Preconceito.

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spink
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Preconceito.

Mensagem por spink »

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidi ... 200601.htm


SEXUALIDADE

Processo administrativo contra investigadora diz que ela se porta de "forma inadequada, não dignificando a instituição"

Policial transexual reclama de preconceito

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

A investigadora Renata Pereira de Azevedo, 26, afirma ser vítima de discriminação da própria Polícia Civil de São Paulo, onde trabalha desde 2001. Renata, que é transexual e na realidade se chama Renato, denunciou ao Ministério Público e à Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania integrantes da cúpula da polícia por prevaricação, abuso de autoridade e discriminação.
Renata entrou na polícia em 2001 e está afastada do cargo de investigadora em Campinas (SP) desde agosto de 2004 -quase um ano depois de começar a se vestir como mulher e após diagnóstico psiquiátrico de transexualismo. A assessoria da Secretaria da Segurança Pública afirma que a sexualidade não foi o motivo do afastamento da policial).
Desde então, ela colocou prótese nos seios e fez plásticas. Seus planos incluem fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Mesmo assim, continuou a trabalhar normalmente e chegou a ser promovida em março de 2004.
O afastamento de Renata, que continua recebendo seu salário de R$ 1.700 ao mês, ocorreu após ela responder a um processo administrativo por falsa comunicação de crime, que tramita sob sigilo. A polícia já pediu que ela seja demitida do cargo.
No processo de Renata contra a polícia, ao qual a Folha teve acesso, ela diz que está sendo perseguida por integrantes da corporação. A Secretaria da Justiça abriu um processo para investigar o caso no mês passado, e o Ministério Público irá apurar a denúncia.
Renata disse não poder conceder entrevista à Folha nem tirar fotografias pelo fato de o caso correr sob sigilo. Atestados médicos que estão no processo confirmam que ela possui "transtorno de gênero".
"Após dezenas de explicações e relatórios médicos sobre o meu caso, fui "tolerada" pelo doutor Miguel Voigth Júnior [delegado seccional de Campinas, na época], até o mesmo conseguir um motivo para me prejudicar administrativa e juridicamente", diz um trecho da denúncia encaminhada à Secretaria da Justiça, ao qual a Folha teve acesso.
Já no processo da Corregedoria da Polícia Civil, ela é acusada de comunicar falsamente a ocorrência de furto de um veículo que havia locado, no dia 15 de agosto de 2004, acusando de autoria seu namorado na época.
Posteriormente, ela alegou à polícia que a comunicação foi um equívoco e tentou retirar a queixa, mas o imbróglio resultou em um processo administrativo e depois em seu afastamento preventivo.
"Ela sofreu menções preconceituosas no processo administrativo, que nada têm a ver com a acusação que fizeram contra ela", disse a mãe, Maria Cecília Azevedo.
Um trecho do processo administrativo aberto na polícia, de 28 de março de 2005, diz que "consta ainda, nos autos, que o acusado vem se portando de forma inadequada ao cargo que exerce, não dignificando a instituição policial civil, eis que tem se apresentado trajado de mulher, alegando sofrer doença identificada como Transtorno de Identidade Sexual - CID 64, estando sob tratamento médico para mudança de sexo".
Um relatório médico de 12 de julho de 2005, assinado pelo psiquiatra Pedro Henrique Mendes Amparo, atesta que: "[Azevedo] é inequivocamente portador de um Transtorno de Gênero - CID X F 64, ou seja, apesar de seus documentos serem de um homem, psicologicamente, fisicamente, este homem não existe, mas uma mulher, aprisionada por registros civis (...)".
Em um ofício do dia 17 de agosto de 2004, no qual a Polícia Civil determina a apreensão de sua arma, consta que a corporação entende "seus problemas e apóia sua busca de solução. Ocorre que, logo após, o mesmo começou a se trajar como mulher, usando brincos, maquiagem etc.".
No mesmo documento, a polícia afirma que Renata "demonstra a inequívoca incapacidade de bem resolver a situação" e determinou a apreensão de sua arma, citando que o objeto estava "em sua bolsa [de mulher]".
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Poindexter
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Re.: Preconceito.

