Reencarnação e Super Psi
- Vitor Moura
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Reencarnação e Super Psi
[center]Reencarnação e Super Psi[/center]
A Percepção Extra-Sensorial (ou simplesmente PES) se refere a uma suposta capacidade humana ligada à aquisição de conhecimento sem o uso dos sentidos comuns. Já a Psicocinésia (PK, do inglês, psychokinesis) seria uma forma de ação humana sobre o meio físico em que não seriam utilizados quaisquer mediadores ou agentes (músculos ou forças físicas) conhecidos. O conjunto PES + PK seria a hipótese PSI, e pode ser definida como uma hipótese de interação entre o ser humano e o meio sem o uso dos sentidos, dos músculos ou de qualquer força/agente físico conhecido.
Dentre as faculdades que fariam parte do conjunto conhecido como PES, estariam:
a) Precognição – conhecimento do futuro não explicável pela ciência atual.
b) Telepatia – transferência do próprio pensamento para outra pessoa.
c) Retrocognição – conhecimento do passado não explicável pela ciência atual.
d) Clarividência ou Visão Remota – a capacidade de ver coisas além do alcance da visão.
e) Clariaudição – a capacidade de ouvir coisas além do alcance da audição.
Super Psi seria o uso dessas faculdades a um nível tal que não importaria a dificuldade da tarefa, qualquer tipo de informação teoricamente poderia ser acessada por essa hipótese. Isso não quer dizer que a Hipótese Psi não tenha limites, apenas significa que como não conhecemos seus limites, não podemos delimitá-los a priori. Conseqüentemente, não poderíamos partir para a hipótese de Sobrevivência enquanto não descobríssemos esses limites. Para facilitar o entendimento disto, usemos de um exemplo: conhecemos os limites da audição humana. Se um indivíduo está numa sala à prova de som, e em outra sala alguém liga um liquidificador, e este indivíduo declara ‘estou ouvindo um liquidificador’, sabemos que esta informação não chegou por vias sonoras, e podemos partir para outras explicações. Como não conhecemos os limites de psi, ao menos no momento, não poderíamos usar a hipótese de Sobrevivência como hipótese científica legítima, pois não é possível afirmar que determinado efeito excede as capacidades psi!
Esse problema já havia sido observado no Brasil pelo engenheiro e parapsicólogo Hernani Guimarães Andrade, que no livro Renasceu por Amor, reporta-se a ele do seguinte modo (pág. 237):
“Para os casos que aparentam reencarnação [...], a hipótese da ESP [...] tem sido freqüentemente evocada. Os adeptos dessa modalidade de explicação reducionista acham dispensável a tese da reencarnação. Eles consideram que essa hipótese exige um princípio que postula a sobrevivência após a morte, bem como a exigência do Espírito. Segundo os reducionistas, nenhum desses postulados foi cientificamente demonstrado. Portanto, tais premissas complicam a solução proposta, uma vez que o método científico pede que se adotem as prescrições de William de Ockham (1300-1349). Entre outras coisas, Ockham recomenda que as hipóteses mais aceitáveis sejam aquelas que exigem o menor número de postulados, ou suposições, a priori (Navalha de Ockham): Entia non sunt multilicanda praeter necessitatem. Isso significa: “Os princípios não devem ser multiplicados além da necessidade”.
Ora, a ESP já foi demonstrada, experimentalmente, em laboratório. Portanto, ela representa um fato científico e não uma suposição. A existência do Espírito e a sobrevivência, segundo os próprios parapsicólogos ortodoxos, ainda não foram demonstradas cientificamente. Por isso, eles consideram como explicação mais simples, para os casos de manifestações mediúnicas e igualmente para as “supostas recordações reencarnatórias”, [...] a ESP”.
É discutível se a ESP já foi demonstrada em laboratório. Alguns parapsicólogos, na verdade, são mais cuidadosos. O que afirmam é que a Parapsicologia tem condições de reproduzir alguns fenômenos de forma experimental, obtendo resultados impossíveis de serem explicados pelas teorias da ciência, como os testes Ganzfeld, por exemplo. Isso não seria necessariamente uma demonstração da existência de psi, e sim apenas de uma anomalia, que pode ser resultado de psi, mas necessitando de mais pesquisas para sanar a dúvida.
Hernani prossegue dizendo que os resultados obtidos em laboratório são muito mais modestos do que os se observam nos estudos de caso, em ambiente natural. Para o parapsicólogo Stephen Braude, no entanto, essa é uma posição ingênua:
Parapsicólogos e outros tendem a abordar o estudo de psi com o conjunto padrão de suposições tácitas indefensáveis. Primeiro, eles freqüentemente assumem que se psi ocorre, ocorre unicamente em um grau bastante modesto. Segundo, eles usualmente assumem que quando efeitos psi observáveis (e não meramente demonstráveis estatisticamente) ocorrem, estes efeitos serão suficientemente evidentes ou incomuns para serem identificados como eventos psi.
Ambas as suposições, contudo, são intoleravelmente ingênuas. Na verdade, a primeira é metodologicamente notória. Dado o nosso presente grau de ignorância no que concerne o funcionamento psíquico, nós simplesmente não temos bases para colocar antecedentes de limites de qualquer tipo em sua extensão ou refinamento. Para aceitar este ponto, não importa se nós acreditamos que o funcionamento psíquico ocorre ou se nós somos simplesmente céticos de mente aberta considerando a mera hipótese de que psi ocorra. Se psi pode ocorrer em qualquer extensão, então até que tenhamos evidência do contrário, nós devemos assumir que psi pode ocorrer em qualquer nível de magnitude ou sofisticação. De fato, nós não somente não possuímos evidência contra a possibilidade de psi ilimitado como, na verdade, certos corpos de dados dão suporte a isso.
A segunda suposição não comprovada usualmente aparece em tentativas de argumentar que simplesmente não há evidência para super-psi. Muitos protestam que se super-psi ocorreu, este se faria conhecido para nós; mas (eles argumentariam), nós não temos evidência de que pessoas podem fazer coisas como afetar psicocineticamente o tempo ou fazer aviões caírem, ou levar a cabo espionagens psíquicas sofisticadas e detalhadas. A suposição que espreita embaixo deste argumento é que ocorrências de super-psi na vida cotidiana serão geralmente conspícuas ou facilmente identificáveis como tais, e que elas não serão simplesmente misturadas ou mascaradas pela extensa rede de eventos normais circunvizinhos. Mas essa suposição é claramente deficiente (para uma discussão detalhada do assunto, veja Braude, 1989). No que diz respeito aos fenômenos físicos, não há necessidade de haver diferença observável entre (digamos) um ataque cardíaco ou uma batida de carro normal e outra causada por PK. A única diferença pode estar nas suas inobserváveis histórias causais. Semelhantemente, não há razão para supor que informação colhida por ESP tenha que nos atingir a cabeça com sua obviedade. Ela não precisa carregar algum marcador – um análogo fenomenológico para um adorno de trompetes – que a identifique como paranormalmente derivada ao invés de fortuita ou internamente gerada de modo normal.
Quando nós pensamos sobre a possível operação de super-psi, nós devemos ter cuidado para não supor que ela funcione em total isolamento da gama completa de necessidades e capacidades orgânicas humanas. Muito pelo contrário; é mais razoável supor que psi tenha algum papel na vida, que ela pode ser dirigida por nossas mais profundas necessidades e medos (mais do que aquelas das quais estamos imediatamente ou conscientemente cientes), e que ela não ocorre somente quando parapsicólogos saem para procurá-la. Além disso, se funcionamento psíquico pode ser um componente da vida cotidiana, nós devemos estar abertos para a possibilidade de que, assim como manifestações de outras capacidades orgânicas, ocorrências de psi irão cobrir uma gama que vai das dramáticas e conspícuas até as mundanas e inconspícuas.
