Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

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Anna
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Mensagem por Anna »

Conan escreveu:Darwin era Racista... e agora? Naquele tempo, o racismo era normal... e tinha embasamento científico. Não ser racista, ou seja, não considerar o Homem branco superior ás outras raças, era ignorância científica.


Mas Darwin não recebeu orientação de espiritos superiores enquanto escrevia sua obra. Além do mais racismo nunca teve embasamento científico, sempre foi achismo, e só teve algum apoio das castas superiores perpetradas na Academia enquanto a ciência estava ancorada em premissas metodológicas frouxas.
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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Anna
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Re: Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Anna »

Azathoth escreveu:Darwin era abolicionista e bem menos racista do que o inglês vitoriano intelectual da época.


Perfeito. Basta ler um pouco sobre a vida de Darwin, se não quiserem uma extensa biografia é só dar uma lida na wikipedia.
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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o anátema
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Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por o anátema »

deixa prá lá
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.

Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution

Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

A Doutrina Espírita não é necessariamente racista quanto às suas origens filosóficas (cujas autorias lhes são externas), mas é potencialmente racista em decorrência destas mesmas origens.

Uma das bases do Espiritismo é o determinismo, a tese de que os fatores causais dos eventos não são aleatórios e sim obedientes a uma ordem definida que visa um determinado objetivo.

Toda ideologia racista se fundamenta em algum tipo de determinismo, sendo o mais comum o racismo baseado no determinismo biológico, segundo o qual o indivíduo humano é produto exclusivo da genética, idéia com variantes exploradas pelas doutrinas que pregam a superioridade das "raças puras", que teriam alcançado e preservado um melhor conteúdo genético que as outras raças.

O Kardecismo prega um determinismo espiritual, que, conforme a vertente doutrinária, pode incluir ou não um determinismo biológico.
Mas todas as vertentes espíritas defendem um determinismo moral, ou seja, que os espíritos possuem um grau de evolução moral que lhes é inerente e característico e este grau de evolução determina seus compromissos com relação ao karma.

Trocado em miúdos, é inerente à doutrina Espírita a idéia de que algumas pessoas ao nascer já são melhores do que outras.
Esta premissa pode ou não derivar para interpretações racistas.
Mas determinismos que diferenciam os homens desde o berço sempre margeiam um pântano ideológico perigoso e extremamente suspeito.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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O ENCOSTO
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Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por O ENCOSTO »

Os espiritóides racistas não podem ser discriminados pelo resto do rebanho. Eles seguem oque está escrito na sua biblia.

Ao contrário do que alguns ai tentam defender, o espiritismo NUNCA teve como proposta apenas declarar que "EXISTEM ESPIRITOS!!!" (assim mesmo, como o título de um famoso site).

O espiritismo é "CIENCIA", é um código de conduta "ÉTICA E MORAL" que tem como objetico auxiliar a humanidade a alcançar elevados níveis evolutivos. As revelações dos "espiritos evoluidos" tem o mesmo poder das cartas dos apostolos e das suratas do Alcorão para seus respectivos rebanhos.

O ato de reconhecer erros na codificação tem o mesmo efeito dominó que teria ao crente que passa a reconhecer contradições na Biblia. Por isso, é tão comum encontrar espiritas concordando com as idéias racistas encontradas na codificação.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Botanico
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Mensagem por Botanico »

Acauan escreveu:A Doutrina Espírita não é necessariamente racista quanto às suas origens filosóficas (cujas autorias lhes são externas), mas é potencialmente racista em decorrência destas mesmas origens.

Uma das bases do Espiritismo é o determinismo, a tese de que os fatores causais dos eventos não são aleatórios e sim obedientes a uma ordem definida que visa um determinado objetivo.

Toda ideologia racista se fundamenta em algum tipo de determinismo, sendo o mais comum o racismo baseado no determinismo biológico, segundo o qual o indivíduo humano é produto exclusivo da genética, idéia com variantes exploradas pelas doutrinas que pregam a superioridade das "raças puras", que teriam alcançado e preservado um melhor conteúdo genético que as outras raças.

O Kardecismo prega um determinismo espiritual, que, conforme a vertente doutrinária, pode incluir ou não um determinismo biológico.
Mas todas as vertentes espíritas defendem um determinismo moral, ou seja, que os espíritos possuem um grau de evolução moral que lhes é inerente e característico e este grau de evolução determina seus compromissos com relação ao karma.

Trocado em miúdos, é inerente à doutrina Espírita a idéia de que algumas pessoas ao nascer já são melhores do que outras.
Esta premissa pode ou não derivar para interpretações racistas.
Mas determinismos que diferenciam os homens desde o berço sempre margeiam um pântano ideológico perigoso e extremamente suspeito.


Só alguns reparos:
1) Quaisquer afirmações, ou descobertas, ou resultados de pesquisas bem fudamentadas, etc e tal, TÊM POTENCIAL para serem mal usados conforme os mal intencionados de plantão. Galton e Darwin podem ter tido boas intenções em falar em seleção humana, visando o aprimoramento da espécie, a contenção de doenças genéticas e hereditárias, etc e tal, mas os eugenistas derivaram a coisa para outro rumo: tornou-se uma política de definição estética (brancos são bonitos e negros são feios, portanto devemos impedir que os negros proliferem...) ou suposta má herança moral (filho de bandido, bandido é e por isso os criminosos não devem deixar descendentes).
Como se vê, essas coisas, QUE TINHAM EMBASAMENTO CIENTÍFICO, geram dramas pessoais e sociais dos quais é desnecessário falar. Já o suposto racismo de Kardec teve NENHUMA CONSEQÜÊNCIA: ninguém jamais justificou tal e qual políca racista, baseada nos textos kardecistas.

2) O "determinismo espírita" não é tão determinado assim. Antes de mais nada é como se comparar a encarnação como a ida a uma escola. Há regras, cursos, exercícios, disciplinas a serem seguidas. Quem entra numa escola, entra sabendo disso tudo. A mesma coisa é com o espírito que vai encarnar-se: ele se propõe a fazer tais e quais tarefas, cumprir tais e quais missões para consertar algumas besteiras feitas no passado, mas caso não as faça, então vai receber as conseqüências de seus erros na mesma moeda. Enfim, a liberdade continua. O espírito encarnado ou não continua com seu livre-arbítrio.

3) Certo, os espíritos possuem graus variados de sabedoria e moralidade, o que os torna mais ou menos evoluídos, mas esses graus não foram produtos de obra e graça do Espírito Santo e sim de seus esforços individuais.

4) Bem, só de se ver a humanidade é o bastante para perceber que as pessoas são muito variadas quanto à moralidade e capacidades. Não é preciso ser cético ou espírita para se perceber isso. Mas diferente do racismo por determinação genética ou aparência física, onde há um elemento preciso em que se apoiar, NÃO DÁ PARA SE APLICAR UM RACISMO por determinação moral, pois não há como saber o quanto uma pessoa é evoluída moralmente até que ela dê as provas disso.
O PT era o partido tido e havido como guardião da moralidade e da ética. Foi só chegar ao pudê que finalmente ele mostrou o quanto valor dá à ética e moralidade.

É isso.

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Botanico
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Re: Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Botanico »

O ENCOSTO escreveu:Os espiritóides racistas não podem ser discriminados pelo resto do rebanho. Eles seguem oque está escrito na sua biblia.

Ao contrário do que alguns ai tentam defender, o espiritismo NUNCA teve como proposta apenas declarar que "EXISTEM ESPIRITOS!!!" (assim mesmo, como o título de um famoso site).

O espiritismo é "CIENCIA", é um código de conduta "ÉTICA E MORAL" que tem como objetico auxiliar a humanidade a alcançar elevados níveis evolutivos. As revelações dos "espiritos evoluidos" tem o mesmo poder das cartas dos apostolos e das suratas do Alcorão para seus respectivos rebanhos.

O ato de reconhecer erros na codificação tem o mesmo efeito dominó que teria ao crente que passa a reconhecer contradições na Biblia. Por isso, é tão comum encontrar espiritas concordando com as idéias racistas encontradas na codificação.


Ah! Encostado, como você é burrinho. Será por conta da idade? Com tantos anos assim de vida, já deve estar ficando caduco.
Em primeiro lugar, entender, explicar e justificar os motivos pelos quais Kardec teria escrito textos politicamente incorretos por conta de circunstâncias de sua época NÃO É DEFENDER, NEM CONCORDAR COM AS IDÉIAS RACISTAS EM QUESTÃO. Seria bom que você se mancasse disso.
Kardec escreveu aquilo porque era o que a Ciência de sua época dizia e a realidade mostrava. Não havia porque se dizer o contrário. Hoje a realidade é outra e a ciência descobriu que pisou na bola quanto aos ideias racistas. Muito que bem, então o que Kardec disse fica inválido também, mas como tenho visto, há os dois pesos e duas medidas. Se Silva Melo defendeu idéias racistas, isso não o desabona em nada, certo? Mas Kardec disse coisas racistas... ah! Agora sim ele e tudo o que disse deve ser desabonado.

Que pena!

Ah! Já descobriu os importantes trabalhos que tiveram a grande influência do grande sábio Silva Melo? Vou ficar cobrando isso da mesma forma que cobrei os 50 livros escritos pelo Amauri Pena e que até agora nem Turatti, nem Quevedo puderam me apresentar.
Vejamos se com você eu tenho mais sorte.

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Botanico
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Mensagem por Botanico »

Anna escreveu:
Conan escreveu:Darwin era Racista... e agora? Naquele tempo, o racismo era normal... e tinha embasamento científico. Não ser racista, ou seja, não considerar o Homem branco superior ás outras raças, era ignorância científica.


