Preto e branco
Preto e branco
Folha de S.Paulo
JOÃO SAYAD
Preto e branco
1 - UM ALUNO da universidade pública brasileira custa R$ 500/mês. Está barato.
2 - Os alunos das universidades públicas são mais pobres do que os alunos das universidades privadas.
3 - Temos 55 milhões de alunos no ensino fundamental. Poucos brasileiros em idade de estudar estão fora da escola.
4 - O custo por aluno da escola pública é baixo. A escola é de má qualidade. Às vezes nem alfabetizam. "You get what you pay."
5 - Na Copa de 70, éramos 80 milhões de brasileiros. Não havia vagas para todos os brasileiros em idade escolar. Trinta anos depois, somos 160 milhões e quem tem que estar na escola está ou pode estar.
Não é pouca coisa. Podemos nos congratular.
6 - Gastamos com educação pública o mesmo que gastamos com os juros da dívida pública. A despesa com educação é como prestação de casa própria. A cada pagamento, você compra um pedacinho da casa. Já o gasto com os juros é como aluguel. Parou de pagar, é despejado. Gastamos 5% do PIB com juros há 12 anos e não estamos comprando nada. Se os juros internacionais sobem, a taxa de câmbio pula e a inflação volta.
Isto tudo precisa ser dito porque alguns brasilianistas dizem o contrário. Incluem os gastos com aposentadorias, hospitais universitários e pesquisa tecnológica como custo do aluno na universidade.
Dizem também que os gastos com educação fundamental são altos porque há desperdício. A universidade pública é acusada de beneficiar apenas os ricos e a "elite branca".
O Brasil é uma palheta de muitas cores -branco, preto, vermelho e manchas de amarelo. O pintor misturou tudo e o que é branco no Norte é negro no Sul. Somos um quadro de cores indecifráveis.
Batizaram a universidade pública de elitista e branca e cara. Agora, querem batizar os brasileiros de brancos ou negros e existirão cotas de cor para entrar na universidade. Até hoje o Brasil tem sofrido de um racismo envergonhado, disfarçado e proibido pela Constituição, uma das variedades menos virulentas da pandemia atual.
Enquanto isso a França quer expulsar 25 mil clandestinos assim que chegarem as férias. Para não interromper o ano letivo dos francesinhos, filhos dos clandestinos, que também serão expulsos, apesar de legalmente franceses.
E os americanos querem murar o México.
Se batizarmos os brasileiros de pretos ou brancos vamos usar cores que não existem para solucionar um problema imaginário em um país em que não faltam problemas reais.
JOÃO SAYAD
Preto e branco
1 - UM ALUNO da universidade pública brasileira custa R$ 500/mês. Está barato.
2 - Os alunos das universidades públicas são mais pobres do que os alunos das universidades privadas.
3 - Temos 55 milhões de alunos no ensino fundamental. Poucos brasileiros em idade de estudar estão fora da escola.
4 - O custo por aluno da escola pública é baixo. A escola é de má qualidade. Às vezes nem alfabetizam. "You get what you pay."
5 - Na Copa de 70, éramos 80 milhões de brasileiros. Não havia vagas para todos os brasileiros em idade escolar. Trinta anos depois, somos 160 milhões e quem tem que estar na escola está ou pode estar.
Não é pouca coisa. Podemos nos congratular.
6 - Gastamos com educação pública o mesmo que gastamos com os juros da dívida pública. A despesa com educação é como prestação de casa própria. A cada pagamento, você compra um pedacinho da casa. Já o gasto com os juros é como aluguel. Parou de pagar, é despejado. Gastamos 5% do PIB com juros há 12 anos e não estamos comprando nada. Se os juros internacionais sobem, a taxa de câmbio pula e a inflação volta.
Isto tudo precisa ser dito porque alguns brasilianistas dizem o contrário. Incluem os gastos com aposentadorias, hospitais universitários e pesquisa tecnológica como custo do aluno na universidade.
Dizem também que os gastos com educação fundamental são altos porque há desperdício. A universidade pública é acusada de beneficiar apenas os ricos e a "elite branca".
O Brasil é uma palheta de muitas cores -branco, preto, vermelho e manchas de amarelo. O pintor misturou tudo e o que é branco no Norte é negro no Sul. Somos um quadro de cores indecifráveis.
Batizaram a universidade pública de elitista e branca e cara. Agora, querem batizar os brasileiros de brancos ou negros e existirão cotas de cor para entrar na universidade. Até hoje o Brasil tem sofrido de um racismo envergonhado, disfarçado e proibido pela Constituição, uma das variedades menos virulentas da pandemia atual.
Enquanto isso a França quer expulsar 25 mil clandestinos assim que chegarem as férias. Para não interromper o ano letivo dos francesinhos, filhos dos clandestinos, que também serão expulsos, apesar de legalmente franceses.
E os americanos querem murar o México.
Se batizarmos os brasileiros de pretos ou brancos vamos usar cores que não existem para solucionar um problema imaginário em um país em que não faltam problemas reais.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
- heilel ben-shachar
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Re.: Preto e branco
Você é negro?
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
- heilel ben-shachar
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A Política de Cotas nas Universidades Públicas Brasileiras
Carlos Ignácio Pinto
Bacharel em História / USP
Muitas pessoas se assustam ao ouvirem a idéia de criação de cotas para negros nas universidades públicas Brasileiras. Este artigo busca compreender o medo e a falácia que giram em torno das cotas, bem como demonstrar minha sincera opinião sobre o sistema de cotas no Brasil, e de como o compreendo dentro de um universo muito maior de uma série de correções de nossa sociedade tão “democrática” e “anti-racista”.
Há mais ou menos um ano tenho trabalhado como professor colaborador do cursinho para população carente do Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo, entidade referencial na luta contra o preconceito racial no Brasil, ministrando as aulas da disciplina de História Geral. Neste universo, me deparei com situações que puseram abaixo tudo o que pensava até então sobre o sistema de cotas para negros nas universidades públicas brasileiras. A diferença se pautou em algo extremamente relevante: a passagem do discurso teórico que até agora tinha, para a prática; aquela que me defrontou com uma verdade bem mais latente e contundente do que aquelas demonstradas por muitos demagogos (como até aquele momento acredito ter sido) ou inocentes (o que não acredito muito) em seus discursos.
Os discursos contrários à política de cotas se pautam basicamente em dois elementos que não se sustentam: o primeiro seria que ao invés do ingresso de negros através da política de cotas, o fundamental seria a melhoria substancial do ensino médio no Brasil que garantiria uma equiparação de saberes para os alunos que pretendem ingressar em uma universidade através do vestibular; e o segundo, como desdobramento do primeiro, seria que no Brasil a diferenciação entre os ingressantes em uma universidade e aqueles que não conseguem sucesso no vestibular estaria pautada na diferença econômica, ou seja, a entrada em uma universidade pública dependeria exclusivamente do poder aquisitivo do aluno e a economia despendida em sua formação escolar.
Estes dois argumentos fazem parte do discurso comum, daqueles que se pronunciam contrários ao sistema de cotas e não possuem muita coisa a acrescentar; o primeiro argumento de que “é necessário uma melhoria do ensino no Brasil” é um discurso de décadas, ou seja, aguarda-se a melhoria também a décadas ao passo em que a exclusão permanece; defendemos tal argumento e o que se apresenta como proposta para que isto se efetue? Quase nada! Não peça aos movimentos de inserção do negro que abandonem suas políticas efetivas em troca da espera; não espere a acomodação na esperança da equiparação da formação escolar dos alunos oriundos de escolas públicas em relação aos oriundos de escolas particulares. A exclusão do negro da Universidade Pública é latente!!!!!!!! Percebam o perigo deste argumento, na medida em que nos reduz a paciente do processo, sendo que o que a comunidade negra no Brasil precisa é da aplicação de medidas imediatas, independente se for para reparação do mal que se faz até hoje a esta comunidade ou se para realmente começarmos a dar um fim a exclusão do negro no ensino superior brasileiro.
Sobre o segundo argumento que trata sobre a desigualdade social, mas é claro que o pobre é que não consegue ingressar em uma universidade pública, entretanto mesmo entre os pobres, o número de negros pobres está 47% acima dos brancos, ou seja, existem mais pessoas miseráveis negras do que brancas, e entre estas, os negros são os de menor salário e poder aquisitivo; a remuneração para um mesmo cargo é diferente entre negros e brancos. A maioria (na realidade, uma minoria) dos alunos oriundos de escolas públicas que conseguem entrar em uma universidade pública no Brasil são brancos, ou seja, mesmo entre aqueles que conseguem vencer a diferença, os negros são minoria.
Você que está lendo este artigo e estuda em uma universidade pública, ou até mesmo privada no Brasil, repare a sua volta em sua universidade, e veja a gritante diferença entre o número de negros e brancos. Desigualdade Social? Também, mas muita desigualdade racial presente.
Recentemente lendo um artigo de um jornal universitário chamado Revelação da Universidade de Uberaba, de autoria do aluno Rodolfo Rodrigues do 6º período de Jornalismo[1], me assustei; o artigo que tentava combater a política de cotas, envolvia todas estas idéias do discurso comum e algumas outras muito piores, com todo o respeito ao colega. Este citava em seu artigo (além do ideário comum) a idéia de que biologicamente somos todos iguais e por isso não poderia se estabelecer as cotas e que o negro apenas precisaria de seu esforço e dedicação para ingressar em uma universidade pública!
