Pastor queima imagem sacra do século 17 no RS

[O ENCOSTO]

Pastor queima imagem sacra do século 17 no RS

Estátua era cadastrada no Iphan e foi trocada por orações com família de doente

Uma imagem cadastrada no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi queimada pelo pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Fábio Guimarães da Silva Pereira. O fato ocorreu em julho deste ano, em São Borja, na Fronteira Oeste.

Na época, a família de Leôncio Ayala Chagas, desenganado por médicos, procurou o pastor para que orasse por sua recuperação. Numa das visitas à casa de Chagas, ele se apropriou de duas estátuas, uma representando Cristo Morto e outra, São Pedro.

O pastor responde por crime contra o patrimônio histórico na 3ª Vara Cível de São Borja. Conforme a Agência Estado, ele afirmou que a queima de imagens é uma prática comum nos cultos da Universal e garantiu não saber que as duas imagens eram cadastradas pelo Iphan.

As imagens faziam parte de um acervo obtido pela família Chagas no início do século passado, segundo o diretor de Assuntos Culturais do município, Fernando Rodrigues, que fez a denúncia ao Ministério Público. Depois do desaparecimento das duas estátuas, a família resolveu doar outras oito imagens ao Museu Missioneiro.

A família Chagas mora na periferia de São Borja e era guardiã das peças. Segundo Oraides, a mulher de Leôncio, as imagens que conservava foram salvas de um incêndio ocorrido numa capela. Elas estavam em um pequeno oratório na sala da casa.

São Borja é um dos Sete Povos das Missões, fundado em 1636 pelos jesuítas como uma redução de índios guaranis. Da época, restam apenas 82 estátuas no estilo barroco jesuítico, todas tombadas pelo Iphan. Dessas, 35 estão no Museu Municipal Aparício Silva Rillo, 13 encontram-se em poder da Igreja Católica e as outras 34 estão espalhadas por casas de famílias que já detinham a posse delas.


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