Educação Pública do Brasil

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Edson Jr
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Edson Jr »

André escreveu:Mas é recente Clara, é como fervor de cristão novo, no caso liberal novo, quem sabe com o tempo a razão não faz perceber que o mundo é mais complexo. Que ele não monopoliza o correto, a verdade....


O crente aqui é você, que se apega a alguns conceitos marxistas por carência emocional. São travas emocionais que o impedem de mudar. O que, felizmente, não é o meu caso. Se uma outra idéia mais convincente surgir, abandonarei, sem dó, a idéia anterior.
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Acauan
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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Acauan »

Comentários – parte 2

Os ideólogos marxistas encarregados de reformar o ensino público brasileiro, sob a benção dos militares governantes, iniciaram uma estratégia de desmonte dos valores tradicionais herdados da educação católica:

- A função da escola é preservar e transmitir o saber humano acumulado;
- O saber promove a ascese espiritual do indivíduo;
- A educação conscientiza o homem de seus deveres e responsabilidades individuais.

O que tornava o modelo tradicional de educação vulnerável à crítica é que este não tinha pretensões de ser aplicável em massa, preferindo à qualidade à quantidade e admitindo uma hierarquia social que situava as pessoas cultas e educadas no topo.

Para os marxistas o modelo de ensino tradicional era elitista, socialmente discriminatório e orientado para a preservação do status quo.
Era claro para eles que não era um modelo a ser reformado, mas desmontado completamente e substituído por outro erigido sobre valores marxistas:

- A função da escola é conscientizar as massas;
- A escola deve promover a mudança social;
- A educação deve preparar as classes exploradas para seu papel histórico.

Parece estranho que os militares tenham aceito tal modelo, que além do esquerdismo óbvio ainda contrariava a educação tradicional clássica dada na Academia Militar das Agulhas Negras, Escola Naval e Academia da Força Aérea, centros de ensino de excelência nas quais todos os oficiais se formaram.
Houve que os ideólogos de esquerda acenaram com o que os generais mais queriam na época, que era transformar as escolas públicas em centros profissionalizantes de massa, capazes de alfabetizar e preparar toda uma geração para o exercício das profissões técnicas na indústria.

Os que atentaram para as diferenças entre os princípios da escola tradicional e os de seu substitutivo marxista notaram uma guinada de um foco no encontro entre o indivíduo e o conhecimento, visando formar um indivíduo melhor, para uma proposta de conscientizar as massas visando construir uma sociedade melhor.

Ou seja, a instalação de uma visão coletivista no ensino.

O grande mal do ensino de orientação marxista é que nele pouco importa se cada aluno individualmente aprendeu alguma coisa e cresceu como ser humano.
Neste modelo o sucesso é medido coletivamente, a partir de o quanto a sociedade, classes ou as massas se tornaram mais conscientes, uma abstração sem significado lógico, mas que é a base desta percepção ideológica da realidade.

Vem daí a origem dos efeitos hoje percebidos por todos, escolas que não reprovam os alunos inaptos e não se importam com o fato de eles chegarem ao ensino médio na condição de analfabetos funcionais.

Enquanto o ensino tradicional se importa em saber o quanto determinado aluno aprendeu, o quanto determinado indivíduo sabe, o modelo marxista se importa com o total de saber passado ao coletivo, à massa indefinida e abstrata que é o centro e objetivo do modelo e o quanto este saber os preparou para seu papel histórico, a construção da sociedade plenamente igualitária.

Continua...
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Edson Jr
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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Edson Jr »

Textos excelentes, Acauan!

Impecáveis!

Você me permite divulgá-los?
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Edson Jr »

clara campos escreveu:Sim parece que sim. A mudança foi demasiado radical para ser equilibrada e reflexiva.
Há pessoas que quando descobrem que o branco não fica bem em todo o lado adoptam cegamente o preto...
Outras dão ao trabalho de estudar paletes, misturar cores...enfim

Fanatismo é realmente veneno.


