Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio"

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Fernando Silva
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Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio"

Mensagem por Fernando Silva »

Respostas do Dawkins a críticas recebidas


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Embora Richard Dawkins as tenha exposto como as críticas que recebeu graças a “Deus, um delírio”, ele mostra em argumentos simples que podem ser estendidos a qualquer crítica teísta. Tive inclusive um comentário nesta postagem que ao longo do texto poderemos concluir o quão ele é a modinha de pensar religiosa:

Só para lembrar o Papa só tem 10 doutoradodos e fala mais de 10 idiomas, é o sucessor direto de Jesus Cristo, e a igreja católica é a unica igreja fundada por Ele***A ÚNICA***, nós graças a Deus não precisamos argumentar nada, pois nossas respostas estão todas na biblia deixada para nós todos por Jesus.***É SÓ LER, E SE PRECISO ESTUDAR UM POUCO A BIBLIA PARA ENTENDE-LA.DEUS ABENÇOE.


NÃO SE PODE CRITICAR A RELIGIÃO SEM UMA ANÁLISE DETALHADA DE LIVROS ERUDITOS DE TEOLOGIA.

Best-seller-surpresa? Se eu tivesse me embrenhado, como um crítico intelectual consciente gostaria, nas diferenças epistemológicas entre Aquino e Duns Scotus; se tivesse feito jus a Erígena na questão da subjetividade, a Rahner na da graça ou a Moltmann na da esperança (como ele esperou em vão que eu fizesse), meu livro teria sido mais que um best-seller- surpresa: teria sido um best-seller milagroso. Mas a questão não é essa. Diferentemente de Stephen Hawking (que seguiu o conselho de que cada fórmula que ele publicasse reduziria as vendas pela metade), eu de bom grado abriria mão do status de best-seller caso houvesse a mais remota esperança de que Duns Scotus fosse iluminar minha questão central, se Deus existe ou não. A enorme maioria dos textos teológicos simplesmente assume que ele existe, e parte daí. Para os meus propósitos, preciso levar em conta apenas os teólogos que considerem a sério a possibilidade de que Deus não exista e argumentem por sua existência. Acho que isso o capítulo 3 faz, com — espero — bom humor e abrangência suficientes. Em termos de bom humor, não tenho como superar a esplêndida “Resposta do cortesão”, publicada por P. Z. Myers em seu blog Pharyngula:

Analisei as insolentes acusações do sr. Dawkins, exasperado com sua falta de seriedade acadêmica. Aparentemente, ele não leu os discursos detalhados do conde Roderigo de Sevilha sobre o couro singular e exótico das botas do imperador, nem dedica um segundo sequer à obra-prima de Bellini, Sobre a luminescência do chapéu de plumas do imperador. Temos escolas inteiras dedicadas a escrever tratados eruditos sobre a beleza dos trajes do imperador, e todos os grandes jornais têm uma seção dedicada à moda imperial; […] Dawkins ignora com arrogância todas essas ponderações filosóficas profundas e acusa cruelmente o imperador de nudez. […] Enquanto Dawkins não for treinado nas lojas de Paris e Milão, enquanto não aprender a distinguir um babado de uma pantalona, devemos todos fingir que ele não se manifestou contra o gosto do imperador. Sua educação em biologia pode lhe dar a capacidade de reconhecer genitálias balançantes quando vir uma, mas não o ensinou a apreciar adequadamente os Tecidos Imaginários.


Ampliando o argumento, a maioria de nós desqualifica sem problemas as fadas, a astrologia e o Monstro de Espaguete Voador, sem precisar afundar em livros de teologia pastafariana, e assim por diante. A próxima crítica é parente desta: a grande crítica do “testa-de-ferro”.

VOCÊ SEMPRE ATACA O QUE HÁ DE PIOR NA RELIGIÃO E IGNORA O QUE HÁ DE MELHOR.

“Você persegue oportunistas grosseiros e incendiários como Ted Haggard, Jerry Falwell e Pat Robertson, em vez de teólogos sofisticados como Tillich ou Bonhoeffer, que ensinam o tipo de religião em que acredito.” Se o predomínio fosse só dessa espécie sutil e amena de religião, o mundo sem dúvida seria um lugar melhor, e eu teria escrito outro livro. A melancólica verdade é que esse tipo de religião decente e contido é numericamente irrelevante. Para a imensa maioria de fiéis no mundo todo, a religião parece-se muito com o que se ouve de gente como Robertson, Falwell ou Haggard, Osama bin Laden ou o aiatolá Khomeini. Não se trata de testas-de-ferro; são todos influentes demais e todo mundo hoje em dia tem de lidar com eles.

SOU ATEU, MAS QUERO ME DISSOCIAR DE SUA LINGUAGEM ESTRIDENTE, DESTEMPERADA E INTOLERANTE.

Na verdade, quando se analisa a linguagem de Deus, um delírio, ela é menos destemperada ou estridente do que a que achamos muito normal — quando ouvimos analistas políticos, por exemplo, ou críticos de teatro, arte ou literatura. Minha linguagem só soa contundente e destemperada por causa da estranha convenção, quase universalmente aceita (veja a citação de Douglas Adams nas páginas 45 e 46), de que a fé religiosa é dona de um privilégio único: estar além e acima de qualquer crítica.

