
Manifestantes pediram legislação que proteja seus cultosSob o som de tambor e cânticos religiosos, representantes de comunidades afros protestaram contra o que consideram intolerância e discriminação, ontem, na Assembléia Legislativa e no Palácio Piratini.
Ainda sob o impacto da polêmica lei municipal (suspensa por liminar da Justiça na semana passada) que proibia jogar restos de animais nas ruas da Capital, o que atinge os rituais de origem africana, os manifestantes cobraram posicionamento da governadora Yeda Crusius e dos deputados.
Vestidos com roupas de culto, os religiosos chegaram a limpar com vassouras as calçadas em frente aos prédios, invocando Xapanã, orixá responsável por varrer doenças e situações negativas.
- Queremos iniciar uma grande discussão no Estado em torno das dificuldades de praticar as nossas religiões. A lei de Porto Alegre foi um estopim, pois há muito tempo estamos sofrendo com intolerância e perseguições - afirma a yalorixá Vera Soares, coordenadora-geral do Fórum Estadual de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana.
O grupo conseguiu audiência com o presidente da Assembléia, Alceu Moreira, e solicitou audiências públicas e o início de debates para construir uma legislação específica para proteger as crenças.
Logo depois, os religiosos se dirigiram ao Piratini, onde foram recebidos por assessores do chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel. Pediram atenção especial do governo para orientar melhor as forças de segurança pública com relação às práticas afros.
- Hoje, a lei do silêncio, de responsabilidade dos municípios, coloca no mesmo nível os nossos cultos e as boates. Existe um grande despreparo do poder público, que não tem o conhecimento suficiente e julga por essa lei, ferindo a Constituição, a qual garante a liberdade ao culto e à prática religiosa - lamenta Vera.
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