Democracia brasileira em risco com descrédito do governo

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Fernando Silva
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Democracia brasileira em risco com descrédito do governo

Mensagem por Fernando Silva »

Os militares não vão cometer o mesmo erro de novo, mas algum Hugo Chávez brasileiro pode se aproveitar da situação.

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/c ... emocratico
26/04/2009 "O Globo"
Risco democrático
miriamleitao@oglobo.com.br

A coluna de quarta-feira começou assim: “A democracia brasileira está funcionando muito mal.” Era otimismo. O barraco no Supremo, no dia seguinte, foi um sintoma de que o país pode estar em situação pior. Crises institucionais são normalmente conflitos entre os poderes. No nosso caso, a crise institucional é dentro de cada um dos poderes. Eles estão se perdendo em seus labirintos.

O Senado tem, atualmente, quase o mesmo número de senadores biônicos que tinha no governo militar. A Câmara dos Deputados não parece ter função institucional, vive em torno de si mesma, discutindo e defendendo seus vários benefícios e salários indiretos. O Supremo Tribunal Federal toma decisões confusas, seus ministros têm refregas públicas desconcertantes e seu presidente tem falado demais. O Executivo tem uma lista extensa e perigosa de erros e omissões.

O episódio do bate-boca entre os ministros do Supremo foi grotesco e marcou a semana. Mas ele foi apenas um sintoma do mau funcionamento da instituição. Pior do que isso são as decisões estranhas dos tribunais superiores tomadas nos últimos tempos, como a proibição de uso de algema, a interpretação de que o criminoso só vai preso depois de esgotado o último recurso — que abre caminho para as chicanas e manobras dos advogados habilidosos e caros — e a ideia esdrúxula de que o derrotado na eleição deve ser empossado no lugar de governadores afastados.

O ativismo judicial da Suprema Corte deveria se limitar aos casos que estão sendo julgados, que já são muitos. Os casos das células-tronco ou da demarcação de terras indígenas mostraram uma decisiva atuação do órgão máximo do Judiciário. Nestas e em outras situações em que o país esteve dividido, a Corte falou pelos autos e encaminhou a solução.

O Supremo Tribunal Federal fala pelos autos, não pelos cotovelos. Concordando-se ou não com ideias defendidas pelo presidente Gilmar Mendes, o fato é que, quando ele emite tantas opiniões sobre assuntos tão diferenciados, acaba criando uma confusão institucional. Pelo cargo que ocupa, cada palavra dele é ouvida como uma manifestação do Judiciário.

Por outro lado, o Judiciário sofre o efeito da omissão do governo em áreas pantanosas. Agora, por exemplo, estão sendo julgadas – diante de uma espantosa omissão do Executivo – as ações dos correntistas contra os bancos por causa das decisões tomadas pelos planos econômicos. Elas exigem dos bancos indenizações equivalentes a 65% do patrimônio liquido de todas as instituições financeiras, inclusive as estatais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica. O governo lavou as mãos porque o assunto é impopular e quer que o Supremo tire a brasa do fogo. Governos não podem se omitir num caso que põe em risco a solidez do sistema bancário no meio de grave crise financeira internacional.

O Legislativo é fonte de escândalos e dissabores. No governo Geisel, em abril de 1977, o Congresso foi fechado e um pacote autoritário estabeleceu que um terço dos senadores seria indicado pelo governo. Atual-mente, quase 20% dos senadores não receberam voto algum dos eleitores, mas apenas o do titular da cadeira. E como diz o indigesto biônico Wellington Salgado, é melhor ser suplente do que disputar eleições.

A Câmara dos Deputados discute a defesa de si mesma e de suas várias formas de remuneração: o uso extravagante da verba de passagens aéreas, a aplicação da verba indenizatória, a manutenção dos mais variados “auxílios”. Tudo é estranho ao cidadão comum. Como entender que, no Brasil, paga-se um volume mensal de dinheiro para “indenizar” os deputados pelo exercício do mandato. Melhor acabar com a hipocrisia, definir-se o salário do parlamentar, revogando-se os ganhos indiretos e suas falsas justificativas.

Um taxista me disse recentemente: “O Maradona disse que cada gol da Bolívia foi um ‘golpe em mi corazón’. Pois eu digo: cada decisão desse Congresso é um ‘golpe em mi corazón’.

Os parlamentares fazem as mais disparatadas declarações que só mesmo um coração forte para conseguir aguentar. “Esta-mos ferrados”, disse um deputado sobre o controle das passagens aéreas. “Ele não vem trabalhar aqui porque é muito feio”, disse um senador sobre seu funcionário fantasma. Soterrado por medidas provisórias, olhando para o seu próprio umbigo, fora de qualquer agenda relevante, o Congresso Nacional hoje, para o cidadão, é desimportante. Amanhã, será visto como um estorvo.

No Executivo, a coleção de impropriedades ditas pelo presidente da República é imensa. Com os ditos, quase já nos acostumamos. Piores são os feitos. Os gastos excessivos com despesas de custeio, os 300 mil funcionários públicos contratados, a ocupação partidária da máquina pública que não respeita nem os melhores centros de pesquisas, o uso das estatais para sustentar um projeto partidário, o uso dos bancos públicos no socorro a empresas que tomaram decisões empresariais erradas.

O cidadão que tudo paga, e tudo vê, pode se perguntar se vale a pena manter isso. A História não se repete. Os militares não sairão dos quartéis. Isso já vivemos e foi o começo de uma longa noite. Agora, o risco é o desinteresse e a revolta silenciosa pelos contínuos golpes no “corazón”. Isso cimenta a pista de algum aventureiro, algum “salvador da pátria”, que tenha eloquência populista, soluções simplistas e maus propósitos.

Míriam Leitão / Com Leonardo Zanelli

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Botanico
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Re: Democracia brasileira em risco com descrédito do governo

Mensagem por Botanico »

Diante das medidas supostamente moralizadores (supostamente, pois já têm brechas para permitir aos paralamentares continuar tudo como dantes no quartel dos Abrantes), um dos paralamentares falaram que com isso iam fechar o Congresso.

Ora, quem já fechou esse Congresso foram eles mesmos: não votam nada. Só esperam vir lá a medida provisória do Executivo. Li na Folha, não sei de hoje ou de ontem, que metade das coisas que votaram lá foi troca de nome de cidades, praças, e logradouros. Só um aeroporto em Macapá teve o seu nome mudado duas vezes em um mês. Na segunda houve até um parecer contrário, mas o Mulla não quis vetar para não se desgastar com o paralamentar que fez a nova proposta de nome. Esses agradinhos são importantes para o ego dos paralamentares.

É meu caro! Se esse Congresso for extinto, sinceramente não sentirei falta dele.
Editado pela última vez por Botanico em 26 Abr 2009, 22:06, em um total de 1 vez.

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marta
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Re: Democracia brasileira em risco com descrédito do governo

Mensagem por marta »

Eu não tenho dúvidas que essa mixórdia toda está sendo orquestrada pelo corruPT, a quem interesa diretamente assassinar a democracia tão suadamente construída no Brasil.]Faz 5 anos que eu falo isso aqui, mas ninguém dá ouvidos.
PS O encostinho sempre achou que era delírio
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

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Apo
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Re: Democracia brasileira em risco com descrédito do governo

Mensagem por Apo »

Só é delírio porque o PT e seus miguxos A-DO-RAM um capitalismo selvagem. Daqueles em que as classes se enfrentam na rua ( é o que eles chamam de inserção e inclusão social) enquanto eles aproveitam a bordo de aviões e barcos de luxo. E la nave vá...
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