Em 1915, o parlamentar britânico Horatio Bottomley recomendou que, depois da guerra, “se por acaso num restaurante você descobrir que está sendo servido por um garçom alemão, jogue a sopa na cara suja dele; se você se vir sentado ao lado de um secretário alemão, vire o tinteiro na cabeça suja dele”. Isso, sim, é estridente e intolerante (e, eu teria pensado, ridículo e ineficaz como retórica mesmo para aquela época). Compare a frase com a que abre o capítulo 2, que é o trecho citado com mais freqüência como “estridente”. Não cabe a mim dizer se fui bem-sucedido, mas minha intenção estava mais próxima da de um golpe duro, mas bem-humorado, do que da polêmica histérica. Nas leituras em público de Deus, um delírio, esse é exatamente o trecho que garantidamente produz uma boa risada, e é por isso que minha mulher e eu sempre o usamos como abertura para quebrar o gelo com uma nova platéia. Se eu pudesse me aventurar a sugerir por que o humor funciona, acho que diria que é o desencontro incongruente entre um assunto que poderia ter sido expresso de forma estridente ou vulgar e a expressão real, numa lista compridíssima de latinismos ou pseudo-academicismos (”filicida”, “megalomaníaco”, “pestilento”).

Meu modelo aqui foi um dos escritores mais engraçados do século XX, e ninguém chamaria Evelyn Waugh de histérico ou estridente (até entreguei o jogo ao mencionar seu nome na anedota que vem logo depois, na página 55). Críticos de literatura ou de teatro podem ser zombeteiramente negativos e ganhar elogios pela contundência sagaz da resenha. Mas nas críticas à religião até a clareza deixa de ser virtude para soar como hostilidade. Um político pode atacar sem dó um adversário no plenário do Parlamento e receber aplausos por sua combatividade. Mas basta um crítico sóbrio e justificado da religião usar o que em outros contextos seria apenas um tom direto para a sociedade polida balançar a cabeça em desaprovacão; até a sociedade polida laica, e especialmente aquela parte da sociedade laica que adora anunciar: “Sou ateu, MAS…”.

VOCÊ SÓ ESTÁ PREGANDO PARA OS JÁ CONVERTIDOS. DE QUE ADIANTA?

O “Cantinho dos Convertidos” no RichardDawkins.net já invalida a mentira, mas mesmo que a levássemos a sério há boas respostas. Uma é que o coro dos descrentes é bem maior do que muita gente imagina, sobretudo nos Estados Unidos. Mas, de novo sobretudo nos Estados Unidos, é em grande parte um coro “no armário”, e precisa desesperadamente de incentivo para sair dele. A julgar pelos agradecimentos que recebi em toda a turnê americana do lançamento do livro, o incentivo dado por pessoas como Sam Harris, Dan Dennett, Christopher Hitchens e por mim é bastante apreciado. Uma razão mais sutil para pregar aos já convertidos é a necessidade de conscientização. Quando as feministas nos conscientizaram sobre os pronomes sexistas, elas estariam pregando só aos já convertidos no que se referia a questões mais significativas dos direitos das mulheres e dos males da discriminação. Mas aquele coro decente e liberal ainda precisava ser conscientizado sobre a linguagem do dia-a-dia. Por mais atualizados que estivéssemos nas questões políticas relativas aos direitos e à discriminação, ainda assim adotávamos inconscientemente convenções que faziam metade da raça humana sentir-se excluída.

Há outras convenções lingüísticas que precisam seguir o mesmo caminho dos pronomes sexistas, e o coro ateísta não é exceção. Todos nós precisamos ser conscientizados. Tanto ateus como teístas observam inconscientemente a convenção da sociedade … de que devemos ser especialmente polidos e respeitadores em relação à fé. E nunca me canso de chamar a atenção para a aceitação tácita, por parte da sociedade, da rotulação de crianças pequenas com as opiniões religiosas de seus pais. Os ateus precisam se conscientizar da anomalia: a opinião religiosa é o tipo de opinião dos pais que — por consenso quase universal — pode ser colada em crianças que, na verdade, são pequenas demais para saber qual é sua opinião. Não existe criança cristã: só filhos de pais cristãos. Use todas as oportunidades para marcar essa posição.

VOCÊ É TÃO FUNDAMENTALISTA QUANTO AQUELES QUE CRITICA.

Não, por favor, é fácil demais confundir uma paixão capaz de mudar de opinião com fundamentalismo, coisa que nunca farei. Cristãos fundamentalistas são apaixonadamente contra a evolução, e eu sou apaixonadamente a favor dela. Paixão por paixão, estamos no mesmo nível. E isso, para algumas pessoas, significa que somos igualmente fundamentalistas. Mas, parafraseando um aforismo cuja fonte eu não saberia precisar, quando dois pontos de vista contrários são manifestados com a mesma força, a verdade não está necessariamente no meio dos dois. É possível que um dos lados esteja simplesmente errado. E isso justifica a paixão do outro lado.

