13/04/2007 - 16h18
Papa Bento 16 analisa vida de Cristo em seu primeiro livro
da Efe, na Cidade do Vaticano
O Vaticano apresentou nesta sexta-feira "Jesus de Nazaré", o primeiro livro de Bento 16, no qual é mostrado um Jesus "real, histórico" e onde se afirma que Cristo é uma figura "historicamente sensata e convincente".
O livro, de 448 páginas, será lançado na segunda-feira, 16 de abril, em italiano, alemão e polonês, coincidindo com o 80º aniversário de Bento 16.
Posteriormente será traduzido para vinte idiomas, entre eles português e espanhol.
O texto é a primeira parte de uma obra de dois volumes, na qual Bento 16 analisa a vida pública de Jesus de Nazaré, desde o batismo no rio Jordão até a Transfiguração.
Papa Bento 16, que vem ao Brasil em maio deste ano, lança livro sobre Jesus .
Joseph Ratzinger começou a escrevê-lo quando ainda era cardeal, em 2003, e o concluiu no final de setembro de 2006, quando já era papa.
O volume está dividido em dez capítulos: o batismo de Jesus, as tentações de Jesus, o Evangelho do Reino de Deus, o Sermão da Montanha, as Preces do Senhor, os discípulos, a mensagem da palavra, o tema de João (evangelista), a confissão de Pedro, a Transfiguração e as afirmações de Jesus sobre si mesmo.
Bento 16 afirma no livro que não se trata de um ato de magistério e que, por isso, qualquer um pode contestá-lo.
Nele denuncia que o mundo que exclui Deus e se agarra somente à realidade visível, e material corre o risco de se autodestruir na busca egoísta de um bem-estar apenas material.
Bento 16, que na análise da vida de Jesus também faz referência ao mundo atual, adverte que as ajudas do Ocidente aos países em vias de desenvolvimento, "baseadas em princípios puramente técnico-materiais, não só deixaram de lado Deus, mas também afastaram os homens dele com o orgulho do pedantismo, e fizeram do 3º Mundo uma realidade de terceira classe.
Vazio
O papa denunciou que essas ajudas deixaram de lado as estruturas sociais, religiosas e morais existentes, introduzindo "a mentalidade do vazio".
A isso se refere nas tentações e em referência velada ao marxismo --do qual afirma que "sua promessa era que o deserto se transformasse em pão"-- afirma: "eles achavam que podiam transformar as pedras em pão, mas deram pedras no lugar do pão".
"Não se pode governar a história com meras estruturas materiais, prescindindo de Deus. Se o coração do homem não é bom, nada poderá ser bom, e a bondade do coração só pode vir de Deus, que é a própria bondade e bem", escreve o papa.
Também lembra Tchernobil e se pergunta se a tragédia da usina nuclear ucraniana "não é a expressão da criação subordinada à escuridão".
No capítulo dedicado às tentações, Ratzinger ressalta o fracasso do sistema marxista e afirma que Jesus não é indiferente perante a fome dos homens e suas necessidades materiais.
"O pão é importante, a liberdade é mais importante, mas a coisa mais importante de todas é a fidelidade constante e a adoração que jamais é traída", escreve o papa.
Fé
Joseph Ratzinger-Bento 16, como está estampado na capa do livro, acrescenta que "onde a ordem dos bens não é respeitada, mas destruída, não se consegue a justiça e não se cuida mais do homem que sofre, mas se cria ruína e destruição inclusive entre os bens materiais".
"Onde Deus é considerado uma força secundária, que pode ser de forma temporária colocada em um cantinho entre as coisas mais importantes, ali fracassam as coisas mais importantes. Isso é demonstrado não somente pelo fracasso da experiência marxista", diz.
O livro foi apresentado pelo cardeal arcebispo de Viena, Christoph Schönborn; o teólogo (protestante) Daniele Garrone e o filósofo progressista e prefeito de Veneza (Itália), Massimo Cacciari. Schönborn ressaltou que Ratzinger não fala no livro como papa, mas como um simples cristão, afirmando que a historicidade de Cristo é uma questão crucial.
As inúmeras imagens "fantasiosas" de Jesus "como um revolucionário, um dócil reformista ou o amante secreto de Maria Madalena, podem ser depositadas no cemitério da história".
