Indiferença
- clara campos
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Re: Re.: Indiferença
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Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)
- Flavio Costa
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Re: Re.: Indiferença
clara campos escreveu:O sentimento que essas coisas fazem nascer em mim nem sequer é pena, é uma espécie de angústia, será "angústia" em "brasileirês" o mesmo que é por cá??
Sim.

clara campos escreveu:E não é só com o sitema não, é comigo também, que como três refeições por dia, vou de carro para a universidade e acabei de comprar carro. É a impotência perante o facto consumado de que estou "infectada" por este consumismo que me lavou o cérebro logo à nascença.
Clara, você tem que pensar que aquelas pessoas que estão lá passando fome, se não estivessem, estariam tão "infectas" quanto você. Esse problema não é do sistema, é da natureza humana. O natural é buscar sempre um degrau acima.
clara campos escreveu:Faço voluntariado numa associação que trabalha na área da discriminação (já aqui fiz publicidade), e brevemente pretendo entrar noutra, que trabalha na mesma área mas de forma mais "agressiva".
Aqui cabe aquilo que falei a respeito do vegetarianismo: quando o assunto é caridade e generosidade, não existe um ponto certo e errado, ou uma quantia mínima obrigatória. Quanto mais se faz, mais benefício se cria, mas não existe isso de "faço muito pouco".
A outra coisa a ter em mente é que nenhum de nós, meros mortais, vai salvar o mundo. O mundo não quer ser salvo. Então o melhor que podemos fazer é combater os defeitos dentro de nós mesmos (veja que a luta individual já é enorme, ainda mais a luta contra o mundo inteiro!) e oferecer isso aos outros.
clara campos escreveu:Já perdi a conta aos dias em que cheguei a casa frustada, desanimada, pensado, mas que m*rda é que isto vai mudar???
A verdade é que você não vai mudar, por mais que você se esforçe e lute loucamente, a humanidade vai continuar com seus problemas. Só que você pode fazer a diferença para uma, duas, três, cinco ou dez pessoas. As mazelas do mundo continuarão existindo, mas alguém poderá olhar nos seus olhos e agradecer: "obrigado, você salvou minha vida". É isso que tem que fazer o esforço valer a pena.
clara campos escreveu:Raiva, fernando, eu só sinto da minha impotência, da minha cobardia, e sim, da indeferença.
Não deveria, você não ajuda ninguém com isso, nem a si mesma. Nenhum ser humano é culpado por ser humano. Se alguém tivesse que ter culpa disso, seria o Deus Criador, que as pessoas estranhamente tentam isentar de toda responsabilidade e transferir a culpa para a humanidade. Essa é uma idéia com a qual dificilmente vou me adaptar.
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
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- Luis Inácio, 20/10/2006
Re: Re.: Indiferença
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Se as pessoas tem os mesmos direitos garantidos por leis (não havendo grupos previamente favorecidos), não existe qualquer tipo de desigualdade social, sendo tal conceito uma ficção. Não vivemos em um apartheid (ainda, já que com essas cotas, duvido muito que não venhamos a nos tornar um).
Se as desigualdades sociais possuem fundo econômico, como a simples igualdade legal poderia anulá-la? Além disso, cabe-nos perguntar quem é que instaura as tais leis e direcionada a quem. Se o Estado é classista, e eu creio sinceramente que seja, o direito também se baseia em relações classistas, sendo o resultado (positivo ou não) das mesmas.
Podemos ainda questionar: em algum lugar do mundo a advocacia pública é superior à privada? Se for comprovado que não, esse mito da lei cai por terra, pois que detém maior poder aquisitivo pode dispor de melhores armas legais em sua própria defesa.
A solução então, nesse caso, é averiguar caso por caso a quem cada lei afeta na prática e de que forma. E, creio que não precisa ser mencionado, que as tais sejam aplicadas universalmente e sem distinção pessoal.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Toda desigualdade se dá em termos de diferenças econômicas. A verdade é que a constituição prevê uma quantidade enorme de direitos que o Estado não é capaz de garantir ao cidadão, e não porque falta recursos, mas é porque o Estado não deveria estar cumprindo aquela função pois não é ele quem a cumpre melhor, principalmente num país de proporções continentais como Brasil. E com isso gera-se um aparelhamento excessivo da máquina governamental, que gera uma demanda excessiva de verba dos pagadores de impostos, que tem de trabalhar cinco meses por ano apenas para ficar em dia com suas obrigações tributárias, e em virtude disso vê-se a estagnação econômica, e com ela a miséria subseqüente. E na miséria é que as pessoas precisam mais daqueles direitos constitucionais previstos, e que o Estado não pode cumprir, pois não é articulável devido a sua enormidade, e devido a essa enormidade precisa de dinheiro, dinheiro dos pagadores de impostos, e então entra-se naquele belo ciclo vicioso que todos conhecem, e do qual e pulei algumas etapas.
Não discordo em nada de você, mas ainda critico: o serviço privado é capaz de suprir tais demandas? O meu grande problema é: eu não tenho a mínima vontade de abandonar uma utopia estatal, a qual eu já estive totalmente atrelado e ainda estou em parte, para aceitar uma utopia liberal, onde o "fazer per si" do mercado administra áreas que podem possivelmente não dar lucro ou ainda pior, ditar um regime não democrático por meio do poder aquisitivo.
- Res Cogitans
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Re.: Indiferença
Um texto para acrescentar ao debate:
Justiça distributiva
Harry Gensler
John Carroll University, Cleveland, USA
Como devem ser distribuídos os bens numa sociedade? […] Serão consideradas aqui três perspectivas — primeiro o utilitarismo, e depois as perspectivas não consequencialistas de John Rawls e Robert Nozick.
O utilitarismo clássico diz que deves maximizar o prazer em detrimento da dor. Se a nossa acção maximiza o bem, não importa se a distribuição do bem é igual ou desigual. Logo, o utilitarismo justifica em princípio um grande fosso entre ricos e pobres.
