Fayman escreveu:De acordo com Bohr, essas “características” das Partículas Elementares (PE) são complementares, no sentido que o Quantum “seria” algo que não é nem partícula, nem onda. De fato, não há como criar um experimento que explicite as duas características ao mesmo tempo, que como você pode notar, são antagônicas. Pode-se dizer que as questões mais fundamentais da MQ estão contidas na Dualidade Onda / Partícula (DOP) e o Experimento das Duas Fendas (EDF).
Parte do problema para mim, nessa discussão, é que eu não tenho tempo para dedicar à leitura e compreensão de material em nível mais técnico e tenho que me ater a material de divulgação. É um pouco frustrante, pois eu acabo tendo que assumir uma posição "religiosa": o Senhor Bohr disse, cabe a mim, mero mortal, aceitar. Mas de certo modo essa frustração não é apenas minha, já que essa é a interpretação dele e existem tantas interpretações pois ninguém realmente entende o que se passa na realidade quântica.
Fayman escreveu:Entra no sentido que SOMENTE podemos nos referir a Probabilidades em relação aos possíveis EQ de um sistema, antes ou durante uma medição. Somente após a CONCLUSÃO da medição é que podemos falar de Estado Definido. Contudo, note que a evolução no Tempo dos EQ, ou seja, a evolução no Tempo da FOS, é Determinística. O Indeterminismo só aparece quando todas as Possibilidades se reduzem e apenas uma se concretiza, através do resultado da Medição.
Você poderia colocar o link desse artigo?
Do que eu falei que o Cabeção me recomendou? Ele o postou aqui neste tópico:
Bell's Theorem.
Fayman escreveu:Quase acertou. Para mim, a Lógica NÃO é válida, também. Hoje, já há Físicos e Filósofos que trabalham em uma Lógica Quântica. Ao meu ver, como já postei várias vezes, a Lógica Clássica é tão somente uma aproximação, que falha em uma Realidade Quântica do mesmo modo que a Física Clássica.
Há de se ver se somos capazes de raciocinar em termos dessa Lógica Quântica, ou se ela se tornará racionalmente incompreensível como é hoje a MQ em si. Isso é um problema interessante para os filósofos que acreditam no Princípio da Razão Suficiente, no qual eu não acredito. Caso ele realmente seja inválido, isso joga um balde de água fria no pensamento Iluminista. Que foi útil, mas tem suas limitações.
Fayman escreveu:Imagino que você se referia à 2 e 3, e não 1 e 2.
É, quando eu escrevi "um e dois" eracom referência às premissas que eu havia grifado, não ao conjunto das três premissas.
Fayman escreveu:A influência é em relação à participação ou realização de um experimento por seres conscientes, ou seja, consciência, aqui, está mais para pensantes, racionais, etc. Mesmo dessa maneira, lembre-se que Gell-Mann releva o papel da Consciência, mostrando em seu modelo de Histórias Decoerentes que um SCUI é suficiente, fora o fato da atuação de Mecanismos de Decoerência, como a inteiração ou atrito dos objetos macros com os Fótons da Fundo Cósmico de Microondas (FCM).
Todavia, para algumas interpretações e/ou autores, a Consciência, ou a necessidade de seres pensantes, se torna mais significativa. Na Física de verdade, essa maneira de ver era mais comum há tempos. Hoje, a consciência é mais discutível, mas muitos ainda pensam assim.
Pois é, me surpreendeu que as pessoas tenham enfatizado dessa maneira a questão da consciência já que nos experimentos realizados não ficou evidenciado que essas variações quânticas sejam decorrentes da consciência, como se elas não acontecessem se não houvesse ninguém para vê-las (vide novamente a questão do ganho que cai).
Olha, para mim só tem credibilidade na MQ aquilo que é consenso, por estar explícito nos experimentos. Tudo que varia segundo a interpretação, para mim é um chute para tentar entender o que está acontecendo. Isso não é verdadeiro saber, não faz muito sentido escolher entre uma das diversas interpretações já que elas são apenas construções mentais, sem evidência experimental que esclareça o que de fato está acontecendo.
Fayman escreveu:Bohm era um defensor das Variáveis Ocultas e da Realidade Determinista e Objetiva. A partir disso, ele desenvolveu um conceito da existência de uma totalidade mais fundamental e abrangente, que ele batizou de Ordem Implicada, uma Ordem Implícita, para contrapor a Ordem Explícita do mundo que vemos. Ele levou seus conceitos à concepção de um Universo Holográfico (nada a ver com o que hoje chamamos em Física de Universo Holográfico). É nesse comparativo com um Holograma que ele coloca a questão da redução da “realidade tridimensional para duas”. Bohm era consciente das limitações dessa comparação e definiu (ou criou, para ser mais exato) o conceito de Holomovimento. Triste desta história e ver as dezenas de sites na Internet que pregam essas idéias para MOSTRAR como a Física PROVA o espiritismo, a reencarnação, etc.
Eu acho essa idéia da Ordem Implicada interessante, mesmo sem variáveis ocultas, futuramente ela - ou algo nessa linha - não seria uma alternativa para explicar a não-localidade?
O maior problema que eu vejo nas teorias alternativas é que elas ainda não foram capazes de prever nada. Por exemplo, quando Bohm fala da Ordem Implicada, ele não está propondo uma teoria física, está apenas lançando uma idéia e fazendo uma analogia para sugerir como ela poderia ser.