O que poderia, portanto, fazer a balança “pender” para a hipótese de sobrevivência? Alan Gauld em seu livro Mediunidade e Sobrevivência, levando em conta tanto a evidência oferecida dos casos mediúnicos quanto dos casos de memórias de vidas passadas, considera que características de personalidade mais positivas poderiam ser o marco divisor entre as duas hipóteses, a saber;
a) propósitos distintos
b) habilidades, capacidades
c) hábitos
d) modo de falar
e) esforços para se comunicar
f) anseios
g) pontos de vista.
As letras “a” e “e” são basicamente referentes a comunicações mediúnicas, e em especial a casos de comunicadores “esporádicos”, que seriam os comunicadores que chegam sem ser convidados, e são manifestamente desconhecidos do médium e assistentes. Para estes casos, Gauld imagina ter encontrado dois graves empecilhos para a hipótese de PES ou Super-Psi:
O primeiro destes problemas evidencia-se se perguntarmos por que, em qualquer caso de “esporádico”, a suposta PES do médium teria se focalizado sobre fatos daquele morto em particular. [...] vemo-nos compelidos, sob a hipótese da super-PES, a supor que a seleção do comunicador só depende da operação aleatória de fatores totalmente desconhecidos.
O segundo conjunto de dificuldades que os casos “esporádicos” podem originar para a hipótese da super-PES é a localização da informação, muito mais complexa e difícil. Na maioria destes casos, sem dúvida, deve haver uma fonte única, assim como algum escrito, ou a memória de alguma pessoa viva, de onde o médium. Através de sua suposta percepção extra-sensorial, obtém toda sua informação. Mas, e se (e alguns casos podem se aproximar deste tipo) a informação só pudesse ser coletada de várias fontes distintas, como as memórias de várias pessoas vivas, ou vários registros escritos? Como o médium, tendo selecionado o morto que vai apresentar a seus assistentes, vai selecionar, dentre todas as informações que lhe são disponíveis telepática e clarividentemente, só a que for importante para aquela pessoa? Não creio que seja possível dar importância a esse tema que, na verdade, é remotamente plausível.
Braude refuta tais características como indicativas de sobrevivência do seguinte modo:
Ambos os alegados problemas me parecem superestimados. De fato, o segundo pode ser dispensado bastante rapidamente. Já que atualmente nós não temos bases para impor quaisquer antecedentes de limites à extensão ou refinamento do funcionamento psíquico, nós simplesmente não estamos em posição de colocar que o acesso a múltiplas fontes de informação obscura é algo mais imponente do que o acesso a uma única fonte. Ao avaliarmos a hipótese super-psi, nós devemos tomar cuidado para não tratar os processos envolvidos como se eles fossem simplesmente uma coleção de psi realmente bom, do tipo que aparentemente vemos em formas limitadas em alguns experimentos de laboratório. Quando nós fazemos isso, é fácil pensar que o funcionamento de psi envolve um esforço de algum tipo, e que se uma performance psi é difícil, muitas outras deveriam estar fora de questão. Mas na realidade, em toda a sua riqueza intimidante, a hipótese super-psi deveria, talvez, ser chamada de hipótese varinha mágica. Isso coloca que (tanto quanto sabemos) qualquer coisa pode acontecer, dada a necessidade relevante para isso ocorrer. Por exemplo, nós não precisamos supor que PK refinado deva ser acompanhado por constante vigilância ESP dos resultados das atividades de alguém, do modo como dirigir um carro requer avaliação sensória. Pode ser suficiente simplesmente desejar que alguma coisa ocorra, e então tal coisa ocorra. Complexidade de tarefa simplesmente não é uma questão (ironicamente, a irrelevância da complexidade de tarefa foi enfatizada até mesmo em experimentos de laboratório com geradores de números aleatórios; veja Braude, 1979; Schmidt, 1975, 1976).
O primeiro problema em explicar a identidade do comunicador ergue um conjunto de questões bastante diferentes. Gauld nota corretamente que a hipótese de sobrevivência possui vantagens óbvias quando ela vem para explicar porque o médium seleciona uma pessoa falecida desconhecida ao invés de outra pessoa desconhecida como o sujeito para suas pesquisas extra-sensoriais. A própria pessoa morta se seleciona (1982, pg. 61).
Realmente, como Stevenson certa vez observou, “Alguns comunicadores “esporádicos” explicaram sua presença muito bem” (1970, pg. 63). Mas de acordo com Gauld, na hipótese super-psi “vemo-nos compelidos... a supor que a seleção do comunicador só depende da operação aleatória de fatores totalmente desconhecidos” (1982, pg. 59). Stevenson concorda, e seu modo de colocar o ponto expõe em cheio suas fraquezas. Ele escreve:
“Já que a teoria [de super-psi] assume que personalidades desencarnadas não existem, ela tem que atribuir motivo para uma particular comunicação mediúnica ou experiência fantasmagórica ao sujeito. Mas evidência de tal motivo não está sempre disponível, e nós não deveríamos assumir que ele existe na ausência de tal evidência.” (1984, pg. 159).
A resposta adequada para isto tem duas partes: primeiro, nós não deveríamos assumir que tal evidência está ausente a menos que procuremos por ela, e segundo, que dificilmente alguém procura por isto, a não ser que de modo ingênuo nós esperemos que questionários ou conversas casuais revelem os mais profundos segredos da alma de alguém, ou as buscas superficiais ou não muito entusiásticas que são usualmente conduzidas pelos preguiçosos ou amedrontados. Se os motivos em questão existem, é improvável que eles se revelem para os tipos de investigações superficiais que Stevenson e outros conduzem. Sem um exame extenso e penetrante das vidas do pessoal claramente relevante (e talvez até mesmo do pessoal aparentemente periférico), nós simplesmente não estamos em posição de rejeitar explicações em termos de super-psi motivado.
O pontos “b” serve tanto para casos de memórias de vidas passadas quanto de comunicações mediúnicas. Braude resume esse ponto do seguinte modo:
Mera informação ou conhecimento do propósito é o tipo de coisa que pode ser adquirido simplesmente por um processo de comunicação (normal ou paranormal). Mas habilidades, tal como tocar um instrumento musical ou falar uma linguagem, não podem ser explicados tão facilmente. Certamente, obter informação é freqüentemente uma parte necessária do desenvolvimento de habilidade; mas dificilmente é suficiente. Isto porque habilidades são os tipos de coisas que as pessoas desenvolvem só depois de um período de prática. Mas desde que os indivíduos em casos de sobrevivência que exibem habilidades anômalas não tiveram nenhuma oportunidade de praticá-los primeiramente, é razoável rejeitar explicações em termos de super-PES e recorrer a explicações de sobrevivência em vez disso.
E refuta-o:
A evidência para a persistência de habilidades sugerindo sobrevivência não contém nada melhor que a evidência para xenoglossia de resposta, e o melhor desses casos não demonstra a manifestação de habilidades radicalmente descontínuas das outras capacidades do indivíduo. Conseqüentemente, até que alguém faça algo comparável a tocar piano, sem nunca antes ter tocado um instrumento musical nem exibido qualquer capacidade musical, eu penso que nós devemos concluir que esta porção da evidência para sobrevivência é consideravelmente menos impressionante do que seus proponentes alegaram.
Os pontos “c”, “d”, “f” e “g” não parecem terem sido trabalhados por Braude. Matlock, em seu livro Past Life Memory Case Studies, referindo-se exclusivamente à evidência oferecida para a reencarnação, parece mesmo utilizar o ponto “g” como evidência de sobrevivência. Diz:
Muitos erros que os indivíduos fazem pareceriam concordar melhor com as características de memória do que de PES. Uma explicação simples de PES não pode explicar prontamente por que alguns indivíduos têm dificuldade para reconhecer pessoas e lugares que mudaram substancialmente desde a morte da pessoa prévia. Apenas PES também teria dificuldade para produzir memórias comportamentais e físicas.
É certo que apenas PES não pode produzir as memórias físicas. Entretanto, se as marcas e defeitos de nascimento forem fruto do acaso, PES poderia agir, ainda que inconscientemente, como um desejo da criança de querer explicar tais diferenças em relação às demais pessoas, “rastreando” um indivíduo já falecido cuja morte tivesse sido fruto de ferimentos ou ocasionado ferimentos nos mesmos locais que os seus.
