Indiferença

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clara campos
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por clara campos »

Fernando Silva escreveu:
clara campos escreveu:
Poindexter escreveu:
clara campos escreveu:Já ouviste falar em DIU?


DIU é abortivo.

absurdo.
podem existir complicações mas o DIU não é abortivo.

De tantas críticas inteligentes a este meio só te lembraste dessa disparatada? :emoticon5:

O DIU é abortivo se você considerar que o óvulo fecundado já é um ser humano, ou seja, depende de opinião.

O DIU é tã abortivo como a pílula.
Passo a explicar:
Um bom DIU, criteriosamente colocado e tem um poder anticonceptivo à volta dos 2% (fiz uma média consoante o tipo de DIU).
Nesse 2% dos casos em que o espermatozóide é espertinho, o DIU tem 50% de probabilidades de causar aborto (até às duas semanas).
Faz as contas e concluis que o DIU pode causar aborto em 1% das situações.... sendo que em cerca de 98% dos casos evita a fecundação.

Se uma mulher engravida e continua a tomar a pílula, ou a toma em excesso (como muitas faziam antes da pílula do dia seguinte), também pode abortar.
Isso faz da pílula um método abortivo?
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clara campos
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por clara campos »

Fernando Silva escreveu:
clara campos escreveu:Já disse antes que matar todos os pobres seria provavelmente barato, rápido e eficaz, porque não Poind?

Diante desta possibilidade, esterilização compulsória já não soa tão radical :emoticon16:
Eu também acho que cada um deveria ter o direito de ter os filhos que quisesse, mas, se as pessoas prejudicam toda a sociedade com sua irresponsabilidade ao ter um filho atrás do outro, elas deveriam perder este direito.

Fernando, eu sou competamente contra a esterillização compulsiva obrigatória.
Contudo posso concebê-la em casos execpcionais, como por exemplo uma mulher que faz abortos sucessivos, abandona os filhos, etc. Mas acho que adoptar a esterilidade obrigatória teria que ser analisando caso por caso (tipo uma pena) e jamais uma lei geral.
Afinal, há pessoas, que mesmo pobres, são conscientes e conseguem não ter mais filhos do que os que conseguem sustentar (vale para mulher e homem, homem que abandona um filho devia ser logo castrado à catanada... :emoticon2: ), como já citei ter casos na minha família.
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Flavio Costa
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por Flavio Costa »

clara campos escreveu:Se uma mulher engravida e continua a tomar a pílula, ou a toma em excesso (como muitas faziam antes da pílula do dia seguinte), também pode abortar.
Isso faz da pílula um método abortivo?

Para a ICAR a pílula do dia seguinte é abortiva, pois atua após a fecundação.
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Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
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clara campos
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por clara campos »

Flavio Costa escreveu:
clara campos escreveu:Se uma mulher engravida e continua a tomar a pílula, ou a toma em excesso (como muitas faziam antes da pílula do dia seguinte), também pode abortar.
Isso faz da pílula um método abortivo?

Para a ICAR a pílula do dia seguinte é abortiva, pois atua após a fecundação.

e é. mas eu refiro-me à pílula normal
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por Flavio Costa »

clara campos escreveu:e é. mas eu refiro-me à pílula normal

Então o DIU, em 1% dos casos, também é.
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First Knight
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Mensagem por First Knight »