Todavia, os utilitaristas afirmam que na prática a sua perspectiva prefere uma distribuição mais igual. Considera uma pequena sociedade de ilhéus constituída por duas famílias. A família rica ganha 100 000 euros por ano e tem bens em abundância; a família pobre ganha 5 000 e confronta-se com a possibilidade de passar fome. Supõe que 2 500 euros da família rica vão para a família pobre. A família pobre beneficiaria enormemente, e a família rica dificilmente sentiria a falta desse dinheiro. A razão para isto é a diminuição da utilidade marginal do dinheiro; à medida que enriquecemos, cada euro extra faz menos diferença no nosso bem-estar. Passar de 100 000 euros para 97 500 não faz diferença, mas passar de 5 000 para 7 500 euros faz uma grande diferença. Assim, argumentam os utilitaristas, uma certa quantidade de riqueza tende a produzir mais felicidade total se for repartida mais imparcialmente. A nossa sociedade de ilhéus provavelmente maximizaria a sua felicidade total se ambas as famílias partilhassem igualitariamente a riqueza.
Apesar de parecer sensato, os não consequencialistas têm dúvidas em relação a isto. Se uma família retira mais prazer do que outra de uma certa quantidade de dinheiro, deveria por isso ter mais dinheiro (uma vez que isto maximizaria o prazer total)? Será isso justo? E mesmo que o utilitarismo conduza a juízos correctos sobre a igualdade, será que o faz pelas razões certas? É a igualdade boa, não em si, mas meramente porque produz o maior total de felicidade?
John Rawls propôs uma influente abordagem não consequencialista à justiça. Como podemos decidir o que é justo? Rawls sugere que a pergunta a fazer é esta: que regras mereceriam o nosso acordo em certas condições hipotéticas (a posição original)? Imagina que somos livres, lúcidos e conhecemos todos os factos relevantes — mas não conhecemos o nosso lugar na sociedade (se somos ricos ou pobres, negros ou brancos, de sexo feminino ou masculino). A limitação do conhecimento tem o objectivo de assegurar a imparcialidade. Por exemplo, se não sabemos qual é a nossa raça, não podemos manipular as regras para favorecer uma raça e prejudicar outras. As regras de justiça são as regras que mereceriam o nosso acordo nestas condições de imparcialidade.
Que regras mereceriam o nosso acordo na posição original? Rawls argumenta que escolheríamos estes dois princípios básicos de justiça (e cuja formulação simplifiquei):
Princípio da liberdade igual: A sociedade deve assegurar a maior liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os outros.
Princípio da diferença: A sociedade deve promover uma distribuição igual de riqueza, excepto se as desigualdades servirem como incentivo para benefício de todos (incluindo os menos favorecidos) e estiverem abertas a todos numa base igual.
O princípio da liberdade igual assegura coisas como liberdade de religião e liberdade de expressão. Rawls diz que tais direitos não podem ser violados a favor da utilidade social. O princípio da diferença é acerca da distribuição de riqueza. Na posição original poderíamos sentir-nos atraídos pela perspectiva igualitária segundo a qual todos deveriam ter exactamente a mesma riqueza. Mas desse modo a sociedade estagnaria, uma vez que as pessoas teriam poucos incentivos para fazerem coisas difíceis (como tornarem-se médicos ou inventores) que acabam por beneficiar todas as pessoas. Por isso, preferiríamos uma regra que permite incentivos.
De uma maneira geral, todos teriam a mesma riqueza numa sociedade rawlsiana — excepto para desigualdades (como pagar mais a médicos) que são justificadas como incentivos que acabam por beneficiar todas as pessoas, e que estão abertas a todos numa base igual.
Robert Nozick é o crítico mais duro do princípio da diferença de Rawls. A perspectiva que propõe é a da titularidade das posses justas. Esta perspectiva diz que tudo o que ganhas honestamente através do teu esforço e de acordos justos é teu. Se alguém ganhou legitimamente o que tem, então a distribuição que daí resulta é justa — independentemente de poder ser desigual. Ainda que outros tenham muito menos, ninguém tem o direito de se apropriar das tuas posses. Esquemas (como taxas diferenciadas de impostos) que forçam a redistribuição de riqueza são errados porque violam o teu direito à propriedade. Roubam o que é teu para dar a outros.
Quanto devem ganhar os médicos? Segundo Nozick, devem ganhar seja o que for que ganhem legitimamente. Numa sociedade podem ganhar praticamente o mesmo que qualquer outra pessoa; noutra, podem ganhar grandes somas de dinheiro. Nos dois casos, são titulares do que ganham — e qualquer esquema que lhes retire os seus ganhos para ajudar outros é injusto.
Que perspectiva devemos preferir, a de Rawls ou a de Nozick? Se apelarmos a intuições morais, ficaremos num impasse; as intuições liberais estão de acordo com Rawls, enquanto as intuições libertárias estão de acordo com Nozick. Contudo, eu afirmaria que a consistência racional favorece algo de parecido com a perspectiva de Rawls. Imagina uma sociedade organizada segundo a concepção de mercado livre de Nozick e na qual, depois de várias gerações, há um grande fosso entre ricos e pobres. Aqueles que nasceram numa família rica são ricos, e aqueles que nasceram numa família pobre sujeitam-se a uma pobreza que não podem vencer. Imagina que tu e a tua família sofrem desta pobreza. Se estiveres nesta situação, poderás desejar que os princípios de Nozick sejam seguidos?
Harry Gensler
Tradução de Faustino Vaz
Extraído de Ethics: A contemporary introduction, de Harry Gensler (Routledge, 1998)
Copyright © 1997–2005 criticanarede.com · ISSN 1749-8457
Direitos reservados. Não reproduza sem citar a fonte.
Justiça distributiva
Harry Gensler
John Carroll University, Cleveland, USA
Como devem ser distribuídos os bens numa sociedade? […] Serão consideradas aqui três perspectivas — primeiro o utilitarismo, e depois as perspectivas não consequencialistas de John Rawls e Robert Nozick.
