A IMPRENSA, O FUTEBOL, O DNA, O ERRO E A PETULÃNCIA!

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carlo
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A IMPRENSA, O FUTEBOL, O DNA, O ERRO E A PETULÃNCIA!

Mensagem por carlo »

Como os leitores são tratados pelos semanários brasileiros!!!


Duas comunicações recentes de leitores brasileiros com grandes semanários do país mostram como é grave a crise de credibilidade da imprensa. A primeira aconteceu com Paulo Morais, meu concunhado, que compartilhou com o blog uma inacreditável correspondência que manteve com o responsável pela coluna "Filtro", na Revista Época. A segunda aconteceu entre membros da comunidade científica brasileira e a Revista Veja.

No dia 21 de julho passado, a coluna Filtro, da Época, trouxe observações sobre a Seleção Brasileira de futebol sob o título “as análises e opiniões que interessam para entender o Brasil e o mundo”. Como as tais opiniões e análises eram todas estrangeiras, o Paulo escreveu o seguinte email:


Prezado editor,

Até tento, mas não consigo entender os critérios de filtragem de opinião da coluna "O Filtro", da seção Primeiro Plano. Esta semana (edição de 21 de julho) traz opiniões da New Yorker, The Economist, Newsweek e Time. É essa mesmo a opinião que interessa para nós brasileiros entendermos o Brasil? Faz sentido uma página de revista brasileira dizer que traz "as opiniões e análises que importam para entender o Brasil" e nos mostrar a opinião e as análises que os norte-americanos fazem de nós? O que leva uma revista das mais importantes da imprensa brasileira reproduzir fielmente o discurso estrangeiro, eleveando-a gratuitamente à condição de "opinião que interessa"?

O pior não é isso. A coluna desta semana traz a questão da seleção brasileira ocupada por jogadores que atuam no exterior. Precisa dessa notícia sair na Time para ela ser considerada uma "análise que interessa para entender o Brasil e o Mundo"? Desde pelo menos uns 10 anos a debandada de jogadores tem sido generalizada, mas só quando o assunto ganha destaque na mídia dos Estados Unidos, ela interessa para o Brasil. Será que é isso mesmo?

A Time diz que "O Brasil quer sua seleção de volta". E eu, mero brasileiro, digo: "Quero nossa imprensa de volta".

Sobre a seção "Mente Aberta", nem vou comentar. Já deixei de ler, pois já não há nada de brasileiro por ali.

Atenciosamente,
Paulo Morais
Luminárias (MG) – Brasil


No dia seguinte, o Paulo recebe por engano um email do editor da coluna, Juliano Machado, dirigido a outrem. A missiva dizia o seguinte:


André, tudo bem?

Recebi o e-mail abaixo sobre o Filtro. Quero responder ao leitor, mas não sei se devo abrir o jog sobre como escolhemos as notas da seção. O cara tem certa razão quando questiona a linha-fina de apresentação ("As opiniões e análises que importam para entender o Brasil e o mundo").

Abraço,
Juliano


Logo em seguida, o Paulo recebe outro email, de novo do editor da coluna, agora dando-se conta do que tinha feito e tentando consertar:


Caro Paulo,

Desculpe pelo estranho e-mail enviado anteriormente. Imagino que o senhor tenha estranhado a história do "abrir o jogo" sobre a forma como são escolhidas as notas do Filtro, mas quero desfazer qualquer eventual impressão de que exista algo "encomendado" para citar este ou aquele veículo. A grande questão do Filtro (e que talvez, de fato, não fique clara naquela frase de apresentação "as opiniões e análises que importam...") é mostrar o que os grandes veículos da mídia internacional estão falando sobre o Brasil. Ou seja, o que está sendo falado sobre o Brasil nos grandes centros mundiais, além de algumas análises da geopolítica internacional. Portanto, sempre vai haver referências aos veículos americanos e britânicos, certamente os que mais repercutem na política e economia globais.

De fato, nossa frase de apresentação da seção não está de acordo com o propósito do Filtro, e até o editor-executivo da revista está sugerindo que o texto seja reescrito. Dessa forma, o objetivo do Filtro ficaria mais claro. Portanto, é bem provável que, na próxima edição, isso já seja feito.

Obrigado pela sua pertinente observação.