Mas Darwin não recebeu orientação de espiritos superiores enquanto escrevia sua obra. Além do mais racismo nunca teve embasamento científico, sempre foi achismo, e só teve algum apoio das castas superiores perpetradas na Academia enquanto a ciência estava ancorada em premissas metodológicas frouxas.


Que interessante! Então o racismo não tinha embasamento científico? Então por que Galton e Darwin defendiam a eugenia? E não foi com base neles e em outros que os eugenistas fizeram suas políticas racistas?
O "achismo" científico aqui se justifica por um motivo muito simples: ninguém faz pesquisas para saber se a gravitação existe. Todo cientista sabe que sim. E a mesma coisa era o racismo: era desnecessário pesquisar para comprovar se haviam raças superiores ou inferiores, pois isso estava expresso na REALIDADE. Como eu já disse, os brancos tinham tecnologia desenvolvida, estudos científicos em andamento, armamento poderoso e faziam a dominação dos outros povos, que nada mais tinham do que arcos e flechas e arcabuzes do tempo de Cabral para revidar. Na Europa e América haviam casas, prédios, catedrais, pontes, etc; na África só havia choupanas. Na China, no máximo castelos de bambu.
Diga-me Madame: que trabalho científico era necessário no fim do século XIX para se provar a superioridade da raça caucasóide sobre as outras?

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Hugo
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Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Hugo »

O progresso da Europa se deu em grande parte devido à descobertas chinesas.

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Flavio Costa
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Mensagem por Flavio Costa »

Botanico escreveu:Na China, no máximo castelos de bambu.


China:
Imagem

Birmânia:
Imagem

Japão:
Imagem

Só bambu. :emoticon1:
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
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Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
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Re: Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Aranha »

Kramer escreveu:O progresso da Europa se deu em grande parte devido à descobertas chinesas.


- Árabes e Indianas também, o que os europeus fizeram foi criar uma metodologia de produção científica, a superioridade européia, na verdade, é o retrato de um momento da história, se hegemonia de contar como superioridade, o império egípcio ou mongol, foram maiores e duraram mais tempo.

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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Flavio Costa
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Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Flavio Costa »

Durante a Alta Idade Média, os povos árabes eram claramente mais avançados que os europeus do ponto de vista tecnológico, cultural e arquitetônico. Isso só começou a mudar com as sangrentas Cruzadas...
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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Botanico escreveu:Como se vê, essas coisas, QUE TINHAM EMBASAMENTO CIENTÍFICO, geram dramas pessoais e sociais dos quais é desnecessário falar. Já o suposto racismo de Kardec teve NENHUMA CONSEQÜÊNCIA: ninguém jamais justificou tal e qual políca racista, baseada nos textos kardecistas.


O julgamento moral de uma doutrina se dá pelos seus conteúdos intrínsecos e não pelo uso que é feito deles.
Se Hitler e o Partido Nazista nunca tivessem passado de um grupo insignificante de fanáticos políticos é possível que nenhuma conseqüência adviesse da doutrina Nacional Socialista.
Isto não torna aquela doutrina menos imoral.
Se há conteúdos racistas na obra de Kardec e eles não produziram conseqüências por motivos que lhe são alheios – como por exemplo, a insignificância do Espiritismo em nível mundial, tal inconseqüência não pode ser alegada como escusa moral para os conteúdos citados.


Botanico escreveu:2) O "determinismo espírita" não é tão determinado assim. Antes de mais nada é como se comparar a encarnação como a ida a uma escola. Há regras, cursos, exercícios, disciplinas a serem seguidas. Quem entra numa escola, entra sabendo disso tudo. A mesma coisa é com o espírito que vai encarnar-se: ele se propõe a fazer tais e quais tarefas, cumprir tais e quais missões para consertar algumas besteiras feitas no passado, mas caso não as faça, então vai receber as conseqüências de seus erros na mesma moeda. Enfim, a liberdade continua. O espírito encarnado ou não continua com seu livre-arbítrio.


Em minha postagem anterior, para efeitos desta discussão, defini determinismo como sendo "a tese de que os fatores causais dos eventos não são aleatórios e sim obedientes a uma ordem definida que visa um determinado objetivo".
Dentro desta definição é impossível negar o caráter determinista do Espiritismo, sem negar também as próprias crenças fundamentais desta doutrina.


Botanico escreveu:3) Certo, os espíritos possuem graus variados de sabedoria e moralidade, o que os torna mais ou menos evoluídos, mas esses graus não foram produtos de obra e graça do Espírito Santo e sim de seus esforços individuais.


Esforços individuais só aferíveis no esquema cósmico transcendente reencarnacionista, cujo consenso sobre sua existência só existe entre os espíritas.
Em nossa realidade comum, tal alegada superioridade seria considerada simplesmente inata, idéia básica de todas as formas de racismo.


Botanico escreveu:4) Bem, só de se ver a humanidade é o bastante para perceber que as pessoas são muito variadas quanto à moralidade e capacidades. Não é preciso ser cético ou espírita para se perceber isso. Mas diferente do racismo por determinação genética ou aparência física, onde há um elemento preciso em que se apoiar, NÃO DÁ PARA SE APLICAR UM RACISMO por determinação moral, pois não há como saber o quanto uma pessoa é evoluída moralmente até que ela dê as provas disso.
O PT era o partido tido e havido como guardião da moralidade e da ética. Foi só chegar ao pudê que finalmente ele mostrou o quanto valor dá à ética e moralidade.


Repito:
O julgamento moral de uma doutrina se dá pelos seus conteúdos intrínsecos e não pelo uso que é feito deles.
Se o racismo ou outra forma de discriminação é intrínseca à doutrina espírita, o fato de esta não ter sido aplicada – até hoje, não serve como escusa.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Re: Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Acauan »

Flavio Costa escreveu:Durante a Alta Idade Média, os povos árabes eram claramente mais avançados que os europeus do ponto de vista tecnológico, cultural e arquitetônico. Isso só começou a mudar com as sangrentas Cruzadas...


Há muito exagero no que em geral se fala sobre isto.
Nem os árabes eram tão mais avançados assim que os europeus e nem as cruzadas foram tão sangrentas como dizem (não que não tenham sido, entendam, apenas não foi tanto).

Além do que, quando os europeus fizeram a primeira cruzada, os árabes já atacavam o Ocidente há séculos.
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Botanico
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Mensagem por Botanico »

Acauan escreveu:
Botanico escreveu:Como se vê, essas coisas, QUE TINHAM EMBASAMENTO CIENTÍFICO, geram dramas pessoais e sociais dos quais é desnecessário falar. Já o suposto racismo de Kardec teve NENHUMA CONSEQÜÊNCIA: ninguém jamais justificou tal e qual políca racista, baseada nos textos kardecistas.


Acauan escreveu:O julgamento moral de uma doutrina se dá pelos seus conteúdos intrínsecos e não pelo uso que é feito deles.
Se Hitler e o Partido Nazista nunca tivessem passado de um grupo insignificante de fanáticos políticos é possível que nenhuma conseqüência adviesse da doutrina Nacional Socialista.
Isto não torna aquela doutrina menos imoral.
Se há conteúdos racistas na obra de Kardec e eles não produziram conseqüências por motivos que lhe são alheios – como por exemplo, a insignificância do Espiritismo em nível mundial, tal inconseqüência não pode ser alegada como escusa moral para os conteúdos citados.

A questão aqui, Acauan, é que não vejo uma análise da Doutrina Espírita no seu âmbito geral e sim focalizando um aspecto particular, QUE NEM CONSTITUEM FORO DE DOUTRINA, apenas porque este aspecto oferece uma brecha para ter do que se falar mal. O sistema reencarnacionista espírita não prevê limitações para um espírito encarnar-se, seja por motivos de identidade sexual, povo, raça, cor, predominância religiosa ou cultural, etc. Só isso já liquida o racismo, pois quem hoje está encarnado como um homem caucasóide, já pode ter sido e um dia será uma mulher negra.

Os textos de Kardec politicamente incorretos referem-se a uma interpretação que ele fez da realidade de sua época. Então a Ciência dizia que as raças não-caucasóides eram menos dotadas de capacidade intelectual e moral e até mesmo entre os caucasóides haviam raças inferiores, como nós os latino-americanos, os judeus, os eslavos, os ciganos... O que Kardec fez foi juntar a isso uma interpretação moral: se essas raças eram inferiores, então é lógico supor que nelas encarnavam espíritos menos evoluídos intelectualmente. É como numa empresa de computação, que reservará os computadores top de linha, caros e cheios de medalha para os que trabalham com programas pesados e consomem muitos recursos. Já para os filhos de funcionários brincarem na creche, estes podem lidar com computadores fraquinhos e que rodam os joguinhos infantis.

Esse foi o motivo de Kardec pensar como pensou. Mas a realidade mudou, a Ciência mudou e agora está mais que evidente que não há raças inferiores, aliás NEM SEQUER EXISTEM RAÇAS. Então espíritos menos evoluídos podem encarnar em diversos povos por motivos de afinidade, mas não por causa de uma inexistente incapacidade intrínseca à genética deste grupo. Por esse motivo este aspecto racista não constitui foro de Doutrina Espírita.


Botanico escreveu:2) O "determinismo espírita" não é tão determinado assim. Antes de mais nada é como se comparar a encarnação como a ida a uma escola. Há regras, cursos, exercícios, disciplinas a serem seguidas. Quem entra numa escola, entra sabendo disso tudo. A mesma coisa é com o espírito que vai encarnar-se: ele se propõe a fazer tais e quais tarefas, cumprir tais e quais missões para consertar algumas besteiras feitas no passado, mas caso não as faça, então vai receber as conseqüências de seus erros na mesma moeda. Enfim, a liberdade continua. O espírito encarnado ou não continua com seu livre-arbítrio.