O utilitarismo clássico diz que deves maximizar o prazer em detrimento da dor. Se a nossa acção maximiza o bem, não importa se a distribuição do bem é igual ou desigual. Logo, o utilitarismo justifica em princípio um grande fosso entre ricos e pobres.
Todavia, os utilitaristas afirmam que na prática a sua perspectiva prefere uma distribuição mais igual. Considera uma pequena sociedade de ilhéus constituída por duas famílias. A família rica ganha 100 000 euros por ano e tem bens em abundância; a família pobre ganha 5 000 e confronta-se com a possibilidade de passar fome. Supõe que 2 500 euros da família rica vão para a família pobre. A família pobre beneficiaria enormemente, e a família rica dificilmente sentiria a falta desse dinheiro. A razão para isto é a diminuição da utilidade marginal do dinheiro; à medida que enriquecemos, cada euro extra faz menos diferença no nosso bem-estar. Passar de 100 000 euros para 97 500 não faz diferença, mas passar de 5 000 para 7 500 euros faz uma grande diferença. Assim, argumentam os utilitaristas, uma certa quantidade de riqueza tende a produzir mais felicidade total se for repartida mais imparcialmente. A nossa sociedade de ilhéus provavelmente maximizaria a sua felicidade total se ambas as famílias partilhassem igualitariamente a riqueza.
Apesar de parecer sensato, os não consequencialistas têm dúvidas em relação a isto. Se uma família retira mais prazer do que outra de uma certa quantidade de dinheiro, deveria por isso ter mais dinheiro (uma vez que isto maximizaria o prazer total)? Será isso justo? E mesmo que o utilitarismo conduza a juízos correctos sobre a igualdade, será que o faz pelas razões certas? É a igualdade boa, não em si, mas meramente porque produz o maior total de felicidade?
John Rawls propôs uma influente abordagem não consequencialista à justiça. Como podemos decidir o que é justo? Rawls sugere que a pergunta a fazer é esta: que regras mereceriam o nosso acordo em certas condições hipotéticas (a posição original)? Imagina que somos livres, lúcidos e conhecemos todos os factos relevantes — mas não conhecemos o nosso lugar na sociedade (se somos ricos ou pobres, negros ou brancos, de sexo feminino ou masculino). A limitação do conhecimento tem o objectivo de assegurar a imparcialidade. Por exemplo, se não sabemos qual é a nossa raça, não podemos manipular as regras para favorecer uma raça e prejudicar outras. As regras de justiça são as regras que mereceriam o nosso acordo nestas condições de imparcialidade.
Que regras mereceriam o nosso acordo na posição original? Rawls argumenta que escolheríamos estes dois princípios básicos de justiça (e cuja formulação simplifiquei):
Princípio da liberdade igual: A sociedade deve assegurar a maior liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os outros.
Princípio da diferença: A sociedade deve promover uma distribuição igual de riqueza, excepto se as desigualdades servirem como incentivo para benefício de todos (incluindo os menos favorecidos) e estiverem abertas a todos numa base igual.
O princípio da liberdade igual assegura coisas como liberdade de religião e liberdade de expressão. Rawls diz que tais direitos não podem ser violados a favor da utilidade social. O princípio da diferença é acerca da distribuição de riqueza. Na posição original poderíamos sentir-nos atraídos pela perspectiva igualitária segundo a qual todos deveriam ter exactamente a mesma riqueza. Mas desse modo a sociedade estagnaria, uma vez que as pessoas teriam poucos incentivos para fazerem coisas difíceis (como tornarem-se médicos ou inventores) que acabam por beneficiar todas as pessoas. Por isso, preferiríamos uma regra que permite incentivos.
De uma maneira geral, todos teriam a mesma riqueza numa sociedade rawlsiana — excepto para desigualdades (como pagar mais a médicos) que são justificadas como incentivos que acabam por beneficiar todas as pessoas, e que estão abertas a todos numa base igual.
Robert Nozick é o crítico mais duro do princípio da diferença de Rawls. A perspectiva que propõe é a da titularidade das posses justas. Esta perspectiva diz que tudo o que ganhas honestamente através do teu esforço e de acordos justos é teu. Se alguém ganhou legitimamente o que tem, então a distribuição que daí resulta é justa — independentemente de poder ser desigual. Ainda que outros tenham muito menos, ninguém tem o direito de se apropriar das tuas posses. Esquemas (como taxas diferenciadas de impostos) que forçam a redistribuição de riqueza são errados porque violam o teu direito à propriedade. Roubam o que é teu para dar a outros.
Quanto devem ganhar os médicos? Segundo Nozick, devem ganhar seja o que for que ganhem legitimamente. Numa sociedade podem ganhar praticamente o mesmo que qualquer outra pessoa; noutra, podem ganhar grandes somas de dinheiro. Nos dois casos, são titulares do que ganham — e qualquer esquema que lhes retire os seus ganhos para ajudar outros é injusto.
Que perspectiva devemos preferir, a de Rawls ou a de Nozick? Se apelarmos a intuições morais, ficaremos num impasse; as intuições liberais estão de acordo com Rawls, enquanto as intuições libertárias estão de acordo com Nozick. Contudo, eu afirmaria que a consistência racional favorece algo de parecido com a perspectiva de Rawls. Imagina uma sociedade organizada segundo a concepção de mercado livre de Nozick e na qual, depois de várias gerações, há um grande fosso entre ricos e pobres. Aqueles que nasceram numa família rica são ricos, e aqueles que nasceram numa família pobre sujeitam-se a uma pobreza que não podem vencer. Imagina que tu e a tua família sofrem desta pobreza. Se estiveres nesta situação, poderás desejar que os princípios de Nozick sejam seguidos?
Harry Gensler
Tradução de Faustino Vaz
Extraído de Ethics: A contemporary introduction, de Harry Gensler (Routledge, 1998)
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Direitos reservados. Não reproduza sem citar a fonte.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
Re.: Indiferença
Bom texto, Léo. A idéia de Rawls, que é a mesma que norteia a social-democracia bate de frente com a perspectiva de Nozick, que é o baluarte do ideário liberal.