Talvez o primeiro pensamento contra essa hipótese seria de que, neste caso, teríamos dezenas de crianças diferentes lembrando a mesma vida prévia, no entanto, não encontramos até hoje tal situação nos estudos de caso. Os parapsicólogos adeptos da explicação reducionista recorrem mais uma vez ao que observam nos testes experimentais de PES, chamados cabra-ovelha, em que ovelha seria o indivíduo crente de que psi existe, e cabra o descrente. As ovelhas tendem a obter resultados significativamente acima do esperado pelo acaso, e as cabras significativamente abaixo (o chamado psi-missing). Parece razoável supor, portanto, que psi age de acordo com a crença do indivíduo, reconhecendo os diferentes alvos e se desviando daqueles que fogem à sua crença. Como as culturas que acreditam na reencarnação geralmente afirmam que o espírito é indivisível, não podendo reencarnar em dois corpos ao mesmo tempo – uma exceção são algumas seitas budistas – psi agiria de forma a não repetir uma escolha já feita por outra criança.
Só que essa explicação traz outro problema. Há casos de reencarnação que vão diretamente contra a crença cultural. O próprio fato de termos seitas budistas que acreditam que o mesmo espírito pode habitar dois corpos ao mesmo tempo e até o momento não ter-se encontrado tal situação torna tal interpretação problemática. Matlock cita também o caso dos Drusos, que acreditam que a reencarnação ocorre imediatamente após a morte, mas o intervalo médio de reencarnação – o tempo transcorrido desde a morte da pessoa prévia até o nascimento do indivíduo – para casos Drusos é de 8 meses, mais curto que de qualquer cultura excetuando-se os Haida – cujo intervalo médio é a metade – mas ainda longe de ser o que a crença prediria. Menciona ainda que “os Drusos evitam o embaraçoso problema hipotetizando que breves vidas intermediárias não são lembradas, embora os próprios indivíduos Drusos raramente aleguem se lembrar de vidas intermediárias ou dêem outra evidência de terem vivido tais vidas”.
Outro fato que emerge dos dados das pesquisas é o pouquíssimo número de alegações de humanos que teriam sido animais na vida prévia. Dado que a crença que os seres humanos podem renascer como animais é bastante comum, não sendo apenas encontrada no Hinduismo e Budismo, mas também por toda a África e entre algumas tribos indígenas Americanas, isto é algo surpreendente. Stevenson registrou apenas 3 casos desse tipo, em que os indivíduos teriam sido uma lebre, um macaco e um boi.
Porém, talvez a maior objeção a esta hipótese seja a questão do carma. O carma é um conceito que varia de cultura para cultura, e o ideal seria que fosse analisado minuciosamente em cada uma delas, mas, em linhas gerais, diz que as ações do indivíduo numa vida determinam as suas circunstâncias futuras. No entanto, não é o que encontramos com relação a casos com marcas e defeitos de nascimento, em que é a vítima que continua a “sofrer” pelas ações do seu agressor, e não o próprio agressor que sofre a conseqüência de suas ações. Três ressalvas precisam ser feitas, contudo:
1ª - Stevenson diz que, a bem da verdade, não sabe ao certo o que ocorre com os agressores, já que são bem poucos os casos registrados com eles.
2ª - Existem apenas 3 casos registrados que dão algum suporte à idéia de carma.
3ª - Tucker acrescenta que as circunstâncias do indivíduo na vida atual são devidas não só às ações na última vida mas também em quaisquer das vidas passadas, então avaliar os efeitos do carma apenas se baseando na última vida é difícil.
Mesmo considerando-se essas ressalvas, a impressão que fica é que esperava-se um maior número de casos que fornecessem uma evidência mais robusta para essa idéia, caso a hipótese psi estivesse correta.
A Percepção Extra-Sensorial (ou simplesmente PES) se refere a uma suposta capacidade humana ligada à aquisição de conhecimento sem o uso dos sentidos comuns. Já a Psicocinésia (PK, do inglês, psychokinesis) seria uma forma de ação humana sobre o meio físico em que não seriam utilizados quaisquer mediadores ou agentes (músculos ou forças físicas) conhecidos. O conjunto PES + PK seria a hipótese PSI, e pode ser definida como uma hipótese de interação entre o ser humano e o meio sem o uso dos sentidos, dos músculos ou de qualquer força/agente físico conhecido.
Dentre as faculdades que fariam parte do conjunto conhecido como PES, estariam:
a) Precognição – conhecimento do futuro não explicável pela ciência atual.
b) Telepatia – transferência do próprio pensamento para outra pessoa.
c) Retrocognição – conhecimento do passado não explicável pela ciência atual.
d) Clarividência ou Visão Remota – a capacidade de ver coisas além do alcance da visão.
e) Clariaudição – a capacidade de ouvir coisas além do alcance da audição.
Super Psi seria o uso dessas faculdades a um nível tal que não importaria a dificuldade da tarefa, qualquer tipo de informação teoricamente poderia ser acessada por essa hipótese. Isso não quer dizer que a Hipótese Psi não tenha limites, apenas significa que como não conhecemos seus limites, não podemos delimitá-los a priori. Conseqüentemente, não poderíamos partir para a hipótese de Sobrevivência enquanto não descobríssemos esses limites. Para facilitar o entendimento disto, usemos de um exemplo: conhecemos os limites da audição humana. Se um indivíduo está numa sala à prova de som, e em outra sala alguém liga um liquidificador, e este indivíduo declara ‘estou ouvindo um liquidificador’, sabemos que esta informação não chegou por vias sonoras, e podemos partir para outras explicações. Como não conhecemos os limites de psi, ao menos no momento, não poderíamos usar a hipótese de Sobrevivência como hipótese científica legítima, pois não é possível afirmar que determinado efeito excede as capacidades psi!
Esse problema já havia sido observado no Brasil pelo engenheiro e parapsicólogo Hernani Guimarães Andrade, que no livro Renasceu por Amor, reporta-se a ele do seguinte modo (pág. 237):
“Para os casos que aparentam reencarnação [...], a hipótese da ESP [...] tem sido freqüentemente evocada. Os adeptos dessa modalidade de explicação reducionista acham dispensável a tese da reencarnação. Eles consideram que essa hipótese exige um princípio que postula a sobrevivência após a morte, bem como a exigência do Espírito. Segundo os reducionistas, nenhum desses postulados foi cientificamente demonstrado. Portanto, tais premissas complicam a solução proposta, uma vez que o método científico pede que se adotem as prescrições de William de Ockham (1300-1349). Entre outras coisas, Ockham recomenda que as hipóteses mais aceitáveis sejam aquelas que exigem o menor número de postulados, ou suposições, a priori (Navalha de Ockham): Entia non sunt multilicanda praeter necessitatem. Isso significa: “Os princípios não devem ser multiplicados além da necessidade”.
Ora, a ESP já foi demonstrada, experimentalmente, em laboratório. Portanto, ela representa um fato científico e não uma suposição. A existência do Espírito e a sobrevivência, segundo os próprios parapsicólogos ortodoxos, ainda não foram demonstradas cientificamente. Por isso, eles consideram como explicação mais simples, para os casos de manifestações mediúnicas e igualmente para as “supostas recordações reencarnatórias”, [...] a ESP”.
É discutível se a ESP já foi demonstrada em laboratório. Alguns parapsicólogos, na verdade, são mais cuidadosos. O que afirmam é que a Parapsicologia tem condições de reproduzir alguns fenômenos de forma experimental, obtendo resultados impossíveis de serem explicados pelas teorias da ciência, como os testes Ganzfeld, por exemplo. Isso não seria necessariamente uma demonstração da existência de psi, e sim apenas de uma anomalia, que pode ser resultado de psi, mas necessitando de mais pesquisas para sanar a dúvida.