Os fundamentalistas sabem no que acreditam e sabem que nada vai mudar isso. A citação de Kurt Wise na página 366 diz tudo: “se todas as evidências do universo se voltarem contra o criacionismo, serei o primeiro a admiti-las, mas continuarei sendo criacionista, porque é isso que a Palavra de Deus parece indicar. Essa é minha posição”. A diferença entre esse tipo de compromisso apaixonado com os fundamentos bíblicos e o compromisso igualmente apaixonado de um verdadeiro cientista com as evidências é tão grande que é impossível exagerá-la. O fundamentalista Kurt Wise declara que todas as evidências do universo não o fariam mudar de opinião. O verdadeiro cientista, por mais apaixonadamente que “acredite” na evolução, sabe exatamente o que é necessário para fazê-lo mudar de opinião: evidências. Como disse J. B. S. Haldane, quando questionado sobre que tipo de evidência poderia contradizer a evolução: “Fósseis de coelho no Pré-cambriano”. Cunho aqui minha própria versão contrária ao manifesto de Kurt Wise: “Se todas as evidências do universo se voltarem a favor do criacionismo, serei o primeiro a admiti-las, e mudarei de opinião imediatamente. Na atual situação, porém, todas as evidências disponíveis (e há uma quantidade enorme delas) sustentam a evolução. É por esse motivo, e apenas por esse motivo, que defendo a evolução com uma paixão comparável à paixão daqueles que a atacam. Minha paixão baseia-se nas evidências. A deles, que ignora as evidências, é verdadeiramente fundamentalista”.

SOU ATEU, MAS A RELIGIÃO VAI PERSISTIR. CONFORME-SE.

“Você quer se ver livre da religião? Boa sorte! Você acha que vai conseguir se ver livre da religião? Em que planeta você vive? A religião faz parte dele. Esqueça isso!” Eu agüentaria qualquer um desses argumentos, se eles fossem ditos num tom que chegasse pelo menos perto do da pena ou da preocupação. Pelo contrário. O tom de voz é às vezes até alegrinho. Não acho que se trate de masoquismo. O mais provável é que possamos de novo classificar o fenômeno como a “crença na crença”. Essa gente pode não ser religiosa, mas adora a idéia de que os outros sejam. O que me leva à categoria final das minhas réplicas.

SOU ATEU, MAS AS PESSOAS PRECISAM DA RELIGIÃO.

“O que você vai colocar no lugar dela? Como você vai consolar quem perde um ente querido? Como vai suprir a carência?”
Quanta condescendência! “Você e eu, é claro, somos inteligentes e cultos demais para precisar de religião. Mas as pessoas comuns, a patuléia, o proletariado orwelliano, os semi-idiotas deltas e épsilons huxleyanos, eles precisam da religião.” Isso me faz lembrar de uma ocasião em que estava dando uma palestra numa conferência sobre a compreensão pública da ciência, e investi brevemente contra “baixar o nível”. Na sessão de perguntas e respostas do final, uma pessoa da platéia ficou de pé e sugeriu que “baixar o nível” poderia ser necessário para “trazer as minorias e as mulheres para a ciência”. Seu tom de voz mostrava que ela realmente acreditava que estava sendo liberal e progressista. Só fico imaginando o que as mulheres e as “minorias” da platéia acharam.

Voltando à necessidade de consolo da humanidade, ela existe, é claro, mas não há alguma infantilidade na crença de que o universo nos deve um consolo, como de direito? A afirmação de Isaac Asimov sobre a infantilidade da pseudociência é igualmente aplicável à religião: “Vasculhe cada exemplar da pseudociência e você encontrará um cobertorzinho de estimação, um dedo para chupar, uma saia para segurar”. É impressionante, além do mais, a quantidade de gente que não consegue entender que “X é um consolo” não significa “X é verdade”. Uma crítica análoga a essa trata da necessidade de um “propósito” na vida. Citando um crítico canadense:

Os ateus podem estar certos sobre Deus. Vai saber. Mas, com Deus ou sem Deus, fica claro que há algo na alma humana que demanda a crença de que a vida tem um objetivo que transcende o plano material. Era de imaginar que um empiricista do tipo mais-racional-que-vós como Dawkins reconhecesse esse aspecto imutável da natureza humana […] Será que Dawkins acha mesmo que este mundo seria um lugar mais humano se todos nós procurássemos a verdade e o consolo em Deus, um delírio e não na Bíblia?


Na verdade sim, já que você mencionou “humano”, sim, acho, mas devo repetir, mais uma vez, que o potencial de consolo de uma crença não eleva seu valor de verdade. É claro que não posso negar a necessidade de consolo emocional, e não tenho como defender que a visão de mundo adotada neste livro ofereça um consolo mais que apenas moderado para, por exemplo, quem perdeu um ente querido. Mas, se o consolo que a religião parece oferecer se fundamenta na premissa neurologicamente implausibilíssima de que sobrevivemos à morte de nosso cérebro, você está mesmo disposto a defendê-lo? De qualquer maneira, acho que nunca encontrei ninguém que não concorde que, nas cerimônias fúnebres, as partes não religiosas (homenagens, poemas ou músicas favoritas do falecido) são mais tocantes que as orações.

