Botanico escreveu:Não, não sei por que meios os espíritos nos transmitem seus pensamentos. O que acontece é ter de escolher sobre qual seria a fonte de informação mais lógica. Salvo engano, foi o Bozzano mesmo que teceu um raciocínio mais ou menos assim: o inconsciente sabe tudo, simula tudo, decifra tudo, imita tudo e principalmente acerta tudo. Faz de tudo para parecer que é um espírito que fala. E é só aí que comete o único erro: na hora de assinar a mensagem, em vez de assinar "inconsciente do fulano de tal", ele assina como se fosse o espírito do falecido tal. Esse é o único erro que comete.
Vou colocar aqui um diálogo na forma de texto entre o Welington e o Adylson, ocorrido na lista Pesquisa Psi, que explica esse 'erro'.
Esse 'erro' ocorre porque, segunda tal hipótese, poderíamos dizer que a mediunidade seria uma representação - à maneira dos atores - só que feita em estado alterado de consciência (transe).Existe a possibilidade de as entidades serem meros papéis representados, conforme o meio sócio-cultural, seja por meio de agregação da entidade à personalidade do médium e sua manifestação momentânea devido à habilidade da dissociação, seja por meio de hiperestesia ou mesmo por telepatia, quando então, pelo assumir da entidade, ele passa a representar por psicofonia, por psicografia,etc.Isso complica muito a delimitação entre verdadeira e falsa comunicação com espíritos, para quem tem interesse nela. Se os seres humanos podem "personificar" e, além disso, obter informações "psi", teremos o famoso binômio muito discutido por pesquisadores que nos precederam no tempo: "prosopopéia" + "psi". Muita tinta já foi gasta na tentativa de saber os limites desse binômio e dirferenciá-lo das comunicações espirituais reais, sem muito sucesso. A representação em transe seria uma maneira de explicar o porquê de existir a figura do médium entre os seres humanos por tantos séculos. A mítica necessita de uma corporificação de seu imaginário para que este possa agir ou fazer-se presente no meio social, independentemente de quaisquer contradições com a realidade. Parece que a mítica tem uma função preservadora: ela ajuda a perpetuar os antepassados e o seu imaginário próprio, os quais, na sua origem, tinham uma ligação com a sobrevivência da espécie. Desta forma, através do tempo, criou-se um procedimento para a descoberta de pessoas suscetíveis à sugestão desta função. A facilidade destas pessoas de se entregar e a representação realística que elas praticavam em estado diferente do normal, ou seja, em estado de sonambulismo (o sonho teve uma função muito importante na mítica), concretizou no meio social a presença das figuras mitológicas (entre elas também se incluem os mortos). Assim, a representação em estado de transe possui uma dramaticidade eficaz, ainda mais porque é algo estranho e misterioso, fator este que ajuda na manutenção e na propagação da mítica. Uma perspectiva biológica da mediunidade leva ao fundo da questão: a mediunidade existe para a preservação da espécie, mas uma preservação que está ligada à contingência dos antepassados, não à do momento presente. É por isso que, hoje em dia, pode acontecer as contradições com a realidade, já que as crenças que os antepassados alimentavam não estão tendo mais vez em nossa época. Pelo menos, não inteiramente. Apesar disso, a mítica pela mediunidade permaneceu, mas, agora, com uma nova função: aliviar o sofrimento, mesmo que seja acompanhada de explicações contraditórias com a realidade (aqui, a mítica costuma trazer, novamente, a perspectiva do sonho, ou seja, da imaginação, e a sua necessidade vital para suplantar o sofrimento). Assim, ela ganhou uma função psicossocial, o que, em larga escala, pode promover o equilíbrio da sociedade.
O fato é que o ser humano parece mesmo querer materializar o que sente, pensa, experiencia... Nesse sentido, a mediunidade pode ser a personificação, a realização de um possível temor/solução ligado extinção da vida: se meus antepassados "descem", é porque estão vivos! Nada mais reconfortante que um sinal da sobrevivência para além dos limites do corpo físico! Nessa linha, estariam todas as assim chamadas manifestações espíritas, incluindo aí, as materializações
Porém a questão do apaziguamento psicológico frente a morte pode ser apenas um desses elementos de motivação por trás da mediunidade. Outro, não de todo desligado deste, pode ser a estruturação simbólica da realidade. Nada mais assustador que viver num mundo errático, em que as coisas acontecem sem sentido. Por ordem no caos pode também ser outro aspecto fundamental. Por fim, diante dessa realidade simbolicamente compreendida, o ser humano quis agir. As práticas que analisamos têm também a função de interverir (magicamente) sobre a realidade. "Trabalhos" são feitos, da mesma forma como o são as promessas, exorcismos, rituais os mais variados. Por intermédio deles, podemos não apenas sentir a esperança da continuidade para além da vida, como sentirmo-nos não tão impotentes diante das vicissitudes desta própria vida!