Caro Rodolfo e aqueles que pensam como ele, é lógico que somos muito parecidos geneticamente falando, entretanto, ao contrário de sua “democracia biológica” o preconceito e o racismo no Brasil estão pautados pela cor que o negro traz em sua pele e não no sangue que corre em suas veias e, por favor, se ainda existe a crença de que a única diferença entre os alunos que entram em uma universidade pública e aqueles que não ingressam, está pautada no esforço e dedicação que estes desprendem em sua preparação para o vestibular, gostaria que estes fizessem uma visita a minha turma no Núcleo de Consciência Negra aqui da Universidade de São Paulo e separassem os que não trabalham, os que não ajudam em casa e os que sustentam famílias, ou seja, possuem muito mais obrigações do que aquelas impostas pelo vestibular. A diferença está na dedicação? Aquele que ainda não ingressou no mercado de trabalho ou que não tem obrigações para com sua família é um maior merecedor da vaga na universidade porque se “dedicou”?????? Convenhamos, se este poder fosse me dado, eu estaria muito mais propenso a colocar o aluno trabalhador em uma universidade, se o mérito for a dedicação, do que o aluno que pode dedicar-se integralmente ao vestibular tendo como estrutura educacional bons colégios particulares.
No mesmo artigo, há uma foto em destaque com uma aluna negra do 3° período de Comunicação Social da mesma Universidade, e ao seu redor 5 alunos brancos, com os seguintes dizeres “A estudante ..... ingressou na Universidade sem precisar se valer das cotas.”. O que me causou estranheza foi o fato do próprio autor do artigo corroborar com a idéia de que são pouquíssimos negros dentro de uma Universidade Pública no Brasil, através desta foto que possui uma maioria de alunos brancos, sendo ela a única negra do grupo!
Como dito anteriormente, a questão do negro na Universidade Pública no Brasil é bem mais complexa do que a simples compreensão da desigualdade social, polarizada entre pobre e ricos, compreensão esta que por muito tempo engessou e engessa as reivindicações de uma maior igualdade da comunidade negra no Brasil. É o discurso comum presente até mesmo dentro das universidades que por vocação, teriam de se libertar destas amarras.
Recentemente, a USP tem realizado obras na intenção de facilitar o acesso a universidade de alunos portadores de deficiências físicas; entretanto, nossos departamentos não estão preparados para receberem os alunos portadores de deficiências visuais, mesmo que sendo estabelecido por lei a obrigatoriedade de tal adaptação. Seria justo interromper as obras na USP que visam facilitar o acesso de deficiente físicos visto que elas não contemplam os deficientes visuais? É justo suspender a política de cotas porque ela não da conta do todo?
Para aqueles que não sabem, as universidade públicas brasileiras possuem cotas para estrangeiros. E porque não se levantaram contrários? É que a questão dos negros para muitos deve permanecer como está; todos acreditando no mito da nossa “democracia racial” onde somos felizes, pacíficos e ordeiros, e só não se consegue a felicidade, satisfação econômica e realização de sua pessoa enquanto cidadão e ser humano, aqueles que não batalham por ela, pois as condições estão dadas “igualmente” para todos; Papai Noel e coelhinho da páscoa também existem.
No mesmo artigo o autor ainda finaliza suas idéias rechaçando as pessoas que fazem uso de roupas com dizeres do tipo “100% negro”, “preto brasileiro” ou “afrobrasileiro negão”, alegando que isto também seria uma forma de manifestação de racismo, só que de ordem invertida. Estranho, quantas pessoas não desfilam entre nós com camisetas do tipo “MedicinaUSP”, “Poli USP”, “Mackenzie”, “PUC”, “UNIUBE” e não os tratamos como racistas, apesar de a todo momento afirmarem sua condição de superioridade educacional. É racismo a afirmação da cor que traz na pele? Não existe uma negação do outro, mas uma afirmação da condição que sou. Se me afirmo como Universitário, tranqüilo; se me afirmo como Negro sou racista???? Colocação absolutamente infeliz, que infelizmente faz parte do ideário comum e não apenas de nosso colega em Uberaba.
Não se trata apenas de uma resposta do artigo citado, mas sim da colocação dos vários temas que permeiam e ocultam as discussões sobre o preconceito e o racismo no Brasil do qual a política de cotas é apenas uma parte, mas que forçosamente por parte de alguns vem se transformando no todo.
Acredito plenamente que o ensino no Brasil deva ser repensado e reformado como um todo, garantindo uma melhoria na qualidade do ensino aplicado a comunidade carente que é a maioria deste país. O que não posso aceitar é que a espera da realização disto sufoque a questão da segregação racial das universidades públicas brasileiras. Assim como o negro, também estão os índios e minorias também discriminadas, que a exemplo do ocorrido com os movimentos negros, também tem o direito de reivindicar seus direitos e fazer valer sua voz.
Não acredito que a política de cotas seja um fim em si, muito pelo contrário, é ela que está estimulando todo o debate em torno do racismo no Brasil, e é a partir destas discussões que nascerão os rumos de muitas questões que hoje se colocam quase sem solução. O que não gosto de observar é o reducionismo a que certas pessoas submetem as cotas, o racismo e o negro no Brasil.
Apesar de se chamar Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo, o NCN atende em suas dependências, populações carentes oferecendo várias atividades e cursos tais como línguas (Espanhol, Inglês e Yorubá), Alfabetização de adultos e um cursinho comunitário pré-vestibular que busca a inserção dos alunos carentes oriundos em sua maioria de escolas públicas nas Universidades Públicas brasileiras, alunos estes que são atendidos independentes da cor que tragam em sua pele, nos mostrando uma fácil lição, na qual se configuram como um centro de referência contra a discriminação Racial no Brasil e na luta pelas cotas, e trazem em seus projetos alunos das mais diferenciadas raças.
Àqueles que ainda insistem em perguntar, para seus padrões de cores eu sou classificado como branco e não estou legislando em causa própria, mas em função daquilo que considero justo.
Carlos Ignácio Pinto
Bacharel em História / USP
Muitas pessoas se assustam ao ouvirem a idéia de criação de cotas para negros nas universidades públicas Brasileiras. Este artigo busca compreender o medo e a falácia que giram em torno das cotas, bem como demonstrar minha sincera opinião sobre o sistema de cotas no Brasil, e de como o compreendo dentro de um universo muito maior de uma série de correções de nossa sociedade tão “democrática” e “anti-racista”.
Há mais ou menos um ano tenho trabalhado como professor colaborador do cursinho para população carente do Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo, entidade referencial na luta contra o preconceito racial no Brasil, ministrando as aulas da disciplina de História Geral. Neste universo, me deparei com situações que puseram abaixo tudo o que pensava até então sobre o sistema de cotas para negros nas universidades públicas brasileiras. A diferença se pautou em algo extremamente relevante: a passagem do discurso teórico que até agora tinha, para a prática; aquela que me defrontou com uma verdade bem mais latente e contundente do que aquelas demonstradas por muitos demagogos (como até aquele momento acredito ter sido) ou inocentes (o que não acredito muito) em seus discursos.
Os discursos contrários à política de cotas se pautam basicamente em dois elementos que não se sustentam: o primeiro seria que ao invés do ingresso de negros através da política de cotas, o fundamental seria a melhoria substancial do ensino médio no Brasil que garantiria uma equiparação de saberes para os alunos que pretendem ingressar em uma universidade através do vestibular; e o segundo, como desdobramento do primeiro, seria que no Brasil a diferenciação entre os ingressantes em uma universidade e aqueles que não conseguem sucesso no vestibular estaria pautada na diferença econômica, ou seja, a entrada em uma universidade pública dependeria exclusivamente do poder aquisitivo do aluno e a economia despendida em sua formação escolar.
Estes dois argumentos fazem parte do discurso comum, daqueles que se pronunciam contrários ao sistema de cotas e não possuem muita coisa a acrescentar; o primeiro argumento de que “é necessário uma melhoria do ensino no Brasil” é um discurso de décadas, ou seja, aguarda-se a melhoria também a décadas ao passo em que a exclusão permanece; defendemos tal argumento e o que se apresenta como proposta para que isto se efetue? Quase nada! Não peça aos movimentos de inserção do negro que abandonem suas políticas efetivas em troca da espera; não espere a acomodação na esperança da equiparação da formação escolar dos alunos oriundos de escolas públicas em relação aos oriundos de escolas particulares. A exclusão do negro da Universidade Pública é latente!!!!!!!! Percebam o perigo deste argumento, na medida em que nos reduz a paciente do processo, sendo que o que a comunidade negra no Brasil precisa é da aplicação de medidas imediatas, independente se for para reparação do mal que se faz até hoje a esta comunidade ou se para realmente começarmos a dar um fim a exclusão do negro no ensino superior brasileiro.
Sobre o segundo argumento que trata sobre a desigualdade social, mas é claro que o pobre é que não consegue ingressar em uma universidade pública, entretanto mesmo entre os pobres, o número de negros pobres está 47% acima dos brancos, ou seja, existem mais pessoas miseráveis negras do que brancas, e entre estas, os negros são os de menor salário e poder aquisitivo; a remuneração para um mesmo cargo é diferente entre negros e brancos. A maioria (na realidade, uma minoria) dos alunos oriundos de escolas públicas que conseguem entrar em uma universidade pública no Brasil são brancos, ou seja, mesmo entre aqueles que conseguem vencer a diferença, os negros são minoria.
Você que está lendo este artigo e estuda em uma universidade pública, ou até mesmo privada no Brasil, repare a sua volta em sua universidade, e veja a gritante diferença entre o número de negros e brancos. Desigualdade Social? Também, mas muita desigualdade racial presente.
Recentemente lendo um artigo de um jornal universitário chamado Revelação da Universidade de Uberaba, de autoria do aluno Rodolfo Rodrigues do 6º período de Jornalismo[1], me assustei; o artigo que tentava combater a política de cotas, envolvia todas estas idéias do discurso comum e algumas outras muito piores, com todo o respeito ao colega. Este citava em seu artigo (além do ideário comum) a idéia de que biologicamente somos todos iguais e por isso não poderia se estabelecer as cotas e que o negro apenas precisaria de seu esforço e dedicação para ingressar em uma universidade pública!
