Bem vinda, Fallen_Angel
Também me registrei no RV a pouco tempo, apesar de acompanhar o forum desde o ano passado.
Quando criança eu era católico mais por tradição familiar do que por qualquer outro motivo.Não levava muito a sério e fiz a 1ª comunhão por que fui obrigado.
Durante a adolescência comecei a frequentar os Arautos do Evangélio (dissidência da TFP), um grupo católico ultra-conservador, onde sofri uma doutrinação insana, à base de medo e muita, muita culpa. Era incrível como eles transformavam jovens normais em fanáticos religiosos, ensinando a abominar tudo que não fosse chancelado pela santa madre igreja. Só para se ter uma idéia, na cabeça daquelas pessoas o ápice da humanidade foi a idade média, a era onde a palavra do papa era lei e os hereges eram queimados. Comecei a rejeitar tudo, minha família , meus estudos, minha vida se resumia em ir ao grupo, rezar e torcer para que todos que não fossem católicos praticantes morressem.
Mas apesar de toda a lavagem cerebral sempre me questionava sobre aquilo tudo, sobre a bondade de um deus que condena todos ao sofrimento eterno, sobre a utilidade de rezar dois rozários por dia, sobre o confronto das idéias da ciência com as idéias religiosas.
Algum tempo depois comecei a me interessar muito por ciências, especialmente a física, e percebi que ciência e religião não se batem, é impossível manter-se católico "praticante" e tomar parte no conhecimento científico sem ser hipócrita em algum momento. Aí o castelo de cartas começou a desabar.
Todos aqueles dogmas que me foram impostos por anos foram se desmontando,
um a um, mas não sem uma dose de sofrimento, pois fui criado pelos meus pais e programado pela TFP a acreditar cegamente e a crer que quem duvidasse da igreja ganharia uma passagem direta para o inferno, sem escalas. Mas o processo estava iniciado, e comecei a trilhar o caminho lento e gradual que me levou ao ateismo.
Hoje me considero ateu, mas minha esposa (que conheci enquanto era católico) e minha família são católicas. Precisei ter uma conversa franca com ela a pouco tempo, onde expus que não acreditava mais em religião alguma, nem acreditava em deus algum, e expliquei como cheguei àquela conclusão. Deixei claro que isso não faz de mim alguém diferente do que era , que ainda a amo e queria continuar nosso casamento, mas que ela teria que me aceitar assim, como sou.
Apesar de alguns conflitos iniciais, não tenho mais problemas em casa por conta disso. Ela parece ter aceitado bem. Evitamos falar sobre religião, ela vai à missa no domigo pela manhã enquanto eu fico em casa e assisto fórmula 1

e fica tudo bem.
Quanto aos amigos, todos sabem da minha posição e respeitam e aqueles que tiveram problemas em ser meus amigos por conta do meu ateísmo eu simplesmente passei a ignorar.