Kardec ignorou a carreira mediúnica de Home a partir do instante em que este se declarou contra a reencarnação, e que Home, em seu livro Lights and Shadows of Spiritualism, 1877, pág. 224, coloca-se frontalmente contra a doutrina de Kardec, alegando, basicamente: 1º) que Kardec não era médium, não tendo, portanto, nenhuma experiência pessoal efetiva acerca desse tipo de assunto; 2º) que Kardec não havia se servido bem dos médiuns com os quais havia trabalhado; e 3º) que nada do que Kardec havia deixado escrito em “O Livro dos Espíritos” tinha valor do ponto-de-vista especificamente espírita, expressando não o pensamento dos espíritos, mas apenas o pensamento consciente ou subconsciente do próprio Kardec). A maior oposição à doutrina de Kardec por parte da escola anglo-saxã centrou-se contudo em Howitt, que a classificou de “lamentável” e “repelente”, acrescentando que, se tal teoria fosse verdadeira, existiriam forçosamente milhões de espíritos que, ao morrerem, teriam procurado em vão, no outro mundo, por seus parentes, filhos e amigos (situação não presente nas comunicações obtidas pelos médiuns britânicos e norte-americanos). Um dos espíritos-guias (“controles”) de Stainton Moses, chamado Imperator, havia, por outro lado, ensinado que a reencarnação podia ocorrer em certos casos excepcionais, como uma segunda chance a almas que se haviam por demais aviltado moralmente, tendo, por assim dizer, praticamente perdido a sua personalidade, ou para espíritos superiores em missão especial na Terra. Conan Doyle, por sua vez, ponderou que, sendo algo concernente ao seu próprio futuro, a reencarnação, para um espírito, poderia ser-lhe tão desconhecida e misteriosa como o é para nós (ou seja, que os espíritos poderiam, mesmo quando “desencarnados”, não se lembrar de encarnações anteriores). A situação nunca chegou a se harmonizar; a divisão entre as duas escolas tornou-se bastante explícita por ocasião do Congresso Espírita Internacional de Liège (1923); a última das conclusões adotadas pela Seção de Filosofia do Quinto Congresso Internacional Espírita de Barcelona, de 1934, referente à reencarnação, assim rezava: “Previsto existirem diferenças, de momento irredutíveis, entre os que consideram a Reencarnação como processo necessário para a Evolução e os que crêem poder a Evolução efetuar-se sem esse processo, foi aprovada transacionalmente e como prova de tolerância a conclusão seguinte: os espíritas de todo o mundo, reunidos em Congresso, afirmam unanimemente a sobrevivência da personalidade humana depois da morte corporal, considerando-a cientificamente provada como um fato. Os espíritas latinos e hindus, representados neste Congresso pelos delegados da Bélgica, Brasil, Cuba, Espanha, França, Índia, México, Portugal, Porto Rico, Argentina, Colômbia, Suíça e Venezuela, afirmam a Reencarnação como lei de vida progressiva, segundo a frase de Allan Kardec: ‘Nascer, morrer, renascer e progredir sempre’; e aceitam-na como uma verdade de fato. Os espíritas não latinos, representados no Congresso pelos delegados da Inglaterra, Irlanda, Holanda e África do Sul, consideram não ter demonstração suficiente para estabelecer a doutrina da Reencarnação formulada por Kardec. Cada escola, portanto, fica em liberdade para proclamar as suas convicções a respeito da Reencarnação”. A situação permanecia virtualmente inalterada por ocasião do Congresso Espiritista Internacional de Londres (1960), tendo o delegado brasileiro, Hélcio Pires, no relatório publicado no “Mundo Espírita” de 30 de novembro de 1960, declarado: “A Reencarnação é ainda o ponto principal e o único obstáculo a um entendimento geral entre os espíritas de todo o mundo”.
As declarações acima citadas, de 1934 e de 1960, são, aliás, uma prova cabal, dada pelos próprios espíritas, de que se pode ser espírita e não se ser reencarnacionista. Seria, contudo, errôneo pensar que a oposição ao reencarnacionismo kardecista centrou-se apenas no meio espírita da Grã-Bretanha e Estados Unidos; mesmo na França, o reencarnacionismo, para não falar a própria reencarnação, jamais foi consensual entre os espíritas (embora os não-reencarnacionistas estivessem, desde a época de Kardec, em minoria), e, de fato, os primeiros estudos detalhados de fenômenos por assim dizer “mediúnicos” efetuados naquele país, ainda dentro da tradição do “magnetismo animal” e do “sonambulismo artificial”, tendiam a corroborar o não-reencarnacionismo e, mesmo, o anti-reencarnacionismo – quanto a isso, bastam os seguintes exemplos: 1º) inicialmente, os estudos e trabalhos pioneiros de Jules Denis, barão du Potet de Sennevoy (1796-1881), que passou a se interessar por assuntos ligados ao “magnetismo animal” em 1815, iniciou seriamente suas investigações em 1821 e as publicou regularmente a partir de 1827 no Le Propagateur du Magnétisme Animal e, desde 1845 até 1861, no Journal du Magnétisme et du Psychisme Experimental (esse último periódico ainda publicado em 1934); 2º) também os três volumes sucessivos dos Arcanes de la vie future dévoilés, mais conhecidos como “Telégrafo Celeste”, publicados a partir de 1847 por Alphonse Cahagnet (1809-1885); 3º) ainda, as investigações de Piérart (morto em 1878), inicialmente secretário do barão du Potet e redator-chefe do Journal du Magnétisme, e que, de 1858 a 1870, com sua Révue Spiritualiste, opôs-se à Révue Spirite da escola de Kardec; 4º) enfim, mais recentemente, nos estudos de René Sudre, parapsicólogo, que inclusive, num artigo na Psychic Research de maio de 1930 comentou o reencarnacionismo nos seguintes termos: “Ainda que possa admitir a fé na sobrevivência [da alma] sob o ponto de vista religioso, dentro do mesmo espírito rejeito como absurda a doutrina da reencarnação, e compreendo o fato de o mundo anglo-saxão, no geral, se recusar a aceitar tal ensinamento”. Ver a respeito dos tópicos tratados nesta nota Nandor Fodor, Encyclopaedia of Psychic Science, s.v. Spiritualism e Reincarnation, e Fernando M. Palmès, SJ, Metapsíquica e Espiritismo, 2ª edição, Editora Vozes, Petrópolis, 1961.