Acauan escreveu:Em minha postagem anterior, para efeitos desta discussão, defini determinismo como sendo "a tese de que os fatores causais dos eventos não são aleatórios e sim obedientes a uma ordem definida que visa um determinado objetivo".
Dentro desta definição é impossível negar o caráter determinista do Espiritismo, sem negar também as próprias crenças fundamentais desta doutrina.

O problema desses fatores causais serem obedientes a uma ordem definida (ordem de quem?) é que eles são INVERIFICÁVEIS em condições normais de vida. Digamos lá que eu tenha um filho que nasceu retardado. Como espírita eu posso saber que há um motivo moral para isso: ele pode ser sido um cruel guarda de manicônio que abusava dos loucos; ou é um espírito tão mau, cercado de inimigos, que precisa ser colocado nesta condição de prisão carnal para ter um tempo de reflexão; etc, etc. Mas de qualquer forma, NÃO TENHO COMO SABER O MOTIVO e COMO ESPÍRITA, sei que tal busca de motivos não me trará nada de útil. E quanto a mim, bem moralmente eu posso supor que concordei em receber um filho nesta condição, com o propósito de ajudá-lo e cuidar dele da melhor maneira possível.
E o livre arbítrio continua. Para o filho não, pois ele está em situação irremediável, mas eu poderia interná-lo num manicônio e me livrar dele. Só que, de novo, moralmente, vou ser questionado a respeito: _ Espere aí, você assumiu o compromisso e deu para trás, como ficamos?


Botanico escreveu:3) Certo, os espíritos possuem graus variados de sabedoria e moralidade, o que os torna mais ou menos evoluídos, mas esses graus não foram produtos de obra e graça do Espírito Santo e sim de seus esforços individuais.


Acauan escreveu: Esforços individuais só aferíveis no esquema cósmico transcendente reencarnacionista, cujo consenso sobre sua existência só existe entre os espíritas.
Em nossa realidade comum, tal alegada superioridade seria considerada simplesmente inata, idéia básica de todas as formas de racismo.

Certo. Como eu já disse por aqui mais de uma vez, religião busca uma interpretação moral das coisas. Mas só que a aplicação do racismo, conforme eu disse, EXIGE UM PARÂMETRO FIXO PARA A SUA APLICAÇÃO. Sem ele, nada feito. Então pessoas podem trazer uma "superioridade inata", mas essa superioridade está ligada a qual parâmetro fixo e facilmente identificável? Serão os brancos superiores porque entre eles há gênios? Então o que eu faço com o Lulas, que é um operário burro e ignorante? Serão os índios bons e gentis só porque é apenas neles que encarnam espíritos bons e pacíficos? Então o que faço com os relatos que dizem que os índios guerreavam entre si e jantavam seus cativos?

Percebe que esta "superioridade inata" é um parâmetro impalpável e inverificável que não pode ser associado a grupo humano nenhum?


Botanico escreveu:4) Bem, só de se ver a humanidade é o bastante para perceber que as pessoas são muito variadas quanto à moralidade e capacidades. Não é preciso ser cético ou espírita para se perceber isso. Mas diferente do racismo por determinação genética ou aparência física, onde há um elemento preciso em que se apoiar, NÃO DÁ PARA SE APLICAR UM RACISMO por determinação moral, pois não há como saber o quanto uma pessoa é evoluída moralmente até que ela dê as provas disso.
O PT era o partido tido e havido como guardião da moralidade e da ética. Foi só chegar ao pudê que finalmente ele mostrou o quanto valor dá à ética e moralidade.


Acauan escreveu:Repito:
O julgamento moral de uma doutrina se dá pelos seus conteúdos intrínsecos e não pelo uso que é feito deles.
Se o racismo ou outra forma de discriminação é intrínseca à doutrina espírita, o fato de esta não ter sido aplicada – até hoje, não serve como escusa.

E eu repito também que doutrinas têm elementos fundamentais, que as caracteriam, e elementos periféricos, que podem variar, ser modificados ou abandonados com o tempo. No caso do Espiritismo o fundamental é a crença em Deus, no princípio da reencarnação, da evolução constante do espírito, da comunicabilidade com os espíritos e da prática do bem como fator de felicidade futura (há outros que não lembro no momento, mas por enquanto vamos ficar com estes). Tirou-se um item desses, deixou-se de ser Espiritismo.
Já os textos questionáveis de Kardec são periferia: era a sua interpretação que fez da realidade de sua época com o aval da ciência de então. Essa realidade e ciência mudaram e o que se pensava assim, hoje sabemos que é assado.

Se há espíritas que ao se depararem com estes textos, ficam perdidos, apavoradinhos e não sabem o que dizer ou só dizem bobagens, então se entenda com eles, mas no meu caso é o que eu já disse e o que o Espiritismo diz.

É isso.

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Re: Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por O ENCOSTO »

Botanico escreveu:
[color=#ffff00]Ah! Encostado, como você é burrinho. Será por conta da idade? Com tantos anos assim de vida, já deve estar ficando caduco.



Basicamente, é assim que o Bobotanico acha que refuta quyalquer critica contra o espiritismo: escrevendo infantilidades, ad hominem, etc. :emoticon16:


Em primeiro lugar, entender, explicar e justificar os motivos pelos quais Kardec teria escrito textos politicamente incorretos por conta de circunstâncias de sua época NÃO É DEFENDER, NEM CONCORDAR COM AS IDÉIAS RACISTAS EM QUESTÃO. Seria bom que você se mancasse disso.



Caro analfabeto funcional: Você chegou a ler a minha critica? DISSE QUE ESPIRITÓIDES BABÕES DEFENDEM O RACISMO DE KARDEC. Apresentei LINKS PARA SITES ESPIRITAS INCLUSIVE. Será que você não tem honestidade intelectual ao menos para reconhecer que esses animais existem? Te manca, mané.

Em lugar algum disse que TODOS OS ESPIRITAS, EM ESPECIAL O BOBOTANICO, SÃO RACISTAS. Aprenda a ler antes de escrever tanta besteira.

Kardec escreveu aquilo porque era o que a Ciência de sua época dizia e a realidade mostrava. Não havia porque se dizer o contrário. Hoje a realidade é outra e a ciência descobriu que pisou na bola quanto aos ideias racistas.



Se Kardec escreveu apenas oque a ciência apresentava na época, podemos dizer que ele apenas escreveu sobre a moral da época. Ou seja: NADA DE NOVO. Kardec, para formatar uma doutrina, não apresentou NADA DE NOVO.
Tudo que ele escreveu pode então ser tão datado quanto o seu racismo.



Muito que bem, então o que Kardec disse fica inválido também, mas como tenho visto, há os dois pesos e duas medidas. Se Silva Melo defendeu idéias racistas, isso não o desabona em nada, certo? Mas Kardec disse coisas racistas... ah! Agora sim ele e tudo o que disse deve ser desabonado.

Que pena!

Ah! Já descobriu os importantes trabalhos que tiveram a grande influência do grande sábio Silva Melo? Vou ficar cobrando isso da mesma forma que cobrei os 50 livros escritos pelo Amauri Pena e que até agora nem Turatti, nem Quevedo puderam me apresentar.
Vejamos se com você eu tenho mais sorte.


Será que só você não percebeu que eu estou apenas tirando uma onda com a sua cara? Eu não quero nem saber quem foi esse idiota do Silva Melo, não me interesso por nutrição nem nada.
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Mensagem por O ENCOSTO »

Flavio Costa escreveu:
Botanico escreveu:Na China, no máximo castelos de bambu.


China:
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Birmânia:
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Japão:
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Só bambu. :emoticon1:


E o mesmo preconceito existe contra outros povos.

Para os espiritóides babões, a Africa jamais teve uma civilização como o antigo Egito. Para esses idiotas, africanos eram somente nomades e passavam o dia tocando tambores fazendo uga uga.

Por quê acreditam nisso? Porque Kardec escreveu na biblia deles.
O ENCOSTO


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Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Acauan
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Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Acauan »

Botanico escreveu: A questão aqui, Acauan, é que não vejo uma análise da Doutrina Espírita no seu âmbito geral e sim focalizando um aspecto particular, QUE NEM CONSTITUEM FORO DE DOUTRINA, apenas porque este aspecto oferece uma brecha para ter do que se falar mal. O sistema reencarnacionista espírita não prevê limitações para um espírito encarnar-se, seja por motivos de identidade sexual, povo, raça, cor, predominância religiosa ou cultural, etc. Só isso já liquida o racismo, pois quem hoje está encarnado como um homem caucasóide, já pode ter sido e um dia será uma mulher negra.


Pelo contrário, a questão é justamente sobre os aspectos gerais da doutrina Espírita, uma vez que o dito aspecto particular é apenas um efeito.
Já citei como o determinismo, um aspecto geral, pode levar ao racismo.
Outro aspecto geral do Espiritismo, o enquadramento dos espíritos em uma hierarquia, que os qualifica como superiores ou inferiores, pode ser facilmente transportada para uma hierarquia racial correlacionada.

Dentro destes aspectos gerais, seu próprio exemplo pode assumir conotação racista ou discriminatória, bastando que se entenda como evolução uma mulher negra reencarnar como um homem caucasóide.


Botanico escreveu:Os textos de Kardec politicamente incorretos referem-se a uma interpretação que ele fez da realidade de sua época. Então a Ciência dizia que as raças não-caucasóides eram menos dotadas de capacidade intelectual e moral e até mesmo entre os caucasóides haviam raças inferiores, como nós os latino-americanos, os judeus, os eslavos, os ciganos... O que Kardec fez foi juntar a isso uma interpretação moral: se essas raças eram inferiores, então é lógico supor que nelas encarnavam espíritos menos evoluídos intelectualmente. É como numa empresa de computação, que reservará os computadores top de linha, caros e cheios de medalha para os que trabalham com programas pesados e consomem muitos recursos. Já para os filhos de funcionários brincarem na creche, estes podem lidar com computadores fraquinhos e que rodam os joguinhos infantis.


