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Crônica de um Mea Culpa Anunciado - Por Gabriel Viviani Aug 3, '07 4:02 PM
for everyone
O pontificado do papa João Paulo II teve como um de seus pontos altos a revisão histórica dos erros cometidos pela Igreja Católica de Roma durante dois mil anos de existência. O mea culpa referia-se à uma confissão geral dos pecados cometidos no passado, ao emprego de métodos não evangélicos no que diz respeito ao ensino da fé, à separação dos cristãos, à perseguição contra os judeus, ao desrespeito para com os direitos dos povos e suas respectivas culturas e religiões, aos atentados contra a dignidade da mulher e, por último, à violação dos direitos humanos.
O gesto, a príncípio salutar, deveria estender-se também a uma análise corajosa do momento atual do catolicismo. Muito se tem falado a respeito de mudanças necessárias à Igreja, reinvindicações essas que vão desde uma transformação estrutural – descentralização do poder papal – até as absurdas exigências de uma aprovação ao aborto, camisinha, uso de anticoncepcionais, etcétera, que indo de encontro à própria fé cristã, jamais serão aceitas por nenhum bispo em sã consciência. O debate é antigo, e vem sendo travado de tempos em tempos, movido principalmente pelo crescimento das igrejas evangélicas e pelo grande número de fiés católicos convertidos ao protestantismo. A principal explicação dada a essa última questão é a seguinte: tanto a liturgia quanto a estrutura da Igreja Católica figurariam atualmente como um fóssil medieval em contraste com a proposta mais moderna e atraente dos evangélicos. Sendo assim, seria necessário mergulhar a Igreja num verdadeiro banho de modernidade, talvez até mesmo lhe oferecendo dez sessões de botox ao preço de nove para recuperar sua antiga aparência agradável.
A explicação é tão risível e ineficaz quanto seria receitar um analgésico para o paciente a quem lhe foi diagnosticado câncer. Um médico verdadeiro não se exime à gravidade do problema, e vai direito à raiz do mal. São Josemaria Escrivá, o fundador do Opus Dei, e um dos santos canonizados durante o papado de João Paulo II, tocou a raiz dessa enfermidade com indubitável rigor cirúrgico, ao afirmar que a crise do mundo atual é uma crise de padres.
Uma mulher bonita e burra pode agradar pela sua estética, mas quando abre a boca torna-se cansativa. Da mesma maneira, uma Igreja exteriormente reformada continuará modorrenta se a transformação não for de ordem interna e, mais especificamente, espiritual. Pois bem, a crise pela qual passa a Igreja Católica é sim de ordem espiritual! Os padres, dignos herdeiros da tradição apostólica, expõem em suas homilias uma interpretação tão linear dos textos bíblicos, e uma incapacidade tão absoluta de adaptar a mensagem cristã aos problemas práticos da vida moderna, que não se pode diagnosticar esse fato senão como uma conseqüência inevitável de sua paupérrima vida espiritual. Ora, um sacerdote é aquele que, tendo o cajado nas mãos, conduz seu rebanho de ovelhas. Não obstante, quem se arriscaria a seguir um guia que desconhece o caminho? Quando São Josemaria afirmou que a crise do mundo atual é uma crise de padres, estava identificando a causa de um mal que futuramente acabaria revelando seus fulcros mais pestilentos: os casos de pedofilia, por exemplo. Diante de um panorama como esse, não se pode censurar os católicos convertidos ao protestantismo. Afinal de contas, o fiel é aquele que busca ser incendiado pela palavra de Deus, mas quando este encontra apenas vazio e aridez no discurso de quem deveria incendiá-lo, não é de se espantar que acabe decepcionado.
No Brasil, os maiores estragos parecem ter sido causados pelo frei franciscano Leonardo Boff e tutti quanti que, disseminando pelo clero a nefasta doutrina conhecida como teologia da libertação, fez recair sobre os católicos brasileiros a sombra de uma verdadeira heresia. Malgrado o combate do Cardeal Joseph Ratzinger, então responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, o veneno marxista espalhou-se como uma peste entre os representantes do clero nacional. A inversão dos discursos tornou-se evidente. A luta do bem contra o mal ganhava um novo nome: luta de classes, proletariado contra a burguesia opressora. A fome espiritual do homem deixava de ser sua primeira necessidade, dando lugar ao pão material, ainda que Cristo dissesse: “Nem só de pão vive o homem, mas sim de toda palavra que vem de Deus”. Da mesma forma, o anúncio do Reino de Deus abria espaço agora para o anúncio de uma sociedade utópica, igualitária, criada por nós como o paraíso na terra. Ora, diante dessa perspectiva horizontal, não é de se estranhar que os padres brasileiros encontrem-se atualmente tão despreparados para conduzir seu rebanho por um caminho que prima justamente pelo caráter vertical. Um sintoma disso revela-se na interpretação linear das escrituras, pois perdendo a perspectiva espiritual de sua missão, não se mostram capazes de elevar o discurso do plano social ao plano divino.
O momento atual exige reflexão e, mais do que isso, atitude. É certo que Bento XVI conhece profundamente as conseqüências devastadoras provocadas pela teologia da libertação na Igreja da América Latina. Sabe que sua disseminação por aqui colaborou na dessacralização do espírito clerical, além de ter introduzido um discurso materialista em detrimento do discurso evangélico. E que muitos dos iminentes sacerdotes dessa Terra de Santa Cruz mantêm relações ideológicas e políticas com certos partidos de esquerda, dando inclusive apoio a ditadores de regimes totalitários, como faz Frei Beto, amigo pessoal de Fidel Castro, e colaborador ativo na elaboração daquilo que podemos chamar a “constituição” de Cuba. Portanto, o que se pode esperar do papa num momento como esse, é uma atitude mais rígida de combate a doutrinas que infectam a Igreja. Doutrinas que pretendem desviá-la do seu verdadeiro objetivo, criando assim uma geração de padres mais preocupados em inaugurar o paraíso neste mundo do que em preparar seus fiéis para o encontro com Deus. Dadas as circunstâncias, uma reforma espiritual nos dias de hoje soaria muitíssimo melhor do que um futuro pedido de desculpas.
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Um amigo do Orkut pediu para divulgar
Um amigo do Orkut pediu para divulgar
Editado pela última vez por emmmcri em 06 Ago 2007, 23:40, em um total de 1 vez.
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE
Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.

VOLTAIRE
Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.
Re.: um amigo do Orkut pediu para divulgar
blá, blá, blá
- Fernando Silva
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Re.: Um amigo do Orkut pediu para divulgar
Em resumo: Jesus prometeu o paraíso no outro mundo, mas a Teologia da Libertação acha que ele tem que ser aqui e agora. Portanto, a ICAR combate a Teologia da Libertação, só que de uma forma tão chata que ninguém lhe dá ouvidos.
Eu diria mais: muitos preferem os cultos pentecostais, muito mais emocionantes, garantindo curas e prosperidade imediatas (ainda que sejam emoções baratas e promessas vazias).
Eu diria mais: muitos preferem os cultos pentecostais, muito mais emocionantes, garantindo curas e prosperidade imediatas (ainda que sejam emoções baratas e promessas vazias).