É uma pena, Clara!

Quase não acredito que seja você a autora desses escritos!
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

Edson Jr escreveu:
clara campos escreveu:Sim parece que sim. A mudança foi demasiado radical para ser equilibrada e reflexiva.
Há pessoas que quando descobrem que o branco não fica bem em todo o lado adoptam cegamente o preto...
Outras dão ao trabalho de estudar paletes, misturar cores...enfim

Fanatismo é realmente veneno.


É uma pena, Clara!

Quase não acredito que seja você a autora desses escritos!


Ela pesou os dois lados kra... Como disse, nenhum dos dois é perfeito. Você está sendo um tanto quanto arrogante com aqueles que discordam de você! :emoticon1:
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Acauan
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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Acauan »

Comentários – parte 3

Definido o plano ideológico de desmonte do sistema tradicional de ensino e sua substituição por um modelo coletivista de inspiração marxista, sua colocação em prática dependia da capacidade de seus ideólogos em driblar a vigilância dos militares governantes, seduzidos pela promessa de instalação de um ensino de massas voltado para a formação técnica de mão-de-obra para a indústria, mas ainda muito pouco tolerantes com qualquer tipo de doutrinação política esquerdista explícita.

Além disto, as escolas ainda estavam cheias de professores e diretores formados na antiga tradição de saber individual como objetivo, disciplina e dedicação como meios, que resistiriam à nova filosofia oficial de ensino.

O desmonte começou pelos currículos escolares, a partir do de humanidades.
- Latim? Se é uma língua morta pra que ensinar?
- Filosofia? Coisa de quem não tem o que fazer.
- Literatura Portuguesa? O que Camões sabia sobre a realidade brasileira?

Seguido do ensino da matemática.
- Demonstrar teoremas? Pra que se já sabemos que estão certos?
- Conceitos fundamentais de geometria plana? Só interessam as equações.
- Polinômios? Vão usar isto onde?

E das ciências naturais:
- Experimentação? Laboratórios são caros...

Em compensação as ciências sociais ganhavam um novo destaque, com as aulas de História, Geografia e Educação Moral e Cívica sendo continuamente assumidas por professores marxistas, que expunham suas disciplinas segundo suas convicções ideológicas.

Detonados os currículos, seguiu-se a pulverização dos valores tradicionais da escola.
Excelência passava a ser considerada elitismo, os padrões de exigência deviam se adaptar aos menos capazes e não exigir deles que se esforçassem mais para apresentar melhor desempenho.
Disciplina passava a ser considerado repressão, o professor não devia se colocar acima do aluno como um ser superior e distante e sim tratá-lo como igual, os rituais de demonstração de respeito deviam se abolidos, punição devia ser substituída pelo diálogo.
Civismo passava a ser considerado propaganda da ditadura, o hasteamento da bandeira e o Hino Nacional deviam ser suprimidos.

Com o fim do regime militar o processo de desmonte do ensino tradicional se completou.
Não apenas desaparecia de cena a repressão ao esquerdismo, como se estabelecia sua dominância ideológica, já que tudo que podia ser associado à ditadura moribunda devia ser considerado mau e repudiado.

O tempo fizera seu papel conduzindo à aposentadoria os professores e diretores da velha guarda, apegados aos valores do ensino tradicional.

Os ideólogos de esquerda eram agora senhores absolutos das escolas públicas brasileiras.


Continua...
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:Textos excelentes, Acauan!

Impecáveis!


Obrigado!

Edson Jr escreveu:Você me permite divulgá-los?


Claro.
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Edson Jr »

manoelmac escreveu:Ela pesou os dois lados kra... Como disse, nenhum dos dois é perfeito. Você está sendo um tanto quanto arrogante com aqueles que discordam de você! :emoticon1:


Não, manoelmac...

Provavelmente ela pegou alguns trechos isolados e entendeu tudo errado. Entendo numa boa as discordâncias, mas Clara discordou utilizando argumentos sem sentido, que não tinha nada a ver com o que disse.