E eu concordo com a conclusão do autor do texto. E ainda acrescento outra questão: se há problemas para se definir o que é "justo", que dirá o que é "legítimo". Dizer que aquilo que você ganhou legitimamente é seu não resolve o problema, pois não estabelece correlação entre a utilidade do trabalho e a remuneração.
Numa sociedade capitalista, fico abertamente com a perspectiva de Rawls.
E eu concordo com a conclusão do autor do texto. E ainda acrescento outra questão: se há problemas para se definir o que é "justo", que dirá o que é "legítimo". Dizer que aquilo que você ganhou legitimamente é seu não resolve o problema, pois não estabelece correlação entre a utilidade do trabalho e a remuneração.
Numa sociedade capitalista, fico abertamente com a perspectiva de Rawls.
- Res Cogitans
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Re.: Indiferença
Samael,
Mudando de assunto. Que matérias de educação você pegou na faculdade até agora?
Mudando de assunto. Que matérias de educação você pegou na faculdade até agora?
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
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Re.: Indiferença
Três cadeiras de pedagogia: didática, dinâmica de ensino e dinâmica institucional. As três foram as coisas mais estupidamente inúteis e politicamente corretas que eu fiz na vida. Criei um imenso preconceito com pedagogia.
Estou fazendo agora metodologia do ensino de história, e essa matéria sim está interessante.
Estou fazendo agora metodologia do ensino de história, e essa matéria sim está interessante.
Re: Re.: Indiferença
Fernando Silva escreveu:Eu luto todos os dias para que isto não me aconteça. E muitos colegas que partiram das mesmas condições que eu, estão hoje mal de vida. Eu poupei, eles aproveitaram a vida. Eu não tive filhos, eles saíram trepando com todas, sem camisinha. Eu trabalhei duro, eles foram irresponsáveis.
Não tenho pena deles.
Neste caso concordo plenamente contigo, Fernando.
Fernando Silva escreveu:Não tenho como resolver todos os problemas do mundo. Resolvo os que estão mais próximos de mim e resolvo só até um certo ponto, que não me prejudique. Não vou estragar a minha vida e o meu futuro nem me estressar por problemas que não são culpa minha.
Mas algum dia voce pode estar chegando em casa e algum "fruto" deste problema que voce não quer nem saber te dar um tiro na cabeça... Vamos tentar mudar alguma coisa...
Fernando Silva escreveu:Como eu já disse antes: os mesmos que zombam de mim por não aproveitar a vida, depois me chamam de FDP quando não quero lhes emprestar dinheiro num momento de necessidade, que eles não pretendem devolver.
Já fui jovem e otário e fiquei com uma coleção de cheques sem fundo. Mas aprendi a lição.
Concordo e tambem vivo a mesma situaçao. Porem acho que comida e remédios não deveriam faltar a quem quer que seja... até para quem é irresponsável.
- Res Cogitans
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Re: Re.: Indiferença
Samael escreveu:Três cadeiras de pedagogia: didática, dinâmica de ensino e dinâmica institucional. As três foram as coisas mais estupidamente inúteis e politicamente corretas que eu fiz na vida. Criei um imenso preconceito com pedagogia.
Estou fazendo agora metodologia do ensino de história, e essa matéria sim está interessante.
Achei algumas coisas interessantes em educação, mas estudando por fora. As aulas em si não são muito produtivas.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
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- Poindexter
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Re.: Indiferença
Tiveram seus filhos porque quiseram. Eu não tenho nada a ver com isso e além disso pago os meus impostos. A carga tributária já é altíssima. Fiquei muito feliz em ver a Cris também defender a EC no segundo filho (penso que deve ser não apenas na mãe, mas no pai também quando puder ser identificado... que achas, Cris?).
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.
Ciertas cosas no tienen precio.
¿Dónde está el Hexa?
Retrato não romantizado sobre o Comun*smo no século XX.
A child, not a choice.
Quem Henry por último Henry melhor.
O grito liberalista em favor da prostituição já chegou à este fórum.
Lamentável...
O que vem de baixo, além de não me atingir, reforça ainda mais as minhas idéias.
The Only Difference Between Suicide And Martyrdom Is Press Coverage
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¿Dónde está el Hexa?
Retrato não romantizado sobre o Comun*smo no século XX.
A child, not a choice.
Quem Henry por último Henry melhor.
O grito liberalista em favor da prostituição já chegou à este fórum.
Lamentável...
O que vem de baixo, além de não me atingir, reforça ainda mais as minhas idéias.
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- Flavio Costa
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Re: Re.: Indiferença
Poindexter escreveu:Tiveram seus filhos porque quiseram.
E por que coincidência os pobres "querem" ter tantos filhos e a classe média poucos? O que desperta neles esse "desejo"?
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- Luis Inácio, 20/10/2006
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- Luis Inácio, 20/10/2006
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Flavio Costa escreveu:E no apartheid brasileiro os privilegiados serão os negros, índios, gays e bandidos.
Não deixa de ser um tipo de apartheid. Privilégios estão sendo concedidos com base em critérios raciais ou corporativos.
Flavio Costa escreveu:Você diz isso porque considera que os serviços de suporte à sociedade como mercadorias, que eles devem ser adquiridos como produtos. É a atuação do Estado que pode originar desigualdades sociais distintas da desigualdade econômica.
Flavio, não existem "serviços de suporte à sociedade" que não possam ser mercadorias, e mercadorias que não possam ser "serviços de suporte à sociedade".
Mesmo que pensemos em serviços de extrema necessidade. Não consigo pensar em nada mais necessário do que comida. Pois bem, me diga qual foi a experiência de socialização de comida que deu certo ao longo das centenas de tentativas já buscadas? Parece-lhe tão absurdo assim que pessoas precisem comprar seus próprios alimentos?
Pois bem, existem certos serviços que em virtude de limitações físicas da nossa organização comunitária acabam sendo prestados por uma única companhia, como o fornecimento de luz ou os esgotos. E mesmo esses não precisam ser ofertados pelo Estado, podem ser feitos por consórcios e companhias mediante contratos e concorrências.
