zumbi filosófico escreveu:Mais uma situação hipotética para se refletir sobre a hierarquia do direito da propriedade privada e a moralidade/outros direitos:
Eu e meus amigos vivemos numa cidadezinha isolada no meio do deserto, na qual somos muito influentes.
Meus amigos e eu somos comerciantes e prestadores de serviço, fornecemos água, comida e transporte. A cidade é muito pequena, e praticamente não temos concorrentes propriamente ditos, e nem há serviços públicos nessas áreas todas.
Tem um forasteiro que chegou na cidade, de carona com alguém que estava só de passagem, coisa raríssima de ocorrer (alguém passar por aqui). Não vamos com a cara dele. Somos donos da comida, da água e dos transportes. Anunciamos que não gostamos dele, e que pessoas que ajudarem-no podem sofrer conseqüências indesejáveis quanto ao fornecimento dos nossos serviços e produtos ou empregos que mantemos. Ele pode ir andando pelo deserto por dezenas de quilômetros até (talvez) chegar a outra cidade, torcendo para no caminho encontrar algo comestível e poças d'água, ou morrer de fome e sede por aqui (não vamos prestar transporte para ele até outra cidade também). E está no nosso direito, porque não somos obrigados pelo estado a vender para quem não queiramos vender a nossa propriedade privada.
Por um fundamentalismo libertarianista, estaria perfeitamente correta essa situação.
Então, simplesmente dos direitos à propriedade privada/mercado, já emerge tudo que consideramos suficiente, ou o mercado não é capaz de algumas coisas que também são necessárias?
touché
pra mim essa ênfase totalmente libertária minaria a sociedade. grupos de indivíduos boicotando/retaliando financeiramente outros, e podendo expor isso claramente, encorajando outros...
Ápate escreveu:Espantalho.
Diga-me uma grande empresa atual que faça coisa sequer parecida. Ninguém em sã consciência vai negar um possível consumidor apenas pela cor de pela. Muito menos contratar apenas brancos, diminuindo a oferta de mão-de-obra e tendo que pagar a mais para um trabalhador que faz o mesmo serviço.
quando eu falei da situação atual, eu me referi as dificuldades atuais das pessoas em viver em grandes cidades, principalmente em relação aos empregos.
e, apesar de racismo ser hoje
demodé, Se você substituir no exemplo negros por nordestinos, perceberá que lamentavelmente em alguns lugares da região sudeste essas idéias poderiam receber amplo apoio.
Aliás, e você fala que hoje nenhuma empresa faz isso, mas pelo que eu sei, não fazem porque evidentemente isso é proibído numa caralhada de países. O estado através dessa proibição também é um dos responsáveis pela promoção desses valores igualitários
Só como curiosidade, no Japão diversos estabelecimentos no interior do país possuem placas com coisas do tipo "não atendemos brasileiros"
Ora, são só alguns dekaseguis com quem ninguém se importa(pelo menos no Japão), e de um país onde Japão ainda se discriminam pessoas pelo
sobrenome sobrenome da família, acaba sendo meio esperado.
Ah, você percebeu? isso não está tão distante da realidade ápate. Estamos falando de primeiro mundo, pessoas instruídas, com alto nível de qualidade de vida. Não é difícil imaginar o mesmo acontecendo com alguma minoria caso essas discriminações fossem legais
Sem muitos rodeios Ápate, conhece um país onde essas práticas sejam permitidas e não há esse tipo de discriminação? isso parece se alongar demais, e você só argumenta por reduções ao absurdo. Eu não tenho a mesma fé que você no mercado
Ele poderia me negar o emprego por N outros motivos, ou simplesmente porque ele não quer contratar, não foi com minha cara ou sei lá, afinal, ele é o dono.
Independentemente do critério que ele adotasse, eu seria """prejudicado""" por continuar desempregado do mesmo jeito. O que devemos fazer? Obrigar que ele empregue?
obrigar que ele não exponha sua motivação racista/discriminatória.