da BBC Brasil
Estudantes franceses estão organizando protestos quase diários contra uma nova lei trabalhista voltada para todos que tenham menos de 26 anos. Muitos dos protestos acabaram em violência.
A nova lei visa facilitar, para empregadores, a contratação e a demissão de funcionários jovens.
O que a polêmica lei determina?
A lei que cria o Contrato do Primeiro Emprego (Contrat Premiere Embauche, em francês ou CPE) foi aprovada pelo Parlamento como parte de uma legislação mais ampla para dar oportunidades iguais que entra em vigor a partir de abril.
O CPE é um novo contrato voltado para menores de 26 anos que oferece um período de experiência de dois anos. Neste período empregadores podem cancelar o contrato sem oferecer explicações ou aviso. Para outros empregados, o período de experiência geralmente varia entre um e três meses.
Depois do período de dois anos, o CPE é transformado em um contrato normal de emprego.
Qual a razão para a introdução deste contrato?
O presidente francês, Jacques Chirac, e o governo do primeiro-ministro Dominique de Villepin alegam que o contrato é uma forma de empregar mais pessoas.
O governo francês está tentando diminuir o alto desemprego no país. A França é um dos países com a taxa de desemprego entre jovens mais alta em toda a Europa. Mais de 20% dos jovens na faixa etária entre 18 e 25 anos estão desempregados, o dobro da média nacional de desemprego que é de 9,6%.
Quais são os argumentos a favor e contra a nova lei?
O governo argumenta que a medida vai aumentar oportunidades para jovens trabalhadores já que muitos deles conseguem apenas contratos mais curtos de emprego.
Alguns empregadores afirmam que temem contratar novos funcionários devido a dificuldades para demitir estes funcionários caso eles não se adaptem ao cargo ou não sejam mais necessários.
Em uma entrevista a uma revista para jovens, o primeiro-ministro Dominique de Vileppin disse que é preciso dar uma chance para que a lei funcione, mas afirmou que a norma pode ser melhorada.
Os críticos da nova lei afirmam que este contrato poderá tornar ainda mais difícil para que jovens consigam um emprego permanente e poderá ser usada de forma imprópria por empresas maiores.
Sindicalistas e estudantes temem que a nova lei gere exploração dos empregados e pediram medidas para criação de empregos.
Uma pesquisa de opinião publicada no jornal Le Parisien na quinta-feira sugeriu que 68% dos franceses querem que o governo retire a lei.
Os protestos de estudantes estão relacionados aos distúrbios de rua de 2005?
O desemprego entre jovens e a falta de oportunidades foram apontados como causas dos protestos violentos nos bairros mais pobres da França em 2005.
O governo afirma que a nova lei vai ajudar jovens desempregados nestas áreas, onde as taxas de desempregos nesta faixa etária podem chegar a 40%.
O que o primeiro-ministro Dominique de Villepin está arriscando?
Depois dos distúrbios em bairros pobres em 2005 esta é a segunda crise grave que Villepin precisa enfrentar em seu primeiro ano no cargo.
O premiê afirma que está preparado para negociar alguns aspectos, mas já afirmou que não vai retirar a lei.
Villepin ainda conta com o apoio do presidente Jacques Chirac, que pediu o diálogo, mas insiste que o CPE é "um elemento importante" na luta contra o desemprego entre jovens.
A questão deve testar ainda mais a liderança de Villepin. Pesquisas de opinião sugerem que a maioria dos franceses acredita que o primeiro-ministro, que tem ambições presidenciais, tratou da reforma de forma desajeitada.
"Vede, pois, como ouvis; porque ao que tiver, se lhe dará; e ao que não tiver, até aquilo que julga ter lhe será tirado" (Lucas 8:18).
Caro C