Eu tenho uma idéia, que tal exterminarmos logo essa maldita pobretada?! Resolveria de uma vez o problema!
Por que tanta preocupação, já que o planeta vai pro caraleo mais cedo ou mais tarde mesmo?
Deixa quem quiser ter 50 filhos tê-los, deixa em paz quem não quiser também, afinal todos temos que ter algo de que reclamar, algo a defender... A sua vida precisa de um sentido, certo?
O que é sociedade? O que é capitalismo? O que é dinheiro?
Temos tudo isso a tanto tempo, mas a humanidade continua a caminhar com largos passos pra 'puta que o pariu'!
"Conhecimento é poder e poder é ilusão".
Não interessa se você é feliz por ter planejado a sua vida e alcançado a tão sonhada 'estabilidade financeira', não interessa se você é feliz se tem apenas R$ 5,00 no bolso pra comprar uma cerveja e cigarro, não importa. Apenas seja feliz!
Essa merda aqui é muito curta e desprovida de sentido pra perdermos tempo reclamando desse sistema ou daquela política. Por que reclamar se você pode agir? Mesmo que você pague impostos para terceiros agirem em seu lugar, você fez a sua parte? É assim que você alivia a sua consicência? Então que se foda!
Não quer que seu dinheiro seja usado para 'ajudar' quem não merece? Não pague impostos!
Você não tem culpa, não tem dívida alguma!
Vale a pena se indignar? Ter compaixão? Pode ser que não, mas isso não te dá o direito de julgar quem tem, ou não?
Vamos torcer para que cáia um meteoro grande o suficiente na Terra, pra exterminar a todos que nos incomodam, ricos, pobres, inteligentes, burros, negros, caucasianos, gays, lésbicas... Quem sabe, dessa maneira, essa bosta toda aqui fará algum sentido.
Na boa, quero que se exploda, eu não vou fazer nada, e provavelmente, você também não vai.
Vou desligar essa merda e que se foda tudo!
Aceito críticas destrutivas: http://odiandotudo.blogspot.com/

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Flavio Costa
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Re.: Indiferença

Mensagem por Flavio Costa »

Pensa num sujeito revoltado...
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clara campos
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por clara campos »

Flavio Costa escreveu:
clara campos escreveu:e é. mas eu refiro-me à pílula normal

Então o DIU, em 1% dos casos, também é.

Não. Ele pode ter esse efeito, mas não é abortivo, tal como a pílula regular não é abortiva.
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user f.k.a. Cabeção
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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »



Samael escreveu:Discordo. O valor passa a existir a partir da produção material. A agregação posterior de valor, que não varia de acordo com a necessidade geral, mas sim, com flutuações de mercado e influências midiáticas.

Você agrega, posteriormente, "valor de troca" ao produto. E isso até o velho barbudo explicitou corretamente. Os materiais em si contém um valor (que também, obviamente, é variante de acordo com o mercado) e o trabalho transformador incute um valor adicional a esse produto, visto que isto está vinculado à compra da força de trabalho de determinado trabalhador.

Existe, obviamente, a agregação de outros valores a partir de outros trabalhos realizados em prol do produto especificado posteriormente, mas estes acabam se confundindo com o próprio valor de troca do produto e, não são, sob hipótese alguma, o relevante ao valor de troca final do produto. Nisso, entra a obtenção do lucro a partir de fatores puramente mercadológicos.


Pare de viver no passado, Samael. Hoje pululam exemplos de valores sem produção material agregada, ou onde ela representa uma parcela ínfima.

Por exemplo, todos os direitos de imagem, possuem valores sem ser um "produto" em si. Direitos de prestação de serviços também. Nem todos os valores se referem a bens em si. Até o próprio mercado de papéis da dívida pública mostra isso.

A internet é outro claro exemplo de que informação (que é imaterial), é comercializável e tem valor agregado.

As próprias flutuações de mercado, e o valor nominal das mercadorias, dependem muito da necessidade, pela lei básica da oferta e da procura. Necessidade pode ter muitas origens, seja o impulso consumista ou a fome, ambas são necessidades.

O valor que o trabalho agrega a um produto, no caso da produção industrial, é maior do que o valor daquele trabalho, e é nesse ponto que Marx erra grosseiramente, e que o conceito de mais-valia é equivocado.

Para Marx, o trabalho do empregado imputava mais valor as mercadorias do que o próprio empregado recebia, e isso é verdade, se não o empregador não teria lucro para ele. Mas, o conceito de mais-valia calca-se no fato de que o trabalhador receberia menos do que o seu trabalho realmente vale, e isso é mentiroso. Grande parte do valor que um trabalhador agrega a uma mercadoria depende da divisão do trabalho, ou seja, só é alto porque existe uma estrutura capitalista possibilitando-o ser. É por isso que os trabalhadores em países desenvolvidos alcançam maiores produtividades.

