user f.k.a. Cabeção escreveu:Samael, isso que você afirmou não poderia estar mais errado, e é uma constante esse tipo de crença entre os marxistas.
Discordo em parte. Discordo em parte do ideário marxista e quase que na totalidade do ideário liberal.
user f.k.a. Cabeção escreveu:A agregação de valor ao produto está muito mais vinculada com a divisão do trabalho do que com a produção material em si, que é apenas parte de um processo.
Discordo. O valor passa a existir a partir da produção material. A agregação posterior de valor, que não varia de acordo com a necessidade geral, mas sim, com flutuações de mercado e influências midiáticas.
Você agrega, posteriormente, "valor de troca" ao produto. E isso até o velho barbudo explicitou corretamente. Os materiais em si contém um valor (que também, obviamente, é variante de acordo com o mercado) e o trabalho transformador incute um valor adicional a esse produto, visto que isto está vinculado à compra da força de trabalho de determinado trabalhador.
Existe, obviamente, a agregação de outros valores a partir de outros trabalhos realizados em prol do produto especificado posteriormente, mas estes acabam se confundindo com o próprio valor de troca do produto e, não são, sob hipótese alguma, o relevante ao valor de troca final do produto. Nisso, entra a obtenção do lucro a partir de fatores puramente mercadológicos.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Enquanto que para o produtor seria extremamente caro manter uma estrutura de vendas destinadas para o consumidor final, além de ter que arcar com custos e riscos de estoques e transportes, o mercador entra nesse processo como um terceiro, que presta o serviço de revenda dos produtos de modo que não fique caro para o produtor, nem para o consumidor, que caso contrário teria que se deslocar a cada produtor diferente sempre que quisesse um prego ou um pote de maionese.
Discordo absolutamente. Essa estrutura é essencial para a manutenção de toda uma classe, que expropria força de trabalho por meio da produção capitalista.
Um exemplo clássico, e bem próximo de nós, foi num trabalho que eu realizei em conjunto com uns colegas de faculdade com alguns pescadores que trabalhavam na Baía de Guanabara. Alguns pescadores, aos 30 anos, aparentavam 50 ou 60, dadas as condições duras de vida e de trabalho. Fim do dia paravam alguns caminhões e compravam o produto dos tais a preços ínfimos e sem concorrência alguma, revendendo depois ao SEASA e à algumas grandes empresas. A mais-valia retirada era exorbitante. Inclusive, havia um debate entre o pessoal e os pescadores se não seria possível abrir uma pequena vila de venda à população por um preço ainda mais baixo do que aos revendedores e extremamente mais alto do que a mixaria que recebiam.
Não vejo valores nobres nisso, apenas a vantagem de quem dispõe de capacidade de transporte para lucrar sem produzir. Bem prático.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Ou seja, o dono de mercearia ou de supermercado não é só um atravessador que lucra em cima dos trabalhos dos outros. Ele em si corre riscos, pois mantém estoques que podem estragar, ou sofrer baixas repentinas de preços, além de negociar em atacado com o produtor e ter maior poder de barganha, e tendo o trabalho de manter uma variedade que facilite o consumidor final na hora de fazer suas compras. Ele tem as suas despesas e presta um serviço, e esse serviço deve ter um preço, pois agrega valor a um produto (um pote de maionese que você pode comprar ao lado da sua casa por unidade e em meio a uma oferta de outros produtos úteis essencialmente é mais "valioso" do que aquela mesma quantidade, comprada no meio do atacado, com o produtor).
Creio, e creio com firmeza extrema, que se cada produtor inicial montasse sua produção e realizasse a revenda direta ao consumidor por atacado ou varejo, o valor de troca iria abaixar. O que impede tal fator, para mim, é a simples burocracia, alguns impedimentos de classe a falta de recursos e visão de alguns produtores.
A burguesia que não produz materialmente (redundância) não existe porque é funcional, existe porque tomou as rédeas do antigo sistema produtivo e implementou um governo de classe, como outro qualquer.
Como eu já explicitei anteriormente, os tais "valores de armazenagem" não são nada próximo à mais-valia obtida.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Essa ficção marxista de que só se agrega valor produzindo o bem é totalmente despropositada. O trabalho de um comerciante é muito necessário, na verdade a maioria dos trabalhos dentro de uma economia de mercado o são.
Concordo. E é tão despropositada quanto a ficção capitalista de que trabalho material não incute valor.