Um abraço,
Juliano Machado


Paulo, evidentemente, nem havia pensado em nenhuma mutreta escondida que descobrir. Ele simplesmente fizera a observação de que não é muito apropriado ter um filtro de imprensa estrangeira com o subtítulo “as opiniões e análises que interessam para entender o Brasil”. O email enviado pelo jornalista para um colega seu sugere que há algo na escolha do material da coluna sobre o qual ele não poderia “abrir o jogo”. O que será? Terá o jornalista alguma explicação? Não seria legal que, agora que a trapalhada foi revelada publicamente, ele abra o jogo? Porque essa emenda aí ficou bem pior que o soneto.

O outro caso explícito de combinação entre arrogância e ignorância, tremendo despreparo e total descaso com o leitor aconteceu na matéria sobre genética publicada pela Revista Veja na semana retrasada. O Ricardo Vêncio, do Laboratório de Processamento de Informação Biológica da USP Ribeirão, escreveu o seguinte email para a revista:

Caros da Veja,

Apesar do texto da reportagem sobre Genética da última edição estar muito bom, incluindo até conceitos da emergente Biologia Sistêmica, a figura que mostra a sequência: "célula - DNA - gene" induz o leitor a erros conceituais graves:

1) A interação entre as duas fitas da hélice de DNA está ilustrada como algumas bolinhas em seqüencia, dando a impressão que são átomos, partículas ou coisa que o valha. Essas ligações são chamadas "pontes de hidrogênio" e, na verdade, são atrações entre átomos que estão nas duas fitas. Uma linha tracejada ou algo do tipo seria uma ilustração adequada enquanto que bolinhas induzindo o leitor a imaginar uma cordinha ou corrente ou algo assim, definitivamente não. Uma boa ilustração pode ser encontrada, por exemplo, aqui.


Imagem

2) A figura induz o leitor a imaginar que os genes estão nas "pontes de hidrogênio", o que está completamente errado. Uma ilustração melhor pode ser encontrada, por exemplo, aqui.

Acho importante que uma errata seja publicada na próxima edição, uma vez que não são errinhos sem importância, mas sim falhas conceituais graves, principalmente se lembrarmos que esta edição foi publicada logo depois daquele sobre Vestibulares.

Obrigado.


Imagem
O DNA da Veja

O email apontava dois erros na reportagem, sendo um deles bastante grave. Caramba, até eu sei que genes são feitos de pedaços de DNA e não de pontes de hidrogênio! Resposta da Revista Veja? Caiam de costas:

Prezado Ricardo Z. N. Vêncio,

Agradecemos as observações sobre a reportagem "Um gene, várias doenças" (22 de abril de 2009 - página 98). Consultamos os jornalistas responsáveis pela reportagem. Eles nos forneceram os seguintes esclarecimentos: "Por não ser uma revista científica, VEJA pode sim representar os genes como bolinhas. Cometeríamos erro se tivéssemos trocado os genes pelo DNA ou coisas do gênero. As imagens publicadas foram obtidas em bancos de imagens e estão identificadas da mesma forma como aparecem em VEJA."

Atenciosamente,

Redação/Revista VEJA (http://www.veja.com.br) .


Vejam a petulância da resposta. Tudo ali tem a cara da revista: a exibição de ignorância, a justificativa furada para o erro mais crasso, o tom desqualificador a uma correção polida que havia chegado de um especialista, a inacreditável afirmativa de que como “não é uma revista científica”, Veja pode traficar informação equivocada, a incapacidade até mesmo de reconhecer qual era a crítica, que evidentemente não era às bolinhas em si.

Para completar o vexame, um leitor descobriu um parágrafo inteiro plagiado do Wall Street Journal na mesma reportagem. Avisada por ele da fonte do texto, a reportagem respondeu de novo com arrogância e mentiu, referindo a informação a um pesquisador da Pensilvânia. O leitor contactou o pesquisador americano e desmascarou a farsa. Como se vê, não são só grampos que a Veja inventa.

Esse descaso e prepotência semianalfabeta sempre foram marcas registradas da grande imprensa brasileira. A diferença é que agora isso vem às claras com cada vez mais frequência, para um público cada vez mais amplo. Acelerar a decadência, a putrefação, a inevitável morte desse lixo é tarefa ineludível. Se você ainda tem algum amigo ou parente que assina, mãos à obra.