Voltando para Adam Smith, um artesão trabalhando várias horas por dia pode produzir 50 alfinetes mal acabados se for um novato e 200 se for experiente. Uma pequena manufatura, com 5 empregados responsáveis por uma parte no processo de produção pode produzir 20000 alfinetes dia, de boa qualidade, trabalhando menos horas por dia. A divisão do trabalho promovida pelo capital não aumenta proporcionalmente a produtividade, pois se fosse assim, seria melhor ser artesão do que operário, o que não é verdade. A capacidade produtiva do trabalhador portanto é multiplicada pelo fator capital, e por isso ele recebe mais que um artesão, trabalhando menos, e ainda gerando lucro para o capitalista.

Das diversas divisões do trabalho até que a uma matéria prima se torne mercadoria, seja vendida e de lucro, existem tarefas a serem executadas que podem aumentar em eficiência se praticadas por unidades isoladas, e nesse sentido, o trabalho dos comerciantes revendedores agrega valor sim, pois tira dos produtores a incumbência de ofertar para o consumidor final, o que consumiria recursos, além de exigir maiores estoques e estabelecimentos. Além disso, para o consumidor final, que terá o produto numa localidade próxima e em meio a outras ofertas, isso é um serviço prestado, e serviços tem o seu valor. A mercadoria, no final, é o produto fabril mais os serviços praticados em cima.

Samael escreveu:Discordo absolutamente. Essa estrutura é essencial para a manutenção de toda uma classe, que expropria força de trabalho por meio da produção capitalista.

Um exemplo clássico, e bem próximo de nós, foi num trabalho que eu realizei em conjunto com uns colegas de faculdade com alguns pescadores que trabalhavam na Baía de Guanabara. Alguns pescadores, aos 30 anos, aparentavam 50 ou 60, dadas as condições duras de vida e de trabalho. Fim do dia paravam alguns caminhões e compravam o produto dos tais a preços ínfimos e sem concorrência alguma, revendendo depois ao SEASA e à algumas grandes empresas. A mais-valia retirada era exorbitante. Inclusive, havia um debate entre o pessoal e os pescadores se não seria possível abrir uma pequena vila de venda à população por um preço ainda mais baixo do que aos revendedores e extremamente mais alto do que a mixaria que recebiam.

Não vejo valores nobres nisso, apenas a vantagem de quem dispõe de capacidade de transporte para lucrar sem produzir. Bem prático.


Acontece que cabe ao produtor decidir se trabalhar terceirizando a venda para o consumidor final ele terá lucro. Nesse caso, os pescadores teriam que montar uma infraestrutura de transporte e estoque de mercadorias, que talvez não viesse a justificar o investimento necessário e o trabalho extra exigido.

Não existe prática de "mais-valia" aqui, pois os pescadores não são funcionários desses revendedores. Se o comércio se dá dentro da legalidade, o preço praticado pelos pescadores é o que eles consideram mais justo, já que não existem terceiros querendo pagar mais caro. Você está confundindo o conceito de "mais-valia", que é o que Marx dizia ser a diferença entre o valor do trabalho e o salário recebido, e o conceito de lucro em transações. Como os preços variam de acordo com a localidade, é natural que mercadores que apenas transportem mercadorias de lugares baratos para caros saiam ganhando. Se os produtores se sentirem lesados, eles que realizem tal serviço.

Samael escreveu:Creio, e creio com firmeza extrema, que se cada produtor inicial montasse sua produção e realizasse a revenda direta ao consumidor por atacado ou varejo, o valor de troca iria abaixar. O que impede tal fator, para mim, é a simples burocracia, alguns impedimentos de classe a falta de recursos e visão de alguns produtores.

A burguesia que não produz materialmente (redundância) não existe porque é funcional, existe porque tomou as rédeas do antigo sistema produtivo e implementou um governo de classe, como outro qualquer.

Como eu já explicitei anteriormente, os tais "valores de armazenagem" não são nada próximo à mais-valia obtida.


Sua crença está completamente errada Samael.

