Shoko Asahara, fundador da seita Verdade Suprema e responsável pelo maior ataque terrorista da história do Japão, no metrô de Tóquio, em 1995, será executado, depois do fracasso de seu último recurso judicial.
O Tribunal Superior de Tóquio rejeitou hoje a apelação de seus advogados. Eles alegaram que Asahara, de 51 anos, seria incapacitado para enfrentar um processo judicial de semelhante importância.
Em fevereiro de 2004, a Corte Provincial de Tóquio condenou Shoko Asahara a morrer na forca por sua responsabilidade em 13 crimes, entre os quais o ataque com gás sarin no metrô da capital japonesa, em 1995, que matou 12 pessoas e deixou seis mil feridos.
O atentado, com uma magnitude sem precedentes no Japão, expôs a vulnerabilidade do país ao terrorismo e alertou as autoridades para o perigo das seitas com tendências apocalípticas.
O juiz do Tribunal Superior de Tóquio, Masaru Suda, se recusou a rever a condenação porque os defensores não apresentaram a apelação dentro do prazo estabelecido e por considerar que "não há dúvida" de que Asahara tinha condições de participar do julgamento.
A equipe de advogados de defesa reagiu com irritação. "Vamos interpor imediatamente um protesto e fazer o necessário para desafiar esta degradante decisão", anunciaram, de acordo com a agência de notícias Kyodo.
A defesa ainda pode lutar contra a sentença do Tribunal Superior de Tóquio recorrendo à Corte Suprema, mas os especialistas na legislação japonesa avaliam que suas opções são muito pequenas.
Segundo os analistas citados pela Kyodo, quase 10 anos após o início do processo de Asahara é pouco provável que a sentença possa ser revogada.
Em agosto de 2005, a defesa não entregou a tempo os documentos da apelação segundo a qual o antigo guru da seita Verdade Suprema não podia se apresentar ao Tribunal por motivos de saúde mental.
A sentença foi anunciada na sexta-feira.
O fundador da Verdade Suprema (Aum Shinrikyo), cujo nome verdadeiro é Chizuo Matsumoto, aparece entre os 13 condenados à morte pelos assassinatos praticados pela seita.
A maior parte das vítimas é formada por advogados dos dissidentes da organização ou de pessoas que lutavam legalmente contra a lavagem cerebral realizada pela seita e por sua progressiva marginalização social.
Na sentença de fevereiro de 2004, o juiz diz que o guru comandou os 13 atos criminosos que o levaram ao tribunal.
O Juiz da Corte Provincial de Tóquio destacou, então, que Asahara acreditava ser um deus e, em nome de uma aparente salvação, pretendeu dar um golpe de Estado para demonstrar que era um ser superior e que suas doutrinas catastrofistas estavam corretas.
Apesar das atrocidades cometidas pela seita, o Japão ainda não a reconhece como um grupo terrorista, ao contrário dos EUA e da União Européia, e não ordenou sua dissolução, nem a proibiu, apesar das constantes denúncias dos parentes das vítimas.
A seita continua existindo, agora com o nome de Aleph. Os atuais líderes garantem que suas doutrinas se baseiam no budismo e na ioga, e que pretendem apontar o caminho para a iluminação de seus membros.
Como sinal de arrependimento pelo atentado no metrô de Tóquio, o chefe de relações públicas da Aleph, Hiroshi Araki, depositou flores na estação de Kasumigaseki, uma das mais atingidas do metrô, no último aniversário da tragédia, e declarou que seu grupo continua se esforçando para indenizar as vítimas do atentado.
http://noticias.terra.com.br/mundo/inte ... 94,00.html
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