Caro Rodolfo e aqueles que pensam como ele, é lógico que somos muito parecidos geneticamente falando, entretanto, ao contrário de sua “democracia biológica” o preconceito e o racismo no Brasil estão pautados pela cor que o negro traz em sua pele e não no sangue que corre em suas veias e, por favor, se ainda existe a crença de que a única diferença entre os alunos que entram em uma universidade pública e aqueles que não ingressam, está pautada no esforço e dedicação que estes desprendem em sua preparação para o vestibular, gostaria que estes fizessem uma visita a minha turma no Núcleo de Consciência Negra aqui da Universidade de São Paulo e separassem os que não trabalham, os que não ajudam em casa e os que sustentam famílias, ou seja, possuem muito mais obrigações do que aquelas impostas pelo vestibular. A diferença está na dedicação? Aquele que ainda não ingressou no mercado de trabalho ou que não tem obrigações para com sua família é um maior merecedor da vaga na universidade porque se “dedicou”?????? Convenhamos, se este poder fosse me dado, eu estaria muito mais propenso a colocar o aluno trabalhador em uma universidade, se o mérito for a dedicação, do que o aluno que pode dedicar-se integralmente ao vestibular tendo como estrutura educacional bons colégios particulares.
No mesmo artigo, há uma foto em destaque com uma aluna negra do 3° período de Comunicação Social da mesma Universidade, e ao seu redor 5 alunos brancos, com os seguintes dizeres “A estudante ..... ingressou na Universidade sem precisar se valer das cotas.”. O que me causou estranheza foi o fato do próprio autor do artigo corroborar com a idéia de que são pouquíssimos negros dentro de uma Universidade Pública no Brasil, através desta foto que possui uma maioria de alunos brancos, sendo ela a única negra do grupo!
Como dito anteriormente, a questão do negro na Universidade Pública no Brasil é bem mais complexa do que a simples compreensão da desigualdade social, polarizada entre pobre e ricos, compreensão esta que por muito tempo engessou e engessa as reivindicações de uma maior igualdade da comunidade negra no Brasil. É o discurso comum presente até mesmo dentro das universidades que por vocação, teriam de se libertar destas amarras.
Recentemente, a USP tem realizado obras na intenção de facilitar o acesso a universidade de alunos portadores de deficiências físicas; entretanto, nossos departamentos não estão preparados para receberem os alunos portadores de deficiências visuais, mesmo que sendo estabelecido por lei a obrigatoriedade de tal adaptação. Seria justo interromper as obras na USP que visam facilitar o acesso de deficiente físicos visto que elas não contemplam os deficientes visuais? É justo suspender a política de cotas porque ela não da conta do todo?
Para aqueles que não sabem, as universidade públicas brasileiras possuem cotas para estrangeiros. E porque não se levantaram contrários? É que a questão dos negros para muitos deve permanecer como está; todos acreditando no mito da nossa “democracia racial” onde somos felizes, pacíficos e ordeiros, e só não se consegue a felicidade, satisfação econômica e realização de sua pessoa enquanto cidadão e ser humano, aqueles que não batalham por ela, pois as condições estão dadas “igualmente” para todos; Papai Noel e coelhinho da páscoa também existem.
No mesmo artigo o autor ainda finaliza suas idéias rechaçando as pessoas que fazem uso de roupas com dizeres do tipo “100% negro”, “preto brasileiro” ou “afrobrasileiro negão”, alegando que isto também seria uma forma de manifestação de racismo, só que de ordem invertida. Estranho, quantas pessoas não desfilam entre nós com camisetas do tipo “MedicinaUSP”, “Poli USP”, “Mackenzie”, “PUC”, “UNIUBE” e não os tratamos como racistas, apesar de a todo momento afirmarem sua condição de superioridade educacional. É racismo a afirmação da cor que traz na pele? Não existe uma negação do outro, mas uma afirmação da condição que sou. Se me afirmo como Universitário, tranqüilo; se me afirmo como Negro sou racista???? Colocação absolutamente infeliz, que infelizmente faz parte do ideário comum e não apenas de nosso colega em Uberaba.
Não se trata apenas de uma resposta do artigo citado, mas sim da colocação dos vários temas que permeiam e ocultam as discussões sobre o preconceito e o racismo no Brasil do qual a política de cotas é apenas uma parte, mas que forçosamente por parte de alguns vem se transformando no todo.
Acredito plenamente que o ensino no Brasil deva ser repensado e reformado como um todo, garantindo uma melhoria na qualidade do ensino aplicado a comunidade carente que é a maioria deste país. O que não posso aceitar é que a espera da realização disto sufoque a questão da segregação racial das universidades públicas brasileiras. Assim como o negro, também estão os índios e minorias também discriminadas, que a exemplo do ocorrido com os movimentos negros, também tem o direito de reivindicar seus direitos e fazer valer sua voz.
Não acredito que a política de cotas seja um fim em si, muito pelo contrário, é ela que está estimulando todo o debate em torno do racismo no Brasil, e é a partir destas discussões que nascerão os rumos de muitas questões que hoje se colocam quase sem solução. O que não gosto de observar é o reducionismo a que certas pessoas submetem as cotas, o racismo e o negro no Brasil.
Apesar de se chamar Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo, o NCN atende em suas dependências, populações carentes oferecendo várias atividades e cursos tais como línguas (Espanhol, Inglês e Yorubá), Alfabetização de adultos e um cursinho comunitário pré-vestibular que busca a inserção dos alunos carentes oriundos em sua maioria de escolas públicas nas Universidades Públicas brasileiras, alunos estes que são atendidos independentes da cor que tragam em sua pele, nos mostrando uma fácil lição, na qual se configuram como um centro de referência contra a discriminação Racial no Brasil e na luta pelas cotas, e trazem em seus projetos alunos das mais diferenciadas raças.
Àqueles que ainda insistem em perguntar, para seus padrões de cores eu sou classificado como branco e não estou legislando em causa própria, mas em função daquilo que considero justo.
Re.: Preto e branco
Estou aguardando. 

"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
- heilel ben-shachar
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Re.: Preto e branco
Objeções?
Re.: Preto e branco
Acredito plenamente que o ensino no Brasil deva ser repensado e reformado como um todo, garantindo uma melhoria na qualidade do ensino aplicado a comunidade carente que é a maioria deste país. O que não posso aceitar é que a espera da realização disto sufoque a questão da segregação racial das universidades públicas brasileiras. Assim como o negro, também estão os índios e minorias também discriminadas, que a exemplo do ocorrido com os movimentos negros, também tem o direito de reivindicar seus direitos e fazer valer sua voz.
Por que os direitos dos negros podem passar por cima dos meus?
Que culpa eu tenho da situação de outros grupos étnicos?
-
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Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar escreveu:Objeções?
Universidade pública não existe para corrigir distorções sociais. Ela existe para formar bachareis, mestres e doutores. Se só bacharéis, mestres e doutores tem boa qualidade de vida, isto já é uma distorção social, que as cotas não resolverão.
Visite minha página http://filomatia.net. Tratando de lógica, filosofia, matemática etc.
Visite o Wikilivros. Aprenda mais sobre Lógica.
Assista meu canal do youtube. Veja meu currículo lattes.
Visite o Wikilivros. Aprenda mais sobre Lógica.
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- heilel ben-shachar
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Re: Re.: Preto e branco
carlos escreveu:Você é negro?
Não. Meus pais são italianos. E se fosse? Qual o problema?
- heilel ben-shachar
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Re: Re.: Preto e branco
Kramer escreveu:Por que os direitos dos negros podem passar por cima dos meus?
Que culpa eu tenho da situação de outros grupos étnicos?
Passar por cima dos seus direitos? Que direitos? De ter o privilégio de ter acesso a uma Instituição que é bancada por todos? Na hora de pagar impostos, não há distinção de classe ou de cor, mas na hora de sentar a bundinha numa cadeira das salas da UFRJ, UFF, UNIRIO e UERJ* há uma enorme distinção. Recomendo que faça uma visita a UFRJ, no campus de Direito, em frente ao Campo de Santana, dê uma olhadinha nas salas de aula, e me diga quantos negros estudam lá.
Você não tem culpa nenhuma, mas enquanto sustentarem essa atitude mesquinha e egoísta, de que pelo fato de não terem culpa, logo não tenho responsabilidade, o negro, o índio, o deficiente físico e mental continuaram a margem da sociedade.
- heilel ben-shachar
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Re: Re.: Preto e branco
Dante, the Wicked escreveu:Universidade pública não existe para corrigir distorções sociais. Ela existe para formar bachareis, mestres e doutores. Se só bacharéis, mestres e doutores tem boa qualidade de vida, isto já é uma distorção social, que as cotas não resolverão.
Se a Universidade é um meio de ascenção social, logo ela tem um papel importantíssimo para corrigir determinadas distorções sociais sim!
Trata-se de uma questão lógica. A Universidade serve para oferecer uma formação "gratuita" e de qualidade para a sociedade. E ela é mantida com recursos arrecadados através dos impostos pagos pelos cidadãos. Entretanto existe uma enorme disparidade entre estudantes negros e brancos na Universidade, e isso não é justo, visto que a Universidade é mantida com o dinheiro de TODOS, logo a Universidade deve ser para TODOS, e ponto final, não ha o que contra-argumentar.
Lembrando que cotas sempre existiram. Só que as cotas eram para os brancos de classe média, pois só estes tinham acesso a Universidade, porque tiveram acesso a um ensino de alta qualidade. Não estou pretendendo dizer que escolas particulares oferecem melhor formação, pois existem escolas particulares que são um lixo, estou me referindo a uma formação de alta qualidade, como a que é oferecida pelo Pedro II e Cefet (que são públicos) e Santo Inácio, Santo Agostinho e outros colégios particulares.
