Kardec foi claro quando escreveu sobre a suposta inferioridade dos outros povos de etnias fora do padrão europeu ocidental, em especial os negros.
Ele não disse que os negros sofriam porquê haviam nascido em uma sociedade atrasada e conseqüentemente, os espíritos que habitavam neles conseqüentemente sofriam pelo atraso e pela opressão dos outros povos mais adiantados tecnologicamente, que os matavam e escravizavam.
Ele criou um sistema ABSURDO no qual afirmou que os espíritos em um degrau inferior na evolução espiritual habitam primeiro corpos de povos estruturalmente mais atrasados e sem a capacidade de evoluir espiritual/intelectual/social/moralmente além de certo limite, sendo que com o passar das encarnações, poderia atingir um degrau superior, podendo passar pelos mestiços, até chegar o patamar estabelecido dos espíritoos mais adiantados, que não por acaso, era o da etnia padrão do próprio Kardec, o europeu ocidental branco.
Os excertos são claros:
"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso. Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados" (Allan Kardec, A Gênese, ed. cit. p. 187).
"6 - Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 126).
"Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão ?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127)."
"Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake _ Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187).
"Um chinês, por exemplo, que progredisse suficientemente e não encontrasse na sua raça um meio correspondente ao grau que atingiu, encarnará entre um povo mais adiantado" (Allan Kardec, O que é o Espiritismo, Edição da Federação Espírita Brasileira, Brasília, 32a edição, sem data, pp. 206-207. A edição original de Qu'est ce que le Spiritisme é de 1859).
Reduzindo o que Kardec disse, é que os negros, assim como outros povos não caucasóides, eram inferiores tanto culturalmente quanto espiritualmente aos povos de sua "raça" e por isso eram incapazes de evoluir além de certo ponto e estavam fadados a ignorância, ao sofrimento e à submissão aos mais fortes e adiantados moralmente, tecnologicamente e espiritualmente.
Isto é racismo.
Não há nada de contexto, circunstâncias, contingências ou visão de época a ser considerado, até porquê em relação à tudo o que afirmou, Kardec disse estar auxiliado por espíritos de luz.
Tem que ser muito obtuso para tergiversar o que está escrito nos textos apresentados para tirar da reta o rabo do Sr. Hippolyte Léon Denisard Rivail.