O CASO ALSTOM E O VEXAME DA IMPRENSA BRASILEIRA

[Aranha]

Não sou da turma que nega a ocorrência do Mensalão, nem caio no erro de pôr a culpa na imprensa por algo que obviamente decorre da desonestidade de alguns integrantes do Governo Federal.

Mas também não dá para negar que a grande mídia pega bem mais pesado com o PT, bem como exerce uma "quase cumplicidade" em relação a seus adversários (em especial o PSDB ).

Quando estourou o Mensalão, o escândalo tomou conta do noticiário. Não acho que isso seja golpismo. É imprensa, e jornalismo é isso. Chegávamos a ver sessões do Conselho de Ética transmitidas por emissoras de TV aberta.

E o escândalo da Alstom? Nada...

O grande problema é que o recente caso que abala estruturas tucanas - em especial aquelas ligadas a Covas e Alckmin - também envolve estruturas empresariais internacionais - de modo que a imprensa da "gringolândia" se interessa pelo tema.

Se para nossos datilógrafos alguns caciques são figuras "que metem medo", para os empregados de Murdoch, dono do "The Wall Street Journal" não passam de coroneizinhos de uma republiqueta.

Enquanto articulistas e blogueiros da mídia brazuca tentam fazer de conta que não existe um escândalo absurdo envolvendo os governos Covas e Alckmin, jornais do resto do mundo atropelam a retórica desses paus mandados e trazem CONFISSÕES de gente que garante ter recebido grana da Alstom.

Não faz o menor sentido toda aquela voracidade jornalística em 2005 e 2006 e agora uma verdadeira catatonia. E não me venham com esse sofisma de "isentismo", como se "tomar partido" fosse fazer a defesa sistemática desta ou daqueala legenda.

Tomar partido é, antes e acima de tudo, ter um norte ético, desatrelado de compromissos com qualquer legenda e/ou empregador/financiador direto ou indireto. Aplaudo a imprensa que vai atrás do Mensalão até o inferno; e quero aplaudi-la para que faça o mesmo com o caso Alstom.

Não Há Nada Provado...?
Parece piada, mas há gente dizendo isso do escândalo da Alstom. E é mais engraçado quando sai da boca - ou da pena, dos dedos etc - de quem ao mesmo tempo reclama dos que exigem provas documentais de uma testemunha.

Sim, é ridículo exigir a evidência material durante produção de prova oral; assim como é ridículo exigir prova mais contundente do que a quantidade absurda de documentos, depoimentos e até confissão.

Isso de "não há provas" é tergiversação malufística. É intelectualmente desonesto partir para essa linha. Em primeiro lugar, porque cabe à imprensa IR ATRÁS DAS PROVAS - e não esperar que elas cheguem. Foi o que fez o jornal norte-americano e conseguiu uma CONFISSÃO.

Abaixo, trecho da coluna de hoje de Elio Gaspari (na Folha e n'O Globo):

"A TROPA DE choque do governador José Serra na Assembléia Legislativa de São Paulo impediu, pela segunda vez, que a CPI da Eletropaulo discutisse as maracutaias da fornecedora de equipamentos Alstom com os governos tucanos. Derrubaram requerimentos de convocação de ex-administradores e rejeitaram até mesmo requisições de documentos relacionados com uma investigação que segue seu curso na Suíça e na França.

Para quem queria manter o caso longe da luz do sol, o garrote da Assembléia pareceu um capuz eficaz. Faltou combinar com o "Wall Street Journal" e com os promotores europeus. Dois dias depois da vitória da tropa de choque, três repórteres, trabalhando em Paris, Berlim e São Paulo expuseram pela segunda vez as propinas da Alstom.

A investigação suíça chegou a um arquivo de 11 pastas guardado na casa da secretária de um banqueiro, em Zurique. Lá está documentado que, em 1997, a Alstom começou a pagar propinas a um intermediário brasileiro. Deram-lhe o codinome de "Claudio Mendes" e repassaram-lhe pelo menos US$ 5 milhões. Esse dinheiro azeitava contratos de compra de equipamentos para hidrelétricas e o Metrô de São Paulo.

A Alstom e "Claudio Mendes" montaram uma lavanderia internacional de propinas. Alguns tintureiros já apareceram. Entre 1998 e 2001, o engenheiro José Geraldo Villas Boas, ex-presidente da Cesp, recebeu US$ 1,4 milhão da Alstom. Villas Boas assegura que prestou serviços à empreiteira, mas reconhece que outros pagamentos eram fictícios. Quais? "O quê, você quer que eu leve um tiro?"

A suposição de que o caso da Alstom pode ser abafado é produto da arrogância.

José Serra, sua tropa de choque e os grão-tucanos ganharam a companhia de "Claudio Mendes". Quem é ele? Como não é ninguém, a operação abafa produzirá um só resultado: "Claudio Mendes" serão aqueles que não quiserem ouvir falar da Alstom" (grifos nossos)

Cabe à imprensa, portanto, ir atrás desses fatos. Não são "suposições"; são fatos, sim. E, se o PSDB quer continuar tendo o direito de falar um "a" do PT, precisa fazer uma investigação profunda do que houve e punir quem pisou no tomate.

A imprensa brasileira passa vergonha enquanto jornais do resto do mundo fazem uma investigação decente. O papel de nossos jornais é única e tão-somente repercutir o que se noticia, divulga e investiga "lá fora"?

Creio que não.

transubstanciado por gravata às 22.06.08 - 21:33:36 | 12 comentários
20/06/2008

FONTE: Imprensa Marrom

Abraços,

[O ENCOSTO]

Que texto idiota.

O PT, Psol, PSTU e sei lá mais quem, estão se borrando de medo também?

O mais provavel é que estão guardando isso para as eleições, já que PSDB, DEM e sei lá quem mais vão usar o caso da VariLog.

[Apo]

Bem texto do Gravataí Merengue. Daqui a pouco ele aparece para conferir o que postaram... o site dele redireciona sempre que é citado.