Hernani prossegue dizendo que os resultados obtidos em laboratório são muito mais modestos do que os se observam nos estudos de caso, em ambiente natural. Para o parapsicólogo Stephen Braude, no entanto, essa é uma posição ingênua:
Parapsicólogos e outros tendem a abordar o estudo de psi com o conjunto padrão de suposições tácitas indefensáveis. Primeiro, eles freqüentemente assumem que se psi ocorre, ocorre unicamente em um grau bastante modesto. Segundo, eles usualmente assumem que quando efeitos psi observáveis (e não meramente demonstráveis estatisticamente) ocorrem, estes efeitos serão suficientemente evidentes ou incomuns para serem identificados como eventos psi.
Ambas as suposições, contudo, são intoleravelmente ingênuas. Na verdade, a primeira é metodologicamente notória. Dado o nosso presente grau de ignorância no que concerne o funcionamento psíquico, nós simplesmente não temos bases para colocar antecedentes de limites de qualquer tipo em sua extensão ou refinamento. Para aceitar este ponto, não importa se nós acreditamos que o funcionamento psíquico ocorre ou se nós somos simplesmente céticos de mente aberta considerando a mera hipótese de que psi ocorra. Se psi pode ocorrer em qualquer extensão, então até que tenhamos evidência do contrário, nós devemos assumir que psi pode ocorrer em qualquer nível de magnitude ou sofisticação. De fato, nós não somente não possuímos evidência contra a possibilidade de psi ilimitado como, na verdade, certos corpos de dados dão suporte a isso.
A segunda suposição não comprovada usualmente aparece em tentativas de argumentar que simplesmente não há evidência para super-psi. Muitos protestam que se super-psi ocorreu, este se faria conhecido para nós; mas (eles argumentariam), nós não temos evidência de que pessoas podem fazer coisas como afetar psicocineticamente o tempo ou fazer aviões caírem, ou levar a cabo espionagens psíquicas sofisticadas e detalhadas. A suposição que espreita embaixo deste argumento é que ocorrências de super-psi na vida cotidiana serão geralmente conspícuas ou facilmente identificáveis como tais, e que elas não serão simplesmente misturadas ou mascaradas pela extensa rede de eventos normais circunvizinhos. Mas essa suposição é claramente deficiente (para uma discussão detalhada do assunto, veja Braude, 1989). No que diz respeito aos fenômenos físicos, não há necessidade de haver diferença observável entre (digamos) um ataque cardíaco ou uma batida de carro normal e outra causada por PK. A única diferença pode estar nas suas inobserváveis histórias causais. Semelhantemente, não há razão para supor que informação colhida por ESP tenha que nos atingir a cabeça com sua obviedade. Ela não precisa carregar algum marcador – um análogo fenomenológico para um adorno de trompetes – que a identifique como paranormalmente derivada ao invés de fortuita ou internamente gerada de modo normal.
Quando nós pensamos sobre a possível operação de super-psi, nós devemos ter cuidado para não supor que ela funcione em total isolamento da gama completa de necessidades e capacidades orgânicas humanas. Muito pelo contrário; é mais razoável supor que psi tenha algum papel na vida, que ela pode ser dirigida por nossas mais profundas necessidades e medos (mais do que aquelas das quais estamos imediatamente ou conscientemente cientes), e que ela não ocorre somente quando parapsicólogos saem para procurá-la. Além disso, se funcionamento psíquico pode ser um componente da vida cotidiana, nós devemos estar abertos para a possibilidade de que, assim como manifestações de outras capacidades orgânicas, ocorrências de psi irão cobrir uma gama que vai das dramáticas e conspícuas até as mundanas e inconspícuas.
O que poderia, portanto, fazer a balança “pender” para a hipótese de sobrevivência? Alan Gauld em seu livro Mediunidade e Sobrevivência, levando em conta tanto a evidência oferecida dos casos mediúnicos quanto dos casos de memórias de vidas passadas, considera que características de personalidade mais positivas poderiam ser o marco divisor entre as duas hipóteses, a saber;
a) propósitos distintos
b) habilidades, capacidades
c) hábitos
d) modo de falar
e) esforços para se comunicar
f) anseios
g) pontos de vista.
As letras “a” e “e” são basicamente referentes a comunicações mediúnicas, e em especial a casos de comunicadores “esporádicos”, que seriam os comunicadores que chegam sem ser convidados, e são manifestamente desconhecidos do médium e assistentes. Para estes casos, Gauld imagina ter encontrado dois graves empecilhos para a hipótese de PES ou Super-Psi:
O primeiro destes problemas evidencia-se se perguntarmos por que, em qualquer caso de “esporádico”, a suposta PES do médium teria se focalizado sobre fatos daquele morto em particular. [...] vemo-nos compelidos, sob a hipótese da super-PES, a supor que a seleção do comunicador só depende da operação aleatória de fatores totalmente desconhecidos.
O segundo conjunto de dificuldades que os casos “esporádicos” podem originar para a hipótese da super-PES é a localização da informação, muito mais complexa e difícil. Na maioria destes casos, sem dúvida, deve haver uma fonte única, assim como algum escrito, ou a memória de alguma pessoa viva, de onde o médium. Através de sua suposta percepção extra-sensorial, obtém toda sua informação. Mas, e se (e alguns casos podem se aproximar deste tipo) a informação só pudesse ser coletada de várias fontes distintas, como as memórias de várias pessoas vivas, ou vários registros escritos? Como o médium, tendo selecionado o morto que vai apresentar a seus assistentes, vai selecionar, dentre todas as informações que lhe são disponíveis telepática e clarividentemente, só a que for importante para aquela pessoa? Não creio que seja possível dar importância a esse tema que, na verdade, é remotamente plausível.
Braude refuta tais características como indicativas de sobrevivência do seguinte modo:
Ambos os alegados problemas me parecem superestimados. De fato, o segundo pode ser dispensado bastante rapidamente. Já que atualmente nós não temos bases para impor quaisquer antecedentes de limites à extensão ou refinamento do funcionamento psíquico, nós simplesmente não estamos em posição de colocar que o acesso a múltiplas fontes de informação obscura é algo mais imponente do que o acesso a uma única fonte. Ao avaliarmos a hipótese super-psi, nós devemos tomar cuidado para não tratar os processos envolvidos como se eles fossem simplesmente uma coleção de psi realmente bom, do tipo que aparentemente vemos em formas limitadas em alguns experimentos de laboratório. Quando nós fazemos isso, é fácil pensar que o funcionamento de psi envolve um esforço de algum tipo, e que se uma performance psi é difícil, muitas outras deveriam estar fora de questão. Mas na realidade, em toda a sua riqueza intimidante, a hipótese super-psi deveria, talvez, ser chamada de hipótese varinha mágica. Isso coloca que (tanto quanto sabemos) qualquer coisa pode acontecer, dada a necessidade relevante para isso ocorrer. Por exemplo, nós não precisamos supor que PK refinado deva ser acompanhado por constante vigilância ESP dos resultados das atividades de alguém, do modo como dirigir um carro requer avaliação sensória. Pode ser suficiente simplesmente desejar que alguma coisa ocorra, e então tal coisa ocorra. Complexidade de tarefa simplesmente não é uma questão (ironicamente, a irrelevância da complexidade de tarefa foi enfatizada até mesmo em experimentos de laboratório com geradores de números aleatórios; veja Braude, 1979; Schmidt, 1975, 1976).
O primeiro problema em explicar a identidade do comunicador ergue um conjunto de questões bastante diferentes. Gauld nota corretamente que a hipótese de sobrevivência possui vantagens óbvias quando ela vem para explicar porque o médium seleciona uma pessoa falecida desconhecida ao invés de outra pessoa desconhecida como o sujeito para suas pesquisas extra-sensoriais. A própria pessoa morta se seleciona (1982, pg. 61).