Eu havia comentado com minha filha esse "erro crasso" de colocar a representação dos genes entre as fitas de DNA e não como um fragmento do mesmo.

Quanto à campanha: minha assinatura venceu e não foi renovada. Menos um.

Roberson em abril 27, 2009 8:56 AM


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#2
Tipicos casos de jornalismo sem o menor comprometimento com a sociedade.

viviane magalhães em abril 27, 2009 9:37 AM


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#3
Nossa. Achei os dois casos gravíssimos, tô chocada! (E, por outro lado, fico feliz e orgulhosa pelo trabalho que os blogs andam fazendo - com este seu sempre em destaque.) Bjo.

Juliana Sampaio em abril 27, 2009 10:08 AM


Como estudante de Comunicação Social, achei bem legal o post. Porém, acredito que seria interessante reproduzir as imagens dos e-mail's (print-screen) para que não fiquem parecendo os grampos sem áudio do Gilmar Mendes.

Gabriel em abril 27, 2009 10:48 AM


Caro Idelber,
Pior é que os moribundos ficam nos assediando kkkkk
relatei aqui, há algum tempo, que a veja passou a me mandar revistas gratuitamente só porque eu sou assinante da piaui.
Bom, como eu não me rendi - mesmo diante de tão 'maravilhoso brinde' (seis semanas de veja inteiramente gratis) agora eles me mandaram outro e-mail, com o título:

"Tudo sobre tecnologia com a credibilidade de VEJA para você."

você pode então imaginar o tanto que gargalhei ao ler seu post de hoje...os caras ainda se vendem como se fossem sinônimo de "credibilidade" kkkkkkk

o resto do e-mail é hilário também...em respeito a você e seus leitores não vou reproduzir tudo, mas diz basicamente que eu posso acessar "livremente" todo o conteúdo cientifico de veja kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk isso é que é contradição em termos, como se vê kkkkkkkkkkkkkkkkk

aiaiai em abril 27, 2009 11:49 AM


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#8
cara, a revista ser direitista e tal, beleza, cada um tem sua posicao politica... o q impressiona é a total incapacidade de aceitar criticas ponderadas, respeitosas, bem escritas e bem fundamentadas

alex castro em abril 27, 2009 12:21 PM


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#9
alias, eu sempre gostei de escrever, sempre quis escrever pra viver, todo mundo sempre dizia pra eu fazer jornalismo.... e fiz historia, entre outras coisas, por causa de coisas como essa... acho que se vc é um jovem idealista que gosta de escrever, o pior lugar para se estar é na redacao de algum jornal ou revista....

alex castro em abril 27, 2009 12:23 PM


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#10
Eu sempre insisto nisso, o que mais me incomoda é o trabalho porco das redações. Vejo como as áreas com que eu tenho mais intimidade são mal reportadas nos grandes veículos de comunicação. Não tem apuração e, pelo jeito, a menor vergonha para praticar o gilete press. Na minha opinião, é isso que permite a ideologização vagabunda das revistas semanais.

Tiago Mesquita em abril 27, 2009 12:30 PM


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#11
Isso aí seria um escândalo em qualquer ambiente normal. Aqui no Brasil, provavelmente vai ser dimnuído pela imprensa corporativista e preguiçosa.


Lauro Mesquita em abril 27, 2009 12:42 PM


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#12
Belo "post", Idelber!

Raphael Neves em abril 27, 2009 12:55 PM


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#13
Interessante o e-mail do pesquisador Mark D. Shriver ao leitor Walrus, que supostamente desmascarou a Veja. Começa assim:

Oi Edgar,

Depois tem a explicação em inglês, e depois termina assim:

Um abraço, Mark

Estranho o pesquisador ter começado e terminado o e-mail com palavras em português, não?

Twilight em abril 27, 2009 1:32 PM


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#14
Eu não leio mais a Veja nem em sala de espera de médico (cruzes, muito menos) ou salão de beleza. Acho a postura arrogante e ignorante da resposta ainda pior que o erro na reportagem, que já é crasso o suficiente.

Ana Paula Medeiros em abril 27, 2009 1:45 PM


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Re: A IMPRENSA, O FUTEBOL, O DNA, O ERRO E A PETULÃNCIA!