Enfim, a questão racial é um problema real, e deve ser combatido, como por exemplo, criando cotas para negros e índios nas Universidades, possibilitando que estes tenham acesso de fato, àquilo que eles têm direito.
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Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar, sei que a reposta foi pro Kramer, mas gostaria de debater com você.
Assim como o Kramer, eu não tenho culpa da situação de outros grupos étnicos, e se aprovado o Projetos da Cotas eles estarão sim passando por cima dos meus direitos. Tanto eu como eles pagamos os impostos da mesma forma e temos os mesmos direitos, mas não temos as mesmas chances. E não é por isso que eles podem passar por cima dos meus direitos.
Essa enorme distinção que se refere, é por quê?
Tantos negros como os bracos, prestam o vestibular da mesma forma e são avaliados na mesma maneira. Se há somente brancos, é porque não teve negro que conseguiu passar pelo vestibular. Ou você sugere que isso, o que eu demonstrei, não é o "problema" de não haver negros nas salas de aulas dessas universidades?
Quem deve resolver isso é o governo.
E não é passando por cima dos direitos dos outros que a coisa funciona.
heilel ben-shachar escreveu:Kramer escreveu:Por que os direitos dos negros podem passar por cima dos meus?
Que culpa eu tenho da situação de outros grupos étnicos?
Passar por cima dos seus direitos? Que direitos? De ter o privilégio de ter acesso a uma Instituição que é bancada por todos? Na hora de pagar impostos, não há distinção de classe ou de cor, mas na hora de sentar a bundinha numa cadeira das salas da UFRJ, UFF, UNIRIO e UERJ* há uma enorme distinção.
Assim como o Kramer, eu não tenho culpa da situação de outros grupos étnicos, e se aprovado o Projetos da Cotas eles estarão sim passando por cima dos meus direitos. Tanto eu como eles pagamos os impostos da mesma forma e temos os mesmos direitos, mas não temos as mesmas chances. E não é por isso que eles podem passar por cima dos meus direitos.
Essa enorme distinção que se refere, é por quê?
Recomendo que faça uma visita a UFRJ, no campus de Direito, em frente ao Campo de Santana, dê uma olhadinha nas salas de aula, e me diga quantos negros estudam lá.
Tantos negros como os bracos, prestam o vestibular da mesma forma e são avaliados na mesma maneira. Se há somente brancos, é porque não teve negro que conseguiu passar pelo vestibular. Ou você sugere que isso, o que eu demonstrei, não é o "problema" de não haver negros nas salas de aulas dessas universidades?
Você não tem culpa nenhuma, mas enquanto sustentarem essa atitude mesquinha e egoísta, de que pelo fato de não terem culpa, logo não tenho responsabilidade, o negro, o índio, o deficiente físico e mental continuaram a margem da sociedade.
Quem deve resolver isso é o governo.
E não é passando por cima dos direitos dos outros que a coisa funciona.
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”
“Homem de preto qual é sua missão? Entrar pelas favelas e deixar corpo no chão! Homem de preto o que é que você faz? Eu faço coisas que assustam o Satanás!”
Soldados do BOPE sobre BOPE
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Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar escreveu:Se a Universidade é um meio de ascenção social, logo ela tem um papel importantíssimo para corrigir determinadas distorções sociais sim!
Existem várias formas de ascensão social. A própria idéia que a universidade seja um meio de ascensão social é uma distorção social a ser corrijida.
heilel ben-shachar escreveu:Trata-se de uma questão lógica. A Universidade serve para oferecer uma formação "gratuita" e de qualidade para a sociedade. E ela é mantida com recursos arrecadados através dos impostos pagos pelos cidadãos. Entretanto existe uma enorme disparidade entre estudantes negros e brancos na Universidade, e isso não é justo, visto que a Universidade é mantida com o dinheiro de TODOS, logo a Universidade deve ser para TODOS, e ponto final, não ha o que contra-argumentar.
Há muito o que contra-argumentar. A idéia de haver universidade pública é garantir que a demanda por profissionais de nível superior seja atendida. Por acaso negro não é atendido por médico formado em universidade pública? Negro não atravessa ponte construída por engenheiro formado em universidade pública? Crianças negra não tem aula com professor licenciado em universidade pública?
Para garantir a qualidade dos profissionais de curso superior que existe o processo seletivo chamado vestibular. Não faz sentido passar por cima deste processo.
heilel ben-shachar escreveu:Lembrando que cotas sempre existiram. Só que as cotas eram para os brancos de classe média, pois só estes tinham acesso a Universidade, porque tiveram acesso a um ensino de alta qualidade. Não estou pretendendo dizer que escolas particulares oferecem melhor formação, pois existem escolas particulares que são um lixo, estou me referindo a uma formação de alta qualidade, como a que é oferecida pelo Pedro II e Cefet (que são públicos) e Santo Inácio, Santo Agostinho e outros colégios particulares.
Então pra que tapar o sol com a peneira? Por que não investe de uma vez no ensino médio e fundamental?
As cotas de vagas são a resposta errada pra pergunta errada.
A pergunta errada:
"Como posso incluir a população marginalizada na universidade a fim de garantir a cidadania e ascensão social desta?"
A pergunta certa:
"Como melhorar o ensino público fundamental e médio a fim de que este garanta a cidadania e ascensão social desta?"
Agora, supondo que a pergunta errada fosse certa. Então eu vou tirar de um pra dar a outro? Isto que é certo? Se a pergunta errada fosse a certa, ter-se-ia:
A resposta certa:
"Criar mais vagas".
A resposta errada:
"Criar cota de vagas".
heilel ben-shachar escreveu:Enfim, a questão racial é um problema real, e deve ser combatido, como por exemplo, criando cotas para negros e índios nas Universidades, possibilitando que estes tenham acesso de fato, àquilo que eles têm direito.
As cotas raciais não vão ajudar em nada. Como um aluno que não conseguiu passar no vestibular conseguirá levar adiante um curso de medicina ou engenharia? Não tem como! Boa parte vai abandonar o curso no meio.
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Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar escreveu:Se a Universidade é um meio de ascenção social, logo ela tem um papel importantíssimo para corrigir determinadas distorções sociais sim!
Existem várias formas de ascensão social. A própria idéia que a universidade seja um meio de ascensão social é uma distorção social a ser corrijida.
heilel ben-shachar escreveu:Trata-se de uma questão lógica. A Universidade serve para oferecer uma formação "gratuita" e de qualidade para a sociedade. E ela é mantida com recursos arrecadados através dos impostos pagos pelos cidadãos. Entretanto existe uma enorme disparidade entre estudantes negros e brancos na Universidade, e isso não é justo, visto que a Universidade é mantida com o dinheiro de TODOS, logo a Universidade deve ser para TODOS, e ponto final, não ha o que contra-argumentar.
Há muito o que contra-argumentar. A idéia de haver universidade pública é garantir que a demanda por profissionais de nível superior seja atendida. Por acaso negro não é atendido por médico formado em universidade pública? Negro não atravessa ponte construída por engenheiro formado em universidade pública? Crianças negra não tem aula com professor licenciado em universidade pública?
Para garantir a qualidade dos profissionais de curso superior que existe o processo seletivo chamado vestibular. Não faz sentido passar por cima deste processo.
heilel ben-shachar escreveu:Lembrando que cotas sempre existiram. Só que as cotas eram para os brancos de classe média, pois só estes tinham acesso a Universidade, porque tiveram acesso a um ensino de alta qualidade. Não estou pretendendo dizer que escolas particulares oferecem melhor formação, pois existem escolas particulares que são um lixo, estou me referindo a uma formação de alta qualidade, como a que é oferecida pelo Pedro II e Cefet (que são públicos) e Santo Inácio, Santo Agostinho e outros colégios particulares.
Então pra que tapar o sol com a peneira? Por que não investe de uma vez no ensino médio e fundamental?
As cotas de vagas são a resposta errada pra pergunta errada.
A pergunta errada:
"Como posso incluir a população marginalizada na universidade a fim de garantir a cidadania e ascensão social desta?"
A pergunta certa:
"Como melhorar o ensino público fundamental e médio a fim de que este garanta a cidadania e ascensão social desta?"
Agora, supondo que a pergunta errada fosse certa. Então eu vou tirar de um pra dar a outro? Isto que é certo? Se a pergunta errada fosse a certa, ter-se-ia:
A resposta certa:
"Criar mais vagas".
A resposta errada:
"Criar cota de vagas".
heilel ben-shachar escreveu:Enfim, a questão racial é um problema real, e deve ser combatido, como por exemplo, criando cotas para negros e índios nas Universidades, possibilitando que estes tenham acesso de fato, àquilo que eles têm direito.
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Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar escreveu:Se a Universidade é um meio de ascenção social, logo ela tem um papel importantíssimo para corrigir determinadas distorções sociais sim!
Existem várias formas de ascensão social. A própria idéia que a universidade seja um meio de ascensão social é uma distorção social a ser corrigida.
heilel ben-shachar escreveu:Trata-se de uma questão lógica. A Universidade serve para oferecer uma formação "gratuita" e de qualidade para a sociedade. E ela é mantida com recursos arrecadados através dos impostos pagos pelos cidadãos. Entretanto existe uma enorme disparidade entre estudantes negros e brancos na Universidade, e isso não é justo, visto que a Universidade é mantida com o dinheiro de TODOS, logo a Universidade deve ser para TODOS, e ponto final, não ha o que contra-argumentar.
