Azathoth escreveu:A questão é; pode-se aplicar a hipótese da nulidade ( conceito da metodologia científica ) em premissas metafísicas ou ela própria não seria uma premissa metafísica também ( como diriam os pós-modernistas que dizem que todas as posições são equivalentes )?
A metafísica pode sim funcionar segundo os mesmos critérios popperianos de falseasionismo, a partir do momento que admitirmos que existem boas razões para desacreditar numa idéia metafísica. Popper até aplica isto na obra "Sociedade Aberta e seus Inimigos", onde ataca filósofos como Platão, Helgel e Wittgenstein, por construirem sistemas lógicamente irrefutáveis, pois é possível construir sistemas deste tipo que sejam contrários e antagônicos.
Um exemplo de falseação metafísica:
A teoria "O todo é maior que a parte" foi falseada ao ser provado que existem conjuntos onde a parte é tão grande quanto o todo: conjuntos numéricos infinitos. Ex:
N={0, 1, 2, 3, 4, 5, 6...}
N pares={0, 2, 4, 6...}
Apesar de parecer que o N tenha o dobro de elementos que o dos naturais pares, ambos tem uma relação biunívoca. Tanto que o N pares pode ser representado assim:
{0x2, 1X2, 2X2, 3X2 ...}
Assim, neste caso, é falso que o todo seja maior que a parte.
Espinoza estava ciente disto, e postulou que algo é infinito se não é concebível nada em seu gênero maior que isto. Esta idéia foi falseada quando Cantor demonstrou que certos conjuntos infinitos não tem correspondência biunívoca, como o dos Reais em comparação aos racionais e seus subconjuntos.
No caso do falseacionismo popperiano, este se baseia na posição metafísica do realismo moderado. Segundo o qual, não temos acesso suficiente à realidade para confirmar uma teoria, mas temos para provar que uma teoria é falsa. O próprio falseacionismo é falseável, pois basta encontrar algum caso no qual a mera contemplação gere a verdade absoluta e garantida daquilo que é contemplado.