Por isso que acho que ela não pesou os dois lados adequadamente. Se ela fizer isso e mesmo assim discordar de mim, com argumentações mais coerentes, aí sim vou entender numa boa!

Ou talvez eu esteja totalmente equivocado com relação à imagem que desenhei da Clara! Espero que não!
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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

Acauan,

Como o ensino publico do Brasil era de qualidade se ele favorecia uma minoria?

O grande mal do ensino de orientação marxista é que nele pouco importa se cada aluno individualmente aprendeu alguma coisa e cresceu como ser humano.


Mas muito se discutiu aqui que a escola não tem uma responsabilidade social sobre o aluno. Não sei seu ponto de vista, mas não acho que a escola deva deixar isso de lado, já que o aluno é parte fundamental nisso.

Parece estranho que os militares tenham aceito tal modelo, que além do esquerdismo óbvio ainda contrariava a educação tradicional clássica dada na Academia Militar das Agulhas Negras, Escola Naval e Academia da Força Aérea, centros de ensino de excelência nas quais todos os oficiais se formaram.


mas nem todos podem/querem servir um serviço militar. Portanto o ensino militar é para militares. Extender isso para a Educação Nacional também não seria impregnar uma ideologia?

Como eu disse. Também não concordo com o coletivismo no ensino. Isso provavelmente tende a acabar. Mas nem tudo é mal. Não sou a favor de elitização do ensino novamente. Todos devem ter o direito de um ensino de qualidade, e promover uma socialização e ensinar a aceitar as diferenças é primordial.
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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Edson Jr »

Sinceramente Acauan!

É a mais cristalina (e dura) verdade!

Essa nova safra (de professores) está contaminada. Argumentos que valorizam o Ensino Tradicional são vistos como arrogância e muito mais...

Tenho vergonha quando recordo tantas tolices esquerdistas que apoiei...
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Edson Jr »

manoelmac escreveu:Acauan,

Como o ensino publico do Brasil era de qualidade se ele favorecia uma minoria?

O grande mal do ensino de orientação marxista é que nele pouco importa se cada aluno individualmente aprendeu alguma coisa e cresceu como ser humano.


Mas muito se discutiu aqui que a escola não tem uma responsabilidade social sobre o aluno. Não sei seu ponto de vista, mas não acho que a escola deva deixar isso de lado, já que o aluno é parte fundamental nisso.

Parece estranho que os militares tenham aceito tal modelo, que além do esquerdismo óbvio ainda contrariava a educação tradicional clássica dada na Academia Militar das Agulhas Negras, Escola Naval e Academia da Força Aérea, centros de ensino de excelência nas quais todos os oficiais se formaram.


mas nem todos podem/querem servir um serviço militar. Portanto o ensino militar é para militares. Extender isso para a Educação Nacional também não seria impregnar uma ideologia?

Como eu disse. Também não concordo com o coletivismo no ensino. Isso provavelmente tende a acabar. Mas nem tudo é mal. Não sou a favor de elitização do ensino novamente. Todos devem ter o direito de um ensino de qualidade, e promover uma socialização e ensinar a aceitar as diferenças é primordial.


Não vou me intrometer na conversa entre você e Acauan, mas posso adiantar que você não compreendeu bem seus textos, distorcendo-os para depois acusar.

Exatamente o que você, assim como outros, têm feito com os meus escritos!
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

Edson Jr escreveu:
manoelmac escreveu:Acauan,

Como o ensino publico do Brasil era de qualidade se ele favorecia uma minoria?

O grande mal do ensino de orientação marxista é que nele pouco importa se cada aluno individualmente aprendeu alguma coisa e cresceu como ser humano.


Mas muito se discutiu aqui que a escola não tem uma responsabilidade social sobre o aluno. Não sei seu ponto de vista, mas não acho que a escola deva deixar isso de lado, já que o aluno é parte fundamental nisso.