Agora serviços hospitalares ou de educação podem ser oferecidos por uma quantidade diversa de empresas e instituições filantrópicas não vinculadas ao Estado.
A situação atual é que pessoas e empresas pagam impostos em demasia (o que diminui o seu poder de consumo, de produção e de capacidade empregatícia, e conseqüentemente emperra a economia), e mesmo assim ainda tem de pagar esses serviços, afinal os oferecidos pelo Estado são totalmente fictícios (as pessoas saem mais analfabetas ainda das escolas públicas, e mais doentes ainda das filas do SUS).
Se conseguimos conceber a comida, um artigo de necessidade máxima, sendo tratado como mercadoria, e tal tratamento até fez muito mais por sua socialização do que qualquer programa estatal de redistribuição, porque devemos permanecer dogmáticos ante a serviços tais como educação e serviços hospitalares?
Flavio Costa escreveu:Por exemplo, aqui no Brasil duas famílias podem ter uma renda semelhante, mas numa delas o filho conseguiu ser aprovado na universidade pública e na outra são obrigados a pagar ensino particular. Talvez a primeira poderá pagar bons médicos, enquanto a segunda terá que enfrentar as agruras do SUS. Igualdade econômica, desigualdade social. É um cenário ruim justamente porque o Brasil promove alta desigualdade social.
Isso que você disse nada tem a ver com desigualdade social, e você sabe bem disso. Isso tem a ver com liberdade de escolha. Se uma das famílias opta por se sacrificar financeiramente para custear os estudos de um dos filhos, ela está ciente das restrições que estará sujeita em decorrência disso.
Ela poderia ter optado por não pagar faculdade particular nenhuma. E ninguém se vê obrigado a nada disso, como você afirmou. Quantas pessoas já não deixam de fazer faculdade por não poderem cursar uma pública e não terem dinheiro para uma particular?
Flavio Costa escreveu:Recentemente comentei da Dinamarca aqui: altos impostos, baixa desigualdade social, alta qualidade de vida para a maioria da população. Já nos EUA os impostos não são tão altos, a desigualdade é media e existem diferenças notáveis, embora não tão gritantes quanto aqui, entre os diversos setores da sociedade.
Depende muito. Em primeiro lugar, a Dinamarca é um país muito menor, e portanto, com problemas administrativos muito menores do que um país com as dimensões territoriais e populacionais do Brasil ou dos EUA. Tem uma população com elevada renda e educação, não em virtude de serviços estatais, mas sim em função de uma história muito mais antiga do que políticas modernas como o Welfare State. A única coisa que essa política tem conseguido na Europa Ocidental como um todo (desculpe-me por desconhecer o caso específico da Dinamarca, que pode até ser exceção), é criar uma bomba relógio previdenciária.
Uma população cada dia mais velha, e velhos cada vez com mais direitos e menos obrigações para consigo. Ou seja, uma vez que a força produtiva da sociedade não consiga sustentar os enormes privilégios adquiridos pela própria população às custas dela mesma, o país fica prestes a quebrar.
Flavio Costa escreveu:O deprimente aqui no Brasil é que os impostos são altos e os serviços públicos são indecentes. Entretanto, como se vê não é a realidade dos países desenvolvidos, onde existem modelos diferentes e resultados compatíveis com os modelos adotados. Analisando esses fatores, não fica claro que o modelo dos EUA seja indiscutivelmente melhor, pois promove algumas vantagens ao custo de alguns efeitos colaterais. No caso, eles têm um excelente poder de compra, mas não acho a sociedade estadounidense mais "bonita", quer dizer, mais elogiável que a nórdica.
O modelo americano se mostra o mais sustentável, e por isso o melhor. Não que na América não se veja também medidas de caráter assistencial oferecidas pelo Estado, assim como certos serviços, mas a medida que esses não onerem demais às pessoas produtivas. As pessoas lá entendem que devem ser livres para trabalhar, produzir e ficar com a maior parte do que é produzido, e não ver o fruto de seu trabalho ser absorvido por um monstro perdulário.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
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Re: Re.: Indiferença
First Knight escreveu:O ENCOSTO escreveu:Fernando Silva escreveu:Ela teve os filhos porque quis. E não pediu minha ajuda para fazê-los. Agora que eles estão com fome, por que eu é que deveria fazer alguma coisa? Que se virem, ela e o(s) pai(s).
Sinto-me incomodado com mendigos nas ruas, mas não culpado. Na verdade, tenho raiva deles.
Perto de onde eu moro, havia uma mendiga, com criança alugada, que chegava de táxi todos os dias.
Na Av.Rio Branco, no centro do Rio, há uma "aleijada" que, no fim do dia, guarda sua muleta, enrola seus panos sujos de sangue, levanta e vai embora andando.
Não que todos sejam assim, mas não ajudo mendigos com crianças e pano na cabeça. São mendigos profissionais.
Nada contra mendigos. Chatos mesmo são os guardadores de carro.
O negócio é não pagar porra nenhuma (principalmente se vc tiver carro segurado) e tratar de encontrar um policial para denunciar a tentativa de extorsão.
Funciona. Geralmente o cara é recolhido até a delegacia.
Pode funcionar aí no RS.
No RJ, a PM dá uns cascudos no moleque, leva pra algum canto toma-lhe o dinheiro, dá-lhe umas bicudas e sopapos, prá não perder a viagem e devolve o pivete pra rua.
Sad but true!
Ora! Aqui é a mesma coisa.
Só que, na maior parte do caso, não são pivetes e sim gente bem mais velha.
O ENCOSTO
http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
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Re.: Indiferença
O governo só se preocupa em inserir esses marginais na sociedade depois que estão presos e já cometeram vários crimes. O que ele é preciso fazer é investir em politicas públicas que ofereçam meios para que essas pessoas encontrem uma maneira de sobreviver sem depener do Estado para sempre.
- Flavio Costa
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Re.: Indiferença
Cabeça, por restrição de tempo, serei bem breve.