Realmente, como Stevenson certa vez observou, “Alguns comunicadores “esporádicos” explicaram sua presença muito bem” (1970, pg. 63). Mas de acordo com Gauld, na hipótese super-psi “vemo-nos compelidos... a supor que a seleção do comunicador só depende da operação aleatória de fatores totalmente desconhecidos” (1982, pg. 59). Stevenson concorda, e seu modo de colocar o ponto expõe em cheio suas fraquezas. Ele escreve:
“Já que a teoria [de super-psi] assume que personalidades desencarnadas não existem, ela tem que atribuir motivo para uma particular comunicação mediúnica ou experiência fantasmagórica ao sujeito. Mas evidência de tal motivo não está sempre disponível, e nós não deveríamos assumir que ele existe na ausência de tal evidência.” (1984, pg. 159).
A resposta adequada para isto tem duas partes: primeiro, nós não deveríamos assumir que tal evidência está ausente a menos que procuremos por ela, e segundo, que dificilmente alguém procura por isto, a não ser que de modo ingênuo nós esperemos que questionários ou conversas casuais revelem os mais profundos segredos da alma de alguém, ou as buscas superficiais ou não muito entusiásticas que são usualmente conduzidas pelos preguiçosos ou amedrontados. Se os motivos em questão existem, é improvável que eles se revelem para os tipos de investigações superficiais que Stevenson e outros conduzem. Sem um exame extenso e penetrante das vidas do pessoal claramente relevante (e talvez até mesmo do pessoal aparentemente periférico), nós simplesmente não estamos em posição de rejeitar explicações em termos de super-psi motivado.
O pontos “b” serve tanto para casos de memórias de vidas passadas quanto de comunicações mediúnicas. Braude resume esse ponto do seguinte modo:
Mera informação ou conhecimento do propósito é o tipo de coisa que pode ser adquirido simplesmente por um processo de comunicação (normal ou paranormal). Mas habilidades, tal como tocar um instrumento musical ou falar uma linguagem, não podem ser explicados tão facilmente. Certamente, obter informação é freqüentemente uma parte necessária do desenvolvimento de habilidade; mas dificilmente é suficiente. Isto porque habilidades são os tipos de coisas que as pessoas desenvolvem só depois de um período de prática. Mas desde que os indivíduos em casos de sobrevivência que exibem habilidades anômalas não tiveram nenhuma oportunidade de praticá-los primeiramente, é razoável rejeitar explicações em termos de super-PES e recorrer a explicações de sobrevivência em vez disso.
E refuta-o:
A evidência para a persistência de habilidades sugerindo sobrevivência não contém nada melhor que a evidência para xenoglossia de resposta, e o melhor desses casos não demonstra a manifestação de habilidades radicalmente descontínuas das outras capacidades do indivíduo. Conseqüentemente, até que alguém faça algo comparável a tocar piano, sem nunca antes ter tocado um instrumento musical nem exibido qualquer capacidade musical, eu penso que nós devemos concluir que esta porção da evidência para sobrevivência é consideravelmente menos impressionante do que seus proponentes alegaram.
Os pontos “c”, “d”, “f” e “g” não parecem terem sido trabalhados por Braude. Matlock, em seu livro Past Life Memory Case Studies, referindo-se exclusivamente à evidência oferecida para a reencarnação, parece mesmo utilizar o ponto “g” como evidência de sobrevivência. Diz:
Muitos erros que os indivíduos fazem pareceriam concordar melhor com as características de memória do que de PES. Uma explicação simples de PES não pode explicar prontamente por que alguns indivíduos têm dificuldade para reconhecer pessoas e lugares que mudaram substancialmente desde a morte da pessoa prévia. Apenas PES também teria dificuldade para produzir memórias comportamentais e físicas.
É certo que apenas PES não pode produzir as memórias físicas. Entretanto, se as marcas e defeitos de nascimento forem fruto do acaso, PES poderia agir, ainda que inconscientemente, como um desejo da criança de querer explicar tais diferenças em relação às demais pessoas, “rastreando” um indivíduo já falecido cuja morte tivesse sido fruto de ferimentos ou ocasionado ferimentos nos mesmos locais que os seus.
Talvez o primeiro pensamento contra essa hipótese seria de que, neste caso, teríamos dezenas de crianças diferentes lembrando a mesma vida prévia, no entanto, não encontramos até hoje tal situação nos estudos de caso. Os parapsicólogos adeptos da explicação reducionista recorrem mais uma vez ao que observam nos testes experimentais de PES, chamados cabra-ovelha, em que ovelha seria o indivíduo crente de que psi existe, e cabra o descrente. As ovelhas tendem a obter resultados significativamente acima do esperado pelo acaso, e as cabras significativamente abaixo (o chamado psi-missing). Parece razoável supor, portanto, que psi age de acordo com a crença do indivíduo, reconhecendo os diferentes alvos e se desviando daqueles que fogem à sua crença. Como as culturas que acreditam na reencarnação geralmente afirmam que o espírito é indivisível, não podendo reencarnar em dois corpos ao mesmo tempo – uma exceção são algumas seitas budistas – psi agiria de forma a não repetir uma escolha já feita por outra criança.
Só que essa explicação traz outro problema. Há casos de reencarnação que vão diretamente contra a crença cultural. O próprio fato de termos seitas budistas que acreditam que o mesmo espírito pode habitar dois corpos ao mesmo tempo e até o momento não ter-se encontrado tal situação torna tal interpretação problemática. Matlock cita também o caso dos Drusos, que acreditam que a reencarnação ocorre imediatamente após a morte, mas o intervalo médio de reencarnação – o tempo transcorrido desde a morte da pessoa prévia até o nascimento do indivíduo – para casos Drusos é de 8 meses, mais curto que de qualquer cultura excetuando-se os Haida – cujo intervalo médio é a metade – mas ainda longe de ser o que a crença prediria. Menciona ainda que “os Drusos evitam o embaraçoso problema hipotetizando que breves vidas intermediárias não são lembradas, embora os próprios indivíduos Drusos raramente aleguem se lembrar de vidas intermediárias ou dêem outra evidência de terem vivido tais vidas”.
Outro fato que emerge dos dados das pesquisas é o pouquíssimo número de alegações de humanos que teriam sido animais na vida prévia. Dado que a crença que os seres humanos podem renascer como animais é bastante comum, não sendo apenas encontrada no Hinduismo e Budismo, mas também por toda a África e entre algumas tribos indígenas Americanas, isto é algo surpreendente. Stevenson registrou apenas 3 casos desse tipo, em que os indivíduos teriam sido uma lebre, um macaco e um boi.
Porém, talvez a maior objeção a esta hipótese seja a questão do carma. O carma é um conceito que varia de cultura para cultura, e o ideal seria que fosse analisado minuciosamente em cada uma delas, mas, em linhas gerais, diz que as ações do indivíduo numa vida determinam as suas circunstâncias futuras. No entanto, não é o que encontramos com relação a casos com marcas e defeitos de nascimento, em que é a vítima que continua a “sofrer” pelas ações do seu agressor, e não o próprio agressor que sofre a conseqüência de suas ações. Três ressalvas precisam ser feitas, contudo:
1ª - Stevenson diz que, a bem da verdade, não sabe ao certo o que ocorre com os agressores, já que são bem poucos os casos registrados com eles.
2ª - Existem apenas 3 casos registrados que dão algum suporte à idéia de carma.
3ª - Tucker acrescenta que as circunstâncias do indivíduo na vida atual são devidas não só às ações na última vida mas também em quaisquer das vidas passadas, então avaliar os efeitos do carma apenas se baseando na última vida é difícil.
Mesmo considerando-se essas ressalvas, a impressão que fica é que esperava-se um maior número de casos que fornecessem uma evidência mais robusta para essa idéia, caso a hipótese psi estivesse correta.
- Aurelio Moraes
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Re.: Reencarnação e Super Psi
Sempre sem citar a fonte, não é Vitor?
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Re: Re.: Reencarnação e Super Psi
Aurelio Moraes escreveu:Sempre sem citar a fonte, não é Vitor?
Olha, no caso fui eu quem escreveu o texto...as fontes estão citadas, menos as definições, que tirei do dicionário cético.