Mensagem por Poindexter »

Provas de que o processo administrativo é por ele ser transexual e não por falsa comunicação de crime?

Provas de que há preconceito neste caso?
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kaire
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Re: Re.: Preconceito.

Mensagem por kaire »

Poindexter escreveu:Provas de que o processo administrativo é por ele ser transexual e não por falsa comunicação de crime?

Provas de que há preconceito neste caso?


Só por curiosidade, morbida mesmo, tu chegou a ler todo o texto???? ou essa e só uma opniao pre-concebida????
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Poindexter
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Re: Re.: Preconceito.

Mensagem por Poindexter »

kaire escreveu:Só por curiosidade, morbida mesmo, tu chegou a ler todo o texto???? ou essa e só uma opniao pre-concebida????


Qual opinião?

PS: A propósito, eu li o texto sim, e justamente por isso respondi o que respondi.
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kaire
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Re: Preconceito.

Mensagem por kaire »

penna escreveu:Já no processo da Corregedoria da Polícia Civil, ela é acusada de comunicar falsamente a ocorrência de furto de um veículo que havia locado, no dia 15 de agosto de 2004, acusando de autoria seu namorado na época.


Nem traficante e preso por comunicar falso roubo no brasil hj em dia...

penna escreveu:Um trecho do processo administrativo aberto na polícia, de 28 de março de 2005, diz que "consta ainda, nos autos, que o acusado vem se portando de forma inadequada ao cargo que exerce, não dignificando a instituição policial civil, eis que tem se apresentado trajado de mulher, alegando sofrer doença identificada como Transtorno de Identidade Sexual - CID 64, estando sob tratamento médico para mudança de sexo".


Bom essa parte do texto deixa bem explicito o que realmente os caras nao gostaram....

penna escreveu:Em um ofício do dia 17 de agosto de 2004, no qual a Polícia Civil determina a apreensão de sua arma, consta que a corporação entende "seus problemas e apóia sua busca de solução. Ocorre que, logo após, o mesmo começou a se trajar como mulher, usando brincos, maquiagem etc.".
No mesmo documento, a polícia afirma que Renata "demonstra a inequívoca incapacidade de bem resolver a situação" e determinou a apreensão de sua arma, citando que o objeto estava "em sua bolsa [de mulher]".


Pow os caras colocaram no processo algo totalmente irrelevante para o mesmo, se o cara se veste de mulher, power ranger ou meninas super poderosas, ta e ridiculo, mas o processo deveria falar somente sobre o fato do rapaz ter comunicado um falso roubo, para o processo a maneira como ele se veste e totalmente relevante....
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Poindexter
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Re.: Preconceito.

Mensagem por Poindexter »

Sublinhado meu:

Desde então, ela colocou prótese nos seios e fez plásticas. Seus planos incluem fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Mesmo assim, continuou a trabalhar normalmente e chegou a ser promovida em março de 2004.



kaire escreveu:Nem traficante e preso por comunicar falso roubo no brasil hj em dia...


Em primeiro lugar, o sujeito não está preso.

Em segundo, tu quoque.
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Poindexter
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Re.: Preconceito.

Mensagem por Poindexter »

Agora, se agir do jeito que ele agia deve ou não ser permitido pela Polícia, isso é outra estória... eu estava me concentrando mais era no afastamento per se, e não é a questão da sexualidade que vai torná-lo menos ou mais justo.

Se o foco docês é este, penna e kaire, então eu passarei a contemplá-lo, então.
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kaire
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Re: Re.: Preconceito.

Mensagem por kaire »

kaire escreveu:Nem traficante e preso por comunicar falso roubo no brasil hj em dia...


Em primeiro lugar, o sujeito não está preso.

Em segundo, tu quoque.[/quote]

Duas coisas só, quando eu disse nem traficante e preso acho que fui generico por demais. O foco da frase deveria ser "um traficante fazendo uma falsa denuncia de roubo nao seria preso" em outras palavras mesmo tendo contra ele o fato dele ja ser traficante, o Meliante nao seria enquadrado.

A outra e que meu dicionario ta em casa e nao entendi essa expressao "tu quoque".
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kaire
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Re: Re.: Preconceito.