As doutrinas racistas em vigor na Europa do século XIX eram antes ideológicas do que científicas, uma vez que não eram embasadas em experimentos ou dados estatísticos consistentes.
Se Kardec se deixou influenciar por elas, o Espiritismo se fundamenta antes em ideologia do que em ciência, filosofia ou teologia.

Além do que, o racismo europeu da época se baseava em uma série de misticismos diversos, que frequentemente traçavam uma correlação direta entre pureza racial e superioridade espiritual – vide Madame Blavatsky e outros.

Assim, nada há de lógico ou científico nas conclusões de Kardec que mostram sua rendição aos conceitos racistas da época.


Botanico escreveu: Esse foi o motivo de Kardec pensar como pensou. Mas a realidade mudou, a Ciência mudou e agora está mais que evidente que não há raças inferiores, aliás NEM SEQUER EXISTEM RAÇAS. Então espíritos menos evoluídos podem encarnar em diversos povos por motivos de afinidade, mas não por causa de uma inexistente incapacidade intrínseca à genética deste grupo. Por esse motivo este aspecto racista não constitui foro de Doutrina Espírita.


Se a Doutrina Espírita preserva sua concepção básica de que há espíritos menos evoluídos, deixa em aberto a idéia de que a humanidade encarnada se divide entre espíritos superiores e inferiores.
O fato de negarem hoje que tal superioridade e inferioridade se expressa em termos de raça,não muda o fato de acreditarem que tal hierarquia se expressa de outras formas, o que é uma rejeição expressa à concepção de igualdade essencial entre os homens, nossa melhor prevenção contra ideologias racistas e suas variantes.


Botanico escreveu: O problema desses fatores causais serem obedientes a uma ordem definida (ordem de quem?) é que eles são INVERIFICÁVEIS em condições normais de vida. Digamos lá que eu tenha um filho que nasceu retardado. Como espírita eu posso saber que há um motivo moral para isso: ele pode ser sido um cruel guarda de manicônio que abusava dos loucos; ou é um espírito tão mau, cercado de inimigos, que precisa ser colocado nesta condição de prisão carnal para ter um tempo de reflexão; etc, etc. Mas de qualquer forma, NÃO TENHO COMO SABER O MOTIVO e COMO ESPÍRITA, sei que tal busca de motivos não me trará nada de útil. E quanto a mim, bem moralmente eu posso supor que concordei em receber um filho nesta condição, com o propósito de ajudá-lo e cuidar dele da melhor maneira possível.
E o livre arbítrio continua. Para o filho não, pois ele está em situação irremediável, mas eu poderia interná-lo num manicônio e me livrar dele. Só que, de novo, moralmente, vou ser questionado a respeito: _ Espere aí, você assumiu o compromisso e deu para trás, como ficamos?


Se a ordem definida é inverificável, utilizá-la para explicar eventos reais é uma escolha de fé.
Assim, é uma escolha de fé crer que um filho deficiente mental ou físico o é porque pode ter sido um deficiente moral em outra encarnação.
Outras escolhas podem considerar que tal crença é apenas uma suspeita infundada que acrescenta mais uma mazela à vida de quem já nasceu com o suficiente delas.


Botanico escreveu: [color=#ffbfff]Certo. Como eu já disse por aqui mais de uma vez, religião busca uma interpretação moral das coisas. Mas só que a aplicação do racismo, conforme eu disse, EXIGE UM PARÂMETRO FIXO PARA A SUA APLICAÇÃO. Sem ele, nada feito. Então pessoas podem trazer uma "superioridade inata", mas essa superioridade está ligada a qual parâmetro fixo e facilmente identificável? Serão os brancos superiores porque entre eles há gênios? Então o que eu faço com o Lulas, que é um operário burro e ignorante? Serão os índios bons e gentis só porque é apenas neles que encarnam espíritos bons e pacíficos? Então o que faço com os relatos que dizem que os índios guerreavam entre si e jantavam seus cativos?

Percebe que esta "superioridade inata" é um parâmetro impalpável e inverificável que não pode ser associado a grupo humano nenhum?


Os relatos de que os Índios guerreavam entre si são verdadeiros e os que dizem que éramos bons e pacíficos são falsos. É simples assim.

Só que isto não me diz respeito como indivíduo.
Não me sinto tentado a devorar caraíbas porque antepassados meus o fizeram.

A resposta para isto é simples – o trinômio individualidade – sociedade – cultura.

Não tenho a mais mínima preocupação em afirmar que a cultura branca ocidental é superior à cultura Tupi na grande maioria dos aspectos, o que não implica que qualquer branco fosse melhor que qualquer Tupi por causa disto.

Um dos problemas das doutrinas deterministas é sua natureza coletivista, que aponta rumos obrigatórios para as coletividades humanas (raciais e espirituais) e reduzem o indivíduo à um penduricalho levado a deriva por tais correntes.


Botanico escreveu: E eu repito também que doutrinas têm elementos fundamentais, que as caracteriam, e elementos periféricos, que podem variar, ser modificados ou abandonados com o tempo. No caso do Espiritismo o fundamental é a crença em Deus, no princípio da reencarnação, da evolução constante do espírito, da comunicabilidade com os espíritos e da prática do bem como fator de felicidade futura (há outros que não lembro no momento, mas por enquanto vamos ficar com estes). Tirou-se um item desses, deixou-se de ser Espiritismo.
Já os textos questionáveis de Kardec são periferia: era a sua interpretação que fez da realidade de sua época com o aval da ciência de então. Essa realidade e ciência mudaram e o que se pensava assim, hoje sabemos que é assado.

Se há espíritas que ao se depararem com estes textos, ficam perdidos, apavoradinhos e não sabem o que dizer ou só dizem bobagens, então se entenda com eles, mas no meu caso é o que eu já disse e o que o Espiritismo diz.


Como vimos, as próprias bases ideológicas do Espiritismo o tornam vulnerável à degeneração racista e não os textos periféricos de Kardec.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Anna
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Mensagem por Anna »

Botanico escreveu:
Anna escreveu:
Conan escreveu:Darwin era Racista... e agora? Naquele tempo, o racismo era normal... e tinha embasamento científico. Não ser racista, ou seja, não considerar o Homem branco superior ás outras raças, era ignorância científica.


Mas Darwin não recebeu orientação de espiritos superiores enquanto escrevia sua obra. Além do mais racismo nunca teve embasamento científico, sempre foi achismo, e só teve algum apoio das castas superiores perpetradas na Academia enquanto a ciência estava ancorada em premissas metodológicas frouxas.


Que interessante! Então o racismo não tinha embasamento científico? Então por que Galton e Darwin defendiam a eugenia? E não foi com base neles e em outros que os eugenistas fizeram suas políticas racistas?
O "achismo" científico aqui se justifica por um motivo muito simples: ninguém faz pesquisas para saber se a gravitação existe. Todo cientista sabe que sim. E a mesma coisa era o racismo: era desnecessário pesquisar para comprovar se haviam raças superiores ou inferiores, pois isso estava expresso na REALIDADE. Como eu já disse, os brancos tinham tecnologia desenvolvida, estudos científicos em andamento, armamento poderoso e faziam a dominação dos outros povos, que nada mais tinham do que arcos e flechas e arcabuzes do tempo de Cabral para revidar. Na Europa e América haviam casas, prédios, catedrais, pontes, etc; na África só havia choupanas. Na China, no máximo castelos de bambu.
Diga-me Madame: que trabalho científico era necessário no fim do século XIX para se provar a superioridade da raça caucasóide sobre as outras?


Sabes ler ou é mesmo um hábito seu ( e da maioria dos religiosos) fazer leitura seletiva das refutações a suas teses?

Anna escreveu:[b]...e só teve algum apoio das castas superiores perpetradas na Academia enquanto a ciência estava ancorada em premissas metodológicas frouxas.
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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Spitfire
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Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Spitfire »

Quanto mais eu conheço sobre o espíritismo e quanto mais eu leio as "defesas" dos que professam este credo, mais eu vejo quanto o espíritismo é tosco. :emoticon8:

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Botanico
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Re: Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Botanico »

O ENCOSTO escreveu:
Botanico escreveu:
Ah! Encostado, como você é burrinho. Será por conta da idade? Com tantos anos assim de vida, já deve estar ficando caduco.



O ENCOSTO escreveu:Basicamente, é assim que o Bobotanico acha que refuta quyalquer critica contra o espiritismo: escrevendo infantilidades, ad hominem, etc. :emoticon16:

[color=#ffff00]Estamos empatados nessa, Encostado, pois você também usa dos mesmos recursos (compara o Espiritismo com teologias muçulmanas, espíritas babões, etc e tal).



Em primeiro lugar, entender, explicar e justificar os motivos pelos quais Kardec teria escrito textos politicamente incorretos por conta de circunstâncias de sua época NÃO É DEFENDER, NEM CONCORDAR COM AS IDÉIAS RACISTAS EM QUESTÃO. Seria bom que você se mancasse disso.



O ENCOSTO escreveu: Caro analfabeto funcional: Você chegou a ler a minha critica? DISSE QUE ESPIRITÓIDES BABÕES DEFENDEM O RACISMO DE KARDEC. Apresentei LINKS PARA SITES ESPIRITAS INCLUSIVE. Será que você não tem honestidade intelectual ao menos para reconhecer que esses animais existem? Te manca, mané.

Em lugar algum disse que TODOS OS ESPIRITAS, EM ESPECIAL O BOBOTANICO, SÃO RACISTAS. Aprenda a ler antes de escrever tanta besteira.

