A Montfort pode apoiar Alckmin

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Samael
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Mensagem por Samael »

Alter-ego escreveu:Só para ilustrar...


Nazismo
  1. “O movimento nacional-socialista [nazista] tem um só mestre: o marxismo” (Goebbels, “Kampf um Berlin”, p. 19)
  2. “Não queremos mais a Deus que à Alemanha” (Hitler,”Bayrischer Kurier” de 25/5/23)
  3. “Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”
    (Mussolini, Discurso à Câmara dos Dep. 9/12/28)
  4. “Nós somos socialistas, e inimigos mortais do atual sistema econômico capitalista”.
    (Der Nationalsocialismus, die Weltanschauung des 20 Jahrhunderts)
  5. “As crianças são educadas em comum por educadoras experimentadas em maternidades especiais.” (Dupre, “Weltanschauug und Rassenzuechtung”)



Comunismo
  1. “Nós, comunistas, somos discípulos de Marx e Engels”
    (Thorez, Discurso de 28/10/37. Ed. Comitê Popular de Propaganda)
  2. “Deus é o inimigo pessoal da sociedade comunista” (Lenine, carta a Gorki)
  3. “A Ditadura do Proletariado é a dominação não restringida pela lei e baseada na força” (Lenine, “O Estado e a Revolução”)
  4. Não é necessário provar o óbvio, isto é, que os socialistas são inimigos do capitalismo.
  5. “Nós acusam de querer abolir a exploração dos filhos pelos seus pais. Pois bem, confessamos esse crime”.
    (Marx e Engels, “O Manifesto Comunista”)


Ah, e vale também refutar essa insanidade revisionista postada aí em cima também.

1- Nunca li nada escrito por Goebbels e não sei qual é o sentido da frase. Na prática, não faz sentido algum, dada as próprias raízes divergentes do nascimento das duas doutrinas e, mesmo que a relação fosse verdadeira, continuaria sendo uma mentira, dadas as divergências intrínsecas entre ambas as ideologias. Além disso, caberia também perguntar por que é que o nazismo nunca se aliou a nenhum partido socialista enquanto disputou democraticamente o poder na Alemanha. Sempre fez alianças com a direita moderada.

2- Nacionalismo x Aversão à religião considerada opressora. Ou o autor é muito imbecil ou é muito desonesto, puta merda.

3- O mercantilismo também gerou Estados fortes. Seria o nazismo mercantilista?

4- Como eu referi anteriormente, é um discurso que não se sustenta na prática, visto que o modo de produção capitalista nunca foi abolido na Alemanha. De resto, populismo barato pra manobrar a classe operária.

5- Não saquei qual é a ligação entre a frase de efeito quase freudiana que Marx utilizou no panfleto do manifesto e a alegação de totalização ideológica dos nazis. Não saquei mesmo.

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Ateu Tímido
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Ateu Tímido »

Um pouquinho de entendimento da história e da história das idéias resolvem a questão.
O nazismo foi um movimento de raízes românticas, anti-iluministas, que valorizavam a vontade, o "herói", diante de quem a massa deveria se curvar, por exemplo. A autoridade não era fruto do consentimento, mas da subordinação "natural".
Tanto o liberalismo quanto o marxismo se originam da vertente contrária, ou seja, as idéias iluministas do século XVIII. O marxismo pretendeu ser uma "evolução" do iluminismo, a partir da modificação, com base em supostos interesses de classe, da filosofia liberal de Hegel.
Convém lembrar que, ao longo da história, "liberais" e "conservadores" hoje quase fundidos, principalmente em matéria de economia, quase sempre lutaram em campos opostos.

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Samael
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Samael »

Exato, Bruno. Esse mesmo romantismo anti-racionalista do movimento nazista podia ser encontrado na filosofia niezstcheana, o que levou à comparação de ambas as filosofias.

De sua parte, o marxismo se centra no materialismo histórico como "refutação científica" ao antigo idealismo alemão. Em Marx, ao menos no início de sua carreira acadêmica, você encontra desde "Darwin à Spencer", hehehehe.

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Re: Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Alter-ego »

Fernando Silva escreveu:Li um artigo com uma outra visão:
-As esquerdas acreditam que todos são bonzinhos por natureza e tendem a cooperar uns com os outros.
-As direitas acham que o ser humano é agressivo e competitivo e que é preciso um estado que controle e direcione esta competitividade para o bem.

Discordo.
Quem defende a presença do estado para controlar e direcionar a competitividade humana é a esquerda.
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Alter-ego »

Liberais e conservadores continuam lutando em campos opostos, exceto na economia...

Na verdade é bem interessante ver o discurso de um grupo a respeito do outro.

Conservadores e neocons costumam execrar os liberais e suas idéias anarco-capitalistas, taxando-os de esquerda, sobretudo por se recusarem a crer na existência de uma ordem natural inerente à existência.
E os liberais chamam os conservadores de "marxistas da direita", por pregarem o controle do Estado sobre a vida privada das pessoas nos quesitos: drogas, aborto, união civil de homossexuais, eutanásia, etc.
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Azathoth escreveu:
Alter-ego escreveu:As principais marcas da esquerda são: igualitarimo, coletivismo e utopia. E todos estes três fatores são, largamente, encontrados no Nazismo.