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u106410.shtml
Papa Bento 16 analisa vida de Cristo em seu primeiro livro
Re.: Papa Bento 16 analisa vida de Cristo em seu primeiro li
Ressurreição de Cristo pode ter sido alucinação, diz livro polêmico
Assimina Vlahou
De Roma
Um best-seller que coloca em dúvida vários episódios da vida de Jesus está causando grande polêmica na Itália, às vésperas da publicação do primeiro livro do papa sobre Cristo.
Os autores de Inquérito sobre Jesus, que está há várias semanas na lista dos livros mais vendidos do país, dizem, entre outras coisas, que a ressurreição de Jesus pode ter sido fruto de alucinação de seu seus discípulos.
O livro traz uma entrevista com o professor de História especializado em cristianismo Mauro Pesce, da Universidade de Bolonha, conduzida pelo jornalista Corrado Augias.
Nele, Augias e Pesce questionam, além da ressurreição, data e local do nascimento de Cristo, que Maria tenha dado à luz permanecendo virgem, e que Cristo tivesse intenção de fundar uma nova religião.
Desde que foi lançada, no fim do ano passado, a obra já vendeu 450 mil cópias na Itália. Deve ser ainda publicada no Brasil.
Releitura
No capítulo dedicado à ressurreição de Jesus, definido por eles como o mais delicado, Augias e Pesce especulam que o episódio – um dos fundamentos da fé cristã – pode ter sido apenas fruto de alucinação dos discípulos.
“Muitas visões, inclusive as mais recentes, como as de Fátima, indicam que o visionário acabou vendo realmente o que desejava ver”, diz o texto.
O livro aponta imprecisões nos cálculos que determinaram a data de nascimento de Jesus.
“Não sabemos até que ponto podemos confiar em Luca (um dos evangelistas), que escreveu 50 anos depois da morte de Cristo, com base em informações de terceiros”, escrevem os autores.
Outra tese do livro, uma das que mais provocaram reações negativas nos ambientes católicos, sustenta que Jesus não tinha intenção de fundar uma nova religião, e se limitava a pregar aos judeus mantendo-se fiel tradição da religião hebraica.
“Ele nunca tentou converter os não-judeus. Isto seria feito depois de sua morte, por alguns seguidores e pelas igrejas cristãs, mudando bastante o que Jesus pregava e praticava.”
‘Ataque’
O jesuíta Giuseppe De Rosa, da influente revista semanal Civiltà Cattolica – cujo conteúdo passa sempre pelo aval da secretaria de Estado do Vaticano – disse que o livro é um “ataque frontal à fé cristã”.
Em artigo na revista, De Rosa afirma que a pesquisa “nega o cristianismo em sua totalidade e as verdades cristãs essenciais", e que ela define os evangelhos canônicos como "lacunosos e manipulados".
Em um longo artigo publicado no jornal Avvenire, da conferência episcopal italiana, o padre Raniero Cantalamessa, predicador da casa pontifícia, criticou o livro por defender a tese de que "o Jesus autêntico não é o da igreja".
Padre Cantalamessa colocou em dúvida as fontes usadas pelos autores, como os evangelhos considerados não oficiais pela igreja católica.
Defesa
Para os autores do livro, ambos conhecidos e respeitados na Itália, não há nada na pesquisa que possa ofender a fé cristã.
"Não é a oposição entre o que Jesus foi e o que a igreja pensa ter sido, mas entre o que as pessoas sabem e o que as pessoas não sabem”, declarou Pesce em entrevista à BBC Brasil.
Ele disse que o livro se baseia quase totalmente nos quatro evangelhos canônicos (oficiais), embora também tenha usado outras fontes.
"Os estudos dos últimos 30 anos revolucionaram as teorias tradicionais. Agora, avalia-se a relação entre os vários textos. Em alguns casos os evangelhos apócrifos (não reconhecidos pela igreja) dão informações muito importantes”, afirmou.
O livro aumentou ainda mais as discussões sobre o passado e a vida de Jesus Cristo, assunto amplamente comentado no mundo católico com as teses levantadas por bestsellers como O Código Da Vinci - que dizia, entre outras coisas, que Jesus e Maria Madalena viveram juntos e procriaram.