Parece estranho que os militares tenham aceito tal modelo, que além do esquerdismo óbvio ainda contrariava a educação tradicional clássica dada na Academia Militar das Agulhas Negras, Escola Naval e Academia da Força Aérea, centros de ensino de excelência nas quais todos os oficiais se formaram.


mas nem todos podem/querem servir um serviço militar. Portanto o ensino militar é para militares. Extender isso para a Educação Nacional também não seria impregnar uma ideologia?

Como eu disse. Também não concordo com o coletivismo no ensino. Isso provavelmente tende a acabar. Mas nem tudo é mal. Não sou a favor de elitização do ensino novamente. Todos devem ter o direito de um ensino de qualidade, e promover uma socialização e ensinar a aceitar as diferenças é primordial.


Não vou me intrometer na conversa entre você e Acauan, mas posso adiantar que você não compreendeu bem seus textos, distorcendo-os para depois acusar.

Exatamente o que você, assim como outros, têm feito com os meus escritos!


Vou esperar terminar os posts... :)
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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

Hoje em dia é muito pregado a pedagogia crítico social dos conteúdos que possui, como pano de fundo, uma doutrinação ideológica com o objetivo de estimular os jovens estudantes a lutarem por uma transformação social. Um espécie de confronto entre pobres e ricos, com nítida intenção de inibir o direito a propriedade privada dos meios de produção, bem com a divisão de classes, características fundamentais para a manutenção de uma sociedade capitalista.


Eu nem quis discutir isso... :emoticon8:
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Acauan »

manoelmac escreveu:Acauan,

Como o ensino publico do Brasil era de qualidade se ele favorecia uma minoria?


Qualidade e quantidade são coisas diferentes.
No Brasil prevaleceu o conceito ideológico de que minoria é sinônimo de elitismo, o que implica que ampliar o sistema exigia sua modificação, quando na verdade o problema era de oferta e procura, bastava aumentar a oferta e não mudar seus fundamentos.


manoelmac escreveu:
O grande mal do ensino de orientação marxista é que nele pouco importa se cada aluno individualmente aprendeu alguma coisa e cresceu como ser humano.


Mas muito se discutiu aqui que a escola não tem uma responsabilidade social sobre o aluno. Não sei seu ponto de vista, mas não acho que a escola deva deixar isso de lado, já que o aluno é parte fundamental nisso.


O problema é que na interpretação marxista interessa a coletividade de alunos, sendo o aluno individual apenas uma fração dela.
Só que coletivos são abstrações, o conhecimento é exclusivamente individual e somente a partir desta abordagem o ensino encontra significado.


manoelmac escreveu:
Parece estranho que os militares tenham aceito tal modelo, que além do esquerdismo óbvio ainda contrariava a educação tradicional clássica dada na Academia Militar das Agulhas Negras, Escola Naval e Academia da Força Aérea, centros de ensino de excelência nas quais todos os oficiais se formaram.


mas nem todos podem/querem servir um serviço militar. Portanto o ensino militar é para militares. Extender isso para a Educação Nacional também não seria impregnar uma ideologia?


Quis dizer que os militares adotaram dois pesos e duas medidas.
Eles próprios foram formados pelos métodos tradicionais de ensino, que sabiam ser a melhor abordagem, mas se contradisseram quando apoiaram uma reforma de ensino contrária aos seus próprios valores.

A questão aqui é o método de ensino, que pouco importa se a escola é militar ou civil, sendo esta apenas uma das contradições dos militares, que, por exemplo, combatiam o comunismo mas estatizaram a economia brasileira.


manoelmac escreveu:Como eu disse. Também não concordo com o coletivismo no ensino. Isso provavelmente tende a acabar. Mas nem tudo é mal. Não sou a favor de elitização do ensino novamente. Todos devem ter o direito de um ensino de qualidade, e promover uma socialização e ensinar a aceitar as diferenças é primordial.