Depois de ler Deus, um delírio, o dr. David Ashton, um médico britânico, escreveu-me contando da morte inesperada, no Natal de 2006, de seu adorado filho Luke, de dezessete anos. Pouco antes, os dois haviam conversado elogiando a entidade sem fins lucrativos que estou montando para incentivar a razão e a ciência. No enterro de Luke, na ilha de Man, seu pai sugeriu à congregação que, se alguém quisesse fazer algum tipo de contribuição em memória do filho, deveria enviá-la a minha fundação, como Luke gostaria. Os trinta cheques recebidos somaram mais de 2 mil libras, incluindo mais de seiscentas libras arrecadadas num evento no público local. O garoto era obviamente muito querido. Quando li o livreto da cerimônia fúnebre, chorei, literalmente, embora não conhecesse Luke, e pedi permissão para reproduzi-lo no RichardDawkins.net. Um gaitista solitário tocou o lamento local “Ellen Vallin”. Dois amigos fizeram discursos de homenagem, e o dr. Ashton recitou o belo poema “Fern Hill” [”Monte das samambaias”] (”Era eu jovem e tranqüilo, debaixo das macieiras” — que evoca tão dolorosamente a juventude perdida). E então, e tenho de respirar fundo para contar, ele leu as primeiras linhas de meu Desvendando o arco-íris, linhas que havia tempos eu tinha separado para o meu próprio enterro.

Nós vamos morrer, e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer. As pessoas potenciais que poderiam estar no meu lugar, mas que jamais verão a luz do dia, são mais numerosas que os grãos de areia da Arábia. Certamente esses fantasmas não nascidos incluem poetas maiores que Keats, cientistas maiores que Newton. Sabemos disso porque o conjunto das pessoas possíveis permitidas pelo nosso DNA excede em muito o conjunto de pessoas reais. Apesar dessas probabilidades assombrosas, somos eu e você, com toda a nossa banalidade, que aqui estamos…


Nós, uns poucos privilegiados que ganharam na loteria do nascimento, contrariando todas as probabilidades, como nos atrevemos a choramingar por causa do retorno inevitável àquele estado anterior, do qual a enorme maioria jamais nem saiu?

É óbvio que há exceções, mas suspeito que para muitas pessoas o principal motivo de se agarrarem à religião não seja o fato de ela oferecer consolo, e sim o de elas terem sido iludidas por nosso sistema educacional e não se darem conta de que podem não acreditar. Decerto é assim para a maioria das pessoas que acham que são criacionistas. Simplesmente não ensinaram direito a elas a impressionante alternativa de Darwin. É provável que o mesmo aconteça com o mito depreciativo de que as pessoas “precisam” da religião. Numa conferência recente, em 2006, um antropólogo (e exemplar perfeito do tipo eu-sou-ateu-mas) citou a resposta de Golda Meir quando questionada se acreditava em Deus: “Acredito no povo judaico, e o povo judaico acredita em Deus”. Nosso antropólogo usou sua própria versão: “Acredito nas pessoas, e as pessoas acreditam em Deus”. Prefiro dizer que acredito nas pessoas, e as pessoas, quando incentivadas a pensar por si sós sobre toda a informação disponível hoje em dia, com muita freqüência acabam não acreditando em Deus, e vivem uma vida realizada — uma vida livre de verdade.

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Fernando Silva
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Re.: Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio&quo

Mensagem por Fernando Silva »

Prefácio de "Deus, um delírio"

Quando era criança, minha mulher odiava a escola em que
estudava e sonhava poder sair de lá. Tempos depois, quando tinha
seus vinte e poucos anos, ela revelou sua infelicidade para os
pais, e a mãe ficou horrorizada: "Mas, querida, por que você não
nos contou"?. A resposta de Lalla é minha leitura do dia: "Mas eu
não sabia que podia".
Eu não sabia que podia.

Suspeito - quer dizer, tenho certeza - que há muita gente
por aí que foi criada dentro de uma ou outra religião e ou está
infeliz com ela, ou não acredita nela, ou está preocupada com tudo
de mau que tem sido feito em seu nome; pessoas que sentem um
vago desejo de abandonar a religião de seus pais e que gostariam
de poder fazê-lo, mas simplesmente não percebem que deixar a
religião é uma opção. Se você for uma delas, este livro é para você.

Sua intenção é conscientizar - conscientizar para o fato de que
ser ateu é uma aspiração realista, e uma aspiração corajosa e esplêndida.
É possível ser um ateu feliz, equilibrado, ético e intelectualmente
realizado. Essa é a primeira das minhas mensagens de conscientização.
Também quero conscientizar de três outras formas, que explico a seguir.