Bom, espero que tenha ajudado a ter um maior respeito pela hipótese personificação + psi.
Botanico escreveu:Vitor Moura escreveu:[Nunca ouviu falar dos testes Ganzfeld?
Já li alguma coisa, mas esqueci tudo e não entendi nada.
Tem bastante material aqui:
http://br.geocities.com/existem_espiritos/telepatiaIsso é só para mostrar que há provas empíricas que telepatia não dependeria da distância, ou seja, supostos fenômenos mediúnicos cujas informações específica estariam somente na cabeça de poucas pessoas muito distantes, poderiam ser explicados por telepatia.
Botanico escreveu:Oh! Raciocínio lógico! Beleza então foi dito que o tal Lili era o diminutivo da Julie? Então por que o fabuloso inconsciente aí não fez melhor dizendo: _ Lembra que em vez de me chamar de Julie você diminuia para Lili? Ô Vitor, lembre-se de que o inconsciente sabe de tudo!
Não foi dito que é diminutivo, mas nem precisa. A informação era só para saber como a mãe chamava a filha. Isso pode ser explicado por telepatia, mas mesmo assim prefiro uma hipótese mais natural, tipo adivinhação.
Botanico escreveu:Vitor Moura escreveu:A família de Canuto de Abreu já liberou vários escritos, a maioria são escitos de paz, amor, etc. Nada que valha a pena.
Devia liberar todos. Eles deveriam ser fotocopiados e tornados públicos.
Que seja, mas não vi nada de valor liberado até agora. Provavelmente são só mais mensagens de paz, de amor, essa lenga-lenga.Não esquente com isso.
Botanico escreveu:Bem, já que você determinou que padrão Kardec haveria de seguir para agradá-lo e se não o fez então foi porque pisou na bola, quem sou eu para discutir?
Trabalho apenas em cima do material oferecido.
Botanico escreveu:Mas qual construção gramatical estava correta mesmo?[/color]
Fi-lo porque qui-lo.
Botanico escreveu:Bem, explicar coisas pessoais nem sempre é caridoso...
Ficar sem explicar também...
Botanico escreveu:Bem, citei um caso por aqui.
Qual?
Botanico escreveu:A Bíblia é como uma velha rabeca que toca qualquer toada.
Repito: se vc acha que a reencarnação está na bíblia, discuta com o Cyrix.
Botanico escreveu:Bem, a pergunta era como Deus teria feito o Universo e se o espírito não sabia a resposta, então essa foi a mais neutra e direta. Cabe em qualquer credo (até no D. I.).
O que cabe em qualquer credo é uma resposta científica.Essa língua sim todo mundo fala.
Botanico escreveu:Ué? Então por que o inconsciente, que sabe de tudo, não usou desses textos para deixá-lo mais feliz?
Porque não foi um fenômeno psi, foi um fenômeno puramente psicológico.A explicação é bem mais natural.
Botanico escreveu:O que automaticamente não constitui prova de que foi obra de inconsciente. Eu só a acharia mais plausível se os médiuns em países católicos falassem em favor da Igreja Católica e papaguaissem seus dogmas; os protestantes fizessem o mesmo com suas respectivas fés; idem os muçulmanos, judeus, etc e tal. Não é o que vejo nas páginas do LE.Vitor Moura escreveu:Lógico que não vê, como vc mesmo disse, pouquíssimos médiuns foram usados na codificação. A codificação não foi um fenômeno mundial, mas estritamente regional.
Tinha de começar em algum lugar, não?Um abraço,
Vitor
Mas isso refuta o que vc disse sobre 'Eu só a acharia mais plausível se os médiuns em países católicos falassem em favor da Igreja Católica e papaguaissem seus dogmas; os protestantes fizessem o mesmo com suas respectivas fés; idem os muçulmanos, judeus, etc e tal. Não é o que vejo nas páginas do LE.'
Como não foi um fenômeno mundial, fica demonstrado que o que vc disse sobre 'católicos e budistas cada um citando seus dogmas' não ocorreu por isso.
Um abraço,
Vitor