Mas o Vaticano está reagindo. Em abril será lançado o aguardado livro do papa Bento 16 sobre a vida de Cristo, Jesus de Nazaré, do batismo no Jordão à Transfiguração.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporte ... v_tp.shtml
Assimina Vlahou
De Roma
Um best-seller que coloca em dúvida vários episódios da vida de Jesus está causando grande polêmica na Itália, às vésperas da publicação do primeiro livro do papa sobre Cristo.
Os autores de Inquérito sobre Jesus, que está há várias semanas na lista dos livros mais vendidos do país, dizem, entre outras coisas, que a ressurreição de Jesus pode ter sido fruto de alucinação de seu seus discípulos.
O livro traz uma entrevista com o professor de História especializado em cristianismo Mauro Pesce, da Universidade de Bolonha, conduzida pelo jornalista Corrado Augias.
Nele, Augias e Pesce questionam, além da ressurreição, data e local do nascimento de Cristo, que Maria tenha dado à luz permanecendo virgem, e que Cristo tivesse intenção de fundar uma nova religião.
Desde que foi lançada, no fim do ano passado, a obra já vendeu 450 mil cópias na Itália. Deve ser ainda publicada no Brasil.
Releitura
No capítulo dedicado à ressurreição de Jesus, definido por eles como o mais delicado, Augias e Pesce especulam que o episódio – um dos fundamentos da fé cristã – pode ter sido apenas fruto de alucinação dos discípulos.
“Muitas visões, inclusive as mais recentes, como as de Fátima, indicam que o visionário acabou vendo realmente o que desejava ver”, diz o texto.
O livro aponta imprecisões nos cálculos que determinaram a data de nascimento de Jesus.
“Não sabemos até que ponto podemos confiar em Luca (um dos evangelistas), que escreveu 50 anos depois da morte de Cristo, com base em informações de terceiros”, escrevem os autores.
Outra tese do livro, uma das que mais provocaram reações negativas nos ambientes católicos, sustenta que Jesus não tinha intenção de fundar uma nova religião, e se limitava a pregar aos judeus mantendo-se fiel tradição da religião hebraica.
“Ele nunca tentou converter os não-judeus. Isto seria feito depois de sua morte, por alguns seguidores e pelas igrejas cristãs, mudando bastante o que Jesus pregava e praticava.”
‘Ataque’
O jesuíta Giuseppe De Rosa, da influente revista semanal Civiltà Cattolica – cujo conteúdo passa sempre pelo aval da secretaria de Estado do Vaticano – disse que o livro é um “ataque frontal à fé cristã”.
Em artigo na revista, De Rosa afirma que a pesquisa “nega o cristianismo em sua totalidade e as verdades cristãs essenciais", e que ela define os evangelhos canônicos como "lacunosos e manipulados".
Em um longo artigo publicado no jornal Avvenire, da conferência episcopal italiana, o padre Raniero Cantalamessa, predicador da casa pontifícia, criticou o livro por defender a tese de que "o Jesus autêntico não é o da igreja".
Padre Cantalamessa colocou em dúvida as fontes usadas pelos autores, como os evangelhos considerados não oficiais pela igreja católica.
Defesa
Para os autores do livro, ambos conhecidos e respeitados na Itália, não há nada na pesquisa que possa ofender a fé cristã.
"Não é a oposição entre o que Jesus foi e o que a igreja pensa ter sido, mas entre o que as pessoas sabem e o que as pessoas não sabem”, declarou Pesce em entrevista à BBC Brasil.
Ele disse que o livro se baseia quase totalmente nos quatro evangelhos canônicos (oficiais), embora também tenha usado outras fontes.
"Os estudos dos últimos 30 anos revolucionaram as teorias tradicionais. Agora, avalia-se a relação entre os vários textos. Em alguns casos os evangelhos apócrifos (não reconhecidos pela igreja) dão informações muito importantes”, afirmou.
O livro aumentou ainda mais as discussões sobre o passado e a vida de Jesus Cristo, assunto amplamente comentado no mundo católico com as teses levantadas por bestsellers como O Código Da Vinci - que dizia, entre outras coisas, que Jesus e Maria Madalena viveram juntos e procriaram.
Mas o Vaticano está reagindo. Em abril será lançado o aguardado livro do papa Bento 16 sobre a vida de Cristo, Jesus de Nazaré, do batismo no Jordão à Transfiguração.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporte ... v_tp.shtml