Quando um serviço se torna extremamente barato para uma unidade capitalista realizar sem precisar de terceiros, ela necessariamente o fará, e não existe nenhum sentido de manutenção de classe exploradora capaz de impedir isso, o que movimenta as pessoas é o lucro.

Um exemplo dado pelo Fernando Silva é o das gráficas, que detinham elevado poder até a popularização das impressoras.

O fato é que o serviço de venda para o consumidor final exige uma organização e infraestrutura diferente para o negócio, o que demanda mais pessoal, mais setores, mais alvarás e etc. E muitos dos negócios mais lucrativos são aqueles que se especializaram em fazer apenas uma coisa.

Se você é vendedor, apenas venda, não se preocupe em produzir. Se você é produtor, venda para os vendores, e não para o consumidor final. Acaba ficando mais barato (e lucrativo) para todo mundo, inclusive para o consumidor, que terá que se deslocar menos do que teria se tivesse que ir numa fábrica de manteiga para comprar manteiga, noutra de sabão para comprar sabão, ambos a preços inflados devido ao aparelhamento excessivo das suas unidades de produção.

Concentrar a produção num local, e distribuir entre revendedores espalhados é em muitos casos a estratégia que mais corta custos, pois, se não fosse, se manteria o velho esquema de você ter que ir num ferreiro toda vez que precisasse de um prego, e num curral toda vez que quisesse leite.

Samael escreveu:Concordo. E é tão despropositada quanto a ficção capitalista de que trabalho material não incute valor.


Não me lembro de ter dito isso.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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Samael
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Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:Pare de viver no passado, Samael. Hoje pululam exemplos de valores sem produção material agregada, ou onde ela representa uma parcela ínfima.

Por exemplo, todos os direitos de imagem, possuem valores sem ser um "produto" em si. Direitos de prestação de serviços também. Nem todos os valores se referem a bens em si. Até o próprio mercado de papéis da dívida pública mostra isso.

A internet é outro claro exemplo de que informação (que é imaterial), é comercializável e tem valor agregado.

As próprias flutuações de mercado, e o valor nominal das mercadorias, dependem muito da necessidade, pela lei básica da oferta e da procura. Necessidade pode ter muitas origens, seja o impulso consumista ou a fome, ambas são necessidades.

O valor que o trabalho agrega a um produto, no caso da produção industrial, é maior do que o valor daquele trabalho, e é nesse ponto que Marx erra grosseiramente, e que o conceito de mais-valia é equivocado.

Para Marx, o trabalho do empregado imputava mais valor as mercadorias do que o próprio empregado recebia, e isso é verdade, se não o empregador não teria lucro para ele. Mas, o conceito de mais-valia calca-se no fato de que o trabalhador receberia menos do que o seu trabalho realmente vale, e isso é mentiroso. Grande parte do valor que um trabalhador agrega a uma mercadoria depende da divisão do trabalho, ou seja, só é alto porque existe uma estrutura capitalista possibilitando-o ser. É por isso que os trabalhadores em países desenvolvidos alcançam maiores produtividades.

Voltando para Adam Smith, um artesão trabalhando várias horas por dia pode produzir 50 alfinetes mal acabados se for um novato e 200 se for experiente. Uma pequena manufatura, com 5 empregados responsáveis por uma parte no processo de produção pode produzir 20000 alfinetes dia, de boa qualidade, trabalhando menos horas por dia. A divisão do trabalho promovida pelo capital não aumenta proporcionalmente a produtividade, pois se fosse assim, seria melhor ser artesão do que operário, o que não é verdade. A capacidade produtiva do trabalhador portanto é multiplicada pelo fator capital, e por isso ele recebe mais que um artesão, trabalhando menos, e ainda gerando lucro para o capitalista.

Das diversas divisões do trabalho até que a uma matéria prima se torne mercadoria, seja vendida e de lucro, existem tarefas a serem executadas que podem aumentar em eficiência se praticadas por unidades isoladas, e nesse sentido, o trabalho dos comerciantes revendedores agrega valor sim, pois tira dos produtores a incumbência de ofertar para o consumidor final, o que consumiria recursos, além de exigir maiores estoques e estabelecimentos. Além disso, para o consumidor final, que terá o produto numa localidade próxima e em meio a outras ofertas, isso é um serviço prestado, e serviços tem o seu valor. A mercadoria, no final, é o produto fabril mais os serviços praticados em cima.