Mensagem por carlo »

Folha de São Paulo - segunda-feira, 27 de abril de 2009
Página 3 - Opinião
Fernando Rodrigues
Dilma e o câncer
BRASÍLIA -
O Brasil completará meio século de governo civil, sem ditadura, em 15 de março de 2010.

Será que a Folha irá corrigir este erro crasso de Fernando Rodrigues?
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Re: A IMPRENSA, O FUTEBOL, O DNA, O ERRO E A PETULÃNCIA!

Mensagem por carlo »

50 anos sem ditadura em 2010!

ESTES JORNALANÕES, TEM UMA CONFRARIA DE "JORNALISTAS" QUE SÃO UMA VERDADEIRA CORJA!!
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Re: A IMPRENSA, O FUTEBOL, O DNA, O ERRO E A PETULÃNCIA!

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Só o crime de Dantas é "suposto".

Uma pessoa é indiciada diante da suspeita de que cometeu crimes, não "supostos" crimes. O título do Estadão é inadequado e dá ao banqueiro a margem de dúvida que não é dada a qualquer outro acusado. Procurem nos arquivos do Estadão para ver se vocês encontram alguém indiciado por "suposto" crime:

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Dantas é indiciado pela PF por mais 5 supostos crimes

ANNE WARTH - Agencia Estado

SÃO PAULO - O sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, foi indiciado hoje pela Polícia Federal (PF) pelos supostos crimes de gestão fraudulenta, formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e empréstimo vedado. Ao longo das investigações, a PF encontrou indícios de crimes antecedentes, supostamente praticados pelo Grupo Opportunity: contra a administração pública, delitos praticados por organização criminosa e contra o sistema financeiro nacional. Esses três últimos sustentam o indiciamento por lavagem de dinheiro.

Dantas, preso por duas vezes em 2008, durante as investigações da Operação Satiagraha, prestou depoimento hoje na sede da PF em São Paulo, entre 7h55 e 8h25. Ele deixou o local acompanhado do advogado, Andrei Zenkner Schmidt. "Houve indiciamento formal dele (Dantas) e nós nos colocamos à disposição. O indiciamento já estava noticiado, e não há exercício de defesa com indiciamento já pronto", disse Schmidt.

Segundo a defesa, Dantas manteve-se em silêncio diante das perguntas do delegado que comanda atualmente a operação, Ricardo Saadi, e do procurador do Ministério Público Federal (MPF) Rodrigo de Grandis. "O STF (Supremo Tribunal Federal) nos assegurou acesso irrestrito aos autos. Enquanto essa documentação não for juntada, eu determinei a ele que não falasse", afirmou, provavelmente referindo-se aos documentos apreendidos pela PF pouco antes da Páscoa, que, supostamente, contêm indícios de contratos ilegais e transferências e remessas ao exterior não declaradas.


Fico a me perguntar: se não houvesse a palavra "suposto" no título da notícia, o que faria o banqueiro bandido? Cortaria as campanhas publicitárias de suas empresas no Estadão, como fez com a CartaCapital? Ou o "financiamento" acontece de forma mais direta? De qualquer forma, o Estadão está no bolso do banqueiro bandido, assim como a metade podre do Brasil.


supostos crimes...

suposta informação... (jornalismo não há mais...)

suposto profissionalismo...

suposta vergonha-na-cara... com hífen. [ poeta pode..

--

a imprensona virou bordel decadente...

os meninos e meninas topam tudo.

coisinha fedida.
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Re: A IMPRENSA, O FUTEBOL, O DNA, O ERRO E A PETULÃNCIA!

Mensagem por carlo »

Pura verdade, vejam o tratamento dispensado a Protógenes Queiroz quando de seu indiciamento:

Quarta-Feira, 18 de Março de 2009 | Versão Impressa


PF indicia Protógenes por 2 crimes

Após interrogatório, delegado foi enquadrado em quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações

Fausto Macedo

O delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha, foi indiciado criminalmente ontem pela Polícia Federal. Durou duas horas o interrogatório de Protógenes. Foi uma audiência marcada pela tensão e constrangimento, embora o delegado tenha recebido tratamento respeitoso. Ele foi ouvido em uma sala no sexto andar da PF.
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Trancado