Em janeiro de 2006, apresentei um documentário de duas
partes na televisão britânica (Channel Four) chamado Root of all
evil [Raiz de todo o mal]. Desde o começo não gostei do título.
A religião não é a raiz de todo o mal, pois não há nada que possa
ser a raiz de tudo, seja lá o que tudo for.Mas adorei o anúncio que
o Channel Four publicou nos jornais nacionais. Era uma foto da
silhueta dos prédios de Manhattan com a legenda: "Imagine um
mundo sem religião". Qual era a ligação? A presença gritante das
torres gêmeas do World Trade Center.

Imagine, junto com John Lennon, um mundo sem religião.
Imagine o mundo sem ataques suicidas, sem o 11/9, sem o 7/7
londrino, sem as Cruzadas, sem caça às bruxas, sem a Conspiração
da Pólvora, sem a partição da Índia, sem as guerras entre israelenses
e palestinos, sem massacres sérvios/croatas/muçulmanos,
sem a perseguição de judeus como "assassinos de Cristo", sem
os "problemas" da Irlanda do Norte, sem "assassinatos em nome
da honra", sem evangélicos televisivos de terno brilhante e cabelo
bufante tirando dinheiro dos ingênuos ("Deus quer que você doe
até doer"). Imagine o mundo sem o Talibã para explodir estátuas
antigas, sem decapitações públicas de blasfemos, sem o açoite da
pele feminina pelo crime de ter se mostrado em um centímetro.

Aliás, meu colega Desmond Morris me informa que a magnífica
canção de John Lennon às vezes é executada nos Estados Unidos
com a frase "and no religion too" expurgada. Uma versão chegou
à afronta de trocá-la por "and one religion too".
Talvez você ache que o agnosticismo é uma posição razoável,
mas que o ateísmo é tão dogmático quanto a crença religiosa.

Nesse caso, espero que o capítulo 2 o faça mudar de idéia,
convencendo-o de que "A Hipótese de que Deus Existe" é uma
hipótese científica sobre o universo, que deve ser analisada com
o mesmo ceticismo que qualquer outra. Talvez tenham lhe ensinado
que filósofos e teólogos já apresentaram bons motivos para
acreditar em Deus. Se você pensa assim, pode ser que goste do
capítulo 3, sobre os "Argumentos para a existência de Deus"? os
argumentos se revelam de uma fragilidade espetacular. Talvez
você ache que é óbvio que Deus tem de existir, porque, do contrário,
como o mundo teria sido criado? Como poderia haver a
vida, em sua diversidade tão rica, com todas as espécies parecendo
ter sido misteriosamente "projetadas"? Se suas idéias tendem
para esse lado, espero que obtenha esclarecimentos com o capítulo
4, sobre "Por que quase com certeza Deus não existe". Longe
de indicar um projetista, a ilusão de que o mundo vivo foi projetado
é explicada de modo bem mais econômico e com elegância
devastadora pela seleção natural darwiniana. E, embora a seleção
natural por si só se limite a explicar o mundo das coisas vivas, ela
nos conscientiza para a probabilidade de que haja "guindastes"
explicativos comparáveis que possam nos ajudar a entender o
próprio cosmos. O poder de guindastes como a seleção natural é
a segunda das minhas quatro conscientizações.

Talvez você ache que tem de existir um deus, ou deuses,
porque antropólogos e historiadores registram que os crentes
dominam todas as culturas da humanidade. Se para você esse
argumento é convincente, por favor consulte o capítulo 5, sobre
"As raízes da religião", que explica por que a fé é tão onipresente.
Ou talvez você ache que a fé religiosa é necessária para que tenhamos
valores morais justificáveis. Não precisamos de Deus
para ser bons? Por favor leia os capítulos 6 e 7 para ver por que
isso não é verdade. Você ainda tem um fraco pela religião e acha
que ela é uma coisa boa para o mundo, mesmo que pessoalmente
já tenha perdido a fé? O capítulo 8 o convidará a pensar sobre
as formas pelas quais a religião não é algo tão bom assim para
o mundo.

Se você se sente aprisionado na religião em que foi criado,
valeria a pena se perguntar como isso aconteceu. A resposta normalmente
é alguma forma de doutrinação infantil. Se você é religioso,
a imensa probabilidade é de que tenha a mesma religião de
seus pais. Caso tenha nascido no Arkansas e ache que o cristianismo
é a verdade e o islã é a mentira, sabendo muito bem que
acharia o contrário se tivesse nascido no Afeganistão, então você
é vítima da doutrinação infantil. Mutatis mutandis se você nasceu
no Afeganistão.

A questão da religião e da infância é o tema do capítulo 9,
que também inclui minha terceira conscientização. Assim como
as feministas se arrepiam quando ouvem um "ele" em vez de "ele
ou ela", ou "o homem" em vez de "a humanidade", quero que
todo mundo se sinta mal quando ouvir uma expressão como "criança
católica" ou "criança muçulmana". Fale de uma "criança de pais
católicos", se quiser; mas, se ouvir alguém falando de uma "criança
católica", interrompa-o e educadamente lembre que as crianças
são novas demais para ter uma posição nesse tipo de assunto,
assim como são novas demais para ter uma posição sobre economia
ou política. Exatamente porque meu objetivo é conscientizar,
não peço desculpas por mencionar isso neste prefácio e também
no capítulo 9. Nunca é demais repetir. Vou dizer de novo. Aquela
não é uma criança muçulmana, mas uma criança de pais muçulmanos.

