
Condoleezza Rice disse que não aprovou métodos de tortura, mas documentos contradizem sua versão
Depois do ex-vice-presidente Dick Cheney e do ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld, quem aparece agora implicada no escândalo das autorizações de tortura realizadas por autoridades americanas é Condoleezza Rice, que ganhou notoriedade como secretária de Estado do governo George W. Bush. De acordo com mais um documento secreto divulgado quarta-feira (22), Rice autorizou verbalmente o uso de práticas como o waterboarding, que simula o afogamento.
A informação está em um relatório publicado pelo Senado americano. Em 17 de julho de 2002, Condoleezza, então conselheira de segurança nacional, disse que a CIA, a principal agência de inteligência dos EUA, poderia usar “métodos alternativos de interrogatório”, incluindo o waterboarding, contra Abu Zubaydah, um suposto recrutador da Al Qaeda, a organização terrorista de Osama bin Laden. A declaração foi feita em um encontro com George Tenet, então chefe da CIA. No mês seguinte à conversa, Zubaydah passou 83 vezes pelo waterboarding. A revelação contradiz afirmação recente de Condoleezza. Em um documento por escrito enviado ao Senado, a ex-secretária afirmou ter participado de reuniões nas quais os métodos de tortura foram discutidos, mas negou ter autorizado a prática.
Desde que a administração do presidente Barack Obama decidiu tornar públicos alguns memorandos do Departamento de Justiça durante o governo Bush, a cada dia surgem novas revelações. Na quarta-feira (17), uma reportagem mostrou que Dick Cheney e Donald Rumsfeld insistiram nos interrogatórios como forma de conseguir provas de uma suposta ligação entre a Al Qaeda e o Iraque, que nunca existiu, mas que serviu de base para a invasão do país pela coalizão liderada pelos Estados Unidos.
Na segunda-feira, Obama ampliou a polêmica ao deixar aberta a possibilidade de que membros do Departamento de Justiça que criaram as bases legais para a aplicação da tortura fossem processados. Agora, os democratas querem levar o caso às últimas conseqüências, com punições até para membros do alto escalão do governo Bush. Já esses ex-funcionários do ex-presidente americano, liderados por Dick Cheney, sustentam que os métodos eram legais e foram úteis para conseguir informações sobre a Al Qaeda.
FONTE: Revista Época
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