Embora você tenha colocado "serviços de suporte à sociedade", pelo visto você sabe bem do que se trata. Claro que eles podem ser vistos como mercadorias, mas a questão aqui é se eles devem ser vistos assim ou não. Você está querendo misturar as duas coisas, mas não é necessário um bom-senso fora do normal para concluir que casacos da Daslu são mercadorias, mas não são "serviços de suporte à sociedade". Esses supérfluos sem dúvida alguma devem ser custeados pelo indivíduo interessado.
Você coloca a questão social como liberdade de escolha. Suponha que um indivíduo está numa família cujos pais não querem custear faculdade particular (cara aqui e nos EUA) e não tem formação profissional para ser algo mais bem remunerado que faxineiro ou garçon, que não podem pagar por essa educação. Já era para esse sujeito, a não ser que ele tenha apoio externo. Que apoio? No seu modelo seria, digamos, entidades filantrópicas. Porém, educação custa caro e pouca gente ia querer financiar o estudo universitário de desconhecidos.
Também, no seu modelo, seria necessário a intervenção do governo pelo menos para estabelecer um salário mínimo que dê para pagar por todos os serviços que hoje são rateados através dos impostos. E se isso causasse o desemprego? E se causasse a inflação? Ou então não teria salário mínimo e certamente muitos seriam explorados e talvez nem comida conseguissem pagar. Começariam a roubar para viver e a violência aumentaria.
Claro, é por isso que os EUA procuram intervir na economia, pois, até que se prove o contrário, um mercado completamente livre levaria o Estado ao caos completo. Nem tudo há de ser lucrativo. Ou o custo operacional pode ser tão alto que marginalizaria grande parte da população. Uma coisa é um laissez-faire moderado, outra é, como o Samael colocou, a utopia liberal.
Embora você tenha colocado "serviços de suporte à sociedade", pelo visto você sabe bem do que se trata. Claro que eles podem ser vistos como mercadorias, mas a questão aqui é se eles devem ser vistos assim ou não. Você está querendo misturar as duas coisas, mas não é necessário um bom-senso fora do normal para concluir que casacos da Daslu são mercadorias, mas não são "serviços de suporte à sociedade". Esses supérfluos sem dúvida alguma devem ser custeados pelo indivíduo interessado.
Você coloca a questão social como liberdade de escolha. Suponha que um indivíduo está numa família cujos pais não querem custear faculdade particular (cara aqui e nos EUA) e não tem formação profissional para ser algo mais bem remunerado que faxineiro ou garçon, que não podem pagar por essa educação. Já era para esse sujeito, a não ser que ele tenha apoio externo. Que apoio? No seu modelo seria, digamos, entidades filantrópicas. Porém, educação custa caro e pouca gente ia querer financiar o estudo universitário de desconhecidos.
Também, no seu modelo, seria necessário a intervenção do governo pelo menos para estabelecer um salário mínimo que dê para pagar por todos os serviços que hoje são rateados através dos impostos. E se isso causasse o desemprego? E se causasse a inflação? Ou então não teria salário mínimo e certamente muitos seriam explorados e talvez nem comida conseguissem pagar. Começariam a roubar para viver e a violência aumentaria.
Claro, é por isso que os EUA procuram intervir na economia, pois, até que se prove o contrário, um mercado completamente livre levaria o Estado ao caos completo. Nem tudo há de ser lucrativo. Ou o custo operacional pode ser tão alto que marginalizaria grande parte da população. Uma coisa é um laissez-faire moderado, outra é, como o Samael colocou, a utopia liberal.
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
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Re: Re.: Indiferença
Fernando Silva escreveu:Vitor Moura escreveu:Fernando Silva escreveu:Ela teve os filhos porque quis. E não pediu minha ajuda para fazê-los. Agora que eles estão com fome, por que eu é que deveria fazer alguma coisa? Que se virem, ela e o(s) pai(s).
Que você nunca passe fome, Fernando.
Eu luto todos os dias para que isto não me aconteça. E muitos colegas que partiram das mesmas condições que eu, estão hoje mal de vida. Eu poupei, eles aproveitaram a vida. Eu não tive filhos, eles saíram trepando com todas, sem camisinha. Eu trabalhei duro, eles foram irresponsáveis.
Não tenho pena deles.
Pessoas erram, Fernando. E todos merecem segundas chances. E os filhos dessas pessoas, que culpa tem? Nem deles vc sente pena?
Fernando Silva escreveu:Não tenho como resolver todos os problemas do mundo.
Tampouco foi-lhe pedido isto, Fernando. Apenas mais compaixão.
Fernando Silva escreveu:Resolvo os que estão mais próximos de mim e resolvo só até um certo ponto, que não me prejudique. Não vou estragar a minha vida e o meu futuro nem me estressar por problemas que não são culpa minha.
Como vc vive numa sociedade, um problema que surja na mesma é um problema seu também, já que vc está inserido nela.
Fernando Silva escreveu:Como eu já disse antes: os mesmos que zombam de mim por não aproveitar a vida, depois me chamam de FDP quando não quero lhes emprestar dinheiro num momento de necessidade, que eles não pretendem devolver.
Já fui jovem e otário e fiquei com uma coleção de cheques sem fundo. Mas aprendi a lição.
Não aprendeu lição alguma, apenas fechou seu coração. Tente ajudar por outras formas que não seja dinheiro. Um problema da sociedade é um problema seu.
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Re: Re.: Indiferença
RCAdeBH escreveu:Fernando Silva escreveu:Não tenho como resolver todos os problemas do mundo. Resolvo os que estão mais próximos de mim e resolvo só até um certo ponto, que não me prejudique. Não vou estragar a minha vida e o meu futuro nem me estressar por problemas que não são culpa minha.
Mas algum dia voce pode estar chegando em casa e algum "fruto" deste problema que voce não quer nem saber te dar um tiro na cabeça... Vamos tentar mudar alguma coisa...
Moro num bairro cercado por favelas. Há uma diante da minha janela. É a primeira coisa que vejo ao acordar (isto é, se eu tiver conseguido dormir com o barulho do foguetório, dos tiros e dos bailes funks).