- Aurelio Moraes
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Re.: Reencarnação e Super Psi
Sugiro que então quando escrever um texto, assine-o com "Por Vitor Moura".
- Vitor Moura
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Re: Re.: Reencarnação e Super Psi
Aurelio Moraes escreveu:Sugiro que então quando escrever um texto, assine-o com "Por Vitor Moura".
Vamos discutir as idéias do texto, Aurélio? Vc vê algum problema nele?
Um abraço,
Vitor
E como seriam explicados casos como este, onde 2 crianças vivas recordam ter sido a mesma pessoa no passado, o caso de Said Bouhamsy, que Ian Stevenson examinou em detalhes:
Bouhamsy was a Druus, who died in a car accident in 1943. A half year after his death to his sister was born a boy, who said - as almost his first words - the names of Bouhamsy’s children. The boy could also tell about the accident, which had ended his "previous life", and he was enormously afraid of trucks for many years. As a problem only was, that later, in 1958, was born another male child, who also started to recall his previous life as Said Bouhamsy! He remembered the accident and the number of his children and other things like that. To him was developed also a fear of the trucks.
Bouhamsy was a Druus, who died in a car accident in 1943. A half year after his death to his sister was born a boy, who said - as almost his first words - the names of Bouhamsy’s children. The boy could also tell about the accident, which had ended his "previous life", and he was enormously afraid of trucks for many years. As a problem only was, that later, in 1958, was born another male child, who also started to recall his previous life as Said Bouhamsy! He remembered the accident and the number of his children and other things like that. To him was developed also a fear of the trucks.
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ade escreveu:E como seriam explicados casos como este, onde 2 crianças vivas recordam ter sido a mesma pessoa no passado, o caso de Said Bouhamsy, que Ian Stevenson examinou em detalhes:
Bouhamsy was a Druus, who died in a car accident in 1943. A half year after his death to his sister was born a boy, who said - as almost his first words - the names of Bouhamsy’s children. The boy could also tell about the accident, which had ended his "previous life", and he was enormously afraid of trucks for many years. As a problem only was, that later, in 1958, was born another male child, who also started to recall his previous life as Said Bouhamsy! He remembered the accident and the number of his children and other things like that. To him was developed also a fear of the trucks.
Evidência Anedota...

"Considero a religião como um brinquedo infantil e acho que o único pecado é a ignorância." - Cristopher Marlowe
- Vitor Moura
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ade escreveu:E como seriam explicados casos como este, onde 2 crianças vivas recordam ter sido a mesma pessoa no passado, o caso de Said Bouhamsy, que Ian Stevenson examinou em detalhes:
Bouhamsy was a Druus, who died in a car accident in 1943. A half year after his death to his sister was born a boy, who said - as almost his first words - the names of Bouhamsy’s children. The boy could also tell about the accident, which had ended his "previous life", and he was enormously afraid of trucks for many years. As a problem only was, that later, in 1958, was born another male child, who also started to recall his previous life as Said Bouhamsy! He remembered the accident and the number of his children and other things like that. To him was developed also a fear of the trucks.
Olá, Ade
na verdade esse é o caso de Imad Elawar. Houve uma grande confusão no caso inteiro, foi um dos primeiros estudados por Stevenson e foi necessário haver uma boa dose de "reinterpretação". Na verdade os pais de Imad achavam que ele se referia a Said, mas na verdade se referia a seu colega e primo Ibrahim, que também estava no caminhão! Outra criança, como dito, afirmava ser Said.Imad não lembrou nada que não fosse conhecido a Ibrahim, e o segundo indivíduo, além de lembrar o acidente de caminhão, falou de muitos acontecimentos na vida do primo de Ibrahim que não desempenharam nenhum papel nas memórias de Ibrahim. À parte dos acontecimentos cercando o acidente de caminhão, as memórias de Imad e do outro indivíduo eram completamente diferentes. Parecemos ser confrontados com nada mais exótico que as memórias independentes de dois indivíduos cujas pessoas prévias eram intimamente familiarizadas.
Um abraço,
Vitor
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Ahura-Mazda escreveu:ade escreveu:E como seriam explicados casos como este, onde 2 crianças vivas recordam ter sido a mesma pessoa no passado, o caso de Said Bouhamsy, que Ian Stevenson examinou em detalhes:
Bouhamsy was a Druus, who died in a car accident in 1943. A half year after his death to his sister was born a boy, who said - as almost his first words - the names of Bouhamsy’s children. The boy could also tell about the accident, which had ended his "previous life", and he was enormously afraid of trucks for many years. As a problem only was, that later, in 1958, was born another male child, who also started to recall his previous life as Said Bouhamsy! He remembered the accident and the number of his children and other things like that. To him was developed also a fear of the trucks.
Evidência Anedota...
Isso seria uma evidencia ane... Ah! Chegaram antes de mim.

O ENCOSTO
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Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
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Re: Reencarnação e Super Psi
Vitor Moura escreveu:[center]Reencarnação e Super Psi[/center]
Eu diria: Evidencia anedota e Super ad hoc
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- Vitor Moura
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Re: Reencarnação e Super Psi
O ENCOSTO escreveu:Vitor Moura escreveu:[center]Reencarnação e Super Psi[/center]
Eu diria: Evidencia anedota e Super ad hoc
Esse é justamente um dos casos mais seguros contra a fraude!!!
O Caso Imad Elawar
Dos Arquivos do Dr. Ian Stevenson
Helen McCarthy
O Dr. Ian Stevenson, Professor do Curso de Pós-Graduação da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, é, provavelmente, a maior autoridade mundial em pesquisas científicas sobre a reencarnação. O caso apresentado a seguir ilustra seus métodos de investigação.
O moderno interesse científico pelo estudo da reencarnação pode ser atribuído, diretamente, a um eminente pesquisador, o Dr. Ian Stevenson, de Charlottesville, Estado da Virginia, cuja diligência e audácia o tornaram pioneiro na aplicação das técnicas contemporâneas naquele campo multissecular do interesse e curiosidade humana. Até o Dr. Stevenson ter começado a aplicar métodos modernos de registro, verificação e análise dos casos de reencarnação, os incidentes relativos ao renascimentos ficavam restritos à categoria de lenda, do folclore e das afirmações não comprovadas. É, portanto, particularmente interessante relembrar um dos casos mais interessantes do Dr. Stevenson, entre os mais de oitocentos que ele registrou e os mais de cem que ele considera como plenamente investigados.
Antes, algumas palavras sobre a própria personalidade. O Dr. Stevenson nasceu em Montreal, em 31 de outubro de 1918. Como filho de Quebec, o francês lhe é familiar, mas seu conhecimento do alemão é também dos melhores, e ele tem trabalhado com diversos outros idiomas em suas pesquisas, inclusive o espanhol e o português. O Dr. Stevenson começou a estudar medicina na Universidade McGill, depois se relacionou com a Alton Ochsner Medical Foundation, de Nova Orleans, e o Cornell Medical College; foi assistente e livre-docente da Psiquiatria, de 1949 a 1957, na Escola de Medicina da Universidade Estadual de Louisiana. De então para cá, trabalha na Escola de Medicina da Universidade de Virginia; foi chefe de seu Departamento de Neurologia e Psiquiatria até 1967,e, a partir de então, professor do curso de pós graduação, cadeira de Psiquiatria. Há muitos anos grande parte de seus trabalhos de pesquisa tem se voltado para a parapsicologia em geral, e para a reencarnação, em particular.
O intensivo trabalho de pesquisas sobre o renascimento, por parte do Dr. Stevenson, iniciou-se em 1953. Sua contribuição vitoriosa em um concurso de ensaios sobre o pioneiro psicólogo e filósofo da religião, William James, foi publicada em 1960, com o título “ A Prova da Sobrevivência Pelas Lembranças de Encarnações Anteriores”. Seguiram-se numerosos trabalhos, em revistas especializadas. Um ponto de referência na obra do Dr. Stevenson é “ Casos Sugestivos de Reencarnação na Década de 20” [1], publicada pela Sociedade Americana de Pesquisas Públicas , no qual Stevenson menciona sete casos registrados na Índia, dois no Brasil, sete no Alasca e um no Líbano.