Mensagem por kaire »

Poindexter escreveu:Agora, se agir do jeito que ele agia deve ou não ser permitido pela Polícia, isso é outra estória... eu estava me concentrando mais era no afastamento per se, e não é a questão da sexualidade que vai torná-lo menos ou mais justo.

Se o foco docês é este, penna e kaire, então eu passarei a contemplá-lo, então.


Na verdade esse ponto de vista nem mesmo me passou pela cabeça, isso nao afeta em nada o desempenho da função. Do gênero, ser heterossexual, homossexal, ateu, teista, preto, branco, alto, baixo, nada disso influi na pericia de investigador.
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Poindexter
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Re: Re.: Preconceito.

Mensagem por Poindexter »

kaire escreveu:A outra e que meu dicionario ta em casa e nao entendi essa expressao "tu quoque".


Tu quoque é a falácia do "mas ele também fez..."

Exemplo:

Fiscal do Detran: você está multado por excesso de velocidade

Condutor: não posso ser multado não, porque quando os fiscais pararam o meu amigo, o Pedro, por excesso de velocidade, tiveram pena dele e não o multaram!

Em suma: não é porque não estão punindo traficantes por certos crimes que se torna errado punir o investigador. O correto seria todos serem punidos.
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kaire
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Re: Re.: Preconceito.

Mensagem por kaire »

Poindexter escreveu:Tu quoque é a falácia do "mas ele também fez..."

Exemplo:

Fiscal do Detran: você está multado por excesso de velocidade

Condutor: não posso ser multado não, porque quando os fiscais pararam o meu amigo, o Pedro, por excesso de velocidade, tiveram pena dele e não o multaram!

Em suma: não é porque não estão punindo traficantes por certos crimes que se torna errado punir o investigador. O correto seria todos serem punidos.


Humm, bem interessante. Colocando desse modo parece fica bonito e bem na fita. Mas esse tipo de frase e uma faca de dois gumes, pois e o tipo de colocação que cria a situação perfeita para muitos lesados entrarem com processos por discriminação.

Seguindo tua linha, se um outro policial faz o mesmo e não e punido, eles chegam e punem aquele de quem eles não gostam. Mesmo com a falacia embutida no raciocinio, ainda e preconceito. Afinal, ou se pune a todos ou nao se pune ninguem. Como diz um amigo meu, "nosso sistema prima pela maxima: antes um culpado solto que um inocente preso".
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Poindexter
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Re: Re.: Preconceito.

Mensagem por Poindexter »

kaire escreveu: Como diz um amigo meu, "nosso sistema prima pela maxima: antes um culpado solto que um inocente preso".


Justamente por dar excessivo valor à essa frase feita, que nosso sistema não está resolvendo praticamente p*rra nenhuma dos problemas de criminalidade que enfrenta o Brasil.

O resto eu comento depois. Foi interessante o que você escreveu, muito embora fora de contexto (não se falou em OUTROS investigadores em todo o texto de abertura do tópico).
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Christiano
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Re.: Preconceito.

Mensagem por Christiano »

Aqui em Assis, uma moça tinha feito boletim de ocorrência por roubo do carro dela. Depois de algum tempo, a polícia encontrou o carro próximo ao Mercado Municipal de Assis. Quando ela foi pegar o carro, ela confessou, muito sem graça, que tinha esquecido onde tinha estacionado o carro. Ela poderia muito bem ter sido processada por falsa comunicação de crime. Mas não foi. O caso desse travesti parece ser o mesmo. Com o agravante de que ele (ou ela) é policial militar.

Mesmo que esse caso da reportagem não seja um caso de proconceito, isso não quer dizer que a polícia brasileira não esteja cheia de policiais civis e militares preconceituosos (e me refiro tanto a preconceito racial quanto de orientação sexual). Um caso que exemplifica muito bem é o caso dos rapazes que foram espancados no RJ por estarem se beijando e a polícia simplesmente não fez nada para prender os criminosos, mesmo tendo identificado e localizado eles.
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King In Crimson
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Re.: Preconceito.

Mensagem por King In Crimson »

O fato de ele ter sido promovido não significa que era respeitado e admirado por lá. Ninguém conhece as circunstâncias.
Mas os trechos do proceso são bem claros.

Trancado