Há muito o que contra-argumentar. A idéia de haver universidade pública é garantir que a demanda por profissionais de nível superior seja atendida. Por acaso negro não é atendido por médico formado em universidade pública? Negro não atravessa ponte construída por engenheiro formado em universidade pública? Crianças negra não tem aula com professor licenciado em universidade pública?
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heilel ben-shachar escreveu:Lembrando que cotas sempre existiram. Só que as cotas eram para os brancos de classe média, pois só estes tinham acesso a Universidade, porque tiveram acesso a um ensino de alta qualidade. Não estou pretendendo dizer que escolas particulares oferecem melhor formação, pois existem escolas particulares que são um lixo, estou me referindo a uma formação de alta qualidade, como a que é oferecida pelo Pedro II e Cefet (que são públicos) e Santo Inácio, Santo Agostinho e outros colégios particulares.
Então pra que tapar o sol com a peneira? Por que não investe de uma vez no ensino médio e fundamental?
As cotas de vagas são a resposta errada pra pergunta errada.
A pergunta errada:
"Como posso incluir a população marginalizada na universidade a fim de garantir a cidadania e ascensão social desta?"
A pergunta certa:
"Como melhorar o ensino público fundamental e médio a fim de que este garanta a cidadania e ascensão social?"
Agora, supondo que a pergunta errada fosse certa. Então eu vou tirar de um pra dar a outro? Isto que é certo? Se a pergunta errada fosse a certa, ter-se-ia:
A resposta certa:
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heilel ben-shachar escreveu:Enfim, a questão racial é um problema real, e deve ser combatido, como por exemplo, criando cotas para negros e índios nas Universidades, possibilitando que estes tenham acesso de fato, àquilo que eles têm direito.
As cotas raciais não vão ajudar em nada. Como um aluno que não conseguiu passar no vestibular conseguirá levar adiante um curso de medicina ou engenharia? Não tem como! Boa parte vai abandonar o curso no meio.
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Re.: Preto e branco
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Carlos Ignácio Pinto escreveu:Muitas pessoas se assustam ao ouvirem a idéia de criação de cotas para negros nas universidades públicas Brasileiras. Este artigo busca compreender o medo e a falácia que giram em torno das cotas, bem como demonstrar minha sincera opinião sobre o sistema de cotas no Brasil, e de como o compreendo dentro de um universo muito maior de uma série de correções de nossa sociedade tão “democrática” e “anti-racista”.
"(...) uma série de correções (...)"
Lembra-me os tutsis cortando os pés dos hutus, para que todos tivessem a mesma altura.
Correções...
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Há mais ou menos um ano tenho trabalhado como professor colaborador do cursinho para população carente do Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo, entidade referencial na luta contra o preconceito racial no Brasil, ministrando as aulas da disciplina de História Geral. Neste universo, me deparei com situações que puseram abaixo tudo o que pensava até então sobre o sistema de cotas para negros nas universidades públicas brasileiras. A diferença se pautou em algo extremamente relevante: a passagem do discurso teórico que até agora tinha, para a prática; aquela que me defrontou com uma verdade bem mais latente e contundente do que aquelas demonstradas por muitos demagogos (como até aquele momento acredito ter sido) ou inocentes (o que não acredito muito) em seus discursos.
Recurso retórico patético. Ele tenta se mostrar um conhecedor de uma situação visível a todos apenas por ter mantido contato próximo, como se esse contato próximo fosse o suficiente para endossar sua ideologia nefanda.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Os discursos contrários à política de cotas se pautam basicamente em dois elementos que não se sustentam: o primeiro seria que ao invés do ingresso de negros através da política de cotas, o fundamental seria a melhoria substancial do ensino médio no Brasil que garantiria uma equiparação de saberes para os alunos que pretendem ingressar em uma universidade através do vestibular; e o segundo, como desdobramento do primeiro, seria que no Brasil a diferenciação entre os ingressantes em uma universidade e aqueles que não conseguem sucesso no vestibular estaria pautada na diferença econômica, ou seja, a entrada em uma universidade pública dependeria exclusivamente do poder aquisitivo do aluno e a economia despendida em sua formação escolar.
Outra mentira deslavada.
Apesar desses fatores terem sua relevância no combate a abominação do sistema de cotas, o principal argumento, necessário e suficiente para cancelar qualquer tipo de pretenção cotista, é a de que uma política desse tipo gera uma assimetria de direitos para as raças, o que é uma violência a qualquer constituição democrática.
Ainda que fosse uma medida questionável de inclusão social, jamais deveria incorporar critérios raciais, pois ao beneficiar todo e qualquer negro, o que essa medida faz é tirar vaga de branco pobre para dar para negro rico.
Não que eu pense que pobres, alunos de escolas públicas, integrantes de movimentos terroristas ou qualquer outro grupo de pressão deva ter acesso garantido a vagas nas Universidades. Tais medidas consistem respectivamente em populismo e corporativismo (inclusive com o financiamento da desobediência civil), abominações para qualquer regime democrático.
Um regime racial não é diferente das leis Jim Crow americanas ou do apartheid sulafricano. Não importa em que direção se criem privilégios, as únicas "correções" a serem feitas devem se basear em princípios universais tais como "todo homem é criado igual", e não na satisfação dos interesses de camadas específicas.
Pois é uma violação ainda maior quando se pensa que são os mesmos brancos que vão sustentar um regime que os segrega. Trabalhando 5 meses por ano apenas para pagar impostos, para que seus filhos tenham sua entrada vetada na Universidade para que os filhos de outras raças possam usufruir da mesma (mesmo com resultados piores). A nova escravidão.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Estes dois argumentos fazem parte do discurso comum, daqueles que se pronunciam contrários ao sistema de cotas e não possuem muita coisa a acrescentar; o primeiro argumento de que “é necessário uma melhoria do ensino no Brasil” é um discurso de décadas, ou seja, aguarda-se a melhoria também a décadas ao passo em que a exclusão permanece; defendemos tal argumento e o que se apresenta como proposta para que isto se efetue? Quase nada! Não peça aos movimentos de inserção do negro que abandonem suas políticas efetivas em troca da espera; não espere a acomodação na esperança da equiparação da formação escolar dos alunos oriundos de escolas públicas em relação aos oriundos de escolas particulares. A exclusão do negro da Universidade Pública é latente!!!!!!!! Percebam o perigo deste argumento, na medida em que nos reduz a paciente do processo, sendo que o que a comunidade negra no Brasil precisa é da aplicação de medidas imediatas, independente se for para reparação do mal que se faz até hoje a esta comunidade ou se para realmente começarmos a dar um fim a exclusão do negro no ensino superior brasileiro.
Veja que aqui qualquer dúvida foi dirimida sobre o teor panfletário do discurso desse que se diz bacharel da USP (provavelmente deve ser, dada a concentração de comunistas sebentos e parcamente alfabetizados com discursos-panfleto prontos na FFLCH, vide Marilena Chauí).
Primeiro ele começa dizendo que seus opositores não tem nada a acrescentar. Mas isso é óbvio, já que o único acréscimo aceito seria algum que corroborasse com a ideologia da segregação dele.
A seguir, ele afirma que como o sistema continua "excludente", outras medidas são necessárias. Ou seja, ele mostra todo o caráter insurgente revolucionário por trás dessa movimentação, que se insere num contexto muito maior de violências à democracia, à liberdade e à propriedade privada, já em andamento por parte dessas satânicas lideranças esquerdistas.
Vê-se que para tamanha demência, é insignificante o fato de que sem uma educação de base, nem negros nem brancos poderão usufruir de seus privilégios educacionais entrando para uma universidade pela janela. A educação nunca foi o objetivo dessa corja.
Ao abandonar o discurso pragmático da melhoria das condições subsidiárias que fariam com que o acesso ao ensino superior, e, infinitamente mais importante do que isso, a própria educação de base tão em falta nesse país, se democratizassem, para colocar negros de qualquer jeito nas cadeiras universitárias, ele demonstra que a única intenção por de trás dessa medida não é, nem nunca foi, a melhoria da educação dos afro-brasileiros, mas sempre foi um ataque aos alicerces fundamentais que sustentam a Sociedade Aberta, promovendo a estratégia gramscista de apropriação dos meios culturais por parasitas vetores da ignorância.
Já vimos esse tipo de ataque antes, quando um indo chinês chamado Pol Pot resolveu que no seu país a classe pensante deveria ser exterminada. O resultado mediu-se em crânios. A única diferença entre os dois métodos se dá em que um promove essa corrosão internamente, longe dos olhos da população e do resto do mundo, enquanto o segundo promoveu um ataque frontal e decisivo.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Sobre o segundo argumento que trata sobre a desigualdade social, mas é claro que o pobre é que não consegue ingressar em uma universidade pública, entretanto mesmo entre os pobres, o número de negros pobres está 47% acima dos brancos, ou seja, existem mais pessoas miseráveis negras do que brancas, e entre estas, os negros são os de menor salário e poder aquisitivo; a remuneração para um mesmo cargo é diferente entre negros e brancos. A maioria (na realidade, uma minoria) dos alunos oriundos de escolas públicas que conseguem entrar em uma universidade pública no Brasil são brancos, ou seja, mesmo entre aqueles que conseguem vencer a diferença, os negros são minoria.
Agora são jogados dados sem suas respectivas fontes, tornando ainda mais claros os contornos desse discurso de ódio.
Ao invés de procurar contornar essas adversidades através de medidas que gerem oportunidades para todos, fazendo com que com o tempo as estratificações sejam atenuadas, ele prefere defender a pior das opções.
Sabemos muito bem o que vem a seguir, quando discursos incitadores do desespero e das piores opções passam a ter respaldo em meio as camadas governantes. Queira Deus que eu esteja enganado.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Você que está lendo este artigo e estuda em uma universidade pública, ou até mesmo privada no Brasil, repare a sua volta em sua universidade, e veja a gritante diferença entre o número de negros e brancos. Desigualdade Social? Também, mas muita desigualdade racial presente.