Vou lhe pedir um tempo para responder a isso, pois eu quero ler os links dos sites espíritas indicados (acho que só vi um, um tal de Portal do Espírito, há algum outro?) onde havia o texto de um babaca que achava que Jesus devia ser um tremendo dum galã e uma única frase tirada de todo um texto de Paulo Sobrinho Neto, que vou ter de lê-lo para saber em que contexto ela se encaixa. Fique no aguardo.

Kardec escreveu aquilo porque era o que a Ciência de sua época dizia e a realidade mostrava. Não havia porque se dizer o contrário. Hoje a realidade é outra e a ciência descobriu que pisou na bola quanto aos ideias racistas.



Se Kardec escreveu apenas oque a ciência apresentava na época, podemos dizer que ele apenas escreveu sobre a moral da época. Ou seja: NADA DE NOVO. Kardec, para formatar uma doutrina, não apresentou NADA DE NOVO.
Tudo que ele escreveu pode então ser tão datado quanto o seu racismo.



Muito que bem, então o que Kardec disse fica inválido também, mas como tenho visto, há os dois pesos e duas medidas. Se Silva Melo defendeu idéias racistas, isso não o desabona em nada, certo? Mas Kardec disse coisas racistas... ah! Agora sim ele e tudo o que disse deve ser desabonado.

Que pena!

Ah! Já descobriu os importantes trabalhos que tiveram a grande influência do grande sábio Silva Melo? Vou ficar cobrando isso da mesma forma que cobrei os 50 livros escritos pelo Amauri Pena e que até agora nem Turatti, nem Quevedo puderam me apresentar.
Vejamos se com você eu tenho mais sorte.


O ENCOSTO escreveu: Será que só você não percebeu que eu estou apenas tirando uma onda com a sua cara? Eu não quero nem saber quem foi esse idiota do Silva Melo, não me interesso por nutrição nem nada.

Ah! Ah! Ah! Vou entender essa sua tentativa de escapada como uma caída de ficha. Parece que finalmente você se lembrou que o Quevedo é um mentiroso alienado e citou essa ilustre figura do Silva Melo por causa de um livro imbecil que ele escreveu sobre médiuns e aí achou o site onde ficou sabendo que ele é um dos imortais mortos da Academia Brasileira de Letras e que teve, inegavelmente, uma vasta cultura, escreveu várias obras e que foram até traduzidas para outros idiomas.
Suponho que com todas essas credenciais, você imaginou que o Silva Melo era muito grande coisa e que eu ia me sentir como cu de cachorro sentado diante dele.
Tudo o que precisei fazer foi confrontar os títulos de suas obras, o autor e ver o que saía no Google sobre ele. O resultado: a maioria acabou tudo naquela cadeira 19 da Academia. Achei uns três pdfs mas que não falam grande coisa dessa figuraça. Muito estranho para quem teria sido assim tão influente. Mas não vou deixar de perguntar à nutricionista sobre ele.

E se vai desvalorizar o Kardec por causa de seus textos politicamente incorretos, cuidado para não invocar outros heróis também politicamente incorretos...

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Botanico
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Re: Re.: Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro

Mensagem por Botanico »

Acauan escreveu:
Botanico escreveu: A questão aqui, Acauan, é que não vejo uma análise da Doutrina Espírita no seu âmbito geral e sim focalizando um aspecto particular, QUE NEM CONSTITUEM FORO DE DOUTRINA, apenas porque este aspecto oferece uma brecha para ter do que se falar mal. O sistema reencarnacionista espírita não prevê limitações para um espírito encarnar-se, seja por motivos de identidade sexual, povo, raça, cor, predominância religiosa ou cultural, etc. Só isso já liquida o racismo, pois quem hoje está encarnado como um homem caucasóide, já pode ter sido e um dia será uma mulher negra.


Acauan escreveu: Pelo contrário, a questão é justamente sobre os aspectos gerais da doutrina Espírita, uma vez que o dito aspecto particular é apenas um efeito.
Já citei como o determinismo, um aspecto geral, pode levar ao racismo.
Outro aspecto geral do Espiritismo, o enquadramento dos espíritos em uma hierarquia, que os qualifica como superiores ou inferiores, pode ser facilmente transportada para uma hierarquia racial correlacionada.

Dentro destes aspectos gerais, seu próprio exemplo pode assumir conotação racista ou discriminatória, bastando que se entenda como evolução uma mulher negra reencarnar como um homem caucasóide.

Bem, Acauan, quando Kardec codificou o Espiritismo, ele plotou a superioridade dos espíritos como encarnando predominantemente nos caucasóides, e o inverso para os negróides e mongolóides, pois a REALIDADE de sua época e a conceituação científica sobre raças permitiam essa interpretação. Contudo, essa realidade se foi: hoje não se pode mais ligar superioridade ou inferioridade moral e intelectual a raças (que cientificamente nem mais existem) ou povos.
Assim, portanto, não cabe a sua colocação de que seria evolução uma mulher negra encarnar em homem branco, aproveitando o meu exemplo. Que possa haver quem pense assim, não vou negar, mas isto é negado pelo Espiritismo enquanto aspecto geral.
O exemplo que citei é para mostrar que EM ESPIRITISMO, não há restrições de reencarnação. Qualquer espírito está sujeito a reencarnar em corpos de qualquer raça ou sexo, e em qualquer povo deste planeta (e outros também).
Por que é que o Espiritismo na sua forma não fez sucesso entre os anglo-saxônicos? Exatamente por isso: acha que um lorde inglês, rico e bem nascido poderia aceitar a idéia de estar sujeito a reencarnar com um negro pobre em alguma favela moçambicana?
Ficou até gozado: há o New Spiritualism, que aceita a comunicação espiritual, mas rejeita a reencarnação; há grupos reencarnacionistas anglo-saxônicos, mas que não aceitam que espíritos se comuniquem.


Botanico escreveu:Os textos de Kardec politicamente incorretos referem-se a uma interpretação que ele fez da realidade de sua época. Então a Ciência dizia que as raças não-caucasóides eram menos dotadas de capacidade intelectual e moral e até mesmo entre os caucasóides haviam raças inferiores, como nós os latino-americanos, os judeus, os eslavos, os ciganos... O que Kardec fez foi juntar a isso uma interpretação moral: se essas raças eram inferiores, então é lógico supor que nelas encarnavam espíritos menos evoluídos intelectualmente. É como numa empresa de computação, que reservará os computadores top de linha, caros e cheios de medalha para os que trabalham com programas pesados e consomem muitos recursos. Já para os filhos de funcionários brincarem na creche, estes podem lidar com computadores fraquinhos e que rodam os joguinhos infantis.


Acauan escreveu:As doutrinas racistas em vigor na Europa do século XIX eram antes ideológicas do que científicas, uma vez que não eram embasadas em experimentos ou dados estatísticos consistentes.
Se Kardec se deixou influenciar por elas, o Espiritismo se fundamenta antes em ideologia do que em ciência, filosofia ou teologia.

Além do que, o racismo europeu da época se baseava em uma série de misticismos diversos, que frequentemente traçavam uma correlação direta entre pureza racial e superioridade espiritual – vide Madame Blavatsky e outros.

Assim, nada há de lógico ou científico nas conclusões de Kardec que mostram sua rendição aos conceitos racistas da época.

Acauan, como você mesmo cita um trinômio abaixo, é bom entender que não existe essa pureza doutrinária absoluta em campo algum do conhecimento humano. O homem está inserido no seu tempo.
As doutrinas racistas de então podiam ser ideológicas, MAS NÃO ERAM CONTESTADAS PELA CIÊNCIA, ou seja, os cientistas achavam tão óbvio que havia raças superiores (as caucasóides, umas mais e outras menos) e raças inferiores (todas as outras) que nem se justificavam estudos científicos para confirmar ou negar esse óbvio ululante. Daí portanto é inútil tentar salvar a cara da Ciência neste aspecto. Não me consta que se façam estudos científicos para se comprovar o óbvio.

O pensador torna-se um farol de seu tempo. DO SEU TEMPO. Voltaire foi um pensador iluminista que sofreu perseguições de uns, mas no geral foi muito aplaudido e popular. Onde e quando ele viveu? Na Europa do século 18, onde os ideais absolutistas já estavam sendo questionados nas cabeças dos próprios aristocratas. Com as idéias que divulgava, ele mostrava um novo sentido de vida, de política, de sociedade, etc, para as quais havia um mercado interessado. Tivesse sido o que foi 100 anos antes, ele seria queimado vivo ou seria um escritor sem leitores.

Muito que bem, Kardec codificou uma doutrina que prega o reencarnacionismo, mas distinto de todos os que o precederam, pois não há restrições de ordem sexual, social ou racial (apenas que humanos não reencarnam em corpos animais); INOVOU com relação à comunicação espiritual, por mostrar ser ela acessível a todos e não um privilégio de uns poucos profetas e iluminados; isso abriu a porta para que os espíritos dos falecidos se revelassem e revelassem também as conseqüências de seus atos no mundo espiritual. Sinto muito, mas não posso concordar que essas coisas foram produtos de ideologias da época.

Ah! A propósito: Blavatsky foi posterior a Kardec e anti-espírita.


Botanico escreveu: Esse foi o motivo de Kardec pensar como pensou. Mas a realidade mudou, a Ciência mudou e agora está mais que evidente que não há raças inferiores, aliás NEM SEQUER EXISTEM RAÇAS. Então espíritos menos evoluídos podem encarnar em diversos povos por motivos de afinidade, mas não por causa de uma inexistente incapacidade intrínseca à genética deste grupo. Por esse motivo este aspecto racista não constitui foro de Doutrina Espírita.