Em Freiburg, na Alemanha, em 1968, o Dr. Stevenson comunicou à décima primeira convenção anual da Associação de Parapsicologia que completara os trabalhos sobre 30 novos casos, de qualidade significativa. Quando o número de casos investigados por Stevenson se aproxima de mil, qual será o mais cuidadosamente observado e registrado?A resposta a essa pergunta é dada pela natureza dos casos e pelos próprios tipos de investigação. Na maior parte dos casos, a prova da reencarnação tem base relativamente precária. Com muita freqüência, os pais ouvem uma criança falando sozinha e, às vezes, conversando com adultos, e se referindo a uma vida anterior. Em muitos desses casos, o menino ou a menina afirmam ter tido uma vida anterior, às vezes como adultos, em outra cidade, e falam a respeito de suas famílias, suas casas e bens. Como é natural, muitas vezes os pais procuram visitar tais lugares, para verificarem se a pessoa viveu realmente ali. O resultado é que, antes que posa entrar em cena um pesquisador objetivo, chega à imprensa a notícia de tais fatos. Inevitavelmente, as afirmações e a verificação ficam tumultuadas com o sensacionalismo e, portanto, desvirtuadas e obscurecidas.
Isso pode não ter acontecido no caso do suposto renascimento de um menino libanês, Imad Elawar. Com efeito, o menino não foi – ou voltou – à aldeia onde vivera anteriormente, até que o Dr. Stevenson entrasse em cena. O pesquisador também teve a sorte de poder separar a interpretação dos pais das primeiras declarações do menino, o que lhe deu a oportunidade de reduzir tais declarações à sua pureza original. Isso se tornou possível porque o Dr. Stevenson, em meados de março de 1964, fora à aldeia de Kornayel, a 15 milhas a leste de Beirute, com a intenção de investigar um outro acontecimento. Foi por puro acaso que ficou sabendo do caso de Imad, então com cinco anos de idade, e que, quando ainda não tinha dois anos, afirmara ter vivido anteriormente em outro lugar, Khriby. As duas aldeias ficavam a quinze milhas de distância uma da outra, havendo pouco contato entre elas, pois a comunicação só se podia fazer por estradas muito sinuosas, que atravessaram a montanha, elevando o percurso para 25 milhas.
A investigação de Stevenson começou no dia 16 de março, quando os pais do menino lhe deram a sua versão das supostas lembranças de uma vida anterior por parte de Imad. As notas de Stevenson incluem não somente as afirmações de Imad, mas também a tentativa dos pais de dar uma certa ordem àquelas lembranças, de estabelecer um sentido lógico nas palavras desconexas do menino. O mal, como logo conclui o Dr. Stevenson, era que os pais não conseguiam distinguir entre as verdadeiras afirmações da criança e suas próprias conclusões e interpretações. Diz ele que, embora se esforçasse ao máximo para saber exatamente o que Imad dissera, “seus pais me transmitiam algumas das deduções a que eles próprios tinham chegado, em seu esforço de encontrar alguma coerência para o caso”. E acrescenta: “Como se patenteou, contudo, os erros de interpretações cometidos pela família de Imad contribuíram valiosamente para provar a sua sinceridade e também a improbabilidade de que eles próprios tivessem sido a fonte ou um canal das informações dadas por Imad”.
O menino afirmava ter feito parte de uma família chamada Bouhamzy, e Stevenson procurou descobrir se ele podia ter tido informações a respeito de tal família por intermédio de viajantes, fatos que em seguida dramatizaria em falsas “lembranças” de uma vida passada. Imad afirmava lembrar-se, não somente de sua família, como do lugar onde vivera. Dizia que se chamara “Mahmoud”. Eram muito freqüentes as referências a uma mulher chamada “Jamile”, que o menino descrevia como bela e bem vestida, usando um vestido vermelho que ele lhe derae sapatos de salto alto. Imad também se referia a uma “irmã” chamada Huda, assim como a homens cujas relações com ele eram obscuras, embora se referisse vagamente como “irmão”, com um ar de camaradagem pela cultura comum. Entre eles estavam Amim, Mehibe, Adil, Talil ou Talal, Said, Toufic, Salim e Kamel. Referia-se especificadamente a um amigo cujo nome seria Yousef el Halib. Observa o Dr. Stevenson que a família do menino presumia que ele pretendia ter sido um tal Mahmoud Bouhamzy, de Khirby, “cuja mulher se chamava Jamile, e que fora mortalmente ferido por um caminhão, depois de brigar com o seu motorista”. Imad, contudo, não dizia realmente que fora vítima de um acidente com um caminhão, mas que apenas se lembrava do acidente nitidamente. Falava com entusiasmo de Jamile, comparando-a mesmo com a sua mãe atual, mas não dizia que fora casado com ela. Nem, na verdade, se referia aos vários homens e várias mulheres como seus irmãos e irmãs no sentido rigoroso, como ligados por laços de sangue.
Os pais tinham chegado à conclusão que Imad, como Mahmoud Bouhamzy, fora atropelado por um caminhão, e, com ambas as pernas esmagadas, morrera em conseqüência dos ferimentos. O Dr. Stevenson, porém, queria verificar in loco todas a sinformações, e resolveu ir a Khirby. Assim, no segundo dia de sua estada, partiu de carro para a aldeia onde Imad teria passado a sua vida anterior, em companhia do menino e de seu pai. Durante a viagem, Imad deu novas informações sobre a sua encarnação anterior. Stevenson anotou que o menino dissera, antes, quarenta e sete afirmações, e mais dez durante a viagem em questão. Feita a verificação, o pesquisador constatou que cinqüenta e uma delas foram confirmadas posteriormente.
O Dr. Stevenson descobriu, contudo, que aqueles detalhes não se aplicavam a ninguém chamado Mahmoud Bouhamzy. Embora residisse em Khriby um homem com aquele nome, nada lhe havia acontecido: estava bem vivo. No entanto, um certo Said Bouhamzy havia sofrido um acidente fatal, mais ou menos da maneira que o menino parecia se lembrar. Foi nesse ponto de investigação que o Dr. Stevenson resolveu separar o trigo das verdadeiras afirmações de Imad do joio das deduções de seus pais. Durante uma segunda viagem a Khirby, conversou com o filho do homem que morrera no acidente. E, à medida que surgiam novas afirmações, Stevenson notou que elas convergiam para uma terceira pessoa: Ibrahim Bouhamzy. Esse homem não se casara, mas tinha uma amante chamada Jamile. Embora provavelmente tivesse assistido ao acidente e à morte de Said, Ibrahim Bouzamzy morrera tuberculoso, aos 25 anos de idade. Said fora seu amigo, até a data do acidente, 8 de junho de 1943, e Ibrahim ficou, como salientou Stevenson, “muito afetado” pela trágica morte do amigo.
Além das provas das informações confirmadas, os pesquisadores da reencarnação procuram o reconhecimento de pessoas e lugares de uma vida anterior. Quando Imad tinha 4 anos, saiu a passeio com a avó. De repente, correu para junto de um estranho e abraçou-o.
“Você me conhece?” – perguntou o homem, espantado. E Imad respondeu: “Conheço, o senhor era meu vizinho”. Na verdade, o tal homem tinha morado em Khirby, e fora vizinho de Ibrahim Bouhamzy. Até então, o pai de Imad não levava a sério suas conversas sobre uma vida anterior; a partir de então, a família passou a dar muita atenção às suas lembrnças de Khirby.