Isso não é um artigo, é um panfleto. Não existem argumentos, não existem dados, só existem falácias e apelações.
Além do que, falar de desigualdade racial num país miscigenado é um impropério sem tamanho, e só serve a esses ideólogos desonestos, que consideram alguém branco quando dentro de uma universidade pública, e negro quando esse mesmo alguém está em seu barraco na favela.
Com a liberdade existente aqui para definir o que é branco e negro, qualquer discurso pode ser sustentado, sendo feitas as alterações necessárias. Ao afirmar que 47% a mais de pobres são negros, ele pode muito bem estar considerando negro qualquer um que apresente caracteres africanos, mas esses não são só os pobres, mas a maioria da população brasileira. Africanos puros são tão raros quanto europeus puros ou índios puros. Até mesmo os asiáticos apresentam altos índices de miscigenação nesse país.
E, como em todo discurso que defende as cotas, a indefinição de critérios precisos que determinem quais raças estão sendo consideradas está presente, afinal, sem essa liberdade, como eles sustentariam suas mentriras salafrárias.
Não que se às Universidades fossem ocupadas apenas por descendentes de europeus esse discurso poderia ser endossado, afinal, uma vez que não houvesse critério de seleção racial no processo seletivo, a composição final das etnias presentes nas salas de aula não deveria ser avaliada.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Recentemente lendo um artigo de um jornal universitário chamado Revelação da Universidade de Uberaba, de autoria do aluno Rodolfo Rodrigues do 6º período de Jornalismo[1], me assustei; o artigo que tentava combater a política de cotas, envolvia todas estas idéias do discurso comum e algumas outras muito piores, com todo o respeito ao colega. Este citava em seu artigo (além do ideário comum) a idéia de que biologicamente somos todos iguais e por isso não poderia se estabelecer as cotas e que o negro apenas precisaria de seu esforço e dedicação para ingressar em uma universidade pública!
Se assustou por quê? Veja novamente ele tentando formar opinião através de apelos ridículos.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Caro Rodolfo e aqueles que pensam como ele, é lógico que somos muito parecidos geneticamente falando, entretanto, ao contrário de sua “democracia biológica” o preconceito e o racismo no Brasil estão pautados pela cor que o negro traz em sua pele e não no sangue que corre em suas veias e, por favor, se ainda existe a crença de que a única diferença entre os alunos que entram em uma universidade pública e aqueles que não ingressam, está pautada no esforço e dedicação que estes desprendem em sua preparação para o vestibular, gostaria que estes fizessem uma visita a minha turma no Núcleo de Consciência Negra aqui da Universidade de São Paulo e separassem os que não trabalham, os que não ajudam em casa e os que sustentam famílias, ou seja, possuem muito mais obrigações do que aquelas impostas pelo vestibular. A diferença está na dedicação? Aquele que ainda não ingressou no mercado de trabalho ou que não tem obrigações para com sua família é um maior merecedor da vaga na universidade porque se “dedicou”?????? Convenhamos, se este poder fosse me dado, eu estaria muito mais propenso a colocar o aluno trabalhador em uma universidade, se o mérito for a dedicação, do que o aluno que pode dedicar-se integralmente ao vestibular tendo como estrutura educacional bons colégios particulares.
Pois bem, se o sujeito trabalha para ajudar a família, existem vários brancos que fazem o mesmo. Trabalhar não o torna merecedor de nada além do salário que recebe. Ele não trabalha em troca de privilégios governamentais, ele está ali porque achou que aquele dinheiro lhe seria útil em algum sentido.
Se ele não passou no vestibular em função de ter muitos compromissos e poder destinar pouco tempo para os estudos, isso significa que ele não está habilitado a cursar aquela universidade, que com certeza vai lhe exigir muito além dos conhecimentos de vestibulando.
É claro que o esforço de alguém que trabalha e ainda estuda, merece ser considerado, e provavelmente será. Isso independente de raça.
Se o racismo se faz presente na sociedade, o que me parece um grande exagero, este deve ser combatido como crime, e não através da promoção de medidas que apenas criarão mais tensões interraciais (que na verdade, nem existem por aqui).
Ao que parece, a inversão de valores se transformou na tônica desse discurso idiotizante.
Pertencer a uma Universidade não é direito de todo cidadão, participar do concurso seletivo o é, e apenas os melhores preparados serão os selecionados. Esse processo deve ser cego a diferenças de raça, religião, filiação política e qualquer outra propriedade que não seja o conhecimento exigido para adentrar na instituição.
Não adianta colocar a culpa nos alunos de escolas particulares, pois se esses podem ter esse tipo de privilégio, foi porque seus pais trabalharam para dar esse tipo de condição para seus filhos. Colocar essa situação como se fosse um crime é uma prática de inversão inconseqüente (não que o texto não tenha praticado isso antes).
Carlos Ignácio Pinto escreveu:No mesmo artigo, há uma foto em destaque com uma aluna negra do 3° período de Comunicação Social da mesma Universidade, e ao seu redor 5 alunos brancos, com os seguintes dizeres “A estudante ..... ingressou na Universidade sem precisar se valer das cotas.”. O que me causou estranheza foi o fato do próprio autor do artigo corroborar com a idéia de que são pouquíssimos negros dentro de uma Universidade Pública no Brasil, através desta foto que possui uma maioria de alunos brancos, sendo ela a única negra do grupo!
Quanta idiotice.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Como dito anteriormente, a questão do negro na Universidade Pública no Brasil é bem mais complexa do que a simples compreensão da desigualdade social, polarizada entre pobre e ricos, compreensão esta que por muito tempo engessou e engessa as reivindicações de uma maior igualdade da comunidade negra no Brasil. É o discurso comum presente até mesmo dentro das universidades que por vocação, teriam de se libertar destas amarras.
Agora ele se repete para encher lingüiça e parecer ter muitos argumentos. Novamente, se o problema é racismo na sociedade, as medidas que devem combatê-lo dizem respeito às ações criminais sobre os racistas.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Recentemente, a USP tem realizado obras na intenção de facilitar o acesso a universidade de alunos portadores de deficiências físicas; entretanto, nossos departamentos não estão preparados para receberem os alunos portadores de deficiências visuais, mesmo que sendo estabelecido por lei a obrigatoriedade de tal adaptação. Seria justo interromper as obras na USP que visam facilitar o acesso de deficiente físicos visto que elas não contemplam os deficientes visuais? É justo suspender a política de cotas porque ela não da conta do todo?
Estou começando a supor que esse autor é deficiente mental.
Não são necessárias adaptações na Universidade para negros poderem freqüentá-la, não existem banheiros para negros, rampas de acesso para negros, elevadores para negros, espaços reservados para carros de negros.
Um negro é essencialmente igual a um branco em suas capacidades fundamentais, e portanto devem competir em igualdade e ter acesso aos mesmos direitos.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Para aqueles que não sabem, as universidade públicas brasileiras possuem cotas para estrangeiros. E porque não se levantaram contrários? É que a questão dos negros para muitos deve permanecer como está; todos acreditando no mito da nossa “democracia racial” onde somos felizes, pacíficos e ordeiros, e só não se consegue a felicidade, satisfação econômica e realização de sua pessoa enquanto cidadão e ser humano, aqueles que não batalham por ela, pois as condições estão dadas “igualmente” para todos; Papai Noel e coelhinho da páscoa também existem.
Toda suspeita já foi desfeita, o sujeito é um débil mental.
As cotas para estrangeiros fazem parte de programas de intercâmbio internacionais, e ao mesmo tempo que o Brasil oferece essas vagas, os outros países também.
Os estrangeiros não estão competindo pelas mesmas vagas que os brasileiros, eles estão ocupando as vagas dos alunos brasileiros que saem em intercâmbio para outros países. Mas que babaca mentiroso.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:No mesmo artigo o autor ainda finaliza suas idéias rechaçando as pessoas que fazem uso de roupas com dizeres do tipo “100% negro”, “preto brasileiro” ou “afrobrasileiro negão”, alegando que isto também seria uma forma de manifestação de racismo, só que de ordem invertida. Estranho, quantas pessoas não desfilam entre nós com camisetas do tipo “MedicinaUSP”, “Poli USP”, “Mackenzie”, “PUC”, “UNIUBE” e não os tratamos como racistas, apesar de a todo momento afirmarem sua condição de superioridade educacional. É racismo a afirmação da cor que traz na pele? Não existe uma negação do outro, mas uma afirmação da condição que sou. Se me afirmo como Universitário, tranqüilo; se me afirmo como Negro sou racista???? Colocação absolutamente infeliz, que infelizmente faz parte do ideário comum e não apenas de nosso colega em Uberaba.
Camisas de universidade são o quê? Racismo educacional? De onde esse retardado tira essas pérolas?
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Não se trata apenas de uma resposta do artigo citado, mas sim da colocação dos vários temas que permeiam e ocultam as discussões sobre o preconceito e o racismo no Brasil do qual a política de cotas é apenas uma parte, mas que forçosamente por parte de alguns vem se transformando no todo.
A política de cotas não faz nada para sanar o preconceito, até cria tensões antes inexistentes. É apenas uma medida promocional da vilipendiação das instituições fundamentais que norteiam toda democracia.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Acredito plenamente que o ensino no Brasil deva ser repensado e reformado como um todo, garantindo uma melhoria na qualidade do ensino aplicado a comunidade carente que é a maioria deste país. O que não posso aceitar é que a espera da realização disto sufoque a questão da segregação racial das universidades públicas brasileiras. Assim como o negro, também estão os índios e minorias também discriminadas, que a exemplo do ocorrido com os movimentos negros, também tem o direito de reivindicar seus direitos e fazer valer sua voz.