Acauan escreveu:Se a Doutrina Espírita preserva sua concepção básica de que há espíritos menos evoluídos, deixa em aberto a idéia de que a humanidade encarnada se divide entre espíritos superiores e inferiores.
O fato de negarem hoje que tal superioridade e inferioridade se expressa em termos de raça,não muda o fato de acreditarem que tal hierarquia se expressa de outras formas, o que é uma rejeição expressa à concepção de igualdade essencial entre os homens, nossa melhor prevenção contra ideologias racistas e suas variantes.

Acauan, eu gostaria que você ao menos admitisse isso: EXISTEM DIFERENÇAS MORAIS E INTELECTUAIS NAS PESSOAS. Não há fugir disso. Isso não desmente a nossa igualdade essencial como espécie e pessoas, mas é um fato. E o que o Espiritismo faz é simplesmente colocar que este fato também está presente na condição espiritual.

Botanico escreveu: O problema desses fatores causais serem obedientes a uma ordem definida (ordem de quem?) é que eles são INVERIFICÁVEIS em condições normais de vida. Digamos lá que eu tenha um filho que nasceu retardado. Como espírita eu posso saber que há um motivo moral para isso: ele pode ser sido um cruel guarda de manicônio que abusava dos loucos; ou é um espírito tão mau, cercado de inimigos, que precisa ser colocado nesta condição de prisão carnal para ter um tempo de reflexão; etc, etc. Mas de qualquer forma, NÃO TENHO COMO SABER O MOTIVO e COMO ESPÍRITA, sei que tal busca de motivos não me trará nada de útil. E quanto a mim, bem moralmente eu posso supor que concordei em receber um filho nesta condição, com o propósito de ajudá-lo e cuidar dele da melhor maneira possível.
E o livre arbítrio continua. Para o filho não, pois ele está em situação irremediável, mas eu poderia interná-lo num manicônio e me livrar dele. Só que, de novo, moralmente, vou ser questionado a respeito: _ Espere aí, você assumiu o compromisso e deu para trás, como ficamos?


Acauan escreveu:Se a ordem definida é inverificável, utilizá-la para explicar eventos reais é uma escolha de fé.
Assim, é uma escolha de fé crer que um filho deficiente mental ou físico o é porque pode ter sido um deficiente moral em outra encarnação.
Outras escolhas podem considerar que tal crença é apenas uma suspeita infundada que acrescenta mais uma mazela à vida de quem já nasceu com o suficiente delas.

Por isso mesmo que as lembranças das vidas anteriores são apagadas. O que acontece, Acauan, é que as dores e sofrimentos humanos têm embaraçados os filósofos e confundido as religiões. Não pretendemos, nós os espíritas, afirmar que estão plenamente resolvidas, mas cremos a maior luz sobre o assunto, senão a única, partiu do Espiritismo. O Cristianismo, sobre esse ponto, apresenta ensinos de lastimável pobreza e impossível aceitação. De acordo com ele, as causas do sofrimento foi a burrada de Adão e Eva. O Espiritismo coloca como causa os nossos próprios erros. Ou seja, a culpa é nossa e não de algum pecador ancestral. A Ciência busca as causas físicas e tenta encontrar as soluções, mas oferece suporte moral para nada disso.

Não sei a que outras escolhas você se refere, mas como tenho dito, aquilo que não se pode remediar, é conta da lei de causa e efeito. O que se pode remediar e nada se faz ou busca-se atalhos para se livrar do problema, já é questão de escolha pessoal. Cabe só aqui a advertência espírita: _ A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.


Botanico escreveu: [color=#ffbfff]Certo. Como eu já disse por aqui mais de uma vez, religião busca uma interpretação moral das coisas. Mas só que a aplicação do racismo, conforme eu disse, EXIGE UM PARÂMETRO FIXO PARA A SUA APLICAÇÃO. Sem ele, nada feito. Então pessoas podem trazer uma "superioridade inata", mas essa superioridade está ligada a qual parâmetro fixo e facilmente identificável? Serão os brancos superiores porque entre eles há gênios? Então o que eu faço com o Lulas, que é um operário burro e ignorante? Serão os índios bons e gentis só porque é apenas neles que encarnam espíritos bons e pacíficos? Então o que faço com os relatos que dizem que os índios guerreavam entre si e jantavam seus cativos?

Percebe que esta "superioridade inata" é um parâmetro impalpável e inverificável que não pode ser associado a grupo humano nenhum?


Acauan escreveu:Os relatos de que os Índios guerreavam entre si são verdadeiros e os que dizem que éramos bons e pacíficos são falsos. É simples assim.

Só que isto não me diz respeito como indivíduo.
Não me sinto tentado a devorar caraíbas porque antepassados meus o fizeram.

A resposta para isto é simples – o trinômio individualidade – sociedade – cultura.

Não tenho a mais mínima preocupação em afirmar que a cultura branca ocidental é superior à cultura Tupi na grande maioria dos aspectos, o que não implica que qualquer branco fosse melhor que qualquer Tupi por causa disto.

Um dos problemas das doutrinas deterministas é sua natureza coletivista, que aponta rumos obrigatórios para as coletividades humanas (raciais e espirituais) e reduzem o indivíduo à um penduricalho levado a deriva por tais correntes.

Quis dizer que índios são gente igual às outras gentes, com qualidades e defeitos, como todo mundo. Há quem considere os índios um bando de incivilizados inúteis, que precisam de uma enorme floresta para sustentar uma tribo de 100 índios, prejudicando os valorosos fazendeiros à volta, que querem vender o mogno e transformar a floresta e plantações de grãos. Há também aqueles que consideram os índios como santos. Lembrei-me agora de um aluno da extinta disciplina "Estudos sobre Problemas Brasileiros" (criada pelos militares para dar aos alunos uma imagem maravilhosa do Brasil e dos seus governantes milicos _ acho que esta disciplina deveria ter outro nome...). Foi feita uma palestra por um antropologista, que falou sobre as questões envolvendo os índios, como era sua organização social, os conflitos deles com os fazendeiros, etc e tal. No dia da prova, o professor pediu justamente para que então os alunos discorressem sobre o tema envolvendo os índios. Bem, um dos alunos fez lá um discurso dizendo que a coisa não era nada daquilo, pois o índio é bom, é sensível, é humilde, e todo o dia é dia de índio, etc e tal...
E aí? Você que é índio concorda com esse aluno? Se os índios são todos santinhos, onde se encaixa o cacique Paiacã, aquele que estuprou e espancou uma professorinha e ainda botou a culpa toda na mulher dele?

Falou do tal trinômio: individualidade – sociedade – cultura. E vai querer me dizer que ele não alimenta o racismo? Houve um ministro do Lula que disse que a presença de nordestinos em São Paulo contribui para o aumento da criminalidade. Numa firma em trabalhei (em São Paulo), ouvi essa: _ Mantenha essa cidade limpa matando um baiano por dia. O meu irmão é escrivão de polícia e ficou horrorizado quando um nordestino, bichinho, chegou lá furioso, querendo que prendessem o namorado da filha dele, pois o garotão tirou a virgindade da mocinha. Protestava esse pai: _ Eu estava preparando a minha filha para mim! Eu é que tinha que tirar a virgidade dela e esse desgraçado que passou na minha frente! _ Será que um caso assim não levaria a se pensar que todo pai nordestino, bichinho, é que tira a virgindade da filha?

Olha, Acauan, acho que toda essa nossa conversa pode ser resumida nesta frase: _ Não é negando as diferenças que se acaba com o racismo e sim aprendendo a reconhecê-las, respeitá-las e conviver com elas.


Botanico escreveu: E eu repito também que doutrinas têm elementos fundamentais, que as caracteriam, e elementos periféricos, que podem variar, ser modificados ou abandonados com o tempo. No caso do Espiritismo o fundamental é a crença em Deus, no princípio da reencarnação, da evolução constante do espírito, da comunicabilidade com os espíritos e da prática do bem como fator de felicidade futura (há outros que não lembro no momento, mas por enquanto vamos ficar com estes). Tirou-se um item desses, deixou-se de ser Espiritismo.
Já os textos questionáveis de Kardec são periferia: era a sua interpretação que fez da realidade de sua época com o aval da ciência de então. Essa realidade e ciência mudaram e o que se pensava assim, hoje sabemos que é assado.

Se há espíritas que ao se depararem com estes textos, ficam perdidos, apavoradinhos e não sabem o que dizer ou só dizem bobagens, então se entenda com eles, mas no meu caso é o que eu já disse e o que o Espiritismo diz.


Como vimos, as próprias bases ideológicas do Espiritismo o tornam vulnerável à degeneração racista e não os textos periféricos de Kardec.

Sabe, Acauan, NÃO HÁ COMO PREVER O QUE UMA DOUTRINA FARÁ NO FUTURO ATÉ QUE O FAÇA. Karl Marx tinha uma visão de uma sociedade mais justa e menos desigual, mas no que é que deu o Marxismo? Resultou numa tirania desumana que tem muitos mais milhões de vítimas do que todas as religiões juntas. Jesus deixou ensinamentos de amar ao próximo, de que o apego às riquezas e pompas são tesouros que as traças roem, que quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado, etc e tal. No entanto, no que deu o Cristianismo? Dispensa comentários, não?
A mesma coisa é o Espiritismo, só que este, com todos os seus senões, ainda não virou o que você acha que tem potencial para se tornar. Primeiro porque a mudança de realidade e mentalidade já inutilizou os textos politicamente incorretos de Kardec e em segundo, como já disse, SEM UM REFERENCIAL FIXO, não há como se aplicar políticas racistas.
É isso.