Em um artigo sobre o caso, na revista Theta (primavera-verão de 1967), publicada pela Fundação de Pesquisas Psíquicas, um dos colegas do Dr. Stevenson na escola de Medicina da Universidade de Virgínia, o psicólogo Dr. J. G. Pratt, observou que, durante várias viagens a Khirby, Imad “não identificou particularmente bem as casas e ruas da vila”, mas acrescentou: “Ele apontou, através do vale, para a casa onde disse que morava, mas, ao mesmo tempo, chamou a atenção para uma casa que não era a correta.(Ele também apontou corretamente para a direção da aldeia onde Jamile tinha morado). Não reconheceu casas situadas perto de onde Ibrahim morara, mas os habitantes de Khirby disseram que o aspecto do local havia mudado muito. O dado mais importante da prova de reconhecimento foi a de saber se Imad reconheceria pessoas que Ibrahim conhecera e pormenores no interior de ‘sua’ casa”.
Durante a viagem a Khirby, Imad foi levado à casa de Ibrahim Bouhamzy – presumivelmente “sua” própria casa na existência anterior – e o Dr. Stevenson contou 16 identificações ou declarações corretas. Entre essas, estava a afirmação de que em “sua” casa havia um fogão de querosene, o que era correto: havia um fogão de querosene em casa de Ibrahim, e nunca tinha havido fogão semelhante em casa de Imad. Também estavam corretas referências a cabras, ferramentas, 2 telheiros usados como garagens, um “carrinho” amarelo, etc. Observou o Dr. Pratt, que a exatidão de tais afirmações e “o fato de que, em grande parte, tais informações não podiam provir de coisas vistas na casa (que estava fechada há vários anos) tornam muito mais aceitáveis a veracidade de seu conjunto”. Concluiu o Dr. Pratt que havia “ uma relação real entre as ‘lembranças’ de Imad e as experiências de Ibrahim Bouhamzy”.
O Dr. Pratt analisou da seguinte maneira o valor do material colhido no caso: “A primeira questão, naturalmente, consiste em saber se as declarações e os reconhecimentos corretos feitos por Imad se ajustam, realmente, às circunstâncias da vida de Ibrahim até um grau que ultrapasse uma possibilidade razoável de correspondência. De certo modo, a resposta a essa pergunta é uma questão de critério pessoal. Só posso dizer que, levando em conta os fatos relativos ao caso, tal como me foram apresentados, a minha resposta à pergunta é claramente positiva.”
Examinando a possibilidade de um embuste ou de uma fraude, Pratt acha que o Dr. Stevenson “levou plenamente em consideração os fatos pertinentes a essa questão, e seus argumentos mostram que os mesmos pesam contra a hipótese de fraude suficientemente para que possamos rejeitar tal eventualidade”. Ambos os pesquisadores concordam que não há motivo plausível para “considerar o caso como fraude”, particularmente porque a visita e o interesse demonstrado por Stevenson constituíram uma completa surpresa para a família Elawar. Não teria, porém, Imad obtido informações relevantes de maneira normal, depois as esquecido e, finalmente se lembrado delas, como se fossem lembranças de uma vida anterior? Pratt e Stevenson concluem que o intercâmbio entre Kornayel e Khriby era muito limitado, para permitir que se filtrassem informações tão específicas como as que Imad parecia possuir.
Teria sido Imad Elawar, de fato, Ibrahim Bouhamzy em uma vida anterior? Tendo rejeitado tanto a probabilidade de fraude como a de lembranças recalcadas durante um certo tempo, o próprio Dr. Stevenson conclui : “Resta saber se se trata de alguma espécie de percepção extra-sensorial acrescida de personificação (quando a informação obtida pelo espírito é apresentada sob uma forma pessoal dramatizada), de possessão (por uma entidade espiritual, presumivelmente a de Ibrahim) ou de reencarnação”. Com os conhecimentos científicos da atualidade é muitas vezes impossível distinguir essas manifestações; a reencarnação, como a explicação mais provável, é fortalecida por esse tipo de investigação científica in loco.
Notas: [1] Creio ter havido um erro do tradutor, pois o nome do livro é “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”. (Nota de Vitor Moura Visoni)
Bem, se este caso é considerado como um dos mais seguros, a coisa tá feia, pois é uma confusão danada...
Pelo que entendi, são duas versões, segundo a família dele, o garoto lembrou de muitos detalhes de uma “vida passada” onde foi um tal de Mahmoud Bouhamzy, ou Said, um homem relativamente rico, com esposa e cinco filhos, que participou de um acidente de caminhão onde teve as pernas esmagadas e morreu disto. Então o Stevenson foi conferir a estória, e chegou a conclusão que na verdade o garoto era um tal de Ibrahim Bouhamzy, motorista de caminhão, solteiro, sem filhos, que morreu de tuberculose aos 25 anos...
Dá a impressão de que houve um ajuste meio forçado das evidencias para encaixar as distorções encontradas na narrativa, ou seja, Stevenson deu mais importância a alguns detalhes que a outros, de forma a tentar dar sentido a coisa como um todo...
Pelo que entendi, são duas versões, segundo a família dele, o garoto lembrou de muitos detalhes de uma “vida passada” onde foi um tal de Mahmoud Bouhamzy, ou Said, um homem relativamente rico, com esposa e cinco filhos, que participou de um acidente de caminhão onde teve as pernas esmagadas e morreu disto. Então o Stevenson foi conferir a estória, e chegou a conclusão que na verdade o garoto era um tal de Ibrahim Bouhamzy, motorista de caminhão, solteiro, sem filhos, que morreu de tuberculose aos 25 anos...
Dá a impressão de que houve um ajuste meio forçado das evidencias para encaixar as distorções encontradas na narrativa, ou seja, Stevenson deu mais importância a alguns detalhes que a outros, de forma a tentar dar sentido a coisa como um todo...
- Vitor Moura
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ade escreveu:Bem, se este caso é considerado como um dos mais seguros, a coisa tá feia, pois é uma confusão danada...
Pelo que entendi, são duas versões, segundo a família dele, o garoto lembrou de muitos detalhes de uma “vida passada” onde foi um tal de Mahmoud Bouhamzy, ou Said, um homem relativamente rico, com esposa e cinco filhos, que participou de um acidente de caminhão onde teve as pernas esmagadas e morreu disto. Então o Stevenson foi conferir a estória, e chegou a conclusão que na verdade o garoto era um tal de Ibrahim Bouhamzy, motorista de caminhão, solteiro, sem filhos, que morreu de tuberculose aos 25 anos...
Dá a impressão de que houve um ajuste meio forçado das evidencias para encaixar as distorções encontradas na narrativa, ou seja, Stevenson deu mais importância a alguns detalhes que a outros, de forma a tentar dar sentido a coisa como um todo...
De fato, houve algumas reinterpretações pesadas da parte de Stevenson. Imad "disse que se chamava Mahmoud Bouhamzy em sua vida prévia" (a qual foi confirmado estar errada no curso da investigação, já que Mahmoud Bouhamzy ainda estava vivo) foi no final reinterpretada como “correta” e inserida na tabela como “Mahmoud, nome mencionado por Imad: Mahmoud Bouhamzy era tio de Ibrahim Bouhamzy”. E, a declaração “prévia à averiguação” que tinha sido provavelmente “Imad disse que ele tinha um filho chamado Adil “(a qual foi uma indicação que não poderia se relacionar com Ibrahim Bouhamzy) no final foi reinterpretada como correta e inserida na tabela como “Ele tinha um ‘filho’ chamado Adil : Ibrahim tinha um primo chamado Adil. Outro erro de inferência da parte dos pais de Imad. Imad, eles disseram depois, tinha mencionado ‘Adil’ e ‘Talal’ ou ‘Talil’ e então eles tinham assumido que estes eram seus filhos na vida prévia.”.
No entanto, tais reinterpretações pesadas da parte de Stevenson foram claramente expostas em seu relatório e lembre-se que foi a primeira vez que Stevenson encontrou um caso desta natureza.Tais erros são esperados. Mais de 40 anos se passaram desde então e Stevenson melhorou sua pesquisa e coleta de dados.
No entanto, uma reavaliação do caso feita por Julio Siqueira que levou em conta todos esses erros e problemas conclui que o caso permanece forte como indicativo de paranormalidade e sugestivo de reencarnação.
Tal reanálise encontra-se aqui: http://br.geocities.com/existem_espirit ... itado.html
Um abraço,
Vitor