Informação é fruto de trabalho material. À exceção do mercado financeiro (que nada mais é que um castelo de cartas montado sob a base capitalista primária), todos os seus exemplos refletem trabalho, refletem "poiésis".

E eu não sei de onde é que você tirou que eu penso que a produção artesanal é superior à produção capitalista. A diferença básica está no domínio dos meios de produção. Que o fator capital aumenta a produção é um lugar comum extremamente simples, pois foi a partir do desenvolvimento capitalista que se gerou todo um sistema tecnológico em prol da produção.

E a sua informação com relação à mais-valia é completamente falsa. Primeiro, porque a divisão do trabalho existe graças a um trabalhador que poderia se organizar livremente, sem a necessidade de um capitalista que não produzisse, mas apenas expropriasse, por trás da produção (e tais organizações utópicas ocorreram várias vezes). Segundo, e isso já é entrar num debate economicista mais profundo e que, justo por não fazer economia, não domino, a mais-valia absoluta é essencial à taxa de lucro mínima do capitalista. Me informando um pouco mais entro nesse assunto.


user f.k.a. Cabeção escreveu:Acontece que cabe ao produtor decidir se trabalhar terceirizando a venda para o consumidor final ele terá lucro. Nesse caso, os pescadores teriam que montar uma infraestrutura de transporte e estoque de mercadorias, que talvez não viesse a justificar o investimento necessário e o trabalho extra exigido.

Não existe prática de "mais-valia" aqui, pois os pescadores não são funcionários desses revendedores. Se o comércio se dá dentro da legalidade, o preço praticado pelos pescadores é o que eles consideram mais justo, já que não existem terceiros querendo pagar mais caro. Você está confundindo o conceito de "mais-valia", que é o que Marx dizia ser a diferença entre o valor do trabalho e o salário recebido, e o conceito de lucro em transações. Como os preços variam de acordo com a localidade, é natural que mercadores que apenas transportem mercadorias de lugares baratos para caros saiam ganhando. Se os produtores se sentirem lesados, eles que realizem tal serviço.


O "preço justo" é aquele que os revendedores pagavam, sendo que eles estabeleciam entre eles um preço x para teto, sendo que nenhum passava desse preço. Era um preço absurdamente mais barato do que o revendido no atacado.

E os pescadores simplesmente não tinham condições de montar absolutamente nada, pela falta crônica de capital e de tempo livre. Quanto à mais-valia, faltou apenas a organização formal do trabalho.

user f.k.a. Cabeção escreveu:Sua crença está completamente errada Samael.

Quando um serviço se torna extremamente barato para uma unidade capitalista realizar sem precisar de terceiros, ela necessariamente o fará, e não existe nenhum sentido de manutenção de classe exploradora capaz de impedir isso, o que movimenta as pessoas é o lucro.

Um exemplo dado pelo Fernando Silva é o das gráficas, que detinham elevado poder até a popularização das impressoras.

O fato é que o serviço de venda para o consumidor final exige uma organização e infraestrutura diferente para o negócio, o que demanda mais pessoal, mais setores, mais alvarás e etc. E muitos dos negócios mais lucrativos são aqueles que se especializaram em fazer apenas uma coisa.

Se você é vendedor, apenas venda, não se preocupe em produzir. Se você é produtor, venda para os vendores, e não para o consumidor final. Acaba ficando mais barato (e lucrativo) para todo mundo, inclusive para o consumidor, que terá que se deslocar menos do que teria se tivesse que ir numa fábrica de manteiga para comprar manteiga, noutra de sabão para comprar sabão, ambos a preços inflados devido ao aparelhamento excessivo das suas unidades de produção.

Concentrar a produção num local, e distribuir entre revendedores espalhados é em muitos casos a estratégia que mais corta custos, pois, se não fosse, se manteria o velho esquema de você ter que ir num ferreiro toda vez que precisasse de um prego, e num curral toda vez que quisesse leite.