Não, o ensino superior deve formar uma elite plenamente capaz, para promover o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país, e para realizar os trabalhos médicos, jurídicos e as demais ocupações exigentes de uma formação acadêmica superior. Se é impraticável oferecê-lo à todos os jovens, que seja oferecido aos que se mostrarem mais capazes, independente de origens.
A educação de base é que deve ser universal e de qualidade, já que não adianta pegar alguém despreparado e esperar formar ali um profissional de alto nível. Se assim o fosse, que abolíssemos as escolas do ensino fundamental e fossem todos direto para a faculdade.
Precisamos de gente com educação básica, para que a produtividade e geração de riquezas do trabalhador aumente, e a sua capacidade de se organizar, cumprir metas, pensar antes de votar, executar diferentes tarefas, dar educação para seus filhos também. Mesmo que essas pessoas não venham a freqüentar uma universidade, que é algo pertinente apenas a uma minoria, devem ter condições mínimas de prosperar, e poder oferecer essas condições para seus filhos.
Não é colocar qualquer um dentro dos portões de uma faculdade e achar que sairá um profissional de alto nível dali. Essa pessoa, até por ter tantos problemas, provavelmente abandonará, ou se formará com tantas pendências que dificilmente será um bom profissional, já que suas carências são extremamente fundamentais.
Continuar fingindo que a universidade deve ser prostituída só fará com que essas instituições, já tão vilipendiadas pela ação de comunistas asquerosos durante anos se tornem ainda mais sucateadas.
Carlos Ignácio Pinto escreveu:Acredito plenamente que o ensino no Brasil deva ser repensado e reformado como um todo, garantindo uma melhoria na qualidade do ensino aplicado a comunidade carente que é a maioria deste país. O que não posso aceitar é que a espera da realização disto sufoque a questão da segregação racial das universidades públicas brasileiras. Assim como o negro, também estão os índios e minorias também discriminadas, que a exemplo do ocorrido com os movimentos negros, também tem o direito de reivindicar seus direitos e fazer valer sua voz.
A política de cotas cria um problema inexistente e o ataca, desnorteando a razão das pessoas para que no final o único alvo destruído sejam os pilares da Sociedade Aberta.
As políticas verdadeiras dentro de uma democracia devem ser as de gerar oportunidades comuns a todos, para que aqueles dispostos e capazes as aproveitem, e então gerem novas oportunidades, gerando um ciclo virtuoso que desenvolveu todas as economias capitalistas do mundo, e que nos lugares onde foi negligenciado só se viu brotar miséria e morte.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
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Re: Re.: Preto e branco
Karasu escreveu:Assim como o Kramer, eu não tenho culpa da situação de outros grupos étnicos, e se aprovado o Projetos da Cotas eles estarão sim passando por cima dos meus direitos. Tanto eu como eles pagamos os impostos da mesma forma e temos os mesmos direitos, mas não temos as mesmas chances. E não é por isso que eles podem passar por cima dos meus direitos.
Essa enorme distinção que se refere, é por quê?
Como já disse, vocês não estão reclamando os seus direitos, mas sim os seus privilégios. Privilégio de poder estudar em bons cursinhos pré-vestibulares e o privilégio de poderem comprar livros para se preparar para o vestibular. E nós não temos culpas disso. Eu por exemplo, estudo num ótimo colégio da cidade do Rio de Janeiro, e nem por isso me sinto culpado por não haver um na minha turma, entretanto, reconheço que isso não é um exemplo de democracia e muito menos de liberdade.
Karasu escreveu:Tantos negros como os bracos, prestam o vestibular da mesma forma e são avaliados na mesma maneira. Se há somente brancos, é porque não teve negro que conseguiu passar pelo vestibular. Ou você sugere que isso, o que eu demonstrei, não é o "problema" de não haver negros nas salas de aulas dessas universidades?
Ora essa, acho que nem preciso te responder, pois você mesmo já reconheçeu as injustiças de que falo. Na resposta anterior você disse que a maioria dos negros não possuem as mesmas chances que a maioria dos brancos, e agora afirma que a mesma forma de avaliação é aplicada a todos. Bem, a resposta está aí...
Karasu escreveu:Quem deve resolver isso é o governo.
E não é passando por cima dos direitos dos outros que a coisa funciona.
Como já disse, você não está reclamando os seus direitos e sim o seu privilégio que foi ameaçado com a política de cotas. Antes das cotas, a competitividade no exame do vestibular já era acirradíssima, e agora, ficou mais ainda, e por isso tanta gritaria. Ninguém está preocupado com os seus "direitos", e sim com os seus interesses individuais, essa é a verdade.
Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar escreveu:Karasu escreveu:Assim como o Kramer, eu não tenho culpa da situação de outros grupos étnicos, e se aprovado o Projetos da Cotas eles estarão sim passando por cima dos meus direitos. Tanto eu como eles pagamos os impostos da mesma forma e temos os mesmos direitos, mas não temos as mesmas chances. E não é por isso que eles podem passar por cima dos meus direitos.
Essa enorme distinção que se refere, é por quê?
Como já disse, vocês não estão reclamando os seus direitos, mas sim os seus privilégios. Privilégio de poder estudar em bons cursinhos pré-vestibulares e o privilégio de poderem comprar livros para se preparar para o vestibular. E nós não temos culpas disso. Eu por exemplo, estudo num ótimo colégio da cidade do Rio de Janeiro, e nem por isso me sinto culpado por não haver um na minha turma, entretanto, reconheço que isso não é um exemplo de democracia e muito menos de liberdade.
Privilégio? O fruto da trabalho dos meus pais é um privilégio?
heilel ben-shachar escreveu:Karasu escreveu:Tantos negros como os bracos, prestam o vestibular da mesma forma e são avaliados na mesma maneira. Se há somente brancos, é porque não teve negro que conseguiu passar pelo vestibular. Ou você sugere que isso, o que eu demonstrei, não é o "problema" de não haver negros nas salas de aulas dessas universidades?
Ora essa, acho que nem preciso te responder, pois você mesmo já reconheçeu as injustiças de que falo. Na resposta anterior você disse que a maioria dos negros não possuem as mesmas chances que a maioria dos brancos, e agora afirma que a mesma forma de avaliação é aplicada a todos. Bem, a resposta está aí...
A cor da pele é irrelevante para o vestibular.
Nunca houve nenhuma diferenã de chances entre negros e brancos.
[/quote]heilel ben-shachar escreveu:Karasu escreveu:Quem deve resolver isso é o governo.
E não é passando por cima dos direitos dos outros que a coisa funciona.
Como já disse, você não está reclamando os seus direitos e sim o seu privilégio que foi ameaçado com a política de cotas. Antes das cotas, a competitividade no exame do vestibular já era acirradíssima, e agora, ficou mais ainda, e por isso tanta gritaria. Ninguém está preocupado com os seus "direitos", e sim com os seus interesses individuais, essa é a verdade.
Privilégio é o caralho. Agora é crime se minha família me deu uma boa educação?
- heilel ben-shachar
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Re: Re.: Preto e branco
Dante, the Wicked escreveu:Existem várias formas de ascensão social. A própria idéia que a universidade seja um meio de ascensão social é uma distorção social a ser corrigida.
Você mesmo reconheçeu que os bacharéis, mestres e doutores são os que possuem melhor qualidade de vida, e isso denota que a Universidade é o principal meio de ascenção social.
Dante, the Wicked escreveu:Há muito o que contra-argumentar. A idéia de haver universidade pública é garantir que a demanda por profissionais de nível superior seja atendida. Por acaso negro não é atendido por médico formado em universidade pública? Negro não atravessa ponte construída por engenheiro formado em universidade pública? Crianças negra não tem aula com professor licenciado em universidade pública?
Até quando os negros continuarão sendo atendidos ao invés de serem os que irão atender? Até quando os negros continuarão simplesmente atravessando pontes, ao invés de construí-las?
Dante, the Wicked escreveu:Para garantir a qualidade dos profissionais de curso superior que existe o processo seletivo chamado vestibular. Não faz sentido passar por cima deste processo.
Isso é uma distorção que você preferiu mascarar, ao invés de reconhecer que se trata de mais outra que deve ser corrigida. O vestibular não garante a qualidade dos profissionais coisíssima nenhuma.Leia isso
Dante, the Wicked escreveu:Então pra que tapar o sol com a peneira? Por que não investe de uma vez no ensino médio e fundamental?As cotas de vagas são a resposta errada pra pergunta errada.
A pergunta errada:
"Como posso incluir a população marginalizada na universidade a fim de garantir a cidadania e ascensão social desta?"
A pergunta certa:
"Como melhorar o ensino público fundamental e médio a fim de que este garanta a cidadania e ascensão social?"
Os resultados de um melhoramento do ensino médio e fundamental não atingiriam os jovens negros que já concluiram o ensino médio.
Dante, the Wicked escreveu:Agora, supondo que a pergunta errada fosse certa. Então eu vou tirar de um pra dar a outro? Isto que é certo? Se a pergunta errada fosse a certa, ter-se-ia:
A resposta certa:
"Criar mais vagas".
A resposta errada:
"Criar cota de vagas".
De que adianta criar mais vagas se o problema está no acesso?
Dante, the Wicked escreveu:As cotas raciais não vão ajudar em nada. Como um aluno que não conseguiu passar no vestibular conseguirá levar adiante um curso de medicina ou engenharia? Não tem como! Boa parte vai abandonar o curso no meio.
Já ouviu falar em bolsas?
Editado pela última vez por heilel ben-shachar em 13 Jun 2006, 12:29, em um total de 2 vezes.