Nazismo igualitarista? Diga isso aos ciganos, judeus, eslavos, homossexuais, testemunhas de jeová e deficientes físicos alemães da década de 30.


O furor assassino nazista também não supera em nada a volúpia comunista em empilhar crânios.

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Azathoth
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Azathoth »

Também não endosso o comunismo, Cabeção.
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Alter-ego »

É, Aza, de fato os comunas eram mais igualitaristas.
Matavam independente de raça, sexualidade, credo...
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Azathoth
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Azathoth »

Também não eram igualitaristas.
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Alter-ego »

Não entendeu a ironia... :emoticon5:
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Re: Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Azathoth escreveu:
Alter-ego escreveu:As principais marcas da esquerda são: igualitarimo, coletivismo e utopia. E todos estes três fatores são, largamente, encontrados no Nazismo.


Nazismo igualitarista? Diga isso aos ciganos, judeus, eslavos, homossexuais, testemunhas de jeová e deficientes físicos alemães da década de 30.


O furor assassino nazista também não supera em nada a volúpia comunista em empilhar crânios.

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Exato, mas o fato de ambos terem descambado em totalitarismos não faz com que ambos sejam fenômenos próximos.

Aliás, empilhar crânios é uma péssima mania histórica humana....

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Re: Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Samael »

Alter-ego escreveu:É, Aza, de fato os comunas eram mais igualitaristas.
Matavam independente de raça, sexualidade, credo...


Os soviéticos matavam por vertente política...

Mas cuidado com as generalizações. Já fui "comuna", idem ao Bruno, e mesmo assim nunca tivemos preocupação em matar ninguém...

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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Alter-ego »

Quando falei dos comunas, falava dos governos Samuca.

Fique frio. Eu também já achei a URSS "linda". :emoticon1:
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Samael
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Samael »

Ditaduras nunca são lindas, sejam elas quais forem, hehehehe. :emoticon1:

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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Najma »

Igorzinho... :emoticon1:

Diz pra Najma: Você está apoiando o Geraldinho só porque o titio Fede-lá está pretendendo apoiá-lo? :emoticon1:

:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
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Fernando Silva
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Re.: A Montfort pode apoiar Alckmin

Mensagem por Fernando Silva »

Paulo Guedes - “O Globo” - 04/09/06

NEM ESQUERDA NEM DIREITA

Os seres humanos não são nem as criaturas altruístas e de coração puro de Jean Jacques Rousseau nem as criaturas egoístas e sem coração de David Hume. Essas visões alternativas sobre a natureza humana permitem a sobrevivência do obsoleto paradigma político ‘esquerda versus direita’. À esquerda, a visão de que os seres humanos são inerentemente altruístas, de que a ambição e o egoísmo não vêm da natureza humana, mas resultam de uma ordem social mal construída. A direita, a visão de que os seres humanos são inerentemente egoístas, de que o estado natural hobbesiano é cruel e de que a ordem social possível é a de um sistema de governo que garanta direitos individuais em economias de mercado.”

“As alternativas extremas seriam os pesadelos burocráticos das utopias socialistas ou as sociedades disfuncionais do livre mercado. Mas o desafio é combinar o sucesso capitalista na criação de riqueza com os objetivos humanitários supostamente buscados por socialistas. A questão não é esquerda ou direita, mas sim como melhor evoluir. E pesquisas empíricas nos últimos 20 anos em ciências cognitivas, biologia evolucionária, antropologia, ciências da computação, psicologia e economia do comportamento confirmam a coexistência dos dois lados da natureza humana: o egoísta e o altruísta.”

“Somos o que os pesquisadores chamam de condícionalmente cooperativos e altruisticamente justiceiros. A regra de ouro é a reciprocidade — uma predisposição a cooperar com os demais, punindo os que se aproveitam dessa predisposição. A universalidade desse comportamento, das tribos nõmades caçadoras às modernas sociedades industriais, evidencia bases genéticas transformadas em princípios de diversas culturas. A lógica evolucionária para a reciprocidade é simples: a cooperação condicional tem melhor desempenho do que o puro egoísmo ou o puro altruísmo.”

“Isso significa que a esquerda pode finalmente abandonar a noção de Rousseau de que todos os males sociais são culpa da sociedade, admitindo um papel para a responsabilidade individual. Da mesma forma, a direita deve abandonar a idéia de que uma sociedade possa funcionar esperando o pior dos seres humanos, admitindo um papel para nosso instinto de generosidade. É a combinação de responsabilidades individuais e estruturas institucionais cooperativas que permite a superação das ideologias obsoletas.”

Em “A origem da riqueza: evolução, complexidade e a reformulação radical da economia” (2006), Eric Beinhocker decreta obsoletos os paradigmas de esquerda e direita na política e na economia. O que está na base da sociedade não é um confronto ideológico arcaico, mas sim uma complexa rede de relações.

“As interações de milhões de pessoas tomando decisões, cooperando nas empresas, competindo nos mercados e atuando à base da reciprocidade e de outras normas culturais, cuidando de sua vida diária, resultam num fenômeno emergente que chamamos de sociedade. E, afinal de contas, os cidadãos não estão interessados em quem marca mais pontos: a direita ou a esquerda. Querem apenas melhorar suas vidas. Minha esperança é que, colocando a economia sobre melhores fundamentos científicos, possamos reduzir o ressentimento que caracteriza o debate político.”

Trancado