stratonhonho escreveu:Impio escreveu:
Existem diversos conceitos de raça, desde os mais modernos, biologicamente significativos e aceitos até na sua área, aos mais comuns, os socialmente construídos/obsoletos/ideologicamente enviesados, que tem pouco a ver com uma realidade biológica.
Há um conceito que não ouço falar nele á uns 22 anos (estava no segundo grau) que é o de raça geográfica, hoje denominado subespécie.
Falar em raça é como dizer que a luz se propaga no vácuo por meio do éter. É um erro.
Por que?
Definições modernas de raça:
taxonômica: "An aggregate of phenotypically similar populations of a species, inhabiting a geographic subdivision of the range of a species, and differing taxonomically from other populations of the species." (Mayr, 1969)
populacional: "Races are genetically distinct Mendelian populations. They are neither individuals nor particular genotypes, they consist of individuals who differ genetically among themselves." (Dobzhansky, 1970)
Alguma dessas está "errada"? Como uma coisa simplesmente definida pode estar errada? Apenas se ao menos fosse algo impossível, mas essas definições não descrevem nada "errado", mas algo dentro das possibilidades da biologia.
Sobre os tigres impio escreveu:
Não são. Inclusive já houveram medidas visando garantir maior variabilidade genética em algumas dessas populações em que incentivaram cruzamentos entre tigres indianos e outras subespécies e/ou raças.
Até onde sei isso não deu em nada. o que se deu foram cruzamentos com populações limítrofes da própria Índia e região.
Os siberianos são maiores, mais pesados, especialistas em caça no gelo e bem adaptados ao frio. Já os indianos são menores, mais leves, bem adaptados em caça na selva e adaptados ao calor dos trópicos.
Os cruzamentos a que se refere, são como os do caso da rana pipiens, tipo de rã que existe do norte do Canadá ao sul do México. Cruzamentos com populações distantes não deram certo, mas com populações limítrofes tudo bem. Dessa forma, pode haver o fluxo de genes entre subespécies e tudo correr as mil maravilhas. Entre os humanos, o fluxo de genes ocorre há milênios, daí não se falar nem em subespécie.
Existem definições de raça como hierarquicamente inferior à subespécie, e sem implicar que houvesse inviabilidade de cruzamentos ou qualquer coisa do tipo.
Quanto ao isolamento, este pode ocorrer por migrações. A espécie passa a ser submetida a diferentes pressões de seleção pois os ambientes são distintos. Com o passar do tempo o pool gênico pode se modificar paulatinamente, respondendo às solicitações do meio. Essas divergências entre as populações é o que se conhece por subespécies ou, como outrora conhecido, raças geográficas.
E o que você pensa de podermos olhar para pessoas e classificá-las grosseiramente como negras/africanas, brancas/européias, ameríndias? Seria por serem raças geográficas, ou essa relação de fenótipo/região é na verdade aleatória, sendo apenas por coincidência que pessoas fenotípicamente classificáveis como negros/africanos estão na África, asiáticos na Ásia e daí por diante?
Sim. negros e mongois são mais sucetíveis á formação de quelóides que os caucasianos. Negros também têm uma grande propensão à anemia falciforme. Há caucasianos propensos a intolerância à lactose. Tudo isso quem determina são os genes.
Como o fluxo de genes em humanos sempre foi intenso, qualquer um pode ter qualquer gene, seja esquimó, zulu, eslavo, chinês, maori ou ameríndio.
Mas "por acaso", os genes que determinam o fenótipo chinês. esquimó, ameríndio, etc, estão consideravelmente restritos geograficamente, o que se poderia classificar como raças/clinas em alguns casos, ou esses fenótipos seriam totalmente determinados epigeneticamente?
Tais teorias não têm respaldo científico. São como a teoria de Lombroso que diz se um indivíduo é criminoso pelo seu biótipo.
Isso é como esfregar gelatina de limão na cabeça e dizer que faz bem á inteligência e por ter dado certo em um caso , publica-se um livro e se espalha a idéia. (parece absurdo né... mas é assim que funcina a pseudociência).
Há uma gradação de possíveis afirmações a respeito de raças ou "freqüências genéticas particulares de populações" (para não usar o termo raça).
Tanto a sua inexistência total (ou seja, a afirmação de que não se pode distinguir geneticamente qualquer população, uma panmixia total da humanidade ao longo dos continentes, durante toda a história, ou aumentada em tempos recentes em proporção suficiente para reembaralhar homogeneamente todos os genes) como essas século-dezenovices racistas não tem respaldo científico.
Agora, não é só porque aquilo que os racistas gostariam que as raças fossem (superiores e inferiores, muito mais divergentes) não é verdade que raças também não existem. Só não existem tal como os racistas gostariam que fossem.
Se você admitir que existem populações com suas freqüências de genes particulares, tendo se originado ao longo da história por um certo isolamento em diferentes continentes, e que essas freqüências de genes determinam as diferenças fenotípicas que mais facilmente distinguem visualmente as pessoas desses continentes (possibilitando até a existência da antropologia física, que por sua vez possibilita a antropologia forense [que por outro lado nada tem a ver com frenologia e similares, diga-se de passagem, mas é apenas a utilização da antropologia física na investigação criminal]); e ao mesmo tempo, o conceito popular de raça (ao menos alguns), tanto quanto os científicos (como de Mayr e Dobzhansky), vão mais ou menos de acordo os fenótipos produzidos pelos conjuntos genéticos dessas populações, qual o problema em se chamar essas populações de raças?