A idéia de que para universalizar o ensino é preciso abrir mão de sua qualidade ou adotar ideologias coletivistas é tipicamente brasileira.
A Índia, com problemas sociais muito maiores e mais graves que os nossos, conseguiu conciliar qualidade e universalidade, mesmo dispondo de recursos proporcionalmente menores do que os investidos aqui.
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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

Acauã,

Eu até entendi seus pontos, e até concordo com muitos deles.

Mas o que eu não consigo entender é o seguinte:

Hoje em dia é muito pregado a pedagogia crítico social dos conteúdos que possui, como pano de fundo, uma doutrinação ideológica com o objetivo de estimular os jovens estudantes a lutarem por uma transformação social. Um espécie de confronto entre pobres e ricos, com nítida intenção de inibir o direito a propriedade privada dos meios de produção, bem com a divisão de classes, características fundamentais para a manutenção de uma sociedade capitalista.


Será que realmente tem que ser base do capitalismo o homem ser dividido em "classe"? Qual seria a utilidade prática disso? Para que gerar um rótulo depreciativo? Já vai ser notório que uma pessoa tem dinheiro e até quando não tem, ostenta um status inútil!

Não sou contra a propriedade privada. Mas agora classificar o ser humano é coisa desnecessária...

As diferenças não podem ser negadas. São tantas... Por que não pode haver um consilho entre ensino de qualidade e sociabilização? saber lidar com culturas e pessoas diferentes?

Eu não consigo imaginar uma educação em que o professor consegue se abstrair da realidade do aluno e ser um mero agente expositor de conteúdos. É esse paradoxo que quero entender... Deixar a sociabilização acontecer espontaneamente e punir e elogiar atos.

Trabalhar observando a comunidade, dentro da realidade de cada um, não creio que seria uma coisa horrenda. aproveitar o que o aluno conhece para facilitar a fixação de um conteúdo.
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Acauan »

manoelmac escreveu:Acauã,

Eu até entendi seus pontos, e até concordo com muitos deles.

Mas o que eu não consigo entender é o seguinte:

Hoje em dia é muito pregado a pedagogia crítico social dos conteúdos que possui, como pano de fundo, uma doutrinação ideológica com o objetivo de estimular os jovens estudantes a lutarem por uma transformação social. Um espécie de confronto entre pobres e ricos, com nítida intenção de inibir o direito a propriedade privada dos meios de produção, bem com a divisão de classes, características fundamentais para a manutenção de uma sociedade capitalista.


Será que realmente tem que ser base do capitalismo o homem ser dividido em "classe"? Qual seria a utilidade prática disso? Para que gerar um rótulo depreciativo? Já vai ser notório que uma pessoa tem dinheiro e até quando não tem, ostenta um status inútil!

Não sou contra a propriedade privada. Mas agora classificar o ser humano é coisa desnecessária...

As diferenças não podem ser negadas. São tantas... Por que não pode haver um consilho entre ensino de qualidade e sociabilização? saber lidar com culturas e pessoas diferentes?

Eu não consigo imaginar uma educação em que o professor consegue se abstrair da realidade do aluno e ser um mero agente expositor de conteúdos. É esse paradoxo que quero entender... Deixar a sociabilização acontecer espontaneamente e punir e elogiar atos.

Trabalhar observando a comunidade, dentro da realidade de cada um, não creio que seria uma coisa horrenda. aproveitar o que o aluno conhece para facilitar a fixação de um conteúdo.


Ou o professor é alguém que ensina os alunos a ler, escrever, fazer contas e progride ano a ano nos conteúdos ou é um agente da revolução.

Ser os dois não dá.

Escola não é aparelho.

E toda estas propostas sobre os males do capitalismo tiveram setenta anos para mostrar a que vieram nas dezenas de países comunistas em que foram tentadas ao limite.