Vou trabalhar passando por lugares perigosos, atravessando áreas ocupadas por favelas.
Trabalho o dia todo num bairro pobre, dominado pelo tráfico, onde já houve duas chacinas e onde, dia sim, dia não, os bandidos fecham a rua e roubam os carros e assaltam os motoristas.
Não tenho ilusões nem tenho esperanças de mudar isto, ainda mais quando leio os jornais e vejo que ninguém é punido por nada.
Só espero sobreviver com saúde. Meu sonho é acordar um dia e descobrir que a favela em frente pegou fogo ou, simplesmente, desapareceu. Não, não tenho pena de quem não me deixa dormir e fica no baile funk até as 5:00 da manhã de segunda-feira. Trabalhadores é que não são. Se morrerem, o mundo ficará melhor.
Não adianta, não consigo sentir pena. Apenas raiva.
- Fernando Silva
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Re: Re.: Indiferença
Vitor Moura escreveu:Fernando Silva escreveu:Eu luto todos os dias para que isto não me aconteça. E muitos colegas que partiram das mesmas condições que eu, estão hoje mal de vida. Eu poupei, eles aproveitaram a vida. Eu não tive filhos, eles saíram trepando com todas, sem camisinha. Eu trabalhei duro, eles foram irresponsáveis.
Não tenho pena deles.
Pessoas erram, Fernando. E todos merecem segundas chances. E os filhos dessas pessoas, que culpa tem? Nem deles vc sente pena?
Se eu for sentir pena de todo mundo que sofre, vou acabar me matando de desespero. O mundo sempre foi assim e sempre será.
No meio de tanta desgraça que não podemos eliminar, o jeito é endurecer o coração e seguir em frente, ajudando apenas em casos específicos (minha própria família, por exemplo).
Vitor Moura escreveu:Fernando Silva escreveu:Não tenho como resolver todos os problemas do mundo.
Tampouco foi-lhe pedido isto, Fernando. Apenas mais compaixão.
Compaixão é como o amor: você sente ou não sente. Não é algo que você decida sentir.
Vitor Moura escreveu:Fernando Silva escreveu:Como eu já disse antes: os mesmos que zombam de mim por não aproveitar a vida, depois me chamam de FDP quando não quero lhes emprestar dinheiro num momento de necessidade, que eles não pretendem devolver.
Já fui jovem e otário e fiquei com uma coleção de cheques sem fundo. Mas aprendi a lição.
Não aprendeu lição alguma, apenas fechou seu coração. Tente ajudar por outras formas que não seja dinheiro. Um problema da sociedade é um problema seu.
Que formas? Dar bons conselhos? Ninguém quer bons conselhos, quer dinheiro para pagar as dívidas com drogas, com roupas novas, com cerveja.
Essa gente acha que eu sou um babaca que guarda dinheiro para o futuro ("depois você morre e não aproveitou nada") em vez de aproveitar a vida aqui e agora. Eles não querem conselhos e acham que é obrigação minha financiar sua farra "já que eu tenho tanto", segundo eles.
Meu pai conta que, na época dele, resolveu verificar as horas extras de seus subordinados e descobriu que eles tinham muito dinheiro a receber. O que eles fizeram, pagaram as dívidas?
Claro que não. Gastaram tudo em besteiras.
Na firma dele, havia um bandejão onde comiam todos, do peão à diretoria. Mesmo assim, havia vários que preferiam ir comer em restaurantes, o que fazia com vivessem endividados.
Quando eu comecei a trabalhar, foi a mesma coisa: dia de pagamento, restaurante. O dinheiro começava a faltar, prato feito. O dinheiro acabava, marmita. No fim do mês, me pediam dinheiro para a passagem. No mês seguinte, tudo de novo. Nunca aprendiam.
Quando eu os aconselhava a abrir uma poupança, eles diziam: "Sou jovem, não tenho medo do trabalho. Quando precisar de mais dinheiro, é só trabalhar mais". Daí, eles precisavam de dinheiro e não arranjavam nada. E vinham me pedir e ficavam com raiva porque eu não emprestava (mesmo porque, já estavam me devendo).
Teve um que gastou o salário de dezembro, o 13º e as férias pagando a primeira prestação de um monte de coisas inúteis. Perguntei como iria pagar as outras prestações e ele respondeu: "Mês que vem eu penso nisto".
Teve um outro que, depois de conseguir vários empréstimos do patrão, resolveu sacanear a firma. Foi demitido e acabou como mendigo.
E assim por diante.
Hoje em dia, não dou mais dinheiro. Se alguém precisar de um remédio caro, compro o remédio.
Se precisar consertar alguma coisa, eu mesmo conserto.
A realidade é que há muita gente sem objetivos de longo prazo. Só conseguem planejar a vida até, no máximo, o próximo dia de pagamento.
E não adianta dar bons conselhos ou sentir compaixão.
Editado pela última vez por Fernando Silva em 10 Jun 2006, 15:18, em um total de 1 vez.
Re: Re.: Indiferença
Poindexter escreveu:Tiveram seus filhos porque quiseram. Eu não tenho nada a ver com isso e além disso pago os meus impostos. A carga tributária já é altíssima. Fiquei muito feliz em ver a Cris também defender a EC no segundo filho (penso que deve ser não apenas na mãe, mas no pai também quando puder ser identificado... que achas, Cris?).
Como diria o Sam: Perfeito!
Cris*
"Um homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo.” Jean-Paul Sartre
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Re: Re.: Indiferença
Cris escreveu:Poindexter escreveu:Tiveram seus filhos porque quiseram. Eu não tenho nada a ver com isso e além disso pago os meus impostos. A carga tributária já é altíssima. Fiquei muito feliz em ver a Cris também defender a EC no segundo filho (penso que deve ser não apenas na mãe, mas no pai também quando puder ser identificado... que achas, Cris?).
Como diria o Sam: Perfeito!