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Botanico escreveu:Bem, Acauan, quando Kardec codificou o Espiritismo, ele plotou a superioridade dos espíritos como encarnando predominantemente nos caucasóides, e o inverso para os negróides e mongolóides, pois a REALIDADE de sua época e a conceituação científica sobre raças permitiam essa interpretação.


Em nada a realidade da época permitia esta interpretação, porque os europeus brancos do século XIX haviam conquistado hegemonia material sobre o mundo e não hegemonia espiritual.
O fato de a Europa haver se industrializado primeiro que outras regiões e por conta disto ter imposto sua supremacia econômica, tecnológica e militar ao restante do mundo não são indicativos de superioridade moral.

Se Kardec era incapaz de distinguir estas diferenças tão óbvias entre valores materiais e espirituais, é de se esperar que a doutrina que criou reflita as incapacidades de seu criador.

Quanto às supostas conceituações européias sobre raças do século XIX, qualquer trabalho da época sobre o tema acumula tantos erros de método, que só a predisposição de fazer vista grossa a eles explica o chama-las científicas.


Botanico escreveu:Contudo, essa realidade se foi: hoje não se pode mais ligar superioridade ou inferioridade moral e intelectual a raças (que cientificamente nem mais existem) ou povos.


Esta suposta realidade nunca existiu e se alguém ligava superioridade moral à raça, ontem ou hoje, o fazia por conta de suas próprias escolhas individuais.

Botanico escreveu:Assim, portanto, não cabe a sua colocação de que seria evolução uma mulher negra encarnar em homem branco, aproveitando o meu exemplo.


Eu não escrevi, e jamais o faria, que seria evolução uma mulher negra encarnar em homem branco. Escrevi "seu próprio exemplo pode assumir conotação racista ou discriminatória, bastando que se entenda como evolução uma mulher negra reencarnar como um homem caucasóide", o que é muito diferente.

Botanico escreveu:Que possa haver quem pense assim, não vou negar, mas isto é negado pelo Espiritismo enquanto aspecto geral.


Você confunde suas concepções pessoais sobre a doutrina espírita com aspectos gerais da doutrina. As origens históricas do espiritismo, as idéias de seu fundador e suas bases filosóficas sustentam tanto suas concepções pessoais quanto às concepções racistas.
A diferenciação se dá pela escolha da facção espírita em interpretar os textos base de sua doutrina de forma literal e absoluta ou metafórica e relativa.
Numa correlação com ambigüidade similar existente entre os cristãos, pode-se dizer que espíritas fundamentalistas são mais potencialmente racistas que os que não o são.
Mas isto é apenas questão de escolha pessoal. Nada no conteúdo da doutrina garante que a abordagem não racista lhe seja uma interpretação natural.


Botanico escreveu:O exemplo que citei é para mostrar que EM ESPIRITISMO, não há restrições de reencarnação. Qualquer espírito está sujeito a reencarnar em corpos de qualquer raça ou sexo, e em qualquer povo deste planeta (e outros também).
Por que é que o Espiritismo na sua forma não fez sucesso entre os anglo-saxônicos? Exatamente por isso: acha que um lorde inglês, rico e bem nascido poderia aceitar a idéia de estar sujeito a reencarnar com um negro pobre em alguma favela moçambicana?
Ficou até gozado: há o New Spiritualism, que aceita a comunicação espiritual, mas rejeita a reencarnação; há grupos reencarnacionistas anglo-saxônicos, mas que não aceitam que espíritos se comuniquem.


O espiritismo não fez sucesso entre povo nenhum, exceto o brasileiro.
Entre os anglo-saxônicos esta aversão era mais esperada, uma que são em sua maioria protestantes, facção cristã que tem como regra a proibição bíblica de comunicação com os mortos.
Um exemplo interessante de como os americanos encaram o espiritismo são os tabuleiros Ouija, que para eles é apenas um brinquedo.


Botanico escreveu:Os textos de Kardec politicamente incorretos referem-se a uma interpretação que ele fez da realidade de sua época. Então a Ciência dizia que as raças não-caucasóides eram menos dotadas de capacidade intelectual e moral e até mesmo entre os caucasóides haviam raças inferiores, como nós os latino-americanos, os judeus, os eslavos, os ciganos... O que Kardec fez foi juntar a isso uma interpretação moral: se essas raças eram inferiores, então é lógico supor que nelas encarnavam espíritos menos evoluídos intelectualmente. É como numa empresa de computação, que reservará os computadores top de linha, caros e cheios de medalha para os que trabalham com programas pesados e consomem muitos recursos. Já para os filhos de funcionários brincarem na creche, estes podem lidar com computadores fraquinhos e que rodam os joguinhos infantis.


Botanico escreveu:Acauan, como você mesmo cita um trinômio abaixo, é bom entender que não existe essa pureza doutrinária absoluta em campo algum do conhecimento humano. O homem está inserido no seu tempo.
As doutrinas racistas de então podiam ser ideológicas, MAS NÃO ERAM CONTESTADAS PELA CIÊNCIA, ou seja, os cientistas achavam tão óbvio que havia raças superiores (as caucasóides, umas mais e outras menos) e raças inferiores (todas as outras) que nem se justificavam estudos científicos para confirmar ou negar esse óbvio ululante. Daí portanto é inútil tentar salvar a cara da Ciência neste aspecto. Não me consta que se façam estudos científicos para se comprovar o óbvio.


Não há porque tentar salvar a cara da Ciência porque ela não tem uma. A Ciência é um método de obtenção de conhecimento baseado na observação, teorização e experimentação.
O fato de cientistas defenderem determinada tese não a torna científica e sim o método que produziu as evidências que a comprovam.
Se Sir Isaac Newton apresentasse sua teoria da gravitação baseando suas conclusões apenas nos pressupostos teológicos cristãos nos quais acreditava, tais conclusões não seriam consideradas científicas, mesmo que apresentadas pelo cientista mais respeitado de seu tempo.

Assim, não importa a realidade histórica, cultural ou ideológica de uma época, a classificação de uma tese como científica deve considerar apenas os aspectos metodológicos referentes às conclusões e às evidências que as sustentam.

Por este critério, não há respaldo científico algum para as doutrinas racistas do século XIX.


Botanico escreveu:O pensador torna-se um farol de seu tempo. DO SEU TEMPO. Voltaire foi um pensador iluminista que sofreu perseguições de uns, mas no geral foi muito aplaudido e popular. Onde e quando ele viveu? Na Europa do século 18, onde os ideais absolutistas já estavam sendo questionados nas cabeças dos próprios aristocratas. Com as idéias que divulgava, ele mostrava um novo sentido de vida, de política, de sociedade, etc, para as quais havia um mercado interessado. Tivesse sido o que foi 100 anos antes, ele seria queimado vivo ou seria um escritor sem leitores.


Entretanto, os grandes pensadores, que realmente se tornaram faróis de seu tempo e dos tempos futuros, muitas vezes foram ignorados, perseguidos ou mortos por seus contemporâneos, mas suas idéias eram tão poderosas que não só sobreviveram às suas próprias mortes como modificaram o mundo.

A civilização Ocidental se construiu sobre dois exemplos disto, Sócrates e Jesus de Nazaré.


Botanico escreveu:Muito que bem, Kardec codificou uma doutrina que prega o reencarnacionismo, mas distinto de todos os que o precederam, pois não há restrições de ordem sexual, social ou racial (apenas que humanos não reencarnam em corpos animais); INOVOU com relação à comunicação espiritual, por mostrar ser ela acessível a todos e não um privilégio de uns poucos profetas e iluminados; isso abriu a porta para que os espíritos dos falecidos se revelassem e revelassem também as conseqüências de seus atos no mundo espiritual. Sinto muito, mas não posso concordar que essas coisas foram produtos de ideologias da época.

Ah! A propósito: Blavatsky foi posterior a Kardec e anti-espírita.


Citei Madame Blavatsky apenas como um dos vários exemplos que mostram que as ideologias racistas do século XIX eram mais baseadas em algum tipo de misticismo do que em verdadeira ciência.

E não há absolutamente nada de inovador na proposta kardecista de que qualquer um pode se comunicar com espíritos, tal idéia é comum em inúmeras culturas, desde animistas tribais até a Europa pré-industrial.
Afinal, o que é ver e falar com fantasmas que não comunicar-se com espíritos, e não foi Kardec quem inventou os fantasmas.

O que é atribuível à Kardec é a pretensão de dar a tais comunicações status científico, pretensão esta jamais reconhecida fora da comunidade que ele fundou.


Botanico escreveu:Acauan, eu gostaria que você ao menos admitisse isso: EXISTEM DIFERENÇAS MORAIS E INTELECTUAIS NAS PESSOAS. Não há fugir disso. Isso não desmente a nossa igualdade essencial como espécie e pessoas, mas é um fato. E o que o Espiritismo faz é simplesmente colocar que este fato também está presente na condição espiritual.


Por que eu negaria que há diferenças morais e intelectuais entre as pessoas? Isto é conseqüência direta da própria definição de individualidade.

O que rejeito é que estas diferenças sejam regidas por algum tipo de determinismo, o que é a própria negação da individualidade.


Botanico escreveu:Por isso mesmo que as lembranças das vidas anteriores são apagadas. O que acontece, Acauan, é que as dores e sofrimentos humanos têm embaraçados os filósofos e confundido as religiões. Não pretendemos, nós os espíritas, afirmar que estão plenamente resolvidas, mas cremos a maior luz sobre o assunto, senão a única, partiu do Espiritismo. O Cristianismo, sobre esse ponto, apresenta ensinos de lastimável pobreza e impossível aceitação. De acordo com ele, as causas do sofrimento foi a burrada de Adão e Eva. O Espiritismo coloca como causa os nossos próprios erros. Ou seja, a culpa é nossa e não de algum pecador ancestral. A Ciência busca as causas físicas e tenta encontrar as soluções, mas oferece suporte moral para nada disso.