E deu no que deu...
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por André »

Edson Jr escreveu:
André escreveu:Mas é recente Clara, é como fervor de cristão novo, no caso liberal novo, quem sabe com o tempo a razão não faz perceber que o mundo é mais complexo. Que ele não monopoliza o correto, a verdade....


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E quem disse que eu não abro mão em prol de melhor? E quem disse que eu sou marxista? E vc dizer que eu tenho carência emocional?Vá ofender outro, vc não me conhece, e se ficar tentando me julgar só demonstra o quão fracos são seus argumentos.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

Ou o professor é alguém que ensina os alunos a ler, escrever, fazer contas e progride ano a ano nos conteúdos ou é um agente da revolução.


O professor não tem necessidade de ser agente de revolução por fazer um papel na socialização desse aluno. Não estou conseguindo arranjar lógica nisso. :emoticon1:
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Acauan »

manoelmac escreveu:
Ou o professor é alguém que ensina os alunos a ler, escrever, fazer contas e progride ano a ano nos conteúdos ou é um agente da revolução.


O professor não tem necessidade de ser agente de revolução por fazer um papel na socialização desse aluno. Não estou conseguindo arranjar lógica nisso. :emoticon1:


A lógica está que neste contexto o termo socializar perdeu seu sentido original de educar o indivíduo para facilitar sua integração à sociedade, substituído pelo sentido ideológico de mudar a sociedade para impor uma nova ordem.

O primeiro papel cabe ao professor, o segundo ao revolucionário, sendo que este pode se fingir daquele, sem deixar de ser o que de fato é.

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Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

A lógica está que neste contexto o termo socializar perdeu seu sentido original de educar o indivíduo para facilitar sua integração à sociedade, substituído pelo sentido ideológico de mudar a sociedade para impor uma nova ordem.

O primeiro papel cabe ao professor, o segundo ao revolucionário, sendo que este pode se fingir daquele, sem deixar de ser o que de fato é.


Mas é isso que eu venho querendo dizer desde o início!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11:
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Acauan »

manoelmac escreveu:Mas é isso que eu venho querendo dizer desde o início!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11:


Ótimo, chegamos a um consenso então.
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por André »

manoelmac escreveu:
A lógica está que neste contexto o termo socializar perdeu seu sentido original de educar o indivíduo para facilitar sua integração à sociedade, substituído pelo sentido ideológico de mudar a sociedade para impor uma nova ordem.

O primeiro papel cabe ao professor, o segundo ao revolucionário, sendo que este pode se fingir daquele, sem deixar de ser o que de fato é.


Mas é isso que eu venho querendo dizer desde o início!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11:


Com isso eu tb concordo. Alias igualmente um professor liberal, ou nacionalista, ou religioso, não pode fazer da sala de aula seu projeto de transformação dos alunos.

Pode se perguntado for, dizer o que pensa, mas deve ter equilíbrio e conhecimento, para caracterizar as diferentes vertentes, se abstendo o quanto puder de fazer julgamentos pejorativos, e deixando aos alunos, a escolha, e as preferências que façam sentido para eles.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


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Apocaliptica

Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por Apocaliptica »

Que maravilha chegar da rua de um jantar maravilhoso com amigos ótimos e ver que chegaram a um consenso sobre isto. E concordo com as conclusões...até aqui. :emoticon1:

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manoelmac
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Re: Re.: Educação Pública do Brasil

Mensagem por manoelmac »

Apocaliptica escreveu:Que maravilha chegar da rua de um jantar maravilhoso com amigos ótimos e ver que chegaram a um consenso sobre isto. E concordo com as conclusões...até aqui. :emoticon1:


ÊÊÊÊÊÊÊÊ!!!!

:emoticon16:
Manoel Machado Henriques

"...A razão de um povo inteiro, leva tempo a construir..."

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(Pedro Ayres Magalhães - As Brumas do Futuro)

Apocaliptica

Re.: Educação Pública do Brasil

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:emoticon16: :emoticon16: :emoticon16:

Trancado