Não, Cris, isso não está perfeito. A maioria dessas pessoas não “escolhe” ter filhos, assim como não escolhem contrair uma doença sexualmente transmissível. Elas são humanas e estão sujeitas a cometer erros, como todos nós. Tivemos a oportunidade de estudar, adquirir conhecimentos e contamos com a boa educação que nossos pais nos deram. Essa não é a realidade de todos. Apontar o dedo para eles talvez seja a saída mais fácil e menos incômoda, mas nem de longe é a mais justa.
A mãe solteira quis brincar um pouco? Sentiu vontade de transar? Esse foi o grande erro dela?
Alguém aqui é renunciado? O sexo é uma necessidade básica do ser humano, mas é uma brincadeira perigosa e muitas pessoas com pouca instrução e educação não vislumbram esse perigo. A possibilidade de gravidez é a mesma de uma AIDS. E garanto que ninguém quer isso.
Não estou dizendo que todo mundo tem ou deixa de ter obrigações com os mais necessitados. Mas a postura do “bem feito! Quem mandou ter filhos?” me parece cruel e injusta. Todos nós cometemos diversos erros ao longo da vida e a única diferença entre eles são as conseqüências advindas. Às vezes ela é bem visível, como um filho ou uma doença, outra vez não, o que não significa que nosso erro que ninguém viu é moralmente “melhor” que os dos outros.
Quem desconhece o bálsamo da auto-crítica, que atire quantas pedras quiser...
- Flavio Costa
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Re: Re.: Indiferença
Avatar escreveu:Quem desconhece o bálsamo da auto-crítica, que atire quantas pedras quiser...
Jesus mandou muito bem nessa frase.

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- clara campos
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Re: Re.: Indiferença
Res Cogitans escreveu:Samael escreveu:Três cadeiras de pedagogia: didática, dinâmica de ensino e dinâmica institucional. As três foram as coisas mais estupidamente inúteis e politicamente corretas que eu fiz na vida. Criei um imenso preconceito com pedagogia.
Estou fazendo agora metodologia do ensino de história, e essa matéria sim está interessante.
Achei algumas coisas interessantes em educação, mas estudando por fora. As aulas em si não são muito produtivas.
também detestei a maioria das pedagógicas na universidade, acho que a melhor pedagogia se aprende no ensino não formal, depois é tentar fazer a ponte. Mas o ensino é muito conservador, e fica muito difícil aplicar novas técnicas, a resistência é enorme.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)
Re: Re.: Indiferença
Avatar escreveu:Cris escreveu:Poindexter escreveu:Tiveram seus filhos porque quiseram. Eu não tenho nada a ver com isso e além disso pago os meus impostos. A carga tributária já é altíssima. Fiquei muito feliz em ver a Cris também defender a EC no segundo filho (penso que deve ser não apenas na mãe, mas no pai também quando puder ser identificado... que achas, Cris?).
Como diria o Sam: Perfeito!
Não, Cris, isso não está perfeito. A maioria dessas pessoas não “escolhe” ter filhos, assim como não escolhem contrair uma doença sexualmente transmissível. Elas são humanas e estão sujeitas a cometer erros, como todos nós. Tivemos a oportunidade de estudar, adquirir conhecimentos e contamos com a boa educação que nossos pais nos deram. Essa não é a realidade de todos. Apontar o dedo para eles talvez seja a saída mais fácil e menos incômoda, mas nem de longe é a mais justa.
A mãe solteira quis brincar um pouco? Sentiu vontade de transar? Esse foi o grande erro dela?
Alguém aqui é renunciado? O sexo é uma necessidade básica do ser humano, mas é uma brincadeira perigosa e muitas pessoas com pouca instrução e educação não vislumbram esse perigo. A possibilidade de gravidez é a mesma de uma AIDS. E garanto que ninguém quer isso.
Não estou dizendo que todo mundo tem ou deixa de ter obrigações com os mais necessitados. Mas a postura do “bem feito! Quem mandou ter filhos?” me parece cruel e injusta. Todos nós cometemos diversos erros ao longo da vida e a única diferença entre eles são as conseqüências advindas. Às vezes ela é bem visível, como um filho ou uma doença, outra vez não, o que não significa que nosso erro que ninguém viu é moralmente “melhor” que os dos outros.
Quem desconhece o bálsamo da auto-crítica, que atire quantas pedras quiser...
Avatar, façamos o seguinte, vou responder você depois, mas antes quero deixar claro desde já que, você e eu entendemos o que o PD falou de maneiras diferentes, mas em respeito às suas colocações, voltarei para debater com você. Aguarde-me.
Abraços,
Cris*
Cris*
"Um homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo.” Jean-Paul Sartre
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- Flavio Costa
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Re: Re.: Indiferença
clara campos escreveu:também detestei a maioria das pedagógicas na universidade, acho que a melhor pedagogia se aprende no ensino não formal, depois é tentar fazer a ponte. Mas o ensino é muito conservador, e fica muito difícil aplicar novas técnicas, a resistência é enorme.
Na minha universidade, a linha pedagógica foi muito atualizada, com bastante foco na linha de construção conjunta do conhecimento ao invés do tradicional professor que transmite o que sabe para o aluno.
O que eu senti é justamente o contrário, que é difícil na prática aplcar aquilo que aprendemos e sair do esquema caderno/quadro-negro.
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- Luis Inácio, 20/10/2006
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Re.: Indiferença
Prabéns pela animação!
Vamos torcer pelo Brasil, mas que pena que precise de uma copa para que pessoas que sempre se vêem só unem-se nesta ocasião. Digo isso porque tenho visinhos que todos os dias passam por mim e nunca falavam comigo, porém algumas semanas atrás vem e falam como se fossémos amississémos só para pedir R$10,00 reais para enfeitar a rua.

Vamos torcer pelo Brasil, mas que pena que precise de uma copa para que pessoas que sempre se vêem só unem-se nesta ocasião. Digo isso porque tenho visinhos que todos os dias passam por mim e nunca falavam comigo, porém algumas semanas atrás vem e falam como se fossémos amississémos só para pedir R$10,00 reais para enfeitar a rua.