- heilel ben-shachar
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Re: Re.: Preto e branco
Kramer escreveu:Privilégio? O fruto da trabalho dos meus pais é um privilégio?
Óbvio que é um privilégio. Dado o nível de desemprego no Brasil.
Kramer escreveu:A cor da pele é irrelevante para o vestibular.
Nunca houve nenhuma diferenã de chances entre negros e brancos.
Vai estudar para evitar falar esse tipo de merda.
Kramer escreveu:Privilégio é o caralho. Agora é crime se minha família me deu uma boa educação?
Você sabe ler, né? Então releia a resposta que eu dei ao Karasu.
Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar escreveu:Kramer escreveu:Privilégio? O fruto da trabalho dos meus pais é um privilégio?
Óbvio que é um privilégio. Dado o nível de desemprego no Brasil.
Ora, isso é nivelamento por baixo. As pessoas com melhores condições de vida não podem ser prejudicadas simplesmente porque existem outros em situação pior.
heilel ben-shachar escreveu:Kramer escreveu:A cor da pele é irrelevante para o vestibular.
Nunca houve nenhuma diferenã de chances entre negros e brancos.
Vai estudar para evitar falar esse tipo de merda.
Trata-se da mais pura verdade. O fato de, em média, certos grupos étnicos terem menor poder aquisitvo não é pertinente. O que importa é que no vestibular em si nunca houve, ao menos até o advento do sistema de cotas, discriminação racial, logo não é no atual sistema de avaliação onde se encontra a raiz do problema.
heilel ben-shachar escreveu:Kramer escreveu:Privilégio é o caralho. Agora é crime se minha família me deu uma boa educação?
Você sabe ler, né? Então releia a resposta que eu dei ao Karasu.
A situação real é o inverso do que você imagina. Quem realmente está lutando por privilégios desmerecidos são as minorias beneficiadas pelo sistema de cotas. Eu e o Karasu estamos apenas defendendo nosso direito de sermos tratados todos de forma igualitária perante a lei, independente da cor de nossas peles.
- heilel ben-shachar
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Re: Re.: Preto e branco
Kramer escreveu:Ora, isso é nivelamento por baixo. As pessoas com melhores condições de vida não podem ser prejudicadas simplesmente porque existem outros em situação pior.
Prejuízo? Que prejuízo? Ah sim, você fala da garantia que a classe média não deve ceder nenhum dos seus privilégios aos pobres...
E viva a manutenção do status quo!!!
Kramer escreveu:Trata-se da mais pura verdade. O fato de, em média, certos grupos étnicos terem menor poder aquisitvo não é pertinente. O que importa é que no vestibular em si nunca houve, ao menos até o advento do sistema de cotas, discriminação racial, logo não é no atual sistema de avaliação onde se encontra a raiz do problema.
Falácia! A desigualdade social é pertinente sim! A partir do momento em que sabe-se que existe uma desigualdade entre os candidatos, o sistema de avaliação não pode ser mesmo. Pois mesmo tomando conhecimento de que os candidatos pobres (em sua maioria negros) se encontram em desvantagem com relalção aos demais, e não se toma nenhuma medida no sentido de corrigir essa injustiça, e ainda assim têm coragem de dizer que no vestibular não há discriminação sócio-racial, trata-se de uma baita hipocrisia.
Kramer escreveu:A situação real é o inverso do que você imagina. Quem realmente está lutando por privilégios desmerecidos são as minorias beneficiadas pelo sistema de cotas. Eu e o Karasu estamos apenas defendendo nosso direito de sermos tratados todos de forma igualitária perante a lei, independente da cor de nossas peles.
Os negros também estão defendendo o seu direito de serem tratados de forma igualitária perante a lei, o que não foram desde a época da colonização, quando eram tratados como objeto, e tardiamente foram "libertos", e desde então vêm lutando para isso.
E você e o Karasu só estão com medo de não passar no vestibular por causa das cotas. Ou seja, não estão falando de direitos, mas sim de interesses ;)
Re.: Preto e branco
Discordo totalmente do sistema de cotas pela sua imoralidade.
O que não tenho paciência é para aturar discursinho pseudo-democrático num mundo onde "ter" e "ser" equivalem à mesma coisa.
Outro dia li num jornaleco qualquer a matéria sobre uma menina branca, de classe média, que não passou para UFRJ pois perdeu sua vaga para uma cotista. Falavam do tal mérito, que os pais tinham trabalhado duro para pagar o cursinho para a menina e coisa e tal. Ou seja, doutrinação. Alguém escreveu contra? É óbvio que não. Por que? Porque provavelmente não existe sequer um jornalista que veio da situação da tal cotista. Defender seus próprios privilégios é muito fácil.
Mérito por mérito, por que é que não mostraram a situação da tal "Deise" ou "Greice", nascida na Maré, que batalhou em escolas de péssima qualidade e teve seus méritos para chegar ao patamar de estar logo atrás da menina de classe média? Porque não existe sequer um jornalista negro e/ou (ex) favelado que sinta inclinação a trabalhar a sua própria causa ideológica. E, nesse ponto, imoral ou não, as tais cotas democratizariam sim.
Além disso, mérito por mérito, vestibular não julga porra nenhuma.
Por fim, um erro não justifica nem conserta nada, e por isso a minha discordância, mas tentar fazer a argumentação alheia se tornar um "nonsense" do dia pra noite é canastrice. O debate envolve muitas coisas mais. A argumentação cotista envolve outros fatores bem relevantes.
O que não tenho paciência é para aturar discursinho pseudo-democrático num mundo onde "ter" e "ser" equivalem à mesma coisa.
Outro dia li num jornaleco qualquer a matéria sobre uma menina branca, de classe média, que não passou para UFRJ pois perdeu sua vaga para uma cotista. Falavam do tal mérito, que os pais tinham trabalhado duro para pagar o cursinho para a menina e coisa e tal. Ou seja, doutrinação. Alguém escreveu contra? É óbvio que não. Por que? Porque provavelmente não existe sequer um jornalista que veio da situação da tal cotista. Defender seus próprios privilégios é muito fácil.
Mérito por mérito, por que é que não mostraram a situação da tal "Deise" ou "Greice", nascida na Maré, que batalhou em escolas de péssima qualidade e teve seus méritos para chegar ao patamar de estar logo atrás da menina de classe média? Porque não existe sequer um jornalista negro e/ou (ex) favelado que sinta inclinação a trabalhar a sua própria causa ideológica. E, nesse ponto, imoral ou não, as tais cotas democratizariam sim.
Além disso, mérito por mérito, vestibular não julga porra nenhuma.
Por fim, um erro não justifica nem conserta nada, e por isso a minha discordância, mas tentar fazer a argumentação alheia se tornar um "nonsense" do dia pra noite é canastrice. O debate envolve muitas coisas mais. A argumentação cotista envolve outros fatores bem relevantes.
Re: Re.: Preto e branco
heilel ben-shachar escreveu:Kramer escreveu:Ora, isso é nivelamento por baixo. As pessoas com melhores condições de vida não podem ser prejudicadas simplesmente porque existem outros em situação pior.
Prejuízo? Que prejuízo? Ah sim, você fala da garantia que a classe média não deve ceder nenhum dos seus privilégios aos pobres...
E viva a manutenção do status quo!!!
Não vejo nenhum privilégio em trabalhar para ter qualidade de vida e, portanto, não vejo nenhum motivo para que se criem medidas que penalizem as pessoas que o fizeram ou aqueles a quem resolveram dar os frutos de sua labuta.
heilel ben-shachar escreveu:Kramer escreveu:Trata-se da mais pura verdade. O fato de, em média, certos grupos étnicos terem menor poder aquisitvo não é pertinente. O que importa é que no vestibular em si nunca houve, ao menos até o advento do sistema de cotas, discriminação racial, logo não é no atual sistema de avaliação onde se encontra a raiz do problema.
Falácia! A desigualdade social é pertinente sim! A partir do momento em que sabe-se que existe uma desigualdade entre os candidatos, o sistema de avaliação não pode ser mesmo. Pois mesmo tomando conhecimento de que os candidatos pobres (em sua maioria negros) se encontram em desvantagem com relalção aos demais, e não se toma nenhuma medida no sentido de corrigir essa injustiça, e ainda assim têm coragem de dizer que no vestibular não há discriminação sócio-racial, trata-se de uma baita hipocrisia.
O problema da desigualdade social estatística entre negros e brancos possui raízes históricas profundas. O sistema de cotas não passa de uma medida inútil para mascarar a situação e dizer que algo está sendo feito. Aliás, não vejo motivo nenhum para tentar reverter essa situação além do país aparecer melhor colocado em pesquisas de igualdade racial. A verdade é que existem miseráveis de todas as cores.
heilel ben-shachar escreveu:Kramer escreveu:A situação real é o inverso do que você imagina. Quem realmente está lutando por privilégios desmerecidos são as minorias beneficiadas pelo sistema de cotas. Eu e o Karasu estamos apenas defendendo nosso direito de sermos tratados todos de forma igualitária perante a lei, independente da cor de nossas peles.
Os negros também estão defendendo o seu direito de serem tratados de forma igualitária perante a lei, o que não foram desde a época da colonização, quando eram tratados como objeto, e tardiamente foram "libertos", e desde então vêm lutando para isso.
Que eu saiba a constituição do nosso país oferece igualdade legal a todos. O fato de certos grupos étnicos terem melhores condições de vida que outros não se deve a nenhum tipo de discriminação por parte do estado.
heilel ben-shachar escreveu:E você e o Karasu só estão com medo de não passar no vestibular por causa das cotas. Ou seja, não estão falando de direitos, mas sim de interesses ;)
Acusações vazias. Se fosse negro ou índio seria contra as cotas da mesma maneira, pois meus interesses pessoas não devem interferir na minha visão de certo e errado.