Não sei a que outras escolhas você se refere, mas como tenho dito, aquilo que não se pode remediar, é conta da lei de causa e efeito. O que se pode remediar e nada se faz ou busca-se atalhos para se livrar do problema, já é questão de escolha pessoal. Cabe só aqui a advertência espírita: _ A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.


As respostas do Cristianismo ao Problema do Mal parecem menos pobres quando analisadas em seus aspectos simbólicos, além do literalismo fundamentalista.
Mas uma das melhores respostas religiosas, na minha opinião, vem do judaísmo, do Livro de Jó, cuja mensagem é que mesmo que todo o Universo lhe pareça injusto e que a opção pelo BEM só lhe traga dores, deve-se perseverar no caminho da Justiça.
O porquê deve ser assim o livro não diz, apenas deixa claro no diálogo de Deus com Jó que a resposta não está no cosmo externo a ele, para o qual a existência individual humana é insignificante.

Já a cosmovisão espírita sobre o problema é repleta de contradições, pois associa o mal à ignorância dos espíritos primitivos e propõe que o BEM é alcançado pelo aprendizado decorrente das reencarnações sucessivas.

Esta idéia é quase Positivismo puro, a convicção de que o progresso leve necessariamente ao BEM, inclusive o progresso histórico, que tornaria a modernidade obrigatoriamente melhor que os tempos que a precederam.

Não há qualquer veracidade comprovada nesta opinião, que, portanto, é apenas isto.

Se a crença no progresso Positivo fosse verdadeira, o próprio passar do tempo evidenciaria, por si só, a redução da quantidade de Mal no mundo, uma vez que os espíritos evoluiriam sempre e assim o mal diminuiria continuamente.
Não há evidências históricas disto. Em muitos períodos pode-se observar o contrário.

Além disto, o espiritismo se baseia na mesma idéia fundamental do Cristianismo quanto ao tema, que o mal seja uma anomalia na realidade e não uma condição natural dentro dela, tanto que ambas estabelecem esquemas cósmicos para a eliminação do mal, a redenção e a reencarnação, respectivamente.
Se existe um complexo esquema cósmico para eliminar o mal da realidade, cabe perguntar por que não há um esquema cósmico constituído na inexistência do mal.


Botanico escreveu:Quis dizer que índios são gente igual às outras gentes, com qualidades e defeitos, como todo mundo. Há quem considere os índios um bando de incivilizados inúteis, que precisam de uma enorme floresta para sustentar uma tribo de 100 índios, prejudicando os valorosos fazendeiros à volta, que querem vender o mogno e transformar a floresta e plantações de grãos. Há também aqueles que consideram os índios como santos. Lembrei-me agora de um aluno da extinta disciplina "Estudos sobre Problemas Brasileiros" (criada pelos militares para dar aos alunos uma imagem maravilhosa do Brasil e dos seus governantes milicos _ acho que esta disciplina deveria ter outro nome...). Foi feita uma palestra por um antropologista, que falou sobre as questões envolvendo os índios, como era sua organização social, os conflitos deles com os fazendeiros, etc e tal. No dia da prova, o professor pediu justamente para que então os alunos discorressem sobre o tema envolvendo os índios. Bem, um dos alunos fez lá um discurso dizendo que a coisa não era nada daquilo, pois o índio é bom, é sensível, é humilde, e todo o dia é dia de índio, etc e tal...
E aí? Você que é índio concorda com esse aluno? Se os índios são todos santinhos, onde se encaixa o cacique Paiacã, aquele que estuprou e espancou uma professorinha e ainda botou a culpa toda na mulher dele?


Se o tal aluno tivesse conhecido um guerreiro Tupi, não teria estas idéias idiotas, criadas pelos escritores românticos brasileiros do século XIX.
Éramos bárbaros, selvagens e cruéis.
Era a nossa cultura.
Não era lá muito romântica ou bonita, mas nos manteve vivos em um ambiente terrivelmente hostil até eu ter a chance de escrever estas palavras.


Botanico escreveu:Falou do tal trinômio: individualidade – sociedade – cultura. E vai querer me dizer que ele não alimenta o racismo?


Qualquer coisa pode alimentar o racismo em quem acredita nele.
É o solo fértil da mente racista que faz a semente do ódio germinar.


Botanico escreveu:Houve um ministro do Lula que disse que a presença de nordestinos em São Paulo contribui para o aumento da criminalidade. Numa firma em trabalhei (em São Paulo), ouvi essa: _ Mantenha essa cidade limpa matando um baiano por dia. O meu irmão é escrivão de polícia e ficou horrorizado quando um nordestino, bichinho, chegou lá furioso, querendo que prendessem o namorado da filha dele, pois o garotão tirou a virgindade da mocinha. Protestava esse pai: _ Eu estava preparando a minha filha para mim! Eu é que tinha que tirar a virgidade dela e esse desgraçado que passou na minha frente! _ Será que um caso assim não levaria a se pensar que todo pai nordestino, bichinho, é que tira a virgindade da filha?


Pensará assim quem quiser pensar assim.
Os demais julgarão o sujeito que declarou tal intenção pelas intenções que ele próprio declarou e não julgarão os que nunca declararam intenção igual, com base nas intenções que não declararam.
O preconceito anti-nordestino em São Paulo cresceu no ambiente da industrialização acelerada dos anos sessenta e setenta, quando várias comunidades de migrantes dividiram espaço com as comunidades operárias nativas, muitas delas descendentes de imigrantes europeus.
Como disse antes, optar pelo preconceito era uma opção individual.
Na rua onde cresci havia italianos, espanhóis, japoneses, ucranianos (natos ou descendentes) convivendo com nordestinos, mineiros e outros migrantes em clima de ótima vizinhança.


Botanico escreveu:Olha, Acauan, acho que toda essa nossa conversa pode ser resumida nesta frase: _ Não é negando as diferenças que se acaba com o racismo e sim aprendendo a reconhecê-las, respeitá-las e conviver com elas.


Repetindo, o problema não são as diferenças, mas os determinismos que afirmam dominar a fórmula que governa estas diferenças.

Botanico escreveu:Sabe, Acauan, NÃO HÁ COMO PREVER O QUE UMA DOUTRINA FARÁ NO FUTURO ATÉ QUE O FAÇA. Karl Marx tinha uma visão de uma sociedade mais justa e menos desigual, mas no que é que deu o Marxismo? Resultou numa tirania desumana que tem muitos mais milhões de vítimas do que todas as religiões juntas. Jesus deixou ensinamentos de amar ao próximo, de que o apego às riquezas e pompas são tesouros que as traças roem, que quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado, etc e tal. No entanto, no que deu o Cristianismo? Dispensa comentários, não?
A mesma coisa é o Espiritismo, só que este, com todos os seus senões, ainda não virou o que você acha que tem potencial para se tornar. Primeiro porque a mudança de realidade e mentalidade já inutilizou os textos politicamente incorretos de Kardec e em segundo, como já disse, SEM UM REFERENCIAL FIXO, não há como se aplicar políticas racistas.


Como disse alguém, o preço da liberdade é a eterna vigilância.
Certa vez escrevi sobre como certas interpretações do fundamentalismo cristão se aproximavam perigosamente das ideologias fascistas, o que me valeu algumas ameaças veladas de um religioso participante aqui.

Por mais que pareça impossível o surgimento de uma ditadura fundamentalista cristã, nunca é demais alertar para o risco que certos conteúdos e suas interpretações representam, o que não deixa de ser uma forma de se prevenir contra estas possibilidades, mesmo que remotas.
Teria sido ótimo se uma melhor leitura crítica e um mais decidido senso de prevenção tivessem criado, em sua época, uma prevenção eficaz contra o fascismo e o comunismo.

Os conteúdos racistas conseqüentes do determinismo positivo espírita representam um perigo ínfimo, mas isto não é razão para fingir que eles não existem.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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user f.k.a. Cabeção
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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Conan escreveu:
King In Crimson escreveu:
Conan escreveu:Darwin era Racista...


Não sei. Ele disse em seu diário que detestou o Brasil por causa do tratamento dados aos negros.


Era racista porque achava que os brancos eram intelectualmente superiores, mas nao odiava as outras raças. Pelo contrário.



Racistas são aqueles que defendem teses de supremacia baseadas em critérios de raça, ou que propõe o estabelecimento de alguma medida segregacional, gerando assimetria de direitos e/ou concedendo privilégios a determinados grupos étnicos.

Dizer que os brancos tem em média inteligência maior que negros não é exatamente racismo. Como inteligência em geral tem um caráter bastante subjetivo, isso passa a ser um juízo de valor pouco significativo, quando não se insere num contexto de discurso de superioridade.

Agora muitas pesquisas feitas em termos de Quociente de Inteligência tem apontado diferenças significativas entre raças distintas, sendo os negros em geral aqueles com os resultados mais baixos. Existe ainda o debate se esses resultados são conseqüência de questões sociais ou genéticas, que parece não ser resolvível devido ao forte teor emocional que um tema como esse agrega.

O espiritismo sustenta um discurso de superioridade racial, por isso racista. Para um espírita, um branco é superior a um negro por questões transcedentes.

Agora ter uma opinião sobre o desempenho médio e mensurável de diversos grupos étnicos não é racismo.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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Hrrr
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Mensagem por Hrrr »

O ENCOSTO escreveu:Para os espiritóides babões, a Africa jamais teve uma civilização como o antigo Egito. Para esses idiotas, africanos eram somente nomades e passavam o dia tocando tambores fazendo uga uga.


huahauhuahauahuahahauahauahauahuhaauhauha
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

plante uma arvore por dia com um clic

Trancado