Aquela criança é nova demais para saber se é muçulmana
ou não. Não existe criança muçulmana. Não existe criança cristã.
Os capítulos 1 e 10 abrem e fecham o livro explicando, de
formas diferentes, como uma compreensão adequada da magnificência
do mundo real, mesmo sem jamais se transformar numa
religião, é capaz de preencher o papel inspiracional historicamente
- e inadequadamente - usurpado pela religião.
Minha quarta conscientização diz respeito ao orgulho ateu.
Não há nada de que se desculpar por ser ateu. Pelo contrário, é
uma coisa da qual se deve ter orgulho, encarando o horizonte de
cabeça erguida, já que o ateísmo quase sempre indica uma independência
de pensamento saudável e, mesmo, uma mente saudável.

Existem muitos que sabem, no fundo do coração, que são
ateus, mas não se atrevem a admitir isso para suas famílias e, em
alguns casos, nem para si mesmos. Isso acontece, em parte, porque
a própria palavra "ateu" freqüentemente é usada como um
rótulo terrível e assustador. O capítulo 9 cita a tragicômica história
de quando os pais da comediante Julia Sweeney descobriram,
lendo o jornal, que ela tinha virado atéia. O fato de ela não
acreditar em Deus eles até que agüentariam, mas atéia! ATÉIA!? (A
voz da mãe elevou-se num grito.)

Neste ponto, preciso dizer uma coisa em especial aos leitores
americanos, pois a religiosidade hoje nos Estados Unidos é
verdadeiramente impressionante. A advogada Wendy Kaminer
exagerou só um pouquinho quando observou que brincar com
religião é tão perigoso quanto queimar uma bandeira na sede da
Legião Americana.(1) O status dos ateus na América de hoje é
equivalente ao dos homossexuais cinqüenta anos atrás. Agora,
depois do movimento do Orgulho Gay, é possível, embora não
muito fácil, para um homossexual ser eleito para um cargo público.

Uma pesquisa da Gallup realizada em 1999 perguntou aos
americanos se eles votariam em uma pessoa qualificada que fosse
mulher (95% votariam), católica (94% votariam), judia (92%),
negra (92%), mórmon (79%), homossexual (79%) ou atéia (49%).
É evidente que há um longo caminho a percorrer. Mas os ateus
são muito mais numerosos, especialmente entre a elite culta, do
que muita gente imagina. Já era assim no século XIX, quando John
Stuart Mill pôde dizer: "O mundo ficaria surpreso se soubesse
como é grande a proporção dos seus ornamentos mais brilhantes,
dos mais destacados até na apreciação popular por sua sabedoria
e virtude, que são completamente céticos no que diz respeito
à religião".

Isso pode ser ainda mais verdadeiro hoje em dia, e apresento
evidências para tal no capítulo 3. O motivo de muitas pessoas
não notarem os ateus é que muitos de nós relutam em "sair do
armário". Meu sonho é que este livro ajude as pessoas a fazê-lo.
Exatamente como no caso do movimento gay, quanto mais gente
sair do armário, mais fácil será para os outros fazer a mesma coisa.
Pode ser que haja uma massa crítica para o início da reação
em cadeia.

Pesquisas americanas sugerem que o número de ateus e
agnósticos supera de longe o de judeus religiosos, e até o da maioria
dos outros grupos religiosos específicos. Diferentemente dos
judeus, porém, que notoriamente são um dos lobbies políticos
mais eficazes dos Estados Unidos, e diferentemente dos evangélicos,
que exercem um poder político maior ainda, os ateus e
agnósticos não são organizados e portanto praticamente não têm
nenhuma influência. Na verdade, organizar ateus já foi comparado
a arrebanhar gatos, porque eles tendem a pensar de forma
independente e a não se adaptar à autoridade.Mas um bom primeiro
passo seria construir uma massa crítica daqueles dispostos
a "sair do armário", incentivando assim os outros a fazer o
mesmo. Embora não formem um rebanho, gatos em número
suficiente podem fazer bastante barulho e não ser ignorados.

A palavra "delírio" do meu título inquietou alguns psiquiatras,
que a consideram um termo técnico que não deve ser usado
à toa. Três deles me escreveram para propor um termo técnico
especial para a alucinação religiosa: "relírio".(2) Talvez pegue. Mas
por enquanto vou ficar com "delírio", e preciso justificar seu uso.
O Penguin English dictionary define "delusion" [delírio] como
"crença ou impressão falsa". O surpreendente é que a citação
ilustrativa dada pelo dicionário é de Phillip E. Johnson: "O darwinismo
é a história da libertação da humanidade do delírio de
que seu destino é controlado por um poder maior que ela mesma".