Errada está a sua crença. O exemplo dos pescadores acima, que tange novamente à tendência monopolista do capitalismo, exemplifica bem isso.

A não ser que haja uma organização formal e forte de produtores, não é "mais lucrativo para todo mundo", é extremamente mais lucrativo para os vendedores.

user f.k.a. Cabeção escreveu:Não me lembro de ter dito isso.


E não disse, você é inteligente demais pra isso. Já cansei de ouvir e ler por aí. Aqui no fórum, quem lançou a pérola foi o Liquid Snake.

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Mensagem por Fernando Silva »

Samael escreveu:E os pescadores simplesmente não tinham condições de montar absolutamente nada, pela falta crônica de capital e de tempo livre.

Justamente. Por não ter capital, ou eles se limitam a pescar para o próprio sustento ou aceitam a oferta dos compradores.
Não é uma decisão imposta a eles pelos compradores e sim pela vontade deles de fazer da pesca uma profissão.
Eles só estariam sendo explorados se, por meios ilícitos, fossem impedidos de venderem eles mesmos seu peixe aos consumidores finais (o que pode acontecer, é claro).

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Re.: Indiferença

Mensagem por SickBoy »

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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por Ayyavazhi »

Agora que o tópico voltou, percebi que não respondi a última postagem do Poindexter. Não há muito o que responder, na verdade, uma vez que o nobre colega absteve-se de argumentar. Gostaria apenas de fazer uma pergunta acerca deste parágrafo:
Poindexter escreveu:Você defende que pessoas QUE NÃO SÃO VOCÊ tenham que sustentar, A CONTRAGOSTO, numerosas famílias de outras pessoas, o que significa que você quer fazer caridade forçada com dinheiro de pessoas que não você, isto é, caridade forçada com o dinheiro dos outros.

Cara, onde diabos você me viu defender isso?

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Re.: Indiferença

Mensagem por Samael »

Eu mudei algumas opiniões desde a época deste tópico. Mas não vem ao caso agora.

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Re.: Indiferença

Mensagem por SickBoy »

mantendo o tópico

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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por Xicao »

Samael escreveu:Eu mudei algumas opiniões desde a época deste tópico. Mas não vem ao caso agora.


é assim com todo mundo... mas mude suas opiniões para MELHOR....
é só....

Por mais que desejamos, por mais que anseiamos que Deus exista....
Nenhuma Divindade ou Deus virá a existir para atender nossos anseios...

Citação da Bíblia Sagrada- Anotado por mim na contra-capa de Caneta Bic Preta
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por zencem »

Fernando Silva escreveu:Ela teve os filhos porque quis. E não pediu minha ajuda para fazê-los. Agora que eles estão com fome, por que eu é que deveria fazer alguma coisa? Que se virem, ela e o(s) pai(s).
Sinto-me incomodado com mendigos nas ruas, mas não culpado. Na verdade, tenho raiva deles.

Perto de onde eu moro, havia uma mendiga, com criança alugada, que chegava de táxi todos os dias.
Na Av.Rio Branco, no centro do Rio, há uma "aleijada" que, no fim do dia, guarda sua muleta, enrola seus panos sujos de sangue, levanta e vai embora andando.
Não que todos sejam assim, mas não ajudo mendigos com crianças e pano na cabeça. São mendigos profissionais.


É por essas e outras que eu não sei porque motivo a gente tem que frequentar auto-escola e fazer o exame pra tirar uma carteira de condutor de veículo.
Aliás, eu nem sei porque é tão importante ter essa maldita CNH.
E pior ainda, não sei porque me exigem cumprir esse maldito código de trânsito.

Ainda bem que pra botar filho no mundo me basta ter o desejo de gozar.


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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emmmcri
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Re: Re.: Indiferença

Mensagem por emmmcri »

Poindexter escreveu:Quem mandou ela tão recentemente ter tido uma criança? Eu, com certeza, não.


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Pow o Poindexter faz falta neste fórum. Ele é curto e grosso! :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.



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