Tânia Monteiro e Marina Guimarães
O Estado de S. Paulo
22/2/2008
Brasil deixa de ser devedor e passa a ser credor internacional
Ativos brasileiros no exterior superaram a dívida externa pública e privada em mais de US$ 4 bilhões em janeiro
Pela primeira vez na história, o Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor externo. O feito aconteceu em janeiro e foi anunciado ontem pelo Banco Central. Segundo relatório do BC, baseado em dados ainda preliminares, os ativos brasileiros no exterior superaram o total da dívida externa pública e privada em mais de US$ 4 bilhões no mês passado.
De acordo com o BC, o aumento das reservas internacionais em ritmo “sem precedentes” nos últimos meses e a antecipação de pagamentos da dívida externa permitiram ao Brasil deixar a posição devedora para ficar credor de outros países.
O relatório foi publicado na página do Banco Central na internet, mas dados completos serão divulgados apenas na próxima segunda-feira, dia 25. Em nota divulgada à noite, o presidente do BC, Henrique Meirelles, comemorou o feito.
“Essa melhora significa que estamos superando gradativamente um longo período caracterizado por vulnerabilidade e crises, causadas principalmente pela dificuldade em honrar o passivo externo do País”, afirma Meirelles. Ele destacou que os indicadores externos positivos são resultado da “implementação de políticas macroeconômicas responsáveis e consistentes, baseadas no tripé responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas para a inflação”.
O relatório do BC lembra que a dívida externa líquida - resultado da diferença entre a dívida total e os ativos brasileiros no exterior - era de US$ 165,2 bilhões no início de 2003, período que coincide com o começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, o indicador cai anualmente e em ritmo cada vez maior até a inversão dos sinais em janeiro.
Nesse indicador, não estão incluídos os investimentos diretos brasileiros no exterior nem os investimentos estrangeiros no Brasil. Além das reservas, os ativos brasileiros considerados no cálculo incluem créditos dos bancos brasileiros no exterior e aplicações financeiras de empresas e pessoas físicas.
Mas o grande motivo para a melhoria dos indicadores externos foi o aumento das reservas, que tiveram “evolução sem precedentes” nos últimos anos, ressalta o BC, que passaram “de US$ 16,3 bilhões em 2002, quando excluídos os empréstimos do FMI, para US$ 180,3 bilhões ao final de 2007”. Somente no ano passado, as reservas saltaram 110,1%.
De acordo com o relatório, o reforço das reservas foi obtido graças à sobra de dólares no País, o chamado superávit do mercado, que foi de US$ 150 bilhões entre 2003 e 2007. Boa parte desse dinheiro foi comprada pelo Banco Central para compor as reservas. Em cinco anos, as compras do BC somaram US$ 141,3 bilhões, dos quais 55,6% apenas em 2007.
Apesar das compras recordes do BC no mercado, o texto avalia que as intervenções têm sido pautadas pelo respeito à política de câmbio flutuante. “Ou seja, não adicionando volatilidade ao mercado e não definindo pisos nem tendências.”
Outro fator que explica a posição credora do Brasil está na própria dívida externa. Nos últimos anos, o governo aproveitou a forte liquidez da economia mundial para antecipar vários pagamentos. Nesse período, por exemplo, o governo zerou a dívida do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e resgatou antes do vencimento vários títulos que foram emitidos na renegociação da dívida externa brasileira de 1994.
Com a evolução positiva dos indicadores ligados à dívida, o texto afirma que o Brasil está, atualmente, mais bem preparado para enfrentar crises. Para o BC, houve “inquestionável fortalecimento da posição externa do País”. “A melhoria desses indicadores tende a mitigar, embora sem anular por completo, o impacto de eventos externos adversos”, conclui o relatório.
BRASIL VIRA CREDOR INTERNACIONAL
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"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
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Re: BRASIL VIRA CREDOR INTERNACIONAL
Por falar nisso, paece que o Brasil tornou-se credor internacional. Se alguém souber de alguma noticia, por favor, coloque ela no forum.
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Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
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Re: BRASIL VIRA CREDOR INTERNACIONAL
http://www.projetobr.com.br/web/blog/5#6553
É blefe essa história do presidente do Banco Central Henrique Meirelles, de que a “zeragem” da dívida externa significa que “estamos superando gradativamente um longo período caracterizado por vulnerabilidade e crises”.
O que garante a superação dessas crises é o superávit nas contas correntes, principalmente a solidez do superávit na balança comercial. O risco Brasil começou a despencar quando consolidou-se o superávit comercial.
O que o Banco Central fez foi mais um ataque impiedoso às contas públicas, ao trocar dívida externa por interna – a um custo muitíssimo mais elevado -, acumulando reservas cambiais e permitindo a apreciação do real.
Se a balança comercial é robusta, a dívida externa não significa risco algum. É perfeitamente possível mantê-la e reduzir gradativamente, sem peso maior sobre o Tesouro.
O contribuinte pagou a conta (do custo fiscal das reservas) para permitir aos grandes grupos endividados em dólar reduzir o peso da sua dívida externa e ao mercado ter uma sobrevida de ganhos com a apreciação do real.
É blefe essa história do presidente do Banco Central Henrique Meirelles, de que a “zeragem” da dívida externa significa que “estamos superando gradativamente um longo período caracterizado por vulnerabilidade e crises”.
O que garante a superação dessas crises é o superávit nas contas correntes, principalmente a solidez do superávit na balança comercial. O risco Brasil começou a despencar quando consolidou-se o superávit comercial.
O que o Banco Central fez foi mais um ataque impiedoso às contas públicas, ao trocar dívida externa por interna – a um custo muitíssimo mais elevado -, acumulando reservas cambiais e permitindo a apreciação do real.
Se a balança comercial é robusta, a dívida externa não significa risco algum. É perfeitamente possível mantê-la e reduzir gradativamente, sem peso maior sobre o Tesouro.
O contribuinte pagou a conta (do custo fiscal das reservas) para permitir aos grandes grupos endividados em dólar reduzir o peso da sua dívida externa e ao mercado ter uma sobrevida de ganhos com a apreciação do real.
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