Será possível que esse seja o mesmo Phillip E. Johnson que
lidera a ofensiva criacionista contra o darwinismo nos Estados
Unidos atuais? É ele mesmo, e a citação, como seria de imaginar,
foi tirada do contexto. Espero que o fato de eu ter afirmado isso
seja notado, já que a mesma cortesia não me foi estendida em
várias citações criacionistas de minhas obras, tiradas do contexto
de forma deliberada e enganadora. Qualquer que seja o significado
pretendido por Johnson, eu teria o maior prazer em endossar
a frase da forma como ela está lá. O dicionário que vem com o
Microsoft Word define delírio como "uma falsa crença persistente
que se sustenta mesmo diante de fortes evidências que a contradigam,
especialmente como sintoma de um transtorno psiquiátrico".

A primeira parte captura perfeitamente a fé religiosa. Quanto
a ser ou não um sintoma de transtorno psiquiátrico, tendo a
concordar com Robert M. Pirsig, autor de Zen e a arte da manutenção
de motocicletas: "Quando uma pessoa sofre de um delírio,
isso se chama insanidade. Quando muitas pessoas sofrem de um
delírio, isso se chama Religião".

Se este livro funcionar do modo como pretendo, os leitores
religiosos que o abrirem serão ateus quando o terminarem. Quanto
otimismo e quanta presunção! É claro que fiéis radicais são
imunes a qualquer argumentação, com a resistência erguida por
anos de doutrinação infantil executada com técnicas que levaram
séculos para amadurecer (ou pela evolução ou por ardil). Entre
os dispositivos imunológicos mais eficazes está a temerosa advertência
contra o simples ato de abrir um livro como este, que
certamente é obra de Satã. Mas acredito que há muita gente de
mente aberta por aí: pessoas cuja doutrinação infantil não foi tão
insidiosa, ou que por outros motivos não "pegou", ou cuja inteligência
natural seja forte o bastante para superá-la. Espíritos
livres como esses devem precisar só de um pequeno incentivo
para se libertar de vez do vício da religião.No mínimo, espero que
ninguém que tenha lido este livro ainda possa dizer: "Eu não sabia
que podia".

Pela ajuda na elaboração deste livro, sou grato a muitos amigos
e colegas. Não tenho como citar todos, mas entre eles estão
meu agente literário John Brockman e meus editores, Sally Gaminara
(para a Transworld) e Eamon Dolan (para a Houghton
Mifflin), que leram o livro com sensibilidade e compreensão e me
deram uma mistura muito útil de críticas e conselhos. Sua fé entusiasmada
e sincera no livro foi um grande incentivo para mim.

Gillian Somerscales foi uma preparadora exemplar, tão construtiva
em suas sugestões como meticulosa em suas correções. Outros
que criticaram os vários esboços, e aos quais sou muito grato,
são Jerry Coyne, J. Anderson Thomson, R. Elisabeth Cornwell,
Ursula Goodenough, Latha Menon e especialmente Karen Owens,
crítica extraordinaire, cuja familiaridade com a costura e a descostura
de cada rascunho do livro foi quase tão detalhada quanto
a minha.

O livro deve algo (e vice-versa) ao teledocumentário em duas
partes "Root of all evil", que apresentei na televisão britânica (Channel
Four) em janeiro de 2006. Sou grato a todos os que se envolveram
na produção, incluindo Deborah Kidd, Russell Barnes, Tim
Cragg, Adam Prescod, Alan Clements e Hamish Mykura. Pela
permissão de usar citações do documentário, agradeço à IWC
Media e ao Channel Four. "Root of all evil" teve índices excelentes
de audiência na Grã-Bretanha, e também foi transmitido pela
Australian Broadcasting Corporation. Ainda não se sabe se alguma
emissora dos Estados Unidos vai ter a ousadia de exibi-lo.*

* Atualmente, o DVD do documentário está disponível para compra em www.
richarddawkins.net/store.

Este livro já vinha se desenvolvendo na minha cabeça fazia
alguns anos. Durante esse tempo, foi inevitável que algumas das
idéias fossem apresentadas em palestras, como nas minhas Tanner
Lectures em Harvard, e em artigos de jornais e revistas. Os
leitores de minha coluna regular na Free Inquiry, especialmente,
podem achar certos trechos familiares. Sou grato a Tom Flynn,
editor dessa revista admirável, pelo estímulo que me deu quando
me entregou uma coluna regular. Depois de um intervalo temporário
para a conclusão do livro, espero agora retomá-la, e sem
dúvida vou usá-la para responder às repercussões do livro.

Por vários motivos sou grato a Dan Dennett, Marc Hauser,
Michael Stirrat, Sam Harris, Helen Fisher, Margaret Downey,
Ibn Warraq, Hermione Lee, Julia Sweeney, Dan Barker, Josephine
Welsh, Ian Baird e especialmente George Scales. Hoje em
dia, um livro como este não estará completo enquanto não se
tornar o núcleo de um site cheio de vida, um fórum para materiais
complementares, reações, discussões, perguntas e respostas
- quem sabe o que o futuro pode trazer? Espero que o endereço
http://www.richarddawkins.net/, da Fundação Richard Dawkins
para a Razão e a Ciência, supra esse papel, e sou extremamente
grato a Josh Timonen pela arte, pelo profissionalismo e pelo trabalho
duro que ele empenha no site.

Acima de tudo, agradeço a minha mulher, Lalla Ward, que
com paciência me orientou ao longo de todas as minhas hesitações
e autoquestionamentos, não apenas com apoio moral e sugestões
sagazes de aperfeiçoamento, mas também ao ler o livro
inteiro em voz alta para mim, em dois estágios diferentes de seu
desenvolvimento, para que eu pudesse captar diretamente como
ele soaria para outro leitor que não eu mesmo. Recomendo a técnica
a outros autores, mas devo advertir que para melhores resultados
o leitor precisa ser um ator profissional, com a voz e o ouvido
sensivelmente sintonizados com a música da linguagem.

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Najma
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Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
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Re.: Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio&quo

Mensagem por Najma »

Opa... o previsível ataque infundado cristão contra a assertividade consciente do ateu... Essa briga promete. :emoticon1:
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Wallace
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Re: Re.: Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio

Mensagem por Wallace »

Najma escreveu:Opa... o previsível ataque infundado cristão contra a assertividade consciente do ateu... Essa briga promete. :emoticon1:


A crítica não vem, em absoluto, só dos religiosos. Inclusive há colegas/parceiros dele que estão a criticá-lo por todos os motivos possíveis. Creio que o homem esteja em decadência produtiva!

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Najma
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Re: Re.: Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio

Mensagem por Najma »

Wallace escreveu:
Najma escreveu:Opa... o previsível ataque infundado cristão contra a assertividade consciente do ateu... Essa briga promete. :emoticon1:


A crítica não vem, em absoluto, só dos religiosos. Inclusive há colegas/parceiros dele que estão a criticá-lo por todos os motivos possíveis. Creio que o homem esteja em decadência produtiva!


Consegui ler tudo agora... É vero, ele está respondendo a críticas de pessoas que nem se assumem religiosas mas que jogaram a toalha e aceitam que o mundo necessita de religiões...

É um condicionamento. Romper com esse tipo de condicionamento é muito difícil sem se tornar um "condicionador" por sua vez... :emoticon15:
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SickBoy
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Re.: Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio&quo

Mensagem por SickBoy »

“Vasculhe cada exemplar da pseudociência e você encontrará um cobertorzinho de estimação, um dedo para chupar, uma saia para segurar”


Asimov era foda

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NadaSei
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Mensagem por NadaSei »

Dawkins escreveu:É claro que fiéis radicais são
imunes a qualquer argumentação, com a resistência erguida por
anos de doutrinação infantil executada com técnicas que levaram
séculos para amadurecer (ou pela evolução ou por ardil). Entre
os dispositivos imunológicos mais eficazes está a temerosa advertência
contra o simples ato de abrir um livro como este, que
certamente é obra de Satã.

Mas acredito que há muita gente de
mente aberta por aí: pessoas cuja doutrinação infantil não foi tão
insidiosa, ou que por outros motivos não "pegou", ou cuja inteligência
natural seja forte o bastante para superá-la. Espíritos
livres como esses devem precisar só de um pequeno incentivo
para se libertar de vez do vício da religião.No mínimo, espero que
ninguém que tenha lido este livro ainda possa dizer: "Eu não sabia
que podia".

Acho que esse é o problema fundamental no discurso dele... é voltado para crentes e parece não diferenciar um teísta de um crente em uma religião especifica, faz parecer que ou você é um crente "condicionado", iludido por uma criação delirante, ou um ateu racional e cético.
Claro, deixando um espaço para iludidos de mente aberta que precisam de um empurrão para a racionalidade.

A associação entre um mundo sem religião e um mundo sem o 11/9 e coisas do tipo também foi foda... :emoticon11:
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Fernando Silva
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Re: Re.: Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio

Mensagem por Fernando Silva »

Wallace escreveu:
Najma escreveu:Opa... o previsível ataque infundado cristão contra a assertividade consciente do ateu... Essa briga promete. :emoticon1:

A crítica não vem, em absoluto, só dos religiosos. Inclusive há colegas/parceiros dele que estão a criticá-lo por todos os motivos possíveis. Creio que o homem esteja em decadência produtiva!

Note que ele respondeu também às críticas vindas dos ateus.

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Wallace
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Re: Re.: Dawkins responde a críticas a "Deus um delírio

Mensagem por Wallace »

Fernando Silva escreveu:
Wallace escreveu:
Najma escreveu:Opa... o previsível ataque infundado cristão contra a assertividade consciente do ateu... Essa briga promete. :emoticon1:

A crítica não vem, em absoluto, só dos religiosos. Inclusive há colegas/parceiros dele que estão a criticá-lo por todos os motivos possíveis. Creio que o homem esteja em decadência produtiva!

Note que ele respondeu também às críticas vindas